sexta-feira, 24 de abril de 2015

O nascer do Sol nas montanhas de Minas Gerais inspira santa-ritense

Internauta de Santa Rita do Sapucaí mostra a beleza do amanhecer. (Foto: Carlos Koleski)
Em Santa Rita do Sapucaí, o internauta Carlos Koleski busca o ângulo e o momento ideais para registrar um espetáculo de todos os dias. 

Nas areias da praia é mais comum parar e admirar o nascer do Sol. Mas por trás das montanhas de Minas Gerais, o astro do dia ganha um brilho ainda mais intenso. O internauta Carlos Koleski se desafiou a flagrar o momento que encanta os olhos. “Já tinha feito a foto do pôr do sol na cidade de São Paulo, mas ao retornar para Minas quis fazer o nascer do Sol visto daqui”, conta. O fotógrafo fez várias tentativas porque queria que os raios solares tivessem “um brilho maior na foto”. O registro foi feito na cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG).  

Parabéns, Carlos, o registro ficou maravilhoso. A exemplo do internauta faça você também um flagrante da natureza e participe do Você no TG. Basta acessar o link, preencher o formulário e enviar a fotografia ou o vídeo. 

Fonte: G1

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Barão de Mauá ou Eike Batista? (Por Salatiel Correia)

Embora tenham eles atuado empresarialmente em épocas muito distanciadas uma da outra, tem-se a impressão de que a crença de ambos no empreendedorismo com geração de riqueza foi exatamente a mesma.
 O primeiro viveu nos tempos do Segundo Reinado, no século dezenove, quando predominava o poder moderador do imperador. O segundo vive os dias atuais do século vinte e um, em cuja realidade impera a volatilidade dos capitais globalizados que se locomovem ante a velocidade das informações. É extraordinário pensar nos feitos daquele menino pobre, órfão de pai, chegando, ainda criança, com nove anos, ao Rio de Janeiro para trabalhar como caixa de um armazém, por mais de 15 horas, em troca de casa e comida.

A falência desse estabelecimento levou nosso personagem a mudar de emprego. Foi indicado, no distante ano de 1830, para trabalhar na empresa de importação do escocês Richard Carruther. Aprendeu tudo com ele: das técnicas de contabilidade e planejamento a falar inglês. 

Conheceu a Inglaterra, berço do capitalismo mais avançado do mundo, onde se gestou a Revolução Industrial. Ao retornar ao Brasil, lutando contra uma mentalidade escravocrata e rural, iniciou seu império industrial. Veja-se alguns de seus feitos: implantação da primeira ferrovia brasileira, a estrada de ferro do Rio de Janeiro. Pioneiro na exploração do rio Amazonas e afluentes, bem como no Rio Grande do Sul, em barcos a vapor, a iluminação pública a gás do Rio de Janeiro, a criação do primeiro Banco do Brasil e a instalação do cabo submarino entre a América do Sul e Europa.

No auge de seu império, controlava 17 empresas localizadas em seis países (Brasil, Uruguai, Argentina, Inglaterra, França e Estados Unidos). Sua fortuna, em 1867, de 115 mil contos de réis, ultrapassava o orçamento do próprio Império, de 97 mil contos de réis.

Detalhe: se atualizarmos a fortuna desse empreendedor para os dias de hoje, chegaremos à espantosa cifra de 60 bilhões de dólares. Tratava-se de um verdadeiro Bill Gates do Império.
Falemos agora do segundo empreendedor. Abandonou o curso de engenharia metalúrgica, na Alemanha, com o intuito de se tornar um homem rico no Brasil. Sonho sonhado, iniciou sua trajetória comercializando ouro de uma pequena mina de sua propriedade para os centros mais dinâmicos do país e, posteriormente, para o exterior. Ganhou dinheiro e montou empreendimentos no Canadá. Faliu.

De volta ao Brasil, concentrou seus negócios no país. A volta por cima veio com a providencial ajuda do capitalismo de Estado brasileiro que sempre irriga de boa vontade quem financia campanhas políticas dos donos do poder. Fomentado pelo BNDES e outras fontes, vieram empreendimentos que revigoraram os negócios de Eike Batista. A termoelétrica do Ceará (conhecida por termoluma, em alusão a então esposa do empresário, Luma de Oliveira). A venda de uma mineradora para a poderosa Anglo, foi outro negócio da China. Detalhe: como não produziu minério suficiente, deu um prejuízo de mais de 4 bilhões de dólares para a empresa britânica, com isso, custando a cabeça da principal executiva do grupo.

Bons negócios foram o combustível que deu origem a inúmeras empresas que se agruparam na sugestiva letra multiplicadora X— OGX (Petróleo), LLX (logística), MMX (mineração), etc. O empreendedor de que vos falo tem um talento inegável para vender riquezas, mesmo que estas ainda não tivessem sido geradas.

Do otimismo exagerado aliado à euforia de um país com PIB crescente contribuíam para a valorização das ações desse empresário. Chegou ele a tornar-se o sétimo homem mais rico do mundo, com fortuna estipulada em 27 bilhões de dólares.

Certamente, ele não teria conseguido acumular tamanha fortuna se a regulação de capitais no Brasil não fosse tão frágil como se mostrou ser. O resultado dessas falhas acumuladas ao capitalismo, de laços em torno das instituições de fomento ao desenvolvimento, levou o mundo X por água abaixo no momento em que as projeções, tão apregoadas empreendedor, mostraram a verdade dos fatos. O petróleo prometido simplesmente não existia. Resultado: a partir daí, o império X desmoronou, assim, começando o inferno astral de seu fundador.

Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, é o primeiro personagem; Eike Batista, o segundo. Ambos com o discurso em torno do empreendedorismo, mas com práticas completamente diferentes um do outro, a começar da origem.

O Barão de Mauá saiu da pobreza. Fez-se absolutamente sozinho. Eike Batista, admita ele ou não, sempre, teve a ajuda do pai nos momentos decisivos (a jornalista Malu Gaspar nos conta detalhadamente esses fatos no livro que escreveu a respeito do mundo X. Leia-se: “Tudo ou Nada”).

Mauá gerou empreendimentos que produziram não só riquezas que impulsionaram a débil economia do Segundo Reinado, mas de grande parte da América do Sul. Eike gerou sonhos em Power Points que capitaneava investidores externos em um período que estes acreditavam na pujança do país. O Barão não contou com as benesses do Estado. Ao contrário: contou, sim, foi com os ciúmes de uma classe rural retrógrada, de uma economia que lucrava com o tráfico de escravos. Além disso, o imperador, um tanto quanto conservador, não comungava do mesmo espírito dinâmico do empreendedor. E, então, quem esteve imbuído do verdadeiro espírito empreendedor - o Barão de Mauá ou Eike Batista? Sem dúvidas, fico com o espírito empreendedor de Irineu Evangelista de Souza. E você?

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Vale da Eletrônica promove Feira Estadual de Ciências e Tecnologia

A Escola Técnica de Eletrônica “Francisco Moreira da Costa” de Santa Rita do Sapucaí irá promover, dos dias 7 a 9 de outubro de 2015, a primeira edição da FECETE – a Feira Estadual de Ciências e Tecnologia. 

Voltada aos alunos de 8º, 9º ano, médio e ensino técnico, a feira deverá receber participantes de todo o estado de Minas Gerais, no campus da ETE FMC, em Santa Rita do Sapucaí, sul do Estado.

Conhecida como o Vale da Eletrônica, a cidade sedia a ETE FMC: primeira escola de eletrônica da América Latina e sétima do mundo. O evento acontecerá simultaneamente à sua tradicional Feira de Projetos Futuristas (Projete), que chega à trigésima quinta edição, com cerca de 200 invenções anuais. A experiência bem sucedida na realização de sua Feira interna inspirou a criação da FECETE, que será capaz de atingir e beneficiar estudantes de outros municípios do estado.

O objetivo do evento é promover o intercâmbio de conhecimento entre alunos que integram as redes pública e privada, incentivar a pesquisa científica e divulgar novas tecnologias. Os projetos inscritos deverão ser submetidos à análise de uma comissão julgadora e os vencedores receberão prêmios e certificados.

Os interessados em participar da FECETE devem acessar o site da escola (etefmc.com.br) até o dia 20 de junho e realizar a inscrição de seus trabalhos. A divulgação dos selecionados, em primeira prévia, acontecerá no dia 5 da agosto.

A FECETE oferecerá hospedagem e transporte (trajeto entre sua cidade e Santa Rita do Sapucaí) gratuitos para parte dos estudantes. Os interessados devem realizar a solicitação, no momento da inscrição. A comissão organizadora da FECETE analisará os pedidos e os contemplados serão comunicados, juntamente com a lista de trabalhos selecionados para participação na feira.

ETE FMC – Desde sua fundação em 1959, a ETE FMC (www.etefmc.com.br), da Rede Jesuíta de Educação, passou a ser referência em educação por abrigar a primeira escola de eletrônica de nível médio da América Latina e a sétima no mundo, que atrai estudantes de todo o País. Com cerca de 750 alunos, nos períodos diurno e noturno, oferece os cursos de Automação Industrial, Telecomunicações e Equipamentos Biomédicos, além de Ensino Médio. A região é conhecida como o “Vale da Eletrônica” - referência ao Vale do Silício na Califórnia (EUA) - de onde muitos produtos e sistemas tecnológicos inovadores são lançados para o mercado nacional e internacional. Boa parte deles nasce dentro da escola.

Serviço:

O que: FECETE – Feria Estadual de Ciências e Tecnologia
Quando: Dias 7 a 9 de outubro
Onde: Campus ETE FMC – Av. Sinhá Moreira, 350 - Centro - Santa Rita do Sapucaí/MG Entrada Gratuita

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Maratona de uma triatleta (Tainá Desidério)

Iniciei a grande jornada maluca de uma Triatleta, na quarta à noite, quando peguei o último ônibus  para São Paulo, às 18h30min, onde embarcaria em um avião rumo a Fortaleza, na manhã da quinta feira. A loucura começou quando eu fiquei parte da noite e a madrugada toda no aeroporto de Guarulhos, sentada, caindo de sono, mas morrendo de medo de dormir e perder a hora. Peguei o voo as 6h45min e, antes do almoço, já estava em Fortaleza. 
Como uma boa mineira de Santa Rita do Sapucaí, cheguei a Fortaleza de casaco e “geral” já estava me olhando, poxa! Lá dentro do aeroporto estava frio, até a porta automática se abrir e vir aquele mormaço que parecia uma bola em chamas chegando perto de mim.  

Ao sair de dentro do aeroporto eu já senti o drama de estar no nordeste. Aquele calor parecia consumir todas as minhas energias de uma vez só. 

Descansei bem e fui me preparando para a prova que seria no sábado de manhã, na Praia do Cumbuco. 

Chegado o dia, a hora e o instante , foi dada a largada às 7h15min de sábado, debaixo de um sol de 35 graus, que estava fritando qualquer atleta ali presente . 

Finalizei os 3km de natação super bem colocada e saí para o ciclismo, confiante, quando o clima quente, o mormaço insuportável e minha falta de preparação para aquele tipo de prova, me fizeram quebrar e não ter mais condições de fazer a prova da maneira que eu havia treinado para fazer e esperava conseguir.

A partir do km 15 dos 80 a serem realizados, meu foco deixou de ser o meu tempo a ser melhorado e passou a ser ir, mesmo sem forças,  contra o tempo de corte pra não ser desclassificada . 

Após finalizar os 80km do ciclismo, meu corpo já não tinha mais forças e condições para correr mais 20km, mas eu sabia que, de alguma forma, eu aguentaria. E fui, mesmo com dor, chorando e acabada. Finalizei a prova pouco menos de 1h do tempo de corte com mais de 7h diretas competindo e fui vice-campeã brasileira de Triathlon longa distância, após todo sofrimento que, no fim, não passou de uma barreira derrubada que fez tudo ali valer a pena. Eu estava cercada de pessoas maravilhosas, atletas que vibravam uns com os outros, davam todo o incentivo e acreditavam uns nos outros.  

Horas após a prova, lá estava eu no aeroporto de Fortaleza-CE, pronta pra me despedir do Ceará e seguir rumo a São Paulo, onde iria de carro, até Santos para, no domingo, competir na primeira etapa do Troféu Brasil de Triathlon, prova que está completando 25 anos de muita tradição e, sem sombra de dúvidas, tem a melhor organização quando se fala em provas de Triathlon no Brasil. 

A prova em Santos foi tranquila. Cheguei já sabendo que não poderia fazer muita força para não me machucar, visto que meu corpo já estava cansado e sobrecarregado da prova no dia anterior . 

Fiz a prova com tranquilidade e finalizei dentro do esperado, sendo campeã da minha categoria com um tempo razoavelmente bom pra uma atleta cansada. 

Essa foi, sem dúvidas, a maior loucura e a mais gostosa de se fazer! Me desafiei ao máximo e cheguei ao limite do meu corpo e da minha mente.

Esses serão grandes ensinamentos que carregarei comigo para sempre e que não teriam acontecido se não fosse a ajuda de todos que contribuíram com a minha “Vakinha online” que teve super apoio e força da Manu que me ajudou a dar início nela; a NA SPORTS (Núbio Almeida) pelo apoio e confiança de sempre; ao SINDIVAS (Alessandra e Dona Rosângela); ao Carlos Romero que me ajudou a desenvolver o logotipo para as canecas; ao Rei das Canecas pelo apoio; Mattos Calçados; ao Devanil Carvalho meu super amigo; aos meus familiares que sempre me apoiaram; ao Lira; Jucélia e ao pequeno Levi; família linda e carinhosa que me recebeu em sua casa em Fortaleza cuidando de mim como se fossem meus pais, que mudaram a rotina do dia a dia para me acompanhar sem deixar que me faltasse absolutamente nada e a todos que enviaram mensagens, que fizeram suas orações e mandaram energias positivas. Com um trabalho em equipe assim, não tem como dar errado! Muito obrigada a todos pela torcida e pela força e “vamo que vamo” porque o ano está só começando. 

Oferecimento:

terça-feira, 14 de abril de 2015

O carteiro e o beijo (Por Ivon Luiz Pinto)

Foi numa época em que a cidade era pequena, tão pequena que a gente conhecia todo mundo e as ruas tinham apelido: rua do Zé da Silva, rua do Queima, rua da palha, rua da Cadeia . O  Correio, além da correspondência escrita, oferecia também  o serviço de telégrafos e, por isso, a empresa se chamava Correios e Telégrafos. A cidade era tão pequena que nas cartas e objetos que vinham não precisava constar o endereço da pessoa, bastava o nome e o carteiro já sabia quem era. Às vezes, até pelo apelido a carta chegava ao destinatário. Eram poucas as correspondências, e logo que terminavam o trabalho, os carteiros ficavam livres para exercer outras atividades. A correspondência chegava pelo trem de ferro, a RMV, Rede Mineira de Viação, e, nele, existia um vagão especial, logo após a locomotiva. Esse vagão  era repartido ao meio e na parte voltada para os vagões de passageiros ficava o escritório do Chefe do trem que recolhia os bilhetes dos passageiros e os perfurava com uma maquina  própria. Quem não tivesse o bilhete era despejado do trem. No outro lado estava o compartimento dos Correios  que continha  a correspondência, separada por cidades. A correspondência  era acompanhada pelo estafeta, oficial dos Correios, em uniforme cáqui, que a entregava sob recibo, ao Chefe carteiro da cidade, quando chegasse na estação. Em época de eleição os votos eram conduzidos nesse vagão que, por isso, ficava sob escolta policial e, nesses casos, a correspondência normal era entregue sob vigilância. Muitas vezes a gente esperava o trem chegar e indagava do estafeta se tinha alguma carta pra gente. Lógico que ele nada dizia.
Nas diferentes épocas da história postal brasileira o carteiro já foi tropeiro, estafeta, carregador de mala postal e inspetor de serviço postal, sendo cada um reflexo de seu tempo.
A estação de trem desta cidade se chamava Afonso Pena. Eu pegava o trem de madrugada, 4 horas, e chegava a Itajubá às 6. O trem vinha de Sapucaí com destino a Soledade de Minas, onde chegava por volta de meio dia, tendo percorrido 21 estações. A parada em Piranguinho era famosa por causa dos pés de moleque que alguém vinha vender  dentro do trem.

Quando eu estudava em Alfenas, todo santo dia escrevia uma carta para a Rita e ela, da mesma forma, me escrevia. Uma carta por dia! E tenho todas guardadas. Meus colegas brincavam dizendo que desse jeito ela casaria com o carteiro. Mas eu não tinha medo. O carteiro era o Américo Garcia que só pensava em cerveja. Há poucos anos o carteiro amigo era o JUCA. Minhas filhas esperavam ansiosas a sua chegada para receber carta de namorado. O JUCA tem muita história para contar sobre este povo. Mas quero lembrar um  outro carteiro, dos tempos antigos.

Havia, nesta cidade, um carteiro muito conhecido e amigo de todos  que era o Francisco Garcia ou  Chiquinho  Garcia  e que era mais conhecido por Chiquinho Carteiro. Homem bom, que gostava de caçar passarinho. Naquela época isso não era proibido e a gente o encontrava com gaiola e alçapão, pelos terrenos vagos à procura de suas presas. Gostava  muito de canarinho e pintassilgo e, por causa deles, ia até pelas roças a caçar. Ele entendia do assunto e sabia, só de olhar, se o passarinho era bom cantador ou se era de canto fraco. Ele andava demais, muito mesmo e, frequentemente, era encontrado calçando sapatos de cores e modelos diferentes: num pé  um tipo de calçado e, no outro, um calçado diferente.  Era a pressa de sair para caminhar como  carteiro ou como passarinheiro. 

Muitas são as histórias desse homem como carteiro e como passarinheiro. Todas elas interessantes. Certo dia, ele estava entregando cartas indo da rua da ponte até a Afonso Pena, nome que se dava ao bairro além da ponte metálica, onde tinha a estação de trem. Na frente dele estava um casal de namorados que se escondia nos desvão das portas para trocar beijos. Coisa muito rara numa época em que nem se podia pegar na mão da garota. Eu só fui pegar na mão de minha esposa quando já estávamos noivos. O carteiro observava o enlevo dos dois com bastante interesse e foi caminhando e olhando, olhando e caminhando. A cena não lhe saía da cabeça.  Quando chegou numa casa no bairro Afonso Pena, ele bateu palmas e fez o anúncio de que era o carteiro. A dona da casa abriu a porta e o Chiquinho entregou a carta dizendo: um beijo. Teve problemas para explicar o erro.

Oferecimento: Zomng

segunda-feira, 13 de abril de 2015

De lá para cá... (Por Danlary Tomazini)

Era mais uma noite. O corpo exausto pedia descanso, desejando se livrar dos dias incertos vividos. A mente não desligava. Como seria o amanhecer? O quanto andaríamos? Onde seria a próxima cama? Quando finalmente chegaríamos ao nosso destino? Adormecemos todos na carroceria do caminhão estacionado – eu, minha mãe e os quatro cachorros - somente para acordar momentos depois, atônitas, com a chuva gelada no rosto. Ela chegou de surpresa, rapidamente, encharcando-nos e a pequena mala que levávamos. Raramente passa pela cabeça das pessoas a dificuldade de um morador de rua para lavar e secar roupas, algo muito mais raro de conseguir, do que um prato de comida, por exemplo.
Esse é um dos episódios que passamos ao caminhar nas estradas a caminho de Santa Rita. Ao contrário do que possam pensar, não falo sobre ele com intuito de causar comoção. Foi mais um de vários acontecimentos derivados de escolhas que tomamos conscientemente e, assim como outras situações, relembro com sorrisos. Afinal, quem nunca tomou um bom banho de chuva?

Dias depois, em 17 de Abril de 2009, pisamos pela primeira vez em solo santa-ritense. Coincidentemente, foi no mesmo mês que, há um ano, o Empório publicou uma matéria sobre minha mãe, Lauir, resumindo perfeitamente um pedaço da história dela e nosso trajeto até aqui. Diante disso, registro nessa coluna um discreto agradecimento a todos envolvidos conosco, desde que chegamos. Um obrigada especial aos leitores do jornal que demonstraram admiração pela história relatada e que de lá para cá acompanham meus textos, participando com críticas, sugestões e elogios. Aos que me param na rua para perguntar onde se encontra D. Gaivota e a carrocinha de reciclagem, informo que, com o incentivo de muitos, ela concluiu seu curso de Assistente Veterinário, está fazendo estágio na área e continuará se especializando no cuidado de diferentes tipos de animais. 

É com prazer que completamos mais um ano de história em Santa Rita do Sapucaí. Seja bem-vindo, abril!

Oferecimento:

sábado, 11 de abril de 2015

Álbum de fotografias revela imagens raríssimas da Escola Normal, em 1926

Tivemos acesso a um álbum de fotografias datado de 1926 e que traz uma série de imagens raras e que mostram como era a rotina da Escola Normal. “Homenagem ao Cel. Francisco Moreira da Costa, o grande amigo da instrução e do progresso do município. 1 de dezembro de 1926” - diz o texto pintado com letras brancas, na segunda página do documento. Nas páginas seguintes, vimos imagens do diretor da instituição, Francisco Falcão, e de sua esposa, a professora Corina Falcão. Frequentada apenas por meninas, a escola tinha os mesmos traços arquitetônicos dos dias atuais. Em uma das imagens, vemos o corpo discente nas escadarias enquanto um grupo de estudantes realiza o hasteamento da bandeira nacional. Outra fotografia mostra como era o dormitório. Como as moças eram criadas para serem donas de casa, uma exibição de trabalhos trazia bordados, costuras, ornamentações e outras atividades domésticas. Na Capela de Santa Rita, ao lado do altar, havia um pequeno piano. Na imagem do refeitório, uma escada que já não existe dava acesso ao segundo andar. O corpo docente pode ser visto na imagem seguinte. A última fotografia é uma reprodução do quadro das Normalistas de 1926. O paraninfo da turma foi o Doutor Sandoval Azevedo. A oradora, Maria do Carmo Vianna. Veja, a seguir, essa verdadeira relíquia que ajuda a desvendar um pouco da história de Santa Rita do Sapucaí.

(Clique nas imagens para ampliar)

Oferecimento: Acevale

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Santa-ritense lançará livro sobre a história e a cultura de Santa Rita do Sapucaí

Santa Rita do Sapucaí é uma cidade única. Com menos de 40 mil habitantes, dela saíram presidente da república, governador, ministros, deputados, jogador da seleção, atletas de renome, artistas e até um serial killer. Nela vivem (ou viveram) pracinhas de guerra, um sobrevivente dos campos de concentração de Java, tropeiros, pescadores, curandeiros e até o neto do Conde Zeppelin.
Em "Almanaque Cultural Santa-ritense", livro a ser lançado em maio, será possível conhecer as histórias, aventuras e personalidades que fizeram de Santa Rita do Sapucaí um dos lugares mais singulares de quem se tem notícia. Após décadas de pesquisas, Carlos Romero Carneiro reuniu, em dois volumes, as melhores reportagens produzidas sobre sua terra natal. "Através desta obra, o leitor terá a oportunidade de ler e reler 83 textos surpreendentes e que mostram muito do que nós somos." - conta o autor.

O primeiro volume está previsto para lançamento em maio e os exemplares podem reservados pelo fone 35 3471 3798 ou emporiodenoticias@hotmail.com. 

"Reunimos o que há de mais curioso sobre Santa Rita e o resultado ficou muito interessante." - conta Carlos Romero.

Saiba quais serão as reportagens disponíveis no primeiro volume:

- As incríveis peripécias do inacreditável Zezico
- O Código de Posturas de 1917
- As cartas de Lobato a Rangel
- Os arquivos secretos do DOPS
- Viagem a Santa Rita de 1874
- Retorno a Santa Rita da Boa Vista, em 1884
- As últimas horas do presidente Delfim Moreira
- Relíquias do Livro do Tombo da Paróquia
- As cartas do Coronel Gabriel Capistrano
- Conde Zeppelin vive aqui        
- Incríveis previsões para 2019                         
- De Java a Santa Rita                                               
- Santa-ritenses e seus apelidos                                
- Quando a cidade saiu do breu                                
- As lendas e causos do doutor Eduardo Adami              
- Um santa-ritense na revolução de 1932                                  
- Voos e rasantes de Gaivota                                      
- Atentado às torres gêmeas e Santa Rita                                         
- A história do futebol em Santa Rita                           
- Senador Godoy e a Província do Rio Sapucaí                                        
- O sábio Gumercindo Rodrigues                                  
- Pedras preciosas e muito ouro em Santa Rita?           
- A inauguração do busto de Delfim Moreira                 
- As aventuras de Toninho Anão                                    
- Santa Rita das Petecas                                             
- Delfim e Wenceslau, na corte imperial                       
- Adirson e as origens de nossa cidade                         
- Um urubu chamado Frederico                             
- O cultivo do café em Santa Rita                               
- A história de nossas pontes                                      
- O integralismo em Santa Rita                                  
- Entrevistamos Francisco Moreira Neto                      
- O domingo mais trágico da história de Santa Rita     
- Fé, garra e conquistas de Luiz Donato                       
- As lendas do Mato Sanico                                        
- No tempo dos grandes festivais                                             
- Paixão pelo Ford T                                                   
- Entrevistamos o pernil da Festa de Santa Rita          
- Três passagens da década de 80                               
- Os primeiros voos de Hermes Moreira                       
- Próxima parada, Estação Rennó                               
- Quando as águas do Sapucaí banhavam o Catete     
- Nando, patrimônio santa-ritense                              
- Maria Bonita, fina flor que a cidade acolheu                                                          
- A menina que viu o Zeppelin                                   
- Brandani,  a arte e as abelhas                                
- Recordações de Benedito Zeferino                            
- Os passageiros da Avenida Sapucaí                          
- A namorada de Altemar Dutra                                   
- Os velhos engenhos do Bom-Retiro                          
- As proezas de Joaquim Amâncio                               
- A vida de Haidée Cabral                                          
- A poderosa ASA                                                      
- Uma moça centenária em Santa Rita                        
- Felipe Elias e a imigração libanesa                          
- Rubens, o último herói de guerra santa-ritense         
- O monumento a Ruy Barbosa                                   
- Os feitos de nossos radioamadores                          
- Um sobrevivente dos anos 80                                  
- Lembranças do nosso futebol                                   
- O centenário Geraldo Costa                                      
- O cinema em Santa Rita                                           
- A festa da jabuticabas                                             
- A história de Petite e Betão                                     
- Pantera, um grande amigo                                        
- Tiãozinho                                                               
- As vidas de José Adão                                             
- Os primórdios da Escola Normal                               
- Recordações do velho Mercado                               
- Cutuba, el Magnífico                                              
- Os bustos de Joaquim Inácio                                    
- A última entrevista de Dom Vaz                               
- O Porto Sapucaí                                                     
- O lituano Vladas e seu Bife de Ouro                                             
- Ele virou palhaço, mudou de nome e fez história      
- A curiosa história da família Ponte                          
- Sebastião Felipe, o Pica                                         
- Aventuras de uma família italiana em Santa Rita     
- A última lição que o meu pai deixou                         
- A estilista dos mil vestidos                                       
- A última rainha do Clube Santa-ritense                              
- Recortes que contam histórias de Santa Rita  

Serviço:
- Título da obra: Almanaque Cultural Santa-ritense - Curiosidades surpreendentes sobre a cultura, a história e as pessoas de Santa Rita do Sapucaí
- Paginação: 252 páginas           
- Autor: Carlos Romero Carneiro
- Editora: Ainda não definida
- Reserva: emporiodenoticias@hotmail.com ou (35) 3471 3798
- Preço: ainda não confirmado

O autor:
Formado em Comunicação Social pela Universidade de Ribeirão Preto e especializado em Planejamento de Comunicação pela Miami Ad School, Carlos Romero Carneiro é Assessor de Comunicação da ETE FMC, sócio da agência de publicidade Take Five Propaganda e proprietário do jornal Empório de Notícias. No mercado de comunicação desde 2001, arriscou no ramo jornalístico e produziu alguns livros como "Tudo começou aqui" (que conta a história da ETE FMC), "Os 60 anos do Colégio Tecnológico Delfim Moreira" e "Vale da Eletrônica", a ser lançado em junho. Em "Almanaque Cultural Santa-ritense - Volume 1" o autor reúne as principais reportagens que produziu e colecionou sobre a história de Santa Rita do Sapucaí. O segundo volume ainda não tem data prevista para lançamento.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Entrevistamos Fernando Kallás, um jornalista multimídia

Como foi sua saída de Santa Rita e o início no jornalismo?

Formei-me na ETE em 1997 e entrei na faculdade de jornalismo, no Rio de Janeiro, no ano seguinte. No último ano de jornalismo, consegui um estágio em uma agência para participar de um festival de música. Só depois eu soube que era para trabalhar no Rock in Rio. Logo em seguida, entrei no processo de seleção da Globo. Eram 7 mil candidatos para 5 vagas. Desde então, passei a participar da produção. Eu trabalhava em uma daquelas mesas que aparecem no Jornal Nacional. Aquilo me subiu um pouco à cabeça. Costumo dizer que tive um “Complexo de Bozó”. Acho que esse tipo de coisa é bom acontecer pra gente aprender. Com 5 meses de trabalho, tomei uma bronca do meu chefe. Ele disse: “Só não demito você hoje porque é estagiário.” Foi aí que caiu a ficha. 

Você continuou na Globo?

Assinei diversos contratos com eles e tenho uma ótima relação com o canal. Já trabalhei em todos os jornais da TV Globo, cobri as Olimpíadas de Pequim (Globo News) e fui comentarista do UFC (Sportv). Foram cinco anos de SporTV. 

E a ida para o Líbano?

Entre 2004 e 2006, eu fui para o Líbano por causa do meu avô e da relação que nós tínhamos. Na verdade, foi uma promessa que eu tinha feito para ele. Nós saíamos para caçar e ele me contava de quando morava no Vale do Beqaa. A maior emoção da minha vida foi poder caçar no mesmo lugar que ele. Eu vi a casa dele em ruínas e aquela viagem mudou a minha vida. Nessa época, mataram o primeiro ministro do Líbano e um amigo da BBC de Londres me indicou para fazer a cobertura. 

Nesse período você estudou enologia?

Enquanto estive no Líbano, um primo que estudou enologia na França retornou ao país e me levou para uma vinícola. Foi ali que eu tomei o primeiro contato com o mundo dos vinhos. Até então, eu não conhecia nada do assunto. Estava acostumado a tomar Almadén e dizia que não gostava. Aquilo mudou completamente a minha vida e, até hoje, eu trabalho com vinhos. Acabei fazendo cursos de sommelier (degustador profissional) e, nesse período, conheci a minha mulher. 

Continuou a atuar com o Vale Tudo?

Eu havia apostado tudo no meu trabalho com o UFC. Nessa época, tinha um programa que apresentava duas vezes por semana no Canal Combate e era o comentarista número um do UFC na Sportv. Fui o primeiro cara, na imprensa brasileira, a falar do lutador José Aldo. Ninguém o conhecia. Em sua primeira luta na televisão brasileira, fui eu quem fez o contato para que fosse televisionada. Eu liguei para o Zé Aldo e falei: “Manda a galera de Manaus alugar um telão e preparar o churrasco que a sua luta será transmitida.” Ele começou a chorar no telefone! O mais legal é que, até hoje, temos uma relação muito legal e mantemos contato. 

E quando foi que as coisas mudaram para você?

Quando a minha mulher, que é médica, não conseguiu validar o diploma para atuar no Brasil, tive que optar em me separar ou largar tudo e me mudar para a Europa. Eu comecei do zero na Espanha. Sem dominar a língua, demorei dois anos para entrar no mercado de jornalismo no país. No começo fiquei muito amargurado e até pensei que tivesse cometido um erro, mas vejo que valeu a pena. 

Como foi esse recomeço?

Eu entrei num processo de seleção de Mestrado para jornalismo, organizado pelo Jornal El País. Era só molecada com, no máximo, 25 anos. Eu só consegui convencê-los a apostar em mim porque disse que queria conhecer como era o trabalho em mídia impressa. 

E a vida profissional, hoje em dia?

Atuo em um jornal de esportes, o AS, do El País, faço trabalhos de comentarista para a Sportv e outros veículos e dou cursos de degustação de vinhos. Durante a Copa do Mundo, atuei tanto pela Sportv quanto para o AS, cobrindo os jogos da Copa. Naquele período, estive na final e em 8 jogos no Maracanã. 

O que teria a dizer sobre persistência?

Eu podia ter desistido da minha profissão umas três vezes. No primeiro problema na Globo, quando teve a guerra no Líbano e tive que ir embora e quando fui obrigado a largar tudo para morar na Espanha. A gente nunca sabe o que vai acontecer. O mais importante é ser persistente e saber que as coisas não acontecem de uma hora para outra. Eu tive que ralar quatro anos na Espanha, até trabalhando de graça para chegar ao ponto de ser contratado pelo AS, cobrir a Copa do Mundo ou trabalhar para empresas como a CBN. É muita coisa e pouco dinheiro! 

É um bom número de atividades...

Costumo dizer para a minha mulher que “alguma coisa vai dar certo”. Ou então, continuarei trabalhando em 5 lugares diferentes, como faço hoje. Há 10 anos o meu pai já falava que o emprego, como a gente conhece, estável, fixo, com contracheque no final do mês, estava acabando. A questão é que, ou você corre atrás, ou ninguém vai pagá-lo no final do mês. Nessa semana, por exemplo, fiz uma matéria sobre o Neymar, produzi uma matéria para a BBC sobre política espanhola, estou indo para um congresso, no norte da Espanha, sobre vinhos e tenho um programa semanal no AS, de futebol americano. 

É importante arriscar?

Aquela história de que, se você deixar um lugar, não conseguirá se dar bem em outro é uma grande besteira. Aquele seriado Hulk tem uma metáfora muito interessante. Toda vez que terminava o episódio ele aparecia caminhando, de costas, todo rasgado, mas recomeçava. Isso que é o legal!

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