terça-feira, 21 de junho de 2011

Pedras preciosas e muito ouro em Santa Rita do Sapucaí?

Neste mês, entramos em contato com uma obra rara sobre os “tesouros, cidades pré-históricas e minas abandonadas do Brasil”, que traz importantes relatos sobre a nossa região. O livro, intitulado “Minas e Minérios do Brasil” e escrito por Tanus Jorge Bastani, foi lançado em 1957 e é um apanhado geral das riquezas naturais brasileiras, descrevendo os diversos minerais encontrados no país. O mais interessante desse livro foi perceber que Santa Rita do Sapucaí foi citada nele como um antigo local de garimpo do ouro, além de enumerar uma série de pedras preciosas, gemas diamantinas e outros minérios encontrados, tanto às margens do rio e dos córregos, quanto em nossas montanhas. Veja, a seguir, um trecho da obra em que nossa cidade é descrita pelo pesquisador:
“Santa Rita do Sapucaí foi, primitivamente, o arraial da Boa Vista e, mais tarde, passou a se denominar Santa Rita do Vintém. Isto porque, no leito de um córrego, hoje conhecido por Vintém, os escravos que ali extraíam o ouro, vendiam as pepitas por vintém. O rio, do mesmo nome, banha este fértil município, considerado um dos primeiros de sua região. Não somente no Rio Sapucaí, como nos córregos do Vintém, do Mosquito e outros, se encontram o ouro aluvial, pedras preciosas e raras gemas diamantinas. Nos seus distritos de Careaçu e São Sebastião da Bela Vista e ainda na serra do Mata Cachorro ou Bela Vista, ocorrem o ouro, quartzo, mica, ferro, bauxita, calcário, fontes de águas termais, minério uranífero e outros minerais inexplorados.”

O Rio Sapucaí também mereceu atenção do pesquisador. Confira, a seguir, a sua descrição:

“Sapucaí: Lendário rio, natural da Serra da Mantiqueira, afluente do Rio Grande, seu curso atravessa uma região prodigiosa do Estado de Minas Gerais, cuja zona é conhecida por “Vale do Rio Sapucaí” ou “Vale do Sapucaí”. Uma memória histórica publicada em 1883, de autoria de F.E. de Azevedo e J.H Costard, assim se refere a essa zona: “Pelo lado mineral, existem no referido vale diversos terrenos em que se encontra o ferro, ocupando primeiro lugar o de São Carlos de Jacuí (atual Jacuí) e outros abundantes em ouro, sendo os mais notáveis os de campanha e Pouso Alegre. Há também, nessa região, cristais de rocha, mármores, pedras calcárias, chumbo, mercúrio, excelente argila para o fabrico de materiais de cons-trução, etc. Finalmente, encontram-se ali diversas fontes de águas medicinais”.

O território banhado pelo rio Sapucaí é um farto reino mineral, pois as ocorrências que ali se verificam demonstram claramente a existência de jazidas de minerais, destacando-se os uraníferos, radioativos galenas, calcários, bauxita, cassiterita, ouro, quartzo e outros mais, ainda inexplorados.”

É muito instigante percebermos, através desse inestimável livro, que nossa cidade está (ou já esteve) situada entre as regiões ricas emminérios. Até então, pouco sabíamos sobre o garimpo por aqui, nos tempos do Brasil Imperial. Apesar de já termos ouvido contar pelo menos três versões para o nome “Vintém” dado ao córrego, este estudo apresentado por Tanus Jorge vem acrescentar mais um elemento, agora externo, em nossa história local. Ao que tudo indica, a presença de todos esse minerais, agora faz parte apenas do passado. Pelo que se sabe, não existem exploradores de minérios nessas bandas. No entanto, ao ler esse livro me lembrei de um tempo em que caminhava pelas estradas da serra do paredão chutando algumas pedras transparentes que julgava não terem qualquer valor. Vai saber...
(Carlos Romero Carneiro)

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