quinta-feira, 30 de junho de 2011

Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos chora ao ouvir palavras do vereador Clarismon Inácio

A presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santa Rita do Sapucaí e Região, Maria Rosângela Lopes, soube do comentário infeliz no início da tarde desta quarta-feira (29) e não conteve as lágrimas. “Em 56 anos, eu nunca ouvi algo tão preconceituoso quanto o que esse vereador disse”, comentou a presidente após ouvir o áudio da reunião. 

A presidente do Sindicato deve pedir uma retratação à Câmara de Vereadores de Santa Rita do Sapucaí.

O vereador de Santa Rita do Sapucaí, MG, e vice-presidente da Câmara de Vereadores, Clarismon Inácio (PSDB) relacionou uma obra supostamente mal realizada no município a “papel de preto”. Clarismon fazia uso da palavra franca, durante a reunião da última terça-feira (28), quando pronunciou o comentário preconceituoso.

Comentário racista do vereador Clarismon Inácio repercute entre os santarritenses

Após uma manifestação do vereador Clarismon Inácio que deixou os santarritenses indignados por seu teor racista, ele pede desculpas à população através de Nota de Esclarecimento. Em depoimento, feito ontem à Difusora AM, o vereador classificou a qualidade de um trabalho feito pela prefeitura como "de preto", causando repúdio em toda a cidade.

Acompanhe no site da Difusora a manifestação de Clarismon Inácio sobre o fato:

Clique aqui para ouvir a explicação do vereador.

Um bate papo com os amigos Lebrinha e Macarrão

Dia desses, estivemos em companhia de dois grandes personagens santarritenses: Lebrinha e Macarrão. Sentados em um dos bancos da pracinha da Câmara Municipal, debaixo de uma árvore em uma manhã agradável de sábado, conhecemos um pouco da vida destes estimados habitantes de nossa cidade.
Empório: Qual é o nome do senhor?

Lebrinha: A turma me chama de Lebrinha. Já faz 30 anos mais ou menos que eu tenho esse apelido. O conhecido “Chico Preto” foi quem colocou. Desde criança eu sou chamado assim. Hoje eu estou com 45 anos.

Empório: O senhor nasceu em Santa Rita?

Lebrinha: Em nasci aqui mesmo. Minha família sempre viveu na casa número 211 da Rua Erasmo Cabral.

Empório: Como surgiu a idéia de criar uma charrete para passeios turísticos?

Lebrinha: Já fazia um bom tempo que eu estava com essa idéia na cabeça. Eu já trabalhava com carroça na cidade e resolvi trabalhar com passeio. Durante a semana eu faço carreto com a minha carroça e no final de semana eu faço passeios com a charrete. Eu cobro 10 Reais por um passeio de meia hora. Eu gastei mais ou menos uns 3 mil e quinhentos para montar a charrete. Fui montando aos poucos. O meu cavalo chama Gibante. O antigo dono foi quem colocou o nome.

Empório: O senhor tinha uma ocupação anterior aos passeios de charrete que oferece?

Lebrinha: Antes eu trabalhei no Inatel durante muitos anos.

Empório: Alguma celebridade já andou na sua charrete?

Lebrinha: O padre José já passeou nela. Foi uma vez que o padre Vonilton quis fazer uma surpresa para ele. Eu fui até a casa dele buscá-lo. Dizem que antigamente para ir celebrar as missas ele ia de charrete e queria matar saudade.

Empório: O senhor também participou dos carnavais?

Lebrinha: Eu gostava das batucadas. Mexi com escolas de samba durante muitos anos.  Minha escola do coração é a Azul e Branco.

(Nesse momento, Macarrão toma parte na nossa conversa  e começa a contar sobre a sua vida)

Macarrão:
Eu participei da fundação da Escola de Samba Azul e Branco! Naquela época o carnaval de Santa Rita estava fraco e não tinha muito o que fazer. Aí nós fazíamos batucadas na rua, com aquelas vacas, bonecão e tudo. Com isso, nós resolvemos fundar a Azul e Branco. Nós começamos a escola no porão da câmara municipal. Naquela época, recebemos apoio do Edson Marques, do Benício, do Caponi e de muitos outros. A escola de Samba era a coisa que eu mais gostava na vida. Eu fui nascido e criado aqui no bairro da Eletrônica e vi tudo isso aqui crescer.
Empório: Vocês acham que a vida por aqui melhorou com o passar dos anos?

Macarrão: Melhorou. Em vista do que era está bem melhor. Eu vi essa cidade crescer. Já carreguei muito cimento nas costas para ajudar a construir casas aqui da nossa cidade.

Empório: Como era o bairro da eletrônica na sua infância?

Macarrão: Nessa pracinha, por exemplo, tinha um matadouro muito bonito. Meu pai trabalhava nele. O verdadeiro nome desse bairro é “Matadouro”. Onde é a Eletrônica hoje era um matagal, uma lagoa só. A rua da FAI não existia. Era um brejão. Depois que a Dona Sinhá começou a construir a ETE foi que criaram as ruas. Capitão Paulo, prefeito na época, foi quem loteou essas casas perto da ETE. Hoje está tudo mais bonito!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

As lições de Miro Brandão

Quem é Miro?

Miro Brandão só descobriu que seu verdadeiro nome era Wladmir quando passou a frequentar os bancos de escola. Até então, o filho mais velho do radialista Ruy Brandão apenas tinha olhos e ouvidos para as experimentações radiofônicas realizadas no porão de casa. Nascido entre válvulas, fios e ferros de solda, o menino não tardou a perceber que aquela vocação o guiaria por toda a vida.
48 lições de Rádio

Autodidata, Miro ganhou uma profissão através do livro em castelhano, “48 lições de Rádio” – editado em 1944 - e de muita curiosidade. Aos doze, já auxiliava o pai na árdua missão de criar umas das rádios mais reconhecidas do Brasil. Em 1963, casou-se com Lenice Carli Brandão e, nove anos mais tarde, era contratado como laboratorista da ETE FMC.
Mestre Furusawa

Nos 8 anos em que atuou na Escola Técnica de Eletrônica, o rapaz adquiriu com o Padre Furu grande parte dos conhecimentos que aplica até hoje. Foi através das lições deste grande mestre que Miro descobriu os segredos dos transformadores e deu início a uma empresa que viria a se tornar referência nacional.
O início da WB

Em 1981, a WB (iniciais do proprietário) ainda ocupava os fundos da casa de Miro. Os únicos funcionários eram a mulher e os filhos. A primeira máquina de enrolar transformadores - encomendada ao senhor Pedrinho Carletti - é guardada até hoje como recordação. Nessa altura do campeonato, o empresário já dividia seu tempo entre o novo empreendimento e o cargo de encarregado de manutenção no Inatel e teve que optar entre uma carreira e outra. Ao perceber que a empresa iria decolar, teve que abandonar a função de manter em dia os equipamentos importados pela faculdade e seguir carreira solo. Decisão acertada.
Referência Nacional

Se no início a produção era de 10 transformadores diários, hoje a WB chega a produzir mais de 1500 no mesmo período e tem grandes clientes em sua carteira. Nas amplas dependências de sua bem montada indústria, cerca de 40 funcionários são preparados para montar mais de 5000 modelos de transformadores, de acordo com a necessidade do produto. Ainda assim, Miro prefere projetar tudo na oficina onde tudo começou. Sem qualquer diagrama ou manual, o empreendedor cria tudo de cabeça e envia ao Centro Empresarial para confecção em grande escala. É também ali, naquele local de trabalho, que ele encontra sua paz e realiza outra grande paixão: consertar e restaurar rádios antigos.
A Coleção de Rádios Antigos

A coleção de Rádios Antigos de Miro Brandão ultrapassa 40 exemplares. Em uma tarde ensolarada de verão, pude ver uma relíquia encontrada em uma caçamba de lixo e restaurada pelo empresário com minúcia e precisão. “O defeito era apenas um resistor queimado”, conta. Quando o dial começou a percorrer as diversas frequências daquele aparelho sem antena, sons provenientes de diversas rádios japonesas, inglesas e dos mais afastados cantos do planeta surgiram como se estivessem sendo transmitidos da casa do vizinho. Aquele aparelho era mesmo muito bom! Como se já não bastasse a perfeição do rádio, tudo era amplificado por um sistema valvulado confeccionado ali mesmo.
Os amplificadores
Confeccionar sistemas de som é outra grande paixão de Miro. Segundo nos contou, o amplificador projetado pela Philips em 1958 e aprimorado por ele, já foi avaliado até por – Luiz Fernando Cisne – colaborador da Revista Áudio News e profundo conhecedor do assunto. Encantado com a qualidade do sistema formado por dois amplificadores de 50 Watts RMS  e mais um préamplificador, o rapaz chegou a propor uma parceria com Miro para a produção do equi-pamento, mas não obteve êxito. O que o santarritense gosta mesmo é de trabalhar pelo prazer que o hobbie lhe proporciona. Vender, apenas sob encomenda, e com um preço bem inferior ao similar encontrado somente no exterior.
Inspiração
Depois daquela viagem a um paraíso de válvulas, sons e ideias, retornamos com a sensação de que existem universos paralelos em Santa Rita do Sapucaí ainda pouco explorados. Através de ricas experiências de vida como a do Senhor Miro e sua família, notamos que muita coisa acontece por aqui, mas que raramente ficamos sabendo. De histórias como essa, surgem novas inspirações e o sentimento de que esta cidade é um lugar onde tudo é possível. Bastam a paixão e o desejo de fazer bem feito.

(Carlos Romero Carneiro)

Vereador de Santa Rita do Sapucai foi racista ao se pronunciar?

Hoje, eu estava ouvindo o Jornal da Difusora, pela Rádio Difusora AM de Santa Rita do Sapucaí, quando algo me chamou a atenção. Teria um dos vereadores dito uma frase racista? Para tirar a prova, procurei o arquivo do programa no site da rádio e ouvi novamente. A frase polêmica aconteceu aos 3:53 (três minutos e cinquenta e três segundos). Caso o que ele tenha dito seja mesmo o que ouvi, não seria racismo por parte do vereador dizer aquelas palavras? Ouçam o programa e tirem suas próprias conclusões:

terça-feira, 28 de junho de 2011

Saiba como Santa Rita do Sapucaí virou cenário da série Brilhante F.C.

A história da série Brilhante Futebol Clube, produzida pela Mixer, é um dos assuntos que tem movimentado a comunidade virtual “Santa Rita do Sapucaí”  com mais de 8.000 membros no Orkut e funciona como uma espécie de catalisador da vida social da região. “Muitos santarritenses que moram fora da cidade e assistem a série sempre falam da alegria em ver uma história ser contada na cidade em que eles nasceram. Tenho visto muitas pessoas da cidade comentarem cenas que viram no dia anterior também. Daqui já saiu Presidente, Governador, Senador, Ministro, Deputado e até jogador da seleção. Agora um seriado para a televisão!”, conta Carlos Romero, administrador da comunidade e responsável pelo “Empório de Notícias”, jornal e blog que discute a vida na cidade mineira. 

A escolha de Santa Rita do Sapucaí como cenário da série foi a dedo. “Queríamos uma cidade pequena mas que tivesse alguma ligação com a tecnologia. O objetivo era mostrar o cotidiano de jovens que se encontravam ali e construíam um elo de amizade. Encontramos tudo isso em Santa Rita do Sapucaí. Tivemos que evitar as imagens dos prédios, valorizar a natureza para que ela parecesse um pouco mais bucólica e enfatizar o que a cidade tem de melhor: suas indústrias e escolas com foco em eletrônica”, afirmou um dos idealizadores da série, Kiko Ribeiro.

Transformar a cidade em um set de filmagens não foi nada fácil. A produção ficou três meses no local pesquisando as locações que viraram cenários para as personagens. “Quando chegamos lá sentimos uma certa desconfiança dos moradores que não sabiam o que a gente estava fazendo. Tirávamos muitas fotos para pesquisa. Fizemos um trabalho intenso na rádio local, tivemos o apoio da Prefeitura e aos poucos, todos foram se acostumando com a nossa presença e até nos ajudando nas gravações”, afirmou Kiko Ribeiro. Segundo Carlos Romero, “no período das filmagens, sempre que a equipe chegava, a população já começava a ficar inquieta e todos queriam saber o que estava acontecendo. Em um dos takes, captados perto da minha casa, lembro que meus vizinhos se sentaram à beira da calçada, saíram nas janelas e se reuniram para conversar sobre as cenas. Um deles, até foi em casa pegar uma câmera para gravar a movimentação”.

Conheça as principais locações utilizadas na série Brilhante Futebol Clube
Casa da Rita – O objetivo era achar uma casa grande, com arquitetura da década de 50 e que pudesse ser ocupada completamente já que muitas cenas aconteceram lá. A equipe encontrou a tão desejada casa próxima a uma rodovia com todo mobiliário original. Tudo foi usado durante as cenas. “Filmávamos tanto lá que a rua de Rita foi até apelidada de Rua Hollywood”, afirma Kiko Ribeiro. 
Igreja Vale de Cristo – A equipe precisava de uma igreja pequena que servisse como cenário para a evangélica Raquel e sua família. A saída foi alugar um galpão e construir a igreja do zero. Todos os objetos como posters, placas, cadeiras, horários de cultos foram feitos sob medida. Segundo Kiko Ribeiro, a construção da igreja gerou até uma certa confusão no bairro. “Várias pessoas passavam pelo local e perguntavam os horários dos cultos”, confidenciou.
Lan house – Assim como a igreja, a Lan House foi totalmente construída e muitos moradores íam ao local para perguntar quando abriria o novo comércio. O que era apenas uma lanchonete, recebeu toldo, grafite típico da cidade e outros objetos. 
Escola – A opção foi realmente usar a escola da cidade com todos os seus detalhes. Até os uniformes utilizados pelas atrizes foram os mesmos usados pelas alunos. Aliás, muitos deles foram aproveitados como figurantes durante as gravações que aconteciam aos sábados.
Campinho – A equipe contou com o apoio da Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações) que “emprestou” diversos locais para as gravações. Entre eles, o campinho que serviu como palco para o campeonato de futebol, cenas de corredores da escola, provas, etc.

Clique aqui e acesse o blog oficial da Série Brilhante Futebol Clube!

Para participar da comunidade do Orkut, acesse: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=77451

Quando as congadas reinavam em Santa Rita do Sapucaí

Sincretismo Cultural

A congada é um retrato fiel de nosso país. Uma tradição que reúne a alegria de nossos antepassados africanos com a tradição religiosa de orgiem europeia. No início, diversas entidades dos cultos africanos eram identificadas com o santos católicos para que a sociedade aprovasse e prestigiasse as procissões. Acabou que a fé passou a ser a mesma e hoje estas danças e cantos são riquezas genuinamente brasileiras e integram o rico folclore brasileiro.

As congadas atuais ainda estão presentes em diversos estados do Brasil. Realizadas de maneiras diversas e mescladas a outras festas, elas, basicamente, são compostas de desfiles teatrais, ao som de vários ritmos: embaixadas, desafios, repentes e maracatus. Os padroeiros preferidos são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia.

A Congada em Santa Rita

Grande parte da documentação referente ao surgimento da Congada em Santa Rita foi perdida. O que temos são depoimentos de pessoas ligadas ao movimento e fotografias já desgastadas pela ação do tempo.

Acredita-se que a Congada tenha sido trazida do Rio de Janeiro, na década de 1960,  por um senhor conhecido como Aleixo. Conta-se que, quando Dito do Congo - funcionário da Estação Afonso Penna e morador da Rua 13 - soube do projeto ficou apaixonado pela ideia e reuniu os amigos para criarem um grupo batizado de “Grupo Tipos – Amigos do Congo”. Desde então, santarritenses tradicionais como Abel Gervásio, Lupércio Gervásio, Jorge Maia, Pedro Roque e Joaquim Osório se notabilizaram por um movimento que encantou os santarritenses por cerca de duas décadas.

Nos primeiros anos, a agremiação era composta por dois grupos: o primeiro, com membros da rua Nova e outro formado pelos moradores da rua 13. Fitas coloridas davam vida ao uniforme branco, 4 tipos de evolução eram executadas em torno do estandarte florido e 13 instrumentos de harmonia se misturavam à percussão com batida “Moçambicana” – mais rápida que a tradicional.

O orçamento limitado fazia com que tudo fosse produzido de forma artesanal. Grande parte das músicas tinham autoria dos próprios santarritenses e faziam homenagens a São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Rita da Cássia, além de personalidades como a líder negra santarritense Maria Bonita.

Presente de Inesita Barroso

João Maia, filho de um dos fundadores da Congada Santarritense, conta que em uma das apresentações, a cantora Inesita Barroso ficou encantada com o grupo e decidiu presenteá-los com um uniforme. O presente, confeccionado no Rio de Janeiro, foi enviado alguns dias depois, junto com um violão.

O fim e o recomeço

Os “Amigos do Congo” estiveram na ativa entre os anos 60 e 70. Depois desse período, Santa Rita do Sapucaí só veria novamente seu grupo de Congada quando os filhos dos idealizadores decidiram reavivar o projeto. No início da década de 1990, o esperado retorno aconteceu. Através das mãos da grande dançarina Luzia Gervázio – que acabava de retornar à terra natal, além de Jorge Maia e de seu filho João, as apresentações se tornaram frequentes por quase dez anos.
Novos planos

Hoje, existem planos para trazer de volta a tradição das Congadas ao cotidiano santarritense, mas João Maia aguarda algum tipo de apoio cultural para que seja possível. Enquanto isso não acontece, nos contentamos em relembrar os momentos em que o ecumenismo de nossas lindas congadas trazia vida e alegria às nossas tardes de domingo.
(Carlos Romero Carneiro)

Empório de Notícias 44 - Dia 30 de junho - Nas bancas!

NESTA EDIÇÃO:

- JOAQUIM LAURINDO E A HISTÓRIA DOS ENGENHOS NO BOM RETIRO
- SINHÁ MOREIRA CONTA A HISTÓRIA DE SEU AVÔ, ANTÔNIO MOREIRA 
- GERALDO COSTA - AOS 96 ANOS - FALA SOBRE O PORTO SAPUCAÍ, O MERCADÃO E A REVOLUÇÃO DE 32/
- A HISTÓRIA DO FAMOSO CASTELINHO, CONSTRUÍDO EM 1942
- ENTREVISTA COM O EMPREENDEDOR MARCOS GOULART VILELA
- IVON CONTA A HISTÓRIA DO "REGISTRO DO EMBAÚ"
- "MUITO PENSAM, MAS NÃO DIZEM NADA" - DESABAFO DE GABRIEL CAPISTRANO
- SANTARRITENSE É RELACIONADO ENTRE OS VENCEDORES DE CANNES
- MEIA ELIAS FECHA CONTRATO COM FIGUEIRENSE
- VEJA OS MELHORES MOMENTOS DA FESTA JUNINA DA ETE FMC
- SAIBA O QUE OS SANTARRITENSES ESTÃO DIZENDO NO FACEBOOK
- INATEL PROMOVE ENCONTROS DE ANTIGOS ALUNOS
- CONHEÇA A HISTÓRIA DE DOIS BENFEITORES ESQUECIDOS
- COLUNAS DE: CÔNEGO VONILTON, MARCELINHO SOUZA, CRIS FENDRICH,
DR. ANDRÉ GONÇALVES, DRA. FABRIZIA CUNHA,  
DRA. MARIA THEREZA DE FREITAS GONÇALVES E NÍDIA TELLES

NÃO PERCAM! ESTA EDIÇÃO ESTÁ IMPERDÍVEL!

sábado, 25 de junho de 2011

Brilhante Futebol Clube - Sexto Episódio

Vejam o que acontecerá no sexto episódio da série de televisão ambientada em Santa Rita do Sapucaí. Brilhante F.C é veiculada às segundas-feiras, 19 horas, na TV Brasil.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Franklin Magalhães, poeta imortal

Nos tempos de colégio

O jovem estudante do Caraça era filho de banqueiro. Família abastada de São João Del Rey. Da mãe herdou o sobrenome “Almeida”, linhagem de Tancredo Neves. Estudou em colégio de padres até o último ano. No internato, não se conformava com a ideia de dividir o dormitório com dezenas de alunos. A saída que encontrou foi fingir sonambulismo para que o padre desse um quarto e uma moringa d’água só para ele. No último ano, percebeu que sua vocação não era a batina e decidiu voltar para casa, pouco antes da formatura.

Retorno ao lar

De volta a São João Del Rey, Franklin de Almeida Magalhães passou a ministrar aulas de História e Geografia. Aprendeu mais na prática do que na teoria. Correu o mundo em busca de fatos e monumentos que a maioria dos amigos só conhecia pelos livros.

De volta à terra natal, passou a cuidar da mãe, seriamente debilitada por um grave reumatismo. Tais cuidados fizeram com que seu casamento fosse adiado até os 43 anos de idade. Deu tempo de fundar a Academia Joanense de Letras – onde é patrono de uma das cadeiras até hoje - e de produzir suas primeiras poesias.
Novas sendas

Com a perda da mãe, Franklin buscou novos ares. Em sua ida a Belo Horizonte, levou junto o projeto que fundara e deu origem à Academia Mineira de Letras. Na capital do Estado, teve contato com grandes nomes da literatura brasileira. Em uma das festas em que participou, teve a oportunidade de declamar uma de suas obras e conquistou a admiração do homenageado da noite: o poeta Olavo Bilac.

Além de Belo Horizonte, o autor de “O portão” morou em outras duas capitais brasileiras. Primeiro esteve em São Paulo, onde chegou a se matricular na Faculdade de Direito do Largo do São Francisco e de que desistiu por não conseguir conciliar os estudos com as carreiras de jornalista e professor. Mais tarde, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como redator do jornal “O País”.

Muita água rolou até que surgisse a proposta de lecionar em Santos Dumont, onde passou a dirigir o colégio de um irmão do amigo e governador Cristiano Machado. Seu vasto conhecimento das disciplinas, fez dele um professor disputadíssimo pelos colégios que se espalhavam pelo Estado. Em menos de um ano recebeu cerca de 5 ofertas. Uma delas era para lecionar em uma escola recém inaugurada e dirigida por outro grande amigo: Francisco Falcão.
A chegada a Santa Rita do Sapucaí

A escolha de vir para Santa Rita do Sapucaí foi mais influenciada pelo apreço que nutria pelo professor Falcão do que pelos atrativos do Vale. Aqui, junto com a esposa e a única filha – Zinita – Franklin encontrou um carinho imenso. Quanto mais conhecia os habitantes da pequena cidade encravada na Mantiqueira mais cativado se sentia. Todos os meses, tomava o caminho para Belo Horizonte, encontrava-se com escritores e poetas na Academia Mineira e retornava ao interior para compor suas obras, sentado em uma pequena mesa redonda enquanto saboreava um cigarrinho de palha.

O hino dos Democráticos

Apesar de já ter publicado diversas obras imortais, o reconhecimento maior dos santarritenses ao artista chegou quando recebeu uma visita de seu amigo Ângelo Bonorino, junto com outros personagens ilustre da sociedade local. O motivo da conferência era pedir ao professor da Escola Normal de Segundo Grau que criasse uma letra para o hino carnavalesco composto por Carmelo Carneiro de Abreu.

“Vibrem fanfarras da Aurora e risos em cataratas. Porque vai passar agora o Bloco dos Democratas”. Assim que o hino da nova agremiação preencheu os espaços do antigo Clube Literário, os foliões santarritenses foram às lágrimas e carregaram o poeta nas costas em torno do jardim da matriz. Enquanto era ovacionado, mirava seu isqueiro reluzente aos foliões, fingindo atirar lança perfume. Foi uma cena inesquecível que mudaria para sempre o  carnaval santarritense. Nos próximos 70 anos, aquela canção seria lembrada e reproduzida exaustivamente por diversas gerações de apaixonados.
“In Extremis”

Dez anos após sua chegada, uma enfermidade acabou por tirar a tranquilidade do ilustre poeta. Acometido por um derrame, retornou às pressas ao Rio de Janeiro, onde faleceu e foi sepultado, em 1938, aos 59 anos de idade.

Em reconhecimento ao amor de Franklin Magalhães pela terra que o acolheu, seus familiares decidiram trazer seus restos mortais para Santa Rita do Sapucaí. Sobre o mármore negro de sua ermida foi gravado o trecho do poema “In extremis”: “Que as almas voem aos páramos aéreos e os corações encontrem lenitivos no repouso final dos cemitérios”.

Homenagens Póstumas

Quatro anos após seu falecimento, foi a vez da população de sua terra natal prestar homenagem. Ergueram um monumento na Praça dos Andradas, em um evento que contou com grande aclamação popular. Em 2005, uma nova aclamação foi-lhe dirigida na mesma cidade quando o seu busto foi trasladado para o pátio de biblioteca municipal, sede da Academia de Letras.

Em Santa Rita do Sapucaí, quem prestou seu reconhecimento e cari-nho ao honorável Santarritense foi Maria José Vianna ao nomear Franklin Magalhães patrono de sua cadeira na Academia Santarritense de Letras. Com o falecimento da grande historiadora, coube a Antônio Siécola Moreira a honraria de imortalizar a memória do ilustre poeta que empresta o nome à cadeira que ocupou.

(Carlos Romero Carneiro)

Nossos sinceros agradecimentos à filha de Franklin Magalhães, Ambrozina de Almeida Magalhães Duarte (Zinita) e seu companheiro Nélio, pelos depoimentos e informações que nos concederam para o desenvolvimento desta Matéria.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Pedras preciosas e muito ouro em Santa Rita do Sapucaí?

Neste mês, entramos em contato com uma obra rara sobre os “tesouros, cidades pré-históricas e minas abandonadas do Brasil”, que traz importantes relatos sobre a nossa região. O livro, intitulado “Minas e Minérios do Brasil” e escrito por Tanus Jorge Bastani, foi lançado em 1957 e é um apanhado geral das riquezas naturais brasileiras, descrevendo os diversos minerais encontrados no país. O mais interessante desse livro foi perceber que Santa Rita do Sapucaí foi citada nele como um antigo local de garimpo do ouro, além de enumerar uma série de pedras preciosas, gemas diamantinas e outros minérios encontrados, tanto às margens do rio e dos córregos, quanto em nossas montanhas. Veja, a seguir, um trecho da obra em que nossa cidade é descrita pelo pesquisador:
“Santa Rita do Sapucaí foi, primitivamente, o arraial da Boa Vista e, mais tarde, passou a se denominar Santa Rita do Vintém. Isto porque, no leito de um córrego, hoje conhecido por Vintém, os escravos que ali extraíam o ouro, vendiam as pepitas por vintém. O rio, do mesmo nome, banha este fértil município, considerado um dos primeiros de sua região. Não somente no Rio Sapucaí, como nos córregos do Vintém, do Mosquito e outros, se encontram o ouro aluvial, pedras preciosas e raras gemas diamantinas. Nos seus distritos de Careaçu e São Sebastião da Bela Vista e ainda na serra do Mata Cachorro ou Bela Vista, ocorrem o ouro, quartzo, mica, ferro, bauxita, calcário, fontes de águas termais, minério uranífero e outros minerais inexplorados.”

O Rio Sapucaí também mereceu atenção do pesquisador. Confira, a seguir, a sua descrição:

“Sapucaí: Lendário rio, natural da Serra da Mantiqueira, afluente do Rio Grande, seu curso atravessa uma região prodigiosa do Estado de Minas Gerais, cuja zona é conhecida por “Vale do Rio Sapucaí” ou “Vale do Sapucaí”. Uma memória histórica publicada em 1883, de autoria de F.E. de Azevedo e J.H Costard, assim se refere a essa zona: “Pelo lado mineral, existem no referido vale diversos terrenos em que se encontra o ferro, ocupando primeiro lugar o de São Carlos de Jacuí (atual Jacuí) e outros abundantes em ouro, sendo os mais notáveis os de campanha e Pouso Alegre. Há também, nessa região, cristais de rocha, mármores, pedras calcárias, chumbo, mercúrio, excelente argila para o fabrico de materiais de cons-trução, etc. Finalmente, encontram-se ali diversas fontes de águas medicinais”.

O território banhado pelo rio Sapucaí é um farto reino mineral, pois as ocorrências que ali se verificam demonstram claramente a existência de jazidas de minerais, destacando-se os uraníferos, radioativos galenas, calcários, bauxita, cassiterita, ouro, quartzo e outros mais, ainda inexplorados.”

É muito instigante percebermos, através desse inestimável livro, que nossa cidade está (ou já esteve) situada entre as regiões ricas emminérios. Até então, pouco sabíamos sobre o garimpo por aqui, nos tempos do Brasil Imperial. Apesar de já termos ouvido contar pelo menos três versões para o nome “Vintém” dado ao córrego, este estudo apresentado por Tanus Jorge vem acrescentar mais um elemento, agora externo, em nossa história local. Ao que tudo indica, a presença de todos esse minerais, agora faz parte apenas do passado. Pelo que se sabe, não existem exploradores de minérios nessas bandas. No entanto, ao ler esse livro me lembrei de um tempo em que caminhava pelas estradas da serra do paredão chutando algumas pedras transparentes que julgava não terem qualquer valor. Vai saber...
(Carlos Romero Carneiro)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Quinto Episódio de Brilhante Futebol Clube

Segunda, 19 horas, novo episódio da série ambientada em Santa Rita do Sapucaí:

Grandes recordações do amigo Benedito “Zeferino”

 
Como era a rua do Bepe quando o senhor se mudou para a cidade?

Na rua Genoveva da Fonseca existia uma olaria que pertenceu o senhor Bepe Murano. Ele fabricava tijolos. Quando eu comprei este terreno aqui (Benedito mora naquela rua) precisei colocar 400 caminhões de terra no local e cobrir o buraco feito para a retirada do barro. Aqui não tinha rua, só uma porteira na esquina lá de cima (Rua Antônio Teles).

Na rua da pedra havia muitas casas?

Não tinha nada na Rua da Pedra. Nas redondezas da Rádio Difusora, bem na esquina, havia o comércio do senhor Brandão que nós chamávamos de “Secos e Molhados”. De lá até a pracinha, devia ter, no máximo, umas 15 casas. Em frente ao atual açougue do Celsão havia um ponto de pouso de boiadeiros, de propriedade do senhor João Pelonha. Naquele tempo, era preciso dormir no meio de caminho ou então nesses pontos de pouso para tropeiros. Eu já che-guei a dormir 15 dias em uma ponte em Guaratinguetá, junto com o gado.

Como era o seu trabalho?

Nós comprávamos gado de fazendeiros da cidade e íamos vender para os frigoríficos. Como não havia caminhão, íamos tocando a boiada. A gente passava por muitas propriedades até chegar ao destino e, de vez em quando, era preciso contar o gado para ver se não havia “ficado boi na ribada” (perdido pelo caminho).

Acontecia muito estouro de boiada?

Já ouvi muitos casos de boiada passar por uma cidade e acabar estourando por causa do latido de um cachorro. O estrago era tão grande que chegava a derrubar uma casa. Comigo não aconteceu isso não, mas tivemos que cercar o gado muitas vezes para não invadir bares e propriedades.

Mais tarde, o senhor trabalhou com açougue?

Eu comprei o meu primeiro açougue no Antigo Mercadão (Praça da Katrin). Além do meu, havia mais 3 açougues. Por dentro, era tudo muito simples. Só tinha uma barrinha de azulejo na parede. As nossas máquinas eram todas manuais. Em torno do prédio, em uma espécie de varandinha, ficavam os vendedores de pastéis, peixes e outros produtos. Iam muitas pessoas ao mercado mas, naquele tempo, existiam também muitas vendas nas roças. Na descidinha da rua Nova, havia uma escadaria grande de cimento que dava acesso à pracinha da cadeia.

O senhor teve açougue em outros lugares também?


Sim. Eu também tive um açougue em frente ao antigo Bar do Didi. Fica no mesmo local onde o senhor Hercílio montou um salão de barbeiro, alguns anos depois. Um fato interessante é que, naquela época, quando a gente vendia uma peça de alcatra, não podia vir um pedaço de picanha no meio (a picanha é a capa da Alcatra) porque se não as pessoas não queriam levar. Como ninguém comia, eu era obrigado a vender carne moída de picanha. Hoje, a picanha custa mais caro do que a alcatra! (Risos)

Como foi a sua infância?

Na infância, eu morei na região do vintém, logo depois do Mato Sanico. Naquele tempo, a vida era muito sofrida para nós. Com 8 anos de idade, eu tinha que levantar às 3 horas da madrugada, esperar meu irmão tirar o leite, colocá-lo em garrafas e vir vender na Rua Nova, no bairro do Matadouro, na Rua do Queima... Custava um tostão a garrafa de leite. Quando terminava de vender, voltava pra casa, almoçava e vinha para o grupão estudar. Andava a pé e descalço. O primeiro calçado que eu usei na vida foi aos 16 anos de idade. Na minha sala de aula quase ninguém tinha sapato. Minhas professoras foram a Dona Mariquinha Marques, a Dona Mafalda e a Dona Odete, que era muito brava!

O senhor levava merenda de casa?

Na rua da Pedra tinha uma padaria e meu pai sempre me dava 200 Réis para comprar merenda. Uma vez eu entrei no estabelecimento e veio uma mulher para me atender. Eu pedi um bolachão e, quando fui entregar o dinheiro, ela disse que eu já tinha pago. Na verdade, tinha mesmo uma moeda em cima do balcão, mas não era minha. Ela insistiu que estava tudo certo, mas eu fiz questão de pagar. Quando cheguei em casa, o dono da padaria havia contado para o meu pai o acontecido e ele me falou: “Esse seu gesto foi o maior presente que você me deu na vida!”
A vida era muito dura no início?

Quando eu casei, fiz uma casinha de pau a pique, com chão de terra, que não tinha nem mobília. Trabalhei na enxada para muitos fazendeiros e ganhava “4 merréis” por dia. Era o mesmo preço de um quilo de toucinho. Então eu comecei a criar alguns animais para comer, outros para vender e ganhar um dinheirinho. Nessa época, levava cerca de 60 porcos daqui para Natércia. Ia tocando estrada afora e vendendo pelo caminho. Levava uns 2 dias para chegar lá. Era muito difícil, mas graças a Deus, deu tudo certo.

Todos queremos ser jovens. Vejam esse vídeo

Muito mais que um rostinho bonito

 Quem vê a adolescente Giovanna Ribeiro Ferraz Jurioli hoje, aos 13 anos, pode não se lembrar de que há oito anos esta linda menina, com um semblante angelical e os olhos incrivelmente azuis já saiu em revistas infantis e foi até mesmo comparada com a atriz Ana Paula Arósio. Giovanna realizou alguns trabalhos fotográficos com quatro anos de idade para as revistas ‘Meu Nenê’, ‘Crescer em Família’ e ‘Veja’. O rosto inocente da pequena artista circulou durante dois anos em uma propaganda da Varig, o grande marco da carreira da garotinha.
 Giovanna é filha de Adriano Ferraz Jurioli e Cristina Ribeiro Jurioli, os maiores incentivadores da carreira da menina santarritense. Tudo começou quando estava no ar, na Rede Globo, a novela ‘Terra Nostra’, com a atriz Ana Paula Arósio. A família de Giovanna conta que nesta época as pessoas costumavam dizer: “Ela pode ser a filha da Ana Paula na novela. Ela se parece muito com a atriz”. Após ouvir isso por diversas vezes consecutivas, o tio de Giovanna, o jornalista Luciano Ferraz Jurioli, enxergou mais adiante e decidiu levá-la a uma agência de modelos infantis em São Paulo.

Adriano conta que em algumas ocasiões nas quais sua filha era chamada de Ana Paula Arósio, logo respondia: “Meu nome não é Ana Paula. Meu nome é Giovanna”. Ela nunca gostou de ser comparada à atriz. Sempre quis ser reconhecida por seus próprios talentos.

O ingresso no meio artístico não foi fácil. A família visitou a primeira agência e percebeu uma indiferença ao apresentar a menina. “As pessoas a olhavam como se fosse mais uma criança bonita”, relembra o pai. A segunda agência visitada, a Fine Kids de São Paulo, foi o pontapé inicial da carreira de Giovanna. Lá, a pequena menina de Santa Rita do Sapucaí foi carinhosamente recebida. No mesmo dia, a agência produziu um álbum fotográfico e, em seguida, a garota teve sua primeira aparição, em abril de 2000, na revista ‘Meu Nenê’.

A pequena artista já conheceu muitas celebridades. Entre elas, Zezé di Camargo e Luciano, Daniel e Paulinho Pedra Azul, com os quais Giovanna foi fotografada. A espontaneidade diante das câmeras, segundo os pais, existia porque eles sempre tiravam fotos da menina, desde muito pequena. Mas os obstáculos do mundo artístico foram muitos. O fato de Giovanna não morar em São Paulo dificultava o trabalho. Muitas vezes os pais tinham que abandonar tudo e levar a menina para realizar algum teste que surgia de repente.

A carreira da garotinha santarritense durou apenas dois anos. As dificuldades para estar na grande São Paulo e a triste perda de seu primo Pedro, filho do tio Luciano, foram os maiores motivos para a carreira de Giovanna ter sido interrompida precocemente. Hoje, os pais entendem que a pausa teve seu lado positivo. Agora, com idade para discernir o que quer, Giovanna tem a liberdade de escolher se almeja ou não continuar seu trabalho.
Depois de algum tempo, Giovanna fez uma propaganda para o informativo da CooperRita, seu último trabalho como modelo. A família de Giovanna, com mais dois irmãos (Mariana, 6, e Bruno, 3) morou por dois anos em Vitória, no Espírito Santo e, há quatro meses, está de volta a Santa Rita. Giovanna diz que sente saudades dos amigos que fez por lá e que um dia pretende voltar.

A menina diz não sentir vontade de retomar o trabalho e seus pais asseguram que irão apoiá-la em qualquer carreira profissional que escolher. Hoje, a garota tímida, de olhos azuis reluzentes e sorriso encantador não se preocupa muito com o mundo dos famosos e nem possui um ídolo em quem se espelhar. Ela vive como qualquer outra garota de sua idade. Com sua simplicidade e humildade, sonha em conquistar um diploma universitário para ter sucesso profissional. Não será difícil, pois a inteligente Giovanna é mais que um rosto bonito.
(Cíntia Ferreira)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Luzia anuncia seu casamento com Airton

 
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O trabalho, a bondade e o humor do estimado Joaquim Carlito

Vida de Tropeiro

Joaquim Carlos Ribeiro nasceu no dia 14 de abril de 1915 e era conhecido pelos santarritenses como Joaquim Carlito. Desde muito cedo, o rapaz humilde do campo trabalhou como boiadeiro e tornou-se muito famoso por conta de sua grande bondade e pela destreza que demonstrava na lida com o gado. Um de seus maiores amigos foi Dito Zeferino e a parceria criada entre eles fez com que ambos se tornassem muito prósperos nos anos seguintes.

Para negociar o gado no interior de Minas, a dupla viajava de ônibus, levando o dinheiro todo em um embornal. Após a compra dos bois, os tropeiros caçavam o rumo em direção a Santa Rita montados em cavalos trazidos por alguns companheiros de empreitada. A viagem de volta levava muitos dias e o grupo costumava dormir debaixo de árvores para não deixar os animais sozinhos. Ao chegar à cidade, faziam negócio com grande parte dos produtores locais e se preparavam para uma nova viagem.

O caminho inverso também era feito quando Joaquim Carlito e seus amigos eram incumbidos de levar as boiadas de fazendeiros da cidade aos frigoríficos da capital paulista. Partiam de Santa Rita às 4 horas da manhã a bordo de um caminhão e tinham que encarar uma viagem de 16 horas percorrendo estradas sem calçamento. Para que os bois não caíssem uns sobre os outros, Joaquim Carlito viajava na carroceria, junto com os animais, para ajudar a levantá-los.

Em um tempo em que os roubos eram raros, os tropeiros nunca foram assaltados. Ainda assim, Joaquim Carlito morria de medo de uma fatalidade e, não raramente, dizia ao amigo Dito Zeferino que achava que estavam sendo seguidos. Pura desconfiança de mineiro. Quando as viagens eram mais longas e a boiada precisava passar a noite em São Paulo, os tropeiros sempre recorriam a um lugar seguro para deixar o gado: o estádio do Morumbi. Após dar uma boa gorjeta ao vigilante noturno, era lá que a comitiva se instalava, antes de seguir viagem rumo ao Paraná.
Os famosos jogos de sinuca

Apesar de se tornar um dos melhores negociantes de gado da região, Joaquim Carlito sempre teve uma grande paixão por jogos. No início, preferia o baralho. Mais tarde, tornou-se um grande jogador de sinuca. Seus companheiros inseparáveis eram o Senhor Nicola, José Gometa e Zé Bananeira (Paçoca amendoim!). O último, era o maior freguês de Carlito nas incríveis partidas travadas no bar do Zezinho do Arnaldo (Grande Armazém de Secos & Molhados). Como o oponente tinha mania de mirar torto na bola e só endireitar o taco no último momento, o tropeiro aproveitava os deslizes do amigo para faturar uns trocados. Era inevitável: um dos dois sempre saía liso. Entre uma partida e outra, Joaquim Carlito tirava um torresmo do bolso e pedia uma cerveja para acompanhar o tiragosto. Já o Senhor Nicola, sempre deixava o tropeiro nervoso por sua técnica invejável. Conta-se que, certa vez, ele matou tantas vezes a bola cinco em um jogo de “fina” que, ao procurar por ela na partida seguinte, percebeu que não estava em sua posição na mesa. Só foi encontrá-la - muito tempo depois - escondida no bolso de Joaquim Carlito.

Tempos difíceis

Com o passar dos anos, a sorte começou a virar para o nosso herói. Sentindo que os tempos se tornavam cada vez mais difíceis, Joaquim Carlito teve que deixar de lado a vida de tropeiro e buscar novas formas de traba-lho. Sem nunca ter perdido o bom humor, passou vender deliciosas linguiças e chouriços preparados por Clelita: a mais velha dos 8 filhos. Para atravessar a cidade com sua mercadoria, Carlito usava uma cesta de bambu, que sempre era deixada na entrada do Armazém no final do expediente. Em umas dessas ocasiões, enquanto o comerciante travava mais um embate de sinuca com um de seus oponentes, eis que surge um funcionário da prefeitura que recolhia o lixo e que acabou jogando a mercadoria de Carlito na caçamba. Ao perceber o ocorrido, o comerciante saiu correndo atrás do veículo e aprontou o maior escarcéu. Como não conseguiu reaver a mercadoria, Joaquim não deixou por menos. No outro dia de manhã, foi ao gabinete do prefeito e exigiu o pagamento de suas linguiças. O então governante, Capitão Paulo, não teve outra alternativa senão saldar os prejuízos do amigo e aquela história passou a figurar na galeria das lendas santarritenses.

A lição de Joaquim Carlito

Sem nunca ter tido medo de pegar no batente, a mudança de profissão não intimidou Joaquim Carlito. Vez ou outra, ainda ouvia alguma implicância, mas sempre tirava as brincadeiras de letra, sem perder o bom humor. Seus filhos contam até hoje sobre o dia em que um conhecido chegou para ele e retrucou: “Quem te viu, quem te vê, heim? Você já montou mulas boas, já foi dono de terras e hoje vende de porta em porta!” Sem se abater, Carlito deu a resposta que o engraçadinho merecia: “O senhor troca 50 contos pra mim?” O homem respondeu: “Eu não tenho todo esse dinheiro.” E Carlito devolveu: “Então vá para o quinto dos infernos!”. Os dois cairam na gargalhada.
Paixões de JK

Nos finais de semana, Joaquim Carlito ia muito aos campos de futebol torcer para seu time do coração: o ADJ de Jacutinga. O grande time formado por Aleluia, Lambari, Tatau e outros destaques da época, sempre se surpreendia quando chegava a Santa Rita e encontrava uma grande torcida, patrocinada pelo comerciante local. Outra admiração de Carlito era pelo político Juscelino Kubitschek. Dizem que, por algum tempo, o comerciante chegou até a escrever seu sobrenome com K (Joaquim Karlito), só para ter as iniciais idênticas às do grande estadista. Ele dizia: “Se o Juscelino for candidato novamente eu até pulo dentro da urna!”

Um grande coração

Apesar de sua vida de trabalho duro, de seu humor refinado e de sua paixão pela vida, a maior virtude de Joaquim Carlito era a bondade. Sua casa, construída no final da rua do Bepe (Genoveva da Fonseca), número 275, sempre era visitada por pessoas carentes, em busca do auxílio do comerciante. Uma de suas filhas, Elizabeth, conta que já chegou a ver o pai parar de comer para entregar o prato a um necessitado que bateu em sua porta. José Adão, conhecido na cidade como Tião Roque, chegou a morar na casa do comerciante por um bom tempo. Seus filhos também lembram que, ao chegar ao antigo mercado municipal para realizar seus negócios, o comerciante sempre se deparava com diversas cestas vazias que, ao serem preenchidas com alimentos e utensílios domésticos, retornavam à rua Nova com os donativos oferecidos por Carlito.

Nas festas do asilo, o comerciante não admitia ver as crianças pobres passando vontade e, ao arrematar cartuchos e doces, sempre os repartia entre elas. Já a imagem de São João Batista, outra prenda do leilão, foi doada para o próprio asilo. Certa vez, Joaquim Carlito chegou a comprar um carrinho inteiro de pipoca, só para distribuir entre a molecada.

Sempre que precisava comprar tecidos, o bom homem também não perdia a oportunidade de exercer a solidariedade. Comprava todo o tecido da loja e distribuía à criançada do bairro. Engraçado era ver, dias depois, a vizinhança inteira sair à rua para brincar com roupas feitas do mesmo tecido xadrez.

O reconhecimento

Com o passar dos anos, o amor dos Santarritenses por este grande amigo passou a ser convertido em reconhecimento de toda sorte. Em uma das primeiras edições do desfile de cavaleiros, Carlito foi o homenageado especial. Depois de algum tempo, uma rua do bairro Pedro Sancho também recebeu o seu nome. Nada mais justo. Gestos como esses foram apenas modestas formas de retribuir a este homem de bem as grandes obras que empreendeu por toda a vida. Afinal de contas, a falta que Joaquim Carlito ainda faz ao nosso povo permanece mais viva do que nunca e parece não ter hora para deixar o coração dos fi-lhos e as lembranças mais felizes do povo santarritense. Como dizia o tropeiro, após vencer um jogo de sinuca: “Merci bocu pela atenção.”
(Carlos Romero Carneiro)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

"Celebridades" santarritenses enfrentam o terrível touro mecânico (Arquivo de 1991)

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Um caboclo em pé de guerra

Comandante Anibal e os Reservistas do Instituto Moderno.
Como o tempo voa, minha querida cidade! Há pouco mais de três lustros, eu ainda caminhava despreocupadamente pelas suas ruas, com o coração cheio de esperanças e a mente repleta de sonhos. Quantos recantos aprazíveis, a que a gente pouca atenção dava e que, de um momento para outro, se transformam e se elevam em nosso espírito saudosista!

Quantas pessoas queridas já não perambulam por suas ruas estreitas e nem batem às margens do Sapucaí para memoráveis pescarias! Até as figuras populares da época nos afloram à memória, envoltas em grandes saudades...

Vem também do passados umas das lembranças mais pitorescas que trago vivas na memória. Era julho de 1944. A guerra na Europa atingia seu clímax e navios brasileiros eram torpedeados em nossas águas. A onda de boatos alarmistas corria com a velocidade do relâmpago. Eu, naquela época, ostentava orgulhosamente dois grandes títulos: bombardinista da Lira Tiradentes e atirador nº9 do Tiro de Guerra 210, sob comando do Sargento Léo Caldas Renault.

Num domingo pela manhã, fazíamos manobras de campo, nas imediações do Ginásio. Após realizarmos exercícios de  “tiro ao alvo”,  o sargento ordenou:

- O terceiro grupo de combate, sob o comando do 9, vai partir daquele bambual. Esse grupo de combate virá atacar nosso acampamento, que será defendido pelo primeiro e pelo segundo grupos, entendido?

- Entendido, sargento!

Tomamos nossos fuzis em tiracolo e partimos para o renque de bambu. Lá Chegando, o sinal de início das operações foi dado pelo instrutor à beira da antiga piscina do ginásio. Iniciamos então a progressão, conforme manda o figurino militar. Acontece que, entre nós e o ginásio, havia uma estrada de rodagem que vai para a Capituva e Balaio. Exatamente naquele local, a mesma era ladeada por altos barrancos. Eu, como disse, comandava o terceiro grupo de combate. Éramos nada menos que treze homens fardados, suados e dispostos a qualquer “brincadeira”.

Quando descemos para a estrada, passava por ali um caboclo humilde, montado num cavalinho pampa. Ao ver-nos, armados de fuzil e baioneta, o pobre coitado lembrou-se naturalmente dos boatos alarmistas da guerra e parou o animal, tremendo feito vara verde. Nos olhamos e nos entendemos. Um dos colegas agarrou as rédeas do animal e perguntou:

- Que vamos fazer com o homem, sargento?

Aproximei-me um pouco, com ridículos passos marciais, fitei os olhos apavorados do pobre homem e ordenei:

- Vamos levá-lo para a guerra na Alemanha!

Nesse momento, o matuto persignou-se e implorou por todos os santos familiares que nós tivéssemos piedade de sua mãe. Os soldados, porém, foram intransigentes:

- Você irá pra guerra conosco. Vai ser bucha de canhão!

A brincadeira estava naquele pé quando se aproximaram outros dois caboclos, obviamente muito mais esclarecidos que o primeiro. Pensei em repetir a brincadeira com eles mas, antes disso, o mais velho sentenciou:

- Zé! Ocê ta cum medo atoa, bobo! Eis num são da guerra, não! Eis são os mininu daí do ginási mêmu!

O cabloco, ao ouvir aquilo, se transformou. Seus olhos perderam aquela expressão de pavor e ganharam brilho de ódio. Imediatamente, arrancou a faca de “picá” fumo e investiu sobre nós com sangue nos olhos! Foi um Deus nos acuda. Os colegas que não conseguiram subir o barranco foram os primeiros a cair de joelhos e pedir “pelo amor de Deus” até que com certa destreza.

Ainda hoje, quando passo pelas bandas da capituva ainda me lembro daquele caboclo que poderia muito bem ter feito os inimigos chorarem pela própria viva. De histórias como essa restam apenas lembranças de minha querida cidade. Lampejos já amarelados pelo pó do tempo, mas que ainda conservam o sabor das coisas novas.
(Silva Filho – 26/07/1964 )

Esta reportagem é um oferecimento da Imobiliária Marques e Perrota:
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terça-feira, 14 de junho de 2011

Pedro Norberto retira denúncia contra Prefeito sobre Aterro

Nesta Terça-feira,14, Raimundo Norberto retirou junto a Câmara dos Vereadores a denúncia que contra o Prefeito de Santa Rita do Sapucaí, Paulo Candido da Silva. A denúncia tratava de questões sobre o Aterro Controlado, o antigo “Lixão” e havia sido protocolada em Abril deste ano.
Clique na imagem para ampliar.

 

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Jonas Costa conta como foi escrever a biografia da líder negra Maria Bonita

O escritor Jonas Costa fala sobre sua mais recente obra.
Como surgiu a ideia de escrever sobre Maria Bonita?

Em 2008, quando estava no segundo ano de Jornalismo, senti a necessidade de definir o tema de meu trabalho de conclusão de curso. Até então, eu havia estabelecido apenas um critério para a escolha: dar voz a um indivíduo ou grupo social historicamente marginalizado, em âmbito local ou nacional. Pensei em vários temas, mas decidi escrever um livro-reportagem sobre Maria Idalina de Jesus, após ler o artigo intitulado “Maria Bonita, uma fina flor que a cidade acolheu”, publicado no Empório de Notícias em 27 de agosto de 2008. Na mesma edição, fora veiculada uma matéria sobre a Associação Santarritense José do Patrocínio, destacando o papel de liderança de Maria Bonita na comunidade negra. Aquela edição do Empório foi determinante para a escolha do assunto de meu livro. À época, eu pouco sabia acerca de Maria Bonita, mas percebi, imediatamente, que ela pertencia aos grupos mais discriminados de sua época: era mulher em uma sociedade machista, pobre e analfabeta em uma cidade elitista, negra em um país com resquícios da escravidão recém-abolida. Por meio de entrevistas e pesquisas, notei, porém, que nenhuma dessas características consideradas desfavoráveis impediu que Maria Bonita se tornasse uma líder dos negros respeitada pelos brancos.

O que ela representa para o povo santarritense?

Maria Bonita foi uma figura multifacetada e marcante da história de Santa Rita do Sapucaí. Desempenhou muitos papéis na comunidade santarritense: cozinheira, benzedeira, ama de leite da “casa grande” e da “senzala”, mãe de filhos alheios, “juíza de pequenas causas” do povo negro, conselheira de ricos e pobres. Foi líder comunitária, operária, cultural e política. Os afrodescendentes lhe atribuíam poder temporal e espiritual, ainda que não-constituído. Era uma mulher simples com personalidade complexa: religiosa sem beatice; carnavalesca sem extravagâncias; bondosa e enérgica; robusta e delicada. Participava de eventos religiosos e profanos com a mesma naturalidade, pois tinha a consciência limpa.

Maria representa, melhor do que qualquer outra pessoa, os afrodescendentes que ajudaram a construir a cidade, física e culturalmente. Narrar sua longa existência (94 anos) é falar de uma cidade em transformação, onde o racismo e o preconceito de classe diminuem em ritmo muito lento. A atuação de Maria Bonita foi decisiva para que Santa Rita fosse menos preconceituosa.

Que obras Maria Bonita empreendeu que revolucionaram a nossa cidade?

A maior contribuição de Maria Bonita para a história de Santa Rita foi a institucionalização do espaço dos negros na cidade. Os negros eram meros espectadores do carnaval burguês até 1932, quando Maria Bonita e alguns amigos criaram o cordão carnavalesco Mimosas Cravinas, formado por afrodescendentes, principalmente da Rua Nova. Como o Clube Santarritense não admitia negros em seus bailes, um grupo liderado por Maria Bonita decidiu transformar as Mimosas Cravinas em clube recreativo dos negros, originando, em 1944, a Associação Santarritense José do Patrocínio. A entidade surgiu no momento em que o associativismo negro crescia no Brasil – esse movimento foi classificado pelo sociólogo Florestan Fernandes como “revolução dentro da ordem”. Entendo que Maria Bonita foi revolucionária nesse sentido, pois era politicamente pragmática, ligada à conservadora UDN, mas sabia alterar o sistema vigente, pois o conhecia por dentro.

Quais eram as grandes paixões de Maria Idalina?

O carnaval foi uma das grandes paixões de Maria Bonita. Ela esperava ansiosamente, o ano todo, pela repetição do ritual pagão de desfilar com o estandarte das Mimosas Cravinas em suas mãos calejadas. Na velhice, sambou até com o pé machucado. Quando suas pernas já não tinham mais força para pular carnaval, ela desfilou sentada em carros alegóricos das escolas de samba Sol Nascente e Azul e Branco. Ela apreciava também os bailes e outros eventos do clube dos negros, do qual cuidava como se fosse sua própria casa. Maria gostava também de futebol. Era flamenguista e recebeu na Associação José do Patrocínio, em 1955, uma visita dos atletas do rubro-negro carioca. Ela era apaixonada, sobretudo, pela vida e pelo povo santarritense.

O que chamou mais a atenção nas descobertas sobre ela?

Inicialmente, pensei em escrever um livro que se restringisse à vida de Maria Bonita e à história da Associação José do Patrocínio. Na medida em que avançavam minhas pesquisas, percebi que a atuação de Maria Bonita foi muito mais ampla e que seria impossível tratar de sua vida sem descrever a trajetória da comunidade negra santarritense. Chamou minha atenção o fato de Maria ter sido tão dinâmica fora de casa, mesmo tendo sete filhos biológicos para criar e muito trabalho culinário a fazer. Apesar da carência financeira, ela não deixava de praticar atividades caritativas, repartia o pouco que tinha com muitos necessitados. Acolhia pessoas com problemas financeiros ou de saúde, crianças órfãs, amigos de parentes, parentes de amigos... Em suma, os traços mais marcantes de Maria Bonita, para mim, foram a laboriosidade e o altruísmo.
Maria Bonita se reúne com amigos e familiares em seu restaurante.
Conte-nos alguma passagem sobre Maria Bonita.

Reproduzo, abaixo, alguns trechos do livro: “O papel de destaque de Maria no carnaval chamava a atenção de turistas e santarritenses radicados em outras cidades, que visitavam Santa Rita para conhecer ou rever a entusiasmada porta-estandarte. Em uma dessas ocasiões, foi convidada a sambar no carnaval carioca, mas, segundo sua sobrinha Biica, recusou de pronto: “Não, o Rio é aqui mesmo. Se o Rio me merece, Santa Rita merece muito mais”. A escritora santarritense Cecy de Almeida, estabelecida em Guaxupé, conta que sua filha caçula, Maristela, se encantou com a líder das Cravinas, a quem apelidou de Maria Alegria.”

“(...) a preocupação principal de Maria Bonita nunca foi enriquecer. Há sobejos casos que comprovam seu altruísmo. Um deles, até hoje repetido pela família, envolve o garoto pousoalegrense Luiz Carlos, que, sem recursos financeiros, pensou em interromper seus estudos na ETE. “Não, meu filho. Por causa de comida você não vai parar”, reagiu Maria, segundo seus descendentes. Ela fez sua parte para impedir a desistência do rapaz estudioso, alimentando-o sem nada cobrar até a formatura.”

“Cuidando de meninos simples, Maria Bonita conheceu celebridades. A atriz Vida Alves é o melhor exemplo disso. Seu filho mais velho, Heitor Ernesto Gasparinetti, parecia apenas mais um garoto de origem humilde, pois se comportava como tal entre seus colegas da ETE, onde estudou de 1968 a 1970. Aguardava pacientemente sua vez de se servir na cozinha de Maria, ao passo que outros estudantes famintos se acotovelavam para comer primeiro. (...)

Certa vez, em 1968, Heitor contou aos amigos que receberia a visita de sua mãe dali a poucos dias. “A rua lotou”, sintetiza uma das netas de Maria Bonita, Nelma Benedita Marcolino Donoso, ao rememorar aquele acontecimento inacreditável. Vida Alves – famosa por protagonizar com Walter Forster o primeiro beijo da teledramaturgia brasileira, na novela Sua vida me pertence (1951) – foi recebida com um efusivo abraço por Maria, emocionada por conhecer a ilustre visitante. Revelando uma simplicidade surpreendente, a atriz almoçou naquela modesta residência, atraindo centenas de fãs à Rua Coronel Erasmo Cabral. “Cheguei a almoçar na casa de Maria Bonita, mas o que me lembro mais é de seus biscoitos de polvilho. Eles eram os meus preferidos”, revela a atriz, aos 82 anos.”

“Benzer era coisa séria para Maria, mas não ofuscava seu bom humor. Serve de exemplo outro benzimento, desta vez para acalmar um moleque levado: Wagner Matragrano (Gaiola). Sua mãe, Maria Luiza, estava angustiada por assistir a uma “arte” atrás da outra e, por isso, convocou Maria para benzê-lo em casa. Na porta da cozinha, a benzedeira colocou a mão sobre a cabeça do garoto, que a olhava assustado. O susto foi ainda maior quando ela parou de rezar para colocar a outra mão dentro da própria boca: “Espera aí, está tão forte que eu preciso tirar a dentadura, senão vou engolir”. Com lábios murchos, prosseguiu a oração.” 
Sinhá Moreira, Maria Bonita, Deputado Carlos Lacerda, Dalila e o governador Magalhães Pinto.
O que você aprendeu com  Maria Bonita?

Pesquisar sobre a vida de Maria Bonita e a trajetória dos negros santarritenses me ajudou a compreender melhor a história da cidade, que, infelizmente, tem a nódoa do racismo. O livro narra várias passagens em que cidadãos negros foram discriminados, humilhados, tratados como cidadãos de segunda classe. Por outro lado, a existência de Maria Bonita confirma que o perdão e o desprendimento só competem aos seres nobres – não no sobrenome, mas na alma.

Sobre a obra:

O livro-reportagem A rainha operária e sua colmeia negra é resultado de dois anos de intensas pesquisas, 77 entrevistas e consultas a exemplares de 23 periódicos publicados entre 1874 e 2010. O livro tem 182 páginas e 58 fotos, divide-se em 10 capítulos e é prefaciado pelo sociólogo Yago Euzébio Bueno de Paiva Junho.

Número de páginas: 182
Peso: 272 gramas
Edição: 1(2011)
Acabamento da capa: Papel Couché 300g/m², 4x0, laminação fosca.
Acabamento do miolo: Papel offset 75g/m², 1x1, cadernos fresados e colados (para livros com mais de 70 páginas) ou grampeados (para livros com menos de 70 páginas), A5 Preto e Branco.
Formato: Médio (140x210mm), brochura com orelhas. 
Acesse aqui para adquirir a obra: 
Link do Clube dos Autores

Esta entrevista é um oferecimento de: