segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A trajetória do amigo Capitão Paulo, por ele mesmo

Nesta edição do Empório, enquanto buscávamos informações sobre os praci-nhas santa-ritenses procuramos o querido amigo Capitão Paulo e tivemos uma notícia que nos desapontou. Seu filho, Ivan, nos contou que ele já não contava com a lucidez que fez dele um dos cidadãos mais estimados da cidade. Ele agora conta com os cuidados da família para realizar as tarefas mais básicas do dia-a-dia e vive acamado em sua residência. Ainda assim, buscamos alguns arquivos recentes que foram realizados sobre sua vida e descobrimos um depoimento em vídeo concedido por ele a Luiz Carlos Lemos Carneiro e que temos a satisfação de reproduzir agora.
Meu nome é Paulo Cunha Azevedo. Sou nascido em Santa Rita do Sapucaí, no dia 24 de Abril de 1918. Sou filho de Olavo Marques de Azevedo e Palmira Cunha Azevedo. Sou o mais velho dos irmãos. No início éramos cinco. Fiz meu curso primário e o ginasial no antigo Instituto Moderno de Educação e Ensino, que era dirigido pelo saudoso professor Henrique Del Castillo. Terminando o ginasial, fui para Belo Horizonte fazer vestibular para o curso pré-jurídico de Direito na Universidade de Minas Gerais. 

Quando atingi a idade militar, me matriculei no CPOR de Belo Horizonte que cursava durante o dia, enquanto realizava o curso científico noturno na faculdade. Eu me formaria em 1943 mas, como havia me formado antes no CPOR, recebi a patente de Aspirante a Oficial. Fui convocado para o exército e permaneci em Belo Horizonte por mais algum tempo até que fui promovido a segundo tenente e classificado em São João Del Rei para continuar no exército porque o Brasil, nessa ocasião, já havia declarado guerra aos países do Eixo. Por esse motivo, fui obrigado a interromper meus estudos e ir para a Guerra. Isso me atrapa-lhou muito porque, quando voltei, havia me acidentado de uma vista e fui promovido a Primeiro Tenente. Quando voltei da Guerra, fui enviado para Lorena. Lá, fui promovido a Capitão. Nessa época, pedi minha reforma porque minha vista já impedia minha atuação. Voltei então para Santa Rita, minha terra querida, e fiquei aguardando a oportunidade de terminar meu curso de direito. Nessa época, fui convidado por Francisco Moreira da Costa para assumir a direção da Escola Normal. Aliás, fui eu quem propus ao governador Magalhães Pinto para mudar o nome da Escola Normal para Colégio Estadual Sinhá Moreira. Ocupei a direção do colégio por dez anos. 

No ano de 1961, foi criada a faculdade de direito de Pouso Alegre e pude então me matricular em 1962 já que já tinha concluído, 21 anos antes, os dois primeiros anos do curso. Me formei pela primeira turma daquela faculdade. 

Quando encerrou o período da ditadura no Brasil, fui eleito vereador em Santa Rita do Sapucaí. Nessa época, fui presidente da câmara de vereadores e permaneci como vereador em duas legislaturas, durante oito anos. 

Em 1972, eu fui honrosamente eleito prefeito municipal, graças à bondade do meu povo e ocupei o cargo até 1977, onde procurei fazer o melhor possível para a minha cidade e para o meu povo que adoro. Adoro não só a cidade em si, onde nasci. mas o santa-ritense que sempre me devotou amizade e a quem sou muito grato por isso. 

De lá pra cá, venho enfrentando a velhice e prestando serviços a quem precisa, sem explorar. O trabalho de advogado é muito importante pra mim, porque ocupa o meu tempo. Eu sou muito feliz em poder retribuir a esse povo tudo aquilo o que ele fez para mim. Essa é a minha humilde vida. Agradeço a todos que acreditaram em mim e faço votos de que a nossa terra progrida sempre para o bem desse povo bom e amigo.

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