sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

As incríveis peripécias do inacreditável Zezico

 José Gonçalves Mendes, conhecido como Zezico, sempre gostou de fazer negócio. Sua esposa, Dona Geralda, contava que ele sempre saía de casa com um chapéu novo e voltava com um chapéu velho. Às vezes saía de manhã com uma bota nova e dali a pouco já voltava com um par de botas velhas e alguns trocados. Ela ficava uma fera com isso.

Aos 27 anos, Zezico mudou-se para Santa Rita com sua mulher e 8 filhos. Por volta de 1962, o negociante comprou a casa do Senhor Manoel Bernardes, no final da Rua Silvestre Ferraz e começou a negociar veículos no terreno ao lado. Por ter adquirido um amplo espaço que também servia de estacionamento, muitos moradores de rua fizeram de sua casa uma espécie de hotel sem taxa de hospedagem. Alguns deles, tornaram-se lendários por sua originalidade e faziam do estacionamento uma espécie de ponto de encontro de caricaturas santarritenses. 

Quando Jeffinho, filho de Zezico, deixou seu quatro que ficava na entrada do estacionamento para morar no casarão ao lado com a sua esposa, logo a querida Tianinha passou a ocupar o espaço, junto com um cachorrinho de estimação conhecido como Zezinho. Ela repartia toda a comida que ganhava com o cãozinho e dormia abraçada com ele. 

Personagens que todo santarritense conhece
A querida Tianinha
O conhecido Elzo, ex-gerente de banco que perdeu todas as suas posses no decorrer da vida, também foi um assíduo frequentador daquele universo. Havia, entretanto, alguns personagens folclóricos que eram provisórios, dentre eles: o Dito Cutuba, que montou uma barraca debaixo da Jaboticabeira, o Canário que hoje vive em São Paulo e o famoso Pedro. O Marote, não raramente, também escolhia o estacionamento para tirar uma pestana ou dormir o sono dos justos. Ao todo, mais de 10 figurinhas ocupavam o local ao mesmo tempo. De vez em quando, Dona Geralda acordava de manhã para bater roupa e tinha que esperar a fila de hóspedes terminar de lavar o rosto em seu tanque. O mais interessante é que os donos da casa nunca reclamaram ou sentiram-se incomodados. Por outro lado, um dos hóspedes chegou certa dia para Zezico e falou: “Vou embora daqui! Esse lugar tá muito bagunçado!” De certa forma, as reivindicações de Elzo faziam sentido. Naquele estacionamento surreal não habitavam apenas algumas das figuras mais queridas que já pisaram em Santa Rita do Sapucaí. Diversos animais, das mais diferentes procedências, também foram acolhidos por Zezico e eram tratados como verdadeiros filhos pela família. Jefinho conta que, certa vez, seu pai ganhou um porco, levou pra casa, mas ficou com dó de matar. Passou a engordar o bichinho. Testemunhas confirmam que enquanto ele realizava seus negócios no escritório, o porco ficava ao lado de sua mesa enquanto Zezico o coçava. Outro habitante da casa era um galo índio que era um verdadeiro veneno. Reza a lenda que o bicho não podia ver alguém abaixar pra ver um veículo que já descia as esporas, sem dó nem piedade. O pior é que ele não respeitava nem os donos da casa. Dona Geralda já chegou a perder as sandálias enquanto corria desse verdadeiro capeta. Outro animalzinho que dividia o espaço com unhas e dentes era o cãozinho Muqui. O vira-lata até que era pacato e conseguia passar meio despercebido no local. Sua estratégia de invisibilidade estava indo muito bem, pelo menos até a chegada do macaco. Sim, o macaco!  O bicho, que foi dado a Zezico como pagamento em uma de suas barganhas, não dava um segundo de sossego, nem para Muqui e nem para os vizinhos. Era comum vê-lo descer a escada montado no vira-lata ou ser acusado de revirar os pertences da vizinhança. O mais interessante de tudo era que, apesar de toda essa movimentação, a harmonia triunfava no fabuloso reino de Zezico. 
O amigo Marote também tirava um cochilo na casa de Zezico.
Com o passar dos anos, os negócios aumentaram e as viagens para as cidades vizinhas também. Na época, o negociante tinha mais de 150 carros, guardados em uma chácara localizada ao lado do atual Cempaac. A própria chácara era outro local inusitado. Dentro da represa tinha Jacaré, um quati ficava solto no mato e até uma onça se movimentava em uma jaula.

Os aviões


Os negócios iam tão bem que Zezico chegou a comprar dois aviões Cessna. No início, ele contratou um piloto de 70 anos que o levava para suas viagens. Depois, Zezico aprendeu a voar e com apenas uma semana de aula já estava pilotando sozinho as aeronaves. Como ele não sabia utilizar muito bem os instrumentos de navegação, ia pelo jeito mais fácil: sobrevoando as rodovias até chegar ao destino. Quando as estradas eram muito sinuosas, o avião também acompanhava o trajeto. Tudo bem, não era o jeito mais fácil, mas era o jeito que Zezico sabia. Conta-se que certo dia, um amigo pediu para que ele o ajudasse a realizar seu maior sonho: passear de avião. No entanto, tinha apenas um probleminha: ele morria de medo de altura. Para resolver esse dilema, Zezico deu uma nova com a aeronave sem sair do chão. Ao terminar o passeio, ouviu a seguinte frase do homem: “Andar de avião é mesmo uma gostosura!”

Mais pesado que o ar

Nem tudo eram flores na vida do nosso herói. Um dia, seu avião perdeu o controle e caiu com tudo sobre um milharal. Nem por isso ele perdeu a confiança naquele bicho de asas. Por incrível que pareça, seu único acidente grave foi de carro.
Zezico e seu neto em uma de suas únicas fotografias.
Montanha russa

Com a mesma velocidade com que Zezico ganhava dinheiro ele também perdia. Segundo contam seus conhecidos, a única coisa que ele nunca perdeu foi o bom humor. Se tinha dias em que ele voltava para casa com malotes de bufunfa, em outros pousava em sua chácara com inúmeros prejuízos e um longo sorriso nos lábios. Há quem diga que ele nunca ligou muito pra dinheiro. Apenas ia tocando o barco. Jefinho conta que uma vez ele vendeu um caminhão para um homem e, quando foi receber, percebeu que o coitado havia perdido tudo e estava morando com os filhos na boléia. Zezico perdoou a dívida na hora e nunca mais tocou no assunto. Em outra ocasião, comprou um caminhão que vendia abacaxis, mas com um detalhe: o veículo estava carregado da fruta. Ele passou o resto do dia distribuindo a mercadoria entre a população da cidade.

A pedreira

Outra investida de Zezico foi uma pedreira que comprou na entrada da cidade. Como era de praxe, seus funcionários já tinham interrompido o trânsito na rodovia e começado a dinamitar a montanha quando perceberam que um casalzinho de namorados estava no meio das pedras. Foi um Deus nos acuda. Tiveram que parar tudo e bater atrás da dupla de peladões que, completamente desnorteados, começaram a correr em direção às explosões.

A vaca

Talvez a história mais inacreditável de suas aventuras foi quando ele foi de jipe para uma fazenda fazer negócio e recebeu uma vaca de troco. Sem saber o que fazer para trazer o animal, não teve outra alternativa senão colocar o bicho sentado no banco de trás e tocar para Santa Rita. Quem viu a cena, até hoje jura que não acredita no espetáculo surreal presenciado naquele dia.
Adeus

O estimado José Gonçalves Mendes faleceu no dia 15 de agosto de 1988. O homem, que raramente ficava doente, não aguentou muito tempo quando uma enfermidade o atacou repentinamente. Com ele, findava uma das experiências mais ricas e interessantes vividas por um habitante de nossa cidade. No entanto, através das lembranças de seus filhos e amigos, fica a saudade daqueles que o conheceram e a nostalgia dos que não tiveram a feliz oportunidade de conviver com essa grande figura.
(Carlos Magno Romero Carneiro)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

50 anos em um minuto. Uma história santarritense.

O causos hilários (e verdadeiros) de Waguinho Caputo

Você já foi canhoneiro do Capitão Gancho?

Isso foi quando o Bloco dos Democráticos ia sair de Peter Pan e eu ia ser o canhoneiro do navio do Capitão Gancho! (Risos) Acontece que nesse navio tinha dois canhões que lançavam confete. Você punha o confete dentro do canhão, travava tudo e ligava um extintor de incêndio pra dar pressão até soltar a borracha que prendia a ponta. Quando eu vi que o soldador do canhão era o Chicão, que nunca tinha soldado na vida, eu comecei a ficar com medo! (Risos) Daí, na hora mesmo do bloco sair, quando eles falaram que eu ia ter que ir sentado em cima daquela bomba, eu sumi do mapa! (Risos) O povo só faltou me linchar! Acho que no final das contas foi o Cardão Coelho que assumiu o meu posto, mas deu tudo certo! (Risos)
O Navio do Capitão Gancho.
Como foi a história da peteca?

Os irmãos De Franco tinham uma peteca gigante, feita de madeira. Então nós colocamos a peteca em cima do carro alegórico e ela ficava girando meio torta, parecendo que ia cair. Fizemos isso pra encher o saco do Ride. Naquele ano eles não iam sair. Em cima do carro alegórico, colocamos a tal peteca e escrevemos uma faixa bem grande dizendo: “Do nosso lado ela não cai!”. Aquilo gerou uma polêmica danada na cidade! Queriam bater na gente! (Risos)

 Naquela mesma semana nós fizemos tambem um carimbo gigante e escrevemos “Democráticos, agora e sempre”. E saímos carimbando a cidade inteira!” A gente carimbou até a casa do Gil Siécola!  Na casa do Capone, tinha uma cerca de madeira, tipo régua. O João Gula, pegou o carimbo e pintou a cerca inteira do homem! (Risos) Pra piorar a situação, de noite eu e o Chicão ligamos na casa do Senhor Hugo, e dissemos que era o Capone! A gente falava: “Eu vi o senhor pintando o muro da minha casa. Eu vou te processar!” O Hugo queria morrer! Na verdade, o Capone nem ligou. Ele nem esquentou a cabeça. O que a gente queria mesmo era botar fogo!

E a famosa viagem à praia?

Uma vez um amigo meu me chamou pra passar um final de semana na praia. Ele disse que ia na sexta-feira e eu só poderia ir no sábado. Aí nós alugamos a casa de um rapaz daqui de Santa Rita. Nós pegamos o endereço, o número da casa, as chaves e esse amigo meu entrou no carro e foi. Quando ele chegou lá na casa e tentou abrir a porta, nenhuma chave abria. Ele pensou: “Será que o rapaz me entregou a chave errada?” Aí tinha um vitrô aberto, ele pegou a filha dele, passou a menina pela fresta e pediu pra ela abrir a porta da cozinha. A menina foi lá e abriu. Ele então guardou o carro dele, guardou as coisas que ele tinha levado, se acomodou e até bebeu uma garrafa de vinho que tinha encontrado na geladeira.  No outro dia, acordou cedo, juntou a família e foi pra praia. Lá eu me encontrei com ele, passamos a tarde toda juntos e pegamos as coisas pra voltar. Quando eu cheguei de carro em frente à casa, eu vi que ele tinha ficado. Ele estava parado em frente a uma casa que ficava uns 10 metros atrás. Ele gritava: “Vem cá, rapaz! A casa é aqui!”. Eu conferi o número que eu tinha anotado e estava tudo certo. Não estava entendendo ele. Aí eu fui lá e falei: “Dá a chave aqui”. Quando cheguei na casa em que eu tinha parado em frente, peguei as chaves e abri tudo! Só aí que ele notou que tinha ficado na casa errada! (Risos) Ele falava: “Não é possivel, eu dormi naquela casa, tomei o vinho da geladeira e você vem me falar que é a casa errada?” Foi um Deus nos acuda! Tivemos que juntar tudo e trazer correndo com medo do dono encontrar a gente lá dentro! Até janta ele fez! (Risos)

Vocês também viajavam pra pescar, né?

Uma vez nós fizemos uma viagem pra pescar em um afluente do Rio São Francisco. Fomos eu, o Leonilton, o Mauro Cunha, o Carlinhos Dentista, o Senhor Jader Machado, o Candião, o Chicão, o Jaime Leiteiro, o doutor Quina... foi uma turma boa!  A gente foi ao rio Urucuia. Perto do acampamento nosso tinha uma árvore grossa e o Candião colocou o fogão encostado nela. No quarto dia, a gente estava pescando na beira do rio e o Chicão me chamou pra ir no acampamento fritar uma linguiça. Voltamos eu, o Chicão e o Candião.  Quando o Candião começou a esquentar o óleo, a gente descobriu que nessa árvore tinha uma caixa de marimbondos. O Candião tirou o último pedaço de linguiça e saiu correndo. Com o calor do tacho, os marimbondos que estavam voando em cima da árvore começaram a cair todos dentro da gordura quente. Coalhou o tachinho de marimbondo preto! Nisso veio o Jaime Leiteiro e perguntou se tinha sobrado linguiça. A gente falou que não tinha. Aí ele foi lá no fogão, olhou no tacho e falou: “o melhor da linguiça vocês não estão comendo! O bom é a borra da linguiça!” Ele pegou um pão, encheu de marimbondo e comeu o sanduíche inteiro! (Risos)

Tem alguma história dos seus tempos de caminhoeiro?

Em 1969 nós fomos pra Manaus de caminhão.  Na época não tinha rodovia. A gente andava 4 mil quilômetros em estrada de terra. Foram 34 dias de caminhão pra gente chegar lá. Estávamos carregando dinamite. Nesse dia, os índios estavam todos ouriçados na estrada e resolveram subir no caminhão em movimento! A gente ficou morrendo de medo de parar e até de descer do caminhão. Daí chegamos a um mercadinho, pulamos na mesma hora do caminhão e entramos correndo. Quando os índios viram, entraram juntos e começaram a comer tudo que viam na frente! Teve um índio que comeu até sabão! (risos) Ele comia o sabão e fazia cara feia, mas conseguiu traçar a pedra inteira! A gente ficou umas cinco horas lá dentro, com medo deles. Quando a gente voltou ao caminhão, ele tinham arrancado tudo que era espelho, quebraram tudo que era farol... tudo o que brilhava no caminhão eles arrancaram! Eles quase depenaram o caminhãozinho!  (Risos)

E como foi a história do enterro?

Há uns 40 anos, eu e o Chicão estavámos na praça, sentados em um banco perto do coreto, conversando.  Daí a gente viu um enterro chegando. Tinha 3 pessoas carregando o caixão e mais ninguém no enterro.  Quando o Chicão viu aquilo falou pra gente ir ajudar.  O pior é que mais ninguém ajudava! Quando chegamos ao pé do morro,  tivemos que colocar o caixão no chão, encostado no muro, e parar para dar uma descansada! Você precisava ver o trabalhão que foi chegar lá em cima! Não chegava nunca! São passagens que a gente não esquece...

E as histórias do seu amigo Toninho Anão?

Um dos maiores amigos do Toninho é o Zezé Protético. Um não largava do outro. Eram o Zezé, o Toninho e o Vandinho. Uma vez o Zezé fez um churrasco na casa dele e, quando eles começaram a festa, a piscina estava com mais ou menos um metro de água. Teve uma hora que o Toninho já estava meio de fogo e o Zezé resolveu jogá-lo dentro da piscina! Queriam dar um susto nele. O que eles não sabiam é que o filho do Zezé, durante o churrasco, tinha resolvido esgotar a água pra poder lavar. Como já estava escuro, eles não viram que a piscina estava seca, pegaram o Toninho, um agarrando pelo pé e outro pelas pernas, chacoalharam bem e jogaram lá dentro!  Quase mataram o coitado! Tiveram que levar até pro hospital! Lançaram o coitadinho na piscina seca! (Risos)
O famoso Toninho anão.
Teve uma outra vez que o Toninho bateu o carro ali perto do chalé! Aquele rapaz era cheio de manha! Ele fingiu que estava morto e tiveram que levá-lo pro hospital. Quando os amigos chamavam, ele não respondia e todo mundo começou a ficar preocupado. Quando o doutor Jorge chegou, falou: ”Esse tá ruim mesmo! Vamos abrir a cabeça dele e fazer uma operação pra tentar salvar!” Nessa hora o Toninho pulou da maca e saiu correndo lá dentro do hospital! (Risos) Deu o que fazer pra acharem ele!

E o Zezico? Você também conhecia?

Eu sei uma história boa do Zezico!  Uma vez o Chicão contou uma história pra mim... mas isso só pode ser mentira! Ele contou que um dia foi viajar com o Zezico e no meio do caminho, perto de Piranguinho, eles viram um velhinho de uns 80 anos, chorando na beira da estrada. Quando o Zezico viu, falou: “Pára o carro! Pára o carro!” Quando eles desceram, perguntaram porque ele estava chorando e o velhinho falou: “Tô chorando porque o meu pai bateu em mim!” (Risos) Eles assustaram, mas resolveram levar o velhinho pra casa. Quando chegaram lá, tinha outro velhinho sentado do lado do fogão.  E o Chicão perguntou: “Foi você quem bateu nele?”. E o homem, com uns 100 anos de idade falou: “Bati sim! Pra ele aprender a não responder pro avô! (Risos) Diz o Chicão que o avô dele estava doente, deitado no quarto! Alguém acredita nisso? (Risos)

O Morro do Esguicho

Por volta de 1922, o turismo foi intenso no Rio de Janeiro. Não só os brasileiros visitavam a cidade maravilhosa, como também estrangeiros de todas as partes do mundo. O motivo de todo aquele movimento foi o centenário da nossa Independência que teve, como atração principal, a “Feira Internacional de Amostras”. O evento trazia ao Brasil, pela primeira vez, a produção industrial do mundo inteiro e causou grande repercussão.
Entrada do Parque Diversões. Exposição do Centenário da Independência do Brasil. Rio, 1922.
Na preparação para o festejo, estava incluída a demolição do famoso “Morro do Castelo” para que fosse aterrada a baía de Guanabara e, naquele local, fosse realizada a obra. O método empregado foi através de jatos de água que eram enviados ao morro, afim de que o barro fosse canalizado e direcionado ao local onde deveria ser realizado o aterro.  O trabalho durou anos. No decorrer da execução do projeto, muitos turistas puderam presenciar o espetáculo, dentre eles, alguns de nossos conterrâneos que, ao verem o processo, idealizaram realizar um empreendimento similar para cobrirem nossas várzeas e traçarem novas ruas e avenidas nas regiões pantanosas.
Morro do Castelo, Rio de Janeiro.
A comitiva

Quando retornaram, os santarritenses logo apresentaram a tecnologia aos governantes locais que, entusiasmados com a novidade, organizaram uma comitiva em direção à capital do Brasil. Ao chegar ao Rio de Janeiro, Francisco Moreira da Costa, prefeito na época, encantou-se com a beleza da cidade e com a inovadora técnica de desmonte do morro. Dentre as personalidades que estiveram presentes na comitiva, um deles chamou a atenção em sua estada no Rio. O senhor Manoel Dias Saraiva, que havia enviado à feira algumas amostras do vinho que produzia (no local onde, mais tarde foi edificado o prédio da Estamparia), recebeu uma medalha de ouro e um certificado por sua participação.

Ao retornar a Santa Rita, Francisco Moreira logo convocou uma reunião para que fosse executado o projeto. Como a Câmara Municipal não podia arcar com as despesas, foi criada em 1924 a Companhia de Melhoramentos Municipais, que estabelecia quotas aos investidores, equivalentes a um lote aterrado por cada uma delas. Anos mais tarde, muitos acionistas doaram suas cotas para que pudesse ser criado o hospital Antônio Moreira da Costa.

A compra do equipamento

Uma vez vendidas as cotas, o grupo tratou de realizar a encomenda de uma bomba hidráulica, diretamente de Hamburgo, na Alemanha. Em janeiro de 1926 aportava o cargueiro “Monte Sarmiento” com a máquina com 200 HP e 17 atmosferas no Porto de Santos. Enquanto não era liberada a encomenda, no dia 24 de janeiro de 1926, a nova Companhia celebrava o contrato realizado com o Dr, Antenor, que cedia o terreno do morro. Nessa mesma época, os empreendedores locais realizaram a primeira chamada das cotas vendidas, a fim de que a encomenda fosse quitada.

A execução da obra

No dia 7 de março, o equipamento hidráulico mais avançado da época chegava a Santa Rita. Através de um acordo com o presidente da Companhia de Força e Luz Minas Sul, José Andrade Moreira, foi definido que essa organização forneceria 10 horas diárias de energia elétrica, mediante o pagamento de R$ 3:000$000. Um grande negócio, uma vez que a tabela em vigor em 27 de julho de 1926 previa o pagamento de R$ 7:000$000 mensais. Após a realização dos últimos ajustes para o início da instalação, a bomba hidráulica foi assentada na Avenida Antônio Paulino.
Os jatos d'água do Morro do Esguicho, em Santa Rita do Sapucaí. Na foto, Bernardino Lemos Simões (meu bisavô)
Um projeto audacioso

O trajeto para captação, produção do magma e direcionamento do barro através da bicame era, de certa forma, complexo. A água era canalizada do Rio Sapucaí, cortava as Ruas 13 de maio, Quintino Bocaiúva, passava pelo terreno do Antenor até atingir o morro que, mais tarde, passou a ser conhecido como “Esguicho”. Quando a água alcançava o morro onde hoje está localizada a empresa Linear, um jato era lançado com grande força em direção ao monte, o barro era canalizado e direcionando ao local do aterro, em um percurso que passava por trás da antiga Santa Casa de Misericórdia e cortava a Rua Cel. Antônio Moreira da Costa. A superintendência da obra estava a cargo do  Dr. João Kraned.

A inauguração da obra

Uma vez colocado em prática aquele laborioso processo, os trabalhos tiveram início no dia 25 de julho de 1926. Durante a inauguração do empreendimento, um grande número de acionistas esteve presente no local, além de diversas autoridades e da população que, curiosa, observava atenta a movimentação dos trabalhadores. Naquele dia, a máquina funcionou durante 4 horas seguidas e desagregou mais de 60 metros cúbicos de terra. Sucesso total.

Mãos à obra

Após a inauguração, o local do desmonte passou a ser administrado e guardado pelo senhor Bernardino Lemos Simões e tornou-se, desde então, um passeio obrigatório para os visitantes de Santa Rita do Sapucaí. O Esguicho passou a ser também um ponto de recreio dos habitantes da cidade, local de namoros escondidos e até encruzilhada de macumba.

Onde era charco, a companhia transformava em terra a fim de que seus novos proprietários pudessem construir belas residências. Já as ruas, desde então, puderam ser projetadas de forma mais bem traçada e começaram a oferecer um aspecto mais agradável à cidade.
Morro do Esguicho. Santa Rita do Sapucaí.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Take Five Propaganda - Uma Agência de Comunicação Estratégica

A incrível lenda da Cruz das Caveiras

(Um conto de Cônego  Carvalhinho, retirado da obra “O Menino do balaio”)

Cumprindo a minha missão de padre e pastor de almas, um dia fui visitar a capelinha da Cruz das Caveiras. Perguntei a um velho morador daqueles sítios, porque o nome tão lúgubre, se o lugar era lindo, descortinado e ensolarado, vendo-se ali tão belos horizontes, tanto para o lado da cidade, como para a região da Capituva e às margens do Sapucaí, todo enfeitado de chorões. Seu nome bem que podia ser “Lindo Horizonte”, “Verdes Planícies”... O caboclo, de pronto, me deu a resposta:

- Num vê, seu Conde, que foi o bicho da Lagoa, o minhocão, que Deus me livre dele e do seu bafo, quem fez isso tudo?

- Como assim? Fez isso tudo o quê? – Perguntei.

E o Zé dos Anzóis iniciou um história comprida, que tentarei resumir agora.


A lenda

A cruz não era apenas de uma caveira, mas de três ali encontradas, há muitos anos, quando se derrubou a mata, a fim de que pudesse abrir lavoura. Desde então a lenda teve início.

Três jovens vieram de muito longe, a pé, e tentaram atravessar o rio Sapucaí. Por isso, tentaram encontrar o lugar mais estreito do rio, em frente a uma lagoa que e-xistia do outro lado. A pressão das águas do ribeirão do Mosquito – na outra banda do Sapucaí – era tanta que um banco de areia e pedregulho descidos da serra, tornava o rio mais estreito naquele lugar. Bem à frente, do outro lado do rio, havia uma lagoa profunda e lamacenta.

Os rapazes, um a um, calcularam a força da correnteza, mediram a distância à outra margem, tiraram suas roupas, amarraram seus pertences em volta do pescoço e se atiraram de ceroula nas águas do Sapucaí.

Que delícia! – disse um deles – Parecia até que algumas ninfas os arrastavam em direção ao outro lado, facilitando a travessia. Quando chegaram à outra margem, os rapazes deitaram-se no alvo banco de pe-dregulhos e ficaram esperando, sem pressa, até que seus corpos e seus pertences secassem ao sol. Enquanto isso, deixaram que seus pés repousassem dentro da lagoa límpida. Dormiram.

Algum tempo depois, um a um, foram sendo arrastados por uma força violenta ao fundo da lagoa.  Lá, junto ao lodo, um bicho peçonhento enrolou-se neles. Os jovens travaram um luta horrível e desigual com a enorme fera. Quando já se encontravam quase mortos e entregues pelo cansaço, os rapazes notaram que estavam novamente deitados naquele banco de areia, onde tiveram que passar o resto da noite, entre dores pelo corpo todo e uma febre altíssima. Nem puderam dormir, já que tinham em mente a nítida lembrança da luta terrível que travaram com o bicho peçonhento, no fundo da lagoa.

Ao amanhecer, intrigados por não terem no corpo um ferimento sequer, mas sentindo-se  moídos em seus ossos, massacrados em seus nervos e com o sangue a ferver em suas veias, os três jovens arredaram dali e seguiram o caminho da Capituva, até as proximidades da Serra. Trôpegos, capengando pelos caminhos, chegaram com muito custo a uma colina que lhes pareceu o único local preparado para morrerem em paz, já que não lhes restava mais forças para continuarem a viagem. Sem condições de alcançar o destino que os esperava, eles entraram na caatinga, avançaram alguns metros adentro até atingirem um parque acolhedor de frondosas caneleiras e esperaram a morte chegar. Naquele ermo, a agonia dos três durou uma noite inteira. Passadas algumas horas, morria o primeiro. Os outros dois, se abraçaram ao cadáver ainda quente do companheiro e deixaram esvair seus derradeiros sinais de vida.

Ninguém jamais teve notícias dos três jovens infortunados. Nem se atreveram a procurar. Também pudera, a região do Balaio até a Lagoa do Bicho era um sertão de meter medo no mais corajoso dos homens e, por aquelas bandas, dificilmente transitava um filho de Deus. Ninguém apareceu para transmitir notícias dos infe-lizes mortos nas proximidades do Balaio.

Muitos anos depois, os moradores da nova Capituva resolveram plantar ali na banqueta um cruzeiro e construir uma capelinha dedicada à Nossa Senhora. Ao derrubarem as árvores e arrastarem algumas pedras, encontraram juntinhas 3 caveiras em meio às ossadas, todas no mesmo lugar. Junto deles, havia uma tira de couro com a história contada nos mínimos detalhes. Desde então, surgiu a lenda. As 3 caveiras passaram a ser conhecidas como as dos 3 jovens que o monstro da lagoa havia ferido de morte e o local da tragédia, por mais que se procurasse evitar, passou a ser conhecido, até hoje, como a Igreja da Cruz das Caveiras.

Empório 39 - 21 de dezembro - Nas bancas!

Nesta Edição:

- A última Rainha do Clube Santarritense. Uma viagem aos anos dourados de Santa Rita do Sapucaí.

- Gumercindo Rodrigues conta histórias do arco da velha em uma entrevista histórica ao Empório.

- Conheça as aventuras de Guy Jorge Ruffier em sua longa trajetória como Jesuíta.

- Saiba como foi a Fundação do Clube de Mães.

- Exclusivo! Descobrimos o paradeiro de Gina dos Palitos de Dente. (e ela está aqui!)

- Ivon recorda um dos natais mais inesquecíveis de sua infância.

- Mais uma excelente história vinda diretamente das recordações de Nídia Telles.

- Conheça 10 livros que você precisa ler para entender a história de Santa Rita do Sapucaí

- Inatel tem nova diretoria

- Colunistas desta edição: Cônego Vonilton, Pe. Jaime, Marcelinho Souza, Professor Praxedes e Cris Fendrich.

Não percam! Dia 21 de dezembro, nas bancas!

Big Band fecha o ciclo cultural do Inatel em grande estilo

O Inatel encerrou as atividades culturais do ano 2010 com umas das apresentações mais legais que já tivemos em Santa Rita. A banda Bing Band  fez uma apresentação incrível no Teatro Inatel com peças que variaram do Jazz à MPB. Eu realmente não tinha ideia de que existia um grupo tão perfeito na região e me surpreendi com tudo o que vi. Um dos destaques foi o santarritense Buga, grande músico brasileiro e que já se apresentou em reconhecidas orquestras do país. Parabéns aos idealizadores do espetáculo e os votos de que apresentações de tal magnitude tornem-se rotineiras em nossa cidade.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Brandani, a arte e as abelhas.

Vida de artista

José Mauro Brandani Tenório é natural de Cruzeiro do Oeste, uma cidade conhecida como “A abelha laboriosa do Paraná” e que ostenta o inseto em seu brasão.

Apesar de ter nascido em uma família tradicionalmente ligada à música, Brandani sempre foi fascinado pelas artes plásticas. Suas atividades incluem as mais diversas expressões, mas talvez o seu maior dom seja a pintura em telas.
Brandani e as abelhas

Nos meados de 1995, Brandani percebeu que os artistas renomados com quem convivia, entre uma exposição e outra, sempre escolhiam um tema específico para expressarem suas emoções. Ele notou que um deles pintava apenas uma espécie de pássaros, outro pintava apenas flores, ou apenas bois. Aquilo chamou a atenção do artista plástico que decidiu escolher um tema para aperfeiçoar. Depois de realizar diversas pesquisas, Brandani descobriu na organização das abelhas, um conceito rico para a expressão de sentimentos que ele entendia como fundamentais. Sua escolha foi influenciada pela riqueza plástica, pelas cores e pela inteligência natural desta tão singular espécie. Logo as células, a noção de família, o trabalho dedicado e a doçura do mel passaram a fazer parte do imaginário do artista, que não pensou duas vezes em colorir suas telas com as emoções que aquele novo universo inspirava.
Como toda manifestação genuína, no início, muitos de seus companheiros de profissão não entenderam a essência de suas expressões e até chegaram a criticar seu trabalho. Com o tempo, até mesmo os mais conceituados pintores do Paraná se renderam ao estilo original de Brandani, oferecendo a ele espaço em importantes galerias do estado e até mesmo convites para expor em países do velho mundo.

Como abelha no mel

Apesar de seu reconhecimento no meio artístico, o pintor não conseguia viver apenas de suas obras e conciliava a arte com outras profissões no dia-a-dia. Isso aconteceu até quando, durante uma de suas exposições, em uma galeria de renome do Paraná, Brandani foi abordado por um rico empresário que se apresentou como admirador de seu trabalho e se ofereceu para patrocinar suas obras. Desde então, um simples telefonema era o suficiente para que em poucas horas chegassem os mais variados tipos de pincéis, tintas e telas para que ele pudesse expressar toda a sua criatividade. Ele conta que nessa época, pintava até ao limite de suas forças e dormia ali mesmo, ao lado de suas obras inacabadas. Quando suas produções chegaram à galeria, Brandani vendeu muitos de seus quadros por importantes quantias e passou a fazer daquele dom um meio de sobrevivência.
 A vinda para Santa Rita

A vinda do artista para Santa Rita aconteceu quando seus pais se aposentaram e decidiram retornar a Minas Gerais, terra onde nasceram.  Desde então, sua identificação com a cidade foi muito grande a ponto de fazer daqui o seu porto seguro.

A visita de Ziraldo

Certa vez, em uma visita de Ziraldo a Santa Rita do Sapucaí, o escritor e cartunista comentou, em algum momento de sua palestra que havia comido um doce de pêssego enlatado, em um restaurante da cidade, mas que sua vontade era apreciar o legítimo doce caseiro do interior de Minas. Quando a palestra chegou ao fim, Brandani aproximou-se de Ziraldo e o convidou a visitar sua casa. Sua mãe havia acabado de preparar o doce de pêssego que ele havia comentado. Minutos depois, lá estava o cartunista na casa do “pintor das abelhas”, extasiado com sua originalidade e talento.  O momento mais marcante da visita foi quando Ziraldo assinou seu nome em uma grande tela branca, para que Brandani pudesse pintar ao redor. A obra, hoje, está pronta e talvez seja uma de suas mais belas expressões.
A colmeia de Brandani

Hoje em dia, o artista plástico vive em uma residência toda ornamentada com o tema que o tornou  notório. Ao caminharmos em direção à Várzea, não é difícil encontrar sua casa em meio a tantas outras, padronizadas e regulares. Basta procurarmos pelo estilo inconfundível de Brandani. Em pouco tempo, os admiradores da arte poderão entrar em contato com esse mundo tão rico e, ao mesmo tempo, tão perto de nós. Dentro da colorida colmeia, o homem que coloca sua vida a serviço do belo. Uma vida simples e intensa a serviço da expressão do mais profundo sentimento proporcionado pela interação com a vida.

FAI elege Nova Diretoria

No dia 29 de janeiro de 2011, quando a FAI comemorará 40 anos, será também empossada a nova diretoria da FAI, eleita pela Congregação da Faculdade de Administração e Informática e aprovada pela Fundação Educandário Santarritense (FES), mantenedora da FAI, para gerir a instituição durante o período de 01/02/2011 a 31/01/2015. Funcionários, alunos, professores e representantes da comunidade elegeram para os cargos de diretor e vice-diretora, respectivamente, o professor José Cláudio Pereira, atual coordenador do curso de Administração, e a professora Silvana Isabel de Lima, professora do curso de Sistemas de Informação e coordenadora de projetos do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa (CDP).

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Santarritense atuará no futebol Mexicano

A torcida do Atlético-GO não recebeu o presente de natal que gostaria da diretoria. Principal nome da equipe no Campeonato Brasileiro, o meia-atacante Elias, não renovou contrato para a próxima temporada e foi confirmado pelo Atlas-MEX, como o mais novo reforço do time mexicano para 2011.
Elias chega ao Atlas-MEX para ajudar o time a evitar o rebaixamento para a segunda divisão local
Elias chamou a atenção dos clubes do exterior e até mesmo do Brasil pelo excelente Campeonato Brasileiro que fez, onde terminou empatado como quarto maior artilheiro da competição com 12 gols. Além do clube mexicano, Elias também tinha proposta do futebol árabe e do próprio Atlético-GO.

Na equipe mexicana Elias vai encontrar outro brasileiro que acabou de ser contratado como reforço para a próxima temporada, o meia Lúcio Flavio, que estava no Botafogo. Os dois são vistos como peças fundamentais para tentar evitar um possível rebaixamento para a segunda divisão do campeonato local.

Elias Ribeiro de Oliveira tem 27 anos e é natural de Santa Rita do Sapucaí-MG. O jogador começou a carreira nas divisões de base do São Paulo, mas acabou sendo dispensado e seu primeiro clube como profissional foi o Bahia, em 2003. Quatro anos depois foi para o Vasco, retornou ao Bahia e seguiu para o Fluminense. Desde 2009 defendeu o Atlético-GO.
Fonte: UOL. 

Matrícula para aprovados no vestibular do Inatel segue até 14 de janeiro

A lista de aprovados no vestibular 2011 do Inatel foi divulgada na manhã desta terça-feira, dia 14 de dezembro, e as matrículas já podem ser feitas. Os futuros alunos devem procurar a Secretaria de Registros Acadêmicos, de segunda a sexta-feira, das 8h às 10h30, 13h às 17h30 e 18h às 21h30, até dia 14 de janeiro (no dia 24 e 31 não haverá expediente).
O vestibular foi realizado no sábado, dia 11, com cerca de 700 participantes vindos de várias regiões. Na parte da manhã, os candidatos fizeram a redação e as provas de português e inglês, já à tarde foi a vez das outras disciplinas.

O Inatel oferece cinco cursos de graduação, Engenharia Elétrica com ênfase em Telecomunicações, Engenharia da Computação, Engenharia Biomédica, em período integral e cinco anos de duração, além dos cursos de Tecnologia em Automação Industrial e Tecnologia em Redes de Computadores, que são noturnos e com duração de três anos. O curso mais concorrido foi o de Engenharia Biomédica, iniciado este ano, e que teve média de 3,7 candidatos.


Pais dos candidatos em visita ao Inatel

Durante o período em que os candidatos faziam a prova, os pais que ficaram no Inatel puderam conhecer toda a estrutura que o Instituto oferece para a formação de um profissional para a área de tecnologia. “Falamos de nosso projeto educacional para formar um profissional que atende ao que o mercado exige: técnico, mas com uma visão empreendedora e também social”, disse o vice-diretor do Inatel e coordenador da comissão do processo seletivo da instituição, Carlos Nazareth Motta Marins.Outras informações sobre o vestibular você encontra no site http://www.inatel.br/vestibular ou através do telefone 3471-9345.

Quer ser sócio de uma empresa em Santa Rita?

  • Localização: Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, Brasil
  • Data de publicação: Dezembro 14
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segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Galeria de Celebridades da "Casa do Beto"

O amigo Beto em frente e a Galeria dos Famosos que frequentaram seu restaurante.
Galeria das Celebridades

Algo que sempre me chama muito a atenção, todas as vezes que visito o Restaurante “Casa do Beto II”, é a sua galeria de fotos, repleta de celebridades dos mais variados gêneros. O espaço, que ocupa uma enorme parede do estabelecimento, possui imagens de diversos artistas, políticos e esportistas que passaram pelo renomado restaurante, em suas visitas à Santa Rita do Sapucaí.
Guilherme Arantes e Beto
O freguês tem sempre razão

Segundo nos contou Beto, o atual prédio, localizado às margens do Sapucaí, foi construído para atender a um visitante ilustre. Quando Aureliano Chaves veio à Santa Rita para receber uma homenagem, foi solicitado a Beto que servisse a refeição em outro recinto, por julgarem que o estabelecimento antigo era muito modesto. O proprietário, por sua vez, não se fez de rogado e construiu um novo prédio, especialmente para atender a comitiva do importante homem público.
Rá!!! Thomas Green Morton lança faiscas no restaurante inteiro.
Ra!!!

Mesmo antes de inaugurar a “Casa do Beto II”, as visitas de celebridades já aconteciam. Na década de 80, era comum o famoso paranormal, Thomas Green Morton, vir relampejar em seu restaurante. Segundo Beto, quando Thomas chegava perto da ponte nova, já era possível sentir a forte flagrância de Alfazema que emanava por todos os seus poros. O perfume que o paranormal “vazava” era tão forte que alguns fregueses até chegavam a reclamar. O momento mais incrível era quando saía a refeição: voava flash para tudo que era lado. Quando pagava a conta, o cheiro de Thomas impregnava as notas e demorava anos para desaparecer. Em uma de suas visitas, veio também Babe Consuelo (ou Babe do Brasil). Naquela época, a cantora sempre viajava ao Sul de Minas para peregrinar na fazenda de Thomas e, vez ou outra, o acompanhava até o Restaurante do Beto.
Santarritenses ao lado do galã Batoré.
É bonito ser feio?

Outra celebridade que deu o ar da graça  (ou seria desgraça?) no Restaurante foi o comediante Batoré. Em sua visita ao disputado estabelecimento, ao saber que a filha de Beto era sua fã, Batoré fez questão de acordá-la para tirar uma fotografia. Duvida? A foto tá lá!
Quais, Quais Quais... Demônios da Garoa também tem bom gosto culinário.
As convenções

Dentre as indas e vindas de famosos pelo restaurante, um fato causou certo constrangimento. Por coincidência, dois partidos rivais da cidade decidiram realizar suas convenções no mesmo dia, na mesma hora e no mesmo local! Até o então governador Eduardo Azeredo estava presente e não conseguiu esconder a saia justa diante da situação. Para quebrar o gelo, Beto convidou todos os políticos para deixarem de lado as diferenças e posarem para uma foto. O dia em que conseguiu misturar água e óleo foi imortalizado pelas lentes do comerciante, que faz questão de sempre ter uma boa câmera fotográfica debaixo do seu balcão para não perder nada que acontece por ali.

O sósia de Guarabira

Outro fato muito curioso aconteceu durante a visita dos músicos “Sá & Guarabira”. Beto circulava sossegado pelo local, até que levou um grande susto ao ver um dos cantores. Ele nunca tinha reparado, mas era idêntico ao Guarabira! Por outro lado, o cantor, ao ver o comerciante, também não conseguiu disfarçar a surpresa e quase caiu da cadeira. Quando o proprietário do Restaurante se apresentou aos músicos, “Sá” até quis pegar seu contato. Ele teria um bom substituto para o parceiro musical, caso algum imprevisto acontecesse.
Adriano Morais ao lado dos não menos famosos Tito e Beto.
Exigências de Mega Star

Ao perguntarmos a Beto, quais celebridades foram mais excêntricas em seus cardápios, ele não exitou: Fafá de Belém e Fábio Junior. Ele não lembra exatamente quais foram os pedidos dos artistas, mas conta que suas exigências, nada convencionais, deixaram as cozinheiras de cabelo em pé.

Figuras em rotação

Beto nunca retira um quadro de sua parede, caso o artista caia no esquecimento. Afinal de contas, freguês é sempre freguês. As únicas fotografias que ele precisou retirar de sua valiosa galeria foram as dos casamentos que acabaram não dando certo. Em um deles, Beto não tinha nem buscado a moldura na vidraçaria e já recebeu um telefonema pedindo para que o quadro não fosse colocado. Fazer o que, né? Ele bem que tentou.
Todo mundo louco por um autógrafo de Sílvio Brito
Um fato inacreditável

Dentre as histórias mais incríveis acontecidas no local, uma delas marcou para sempre a vida dos frequentadores da casa. Em uma noite de sábado, o restaurante estava cheio, com as mesas lotadas e repletas de famílias quando uma visitante ilustre parou tudo ao realizar sua entrada triunfal.

Ela chegou até a porta principal, fitou cada um dos fregueses, encontrou uma mesa em que havia apenas um distinto senhor sentado, e não pensou duas vezes em atravessar o corredor e se sentar, sem cerimônia, ao seu lado. Como quem não quer nada, a famosa artista pegou um copo americano sobre a mesa, encheu de cerveja, fez um brinde aos visitantes e virou de uma só vez. Talvez aquela cena não fosse tão surpreendente, caso tivesse sido realizada pela Madona ou por Aracy de Almeida. O fato foi que a celebridade ali presente era, nada mais, nada menos, do que uma macaca que havia fugido de um circo instalado ao lado do restaurante e adentrado o recinto em busca de diversão. Alguns minutos depois, entrou também o adestrador que pediu desculpas ao freguês, pagou as biritas da macaca e saiu depressa do recinto. Não antes que Beto pegasse imediatamente sua câmera e gravasse aquela cena para a posteridade. Fez bem. Afinal de contas, se ele contasse, você acreditaria? Nem eu.

(Carlos Romero Carneiro)

Mais um evento da Prodarte.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Inatel Cultural encerra temporada 2010 com Espetáculo de Natal

Atração será a Big Band do Conservatório de Música de Pouso Alegre
 Encerrando a temporada 2010 do Programa Inatel Cultural, a Fundação Instituto Nacional de Telecomunicações (Finatel) promove o Espetáculo de Natal com a apresentação da Big Band do Conservatório Estadual de Música Juscelino Kubitschek de Pouso Alegre. O show acontece na noite de quinta, 16 de dezembro, a partir da 20h, no Teatro Inatel.

O Espetáculo de Natal oferece à comunidade um show de repertório variado, com bossa nova, chorinho, jazz, blues, rock, entre outros ritmos. Fundada nos anos 80, a Big Band do Conservatório tem por objetivo a divulgação de compositores e arranjadores de destaque da música popular, seja brasileira ou internacional. A apresentação da próxima quinta-feira tem entrada gratuita, por ordem de chegada, 30 minutos antes do início do show.

Teatro Inatel
O novo espaço, que faz parte do Centro de Integração Científica, Cultural e Tecnológica do Inatel (CICCT), foi inaugurado em outubro, com show do cantor e compositor Renato Teixeira. Desde então, o teatro já reuniu milhares de pessoas em eventos culturais, como espetáculos infantis, a 1ª Mostra de Cinema do Inatel, a exibição do primeiro episódio da minissérie “Brilhante F.C.”, que foi gravada pela Mixer em Santa Rita do Sapucaí e será exibida na TV Brasil, além do show de Paulinho Pedra Azul e do monólogo “Gandhi um líder servidor”, com o ator João Signorelli.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Os tempos áureos do Cinema em Santa Rita Do Sapucaí

O primeiro cinema de Santa Rita do Sapucaí foi inaugurado no dia 10 de março de 1912 onde, posteriormente, funcionou a “Cia. Sul Mineira de Eletricidade”. Antes dele, apareciam por aqui, vez ou outra, alguns ambulantes que alugavam um cômodo do Sr. Chico Balbino para que pudessem exibir os seus filmes.
Como naquela época a energia elétrica ainda não havia chegado à cidade, os equipamentos eram movidos a gás oxilite e éter. Mesmo assim, os mais antigos contam que as projeções dos filmes eram ótimas e que as entradas custavam 4 Cruzeiros.

No dia 22 de maio de 1917, foi inaugurado o majestoso “Cine Theatro Santa Rita”, pela firma “Moreira & Almeida”. Sempre visionário, o jovem Pedro Moreira construiu um prédio digno das grandes casas da capital, com capacidade para 700 expectadores e que contava com 16 camarotes, 16 frisas, 158 cadeiras e espaço para 40 pessoas no balcão.

Em uma rara fotografia do antigo cinema, captada em uma reunião do Partido Integralista, é possível perceber como era a disposição da casa. No andar superior, as famílias mais abastadas pagavam uma quantia anual para terem direito de utilizar os camarotes, que dispunham de 5 confortáveis cadeiras.  No térreo, existiam as frisas e também as cadeiras centrais.

Como o senhor Pedro faleceu muito cedo, sua esposa passou a administrar o local. Marly Fontes, neta do fundador do Cine Santa Rita, conta em sua obra “Casos e Causos” que quando Dona Maricotinha precisava comprar um vestido novo para que suas filhas freqüentassem os bailes, trazia para a cidade os filmes do Tarzan, porque sabia que seria sucesso garantido.
No início da década de 1920, o cinema era tão apreciado pelos santarritenses que, às quartas-feiras acontecia o famoso “Dia Chic”, onde as moças da exibiam, nos intervalos dos filmes, suas ricas e finas “toiletes”. Neste mesmo perído o Sr. Acácio Vilela montou o “Cinema Avenida”, localizado à Avenida Delfim Moreira. No mesmo local, funcionava também uma fábrica de luvas. O estabelecimento não durou muito e encerrou suas atividades no ano de 1925. Até o final da década, o cinema ainda era mudo. Por isso, o Cine Santa Rita dispunha de uma orquestra própria que cuidava de animar a platéia e oferecer vida aos espetáculos. Em uma de suas cartas, datada de agosto de 1930, Glorinha relata a chegada do primeiro filme com som à cidade, mas não consegue esconder o desapontamento diante da péssima qualidade. A verdade é que ninguém conseguia entender nada que estava sendo falado e preferia que o filme continuasse como antes.

Para avisar aos santarritenses que as sessões iriam ter início, existia uma sirene bem no alto do prédio que soava de forma ensurdecedora e podia ser ouvida em todos os cantos da cidade. Cônego Carvalhinho conta em sua obra “Trem de Manobra” que, sempre às sete e meia, o cinema tocava sua sirene e muitos fiéis iam embora da missa. Isso fez com que ele ficasse muito bravo e comentasse sua insatisfação durante a omilia. Com isso, alguns santa-ritenses mais exaltados saíram em direção ao cinema com paus e pedras e ameaçaram destruir o edifício. Glorinha, filha de Maricotinha, relata em uma de suas cartas, datada de 1939, que foi preciso o seu tio Francisco Moreira e outros parentes se colocarem em frente ao prédio. Aos poucos, os revoltosos foram se acalmando e voltaram para suas casas. Alguns dias depois, um princípio de incêndio, causado por uma pane na rede elétrica, danificou o palco do velho Cine Santa Rita. Algumas pessoas chegaram a acreditar que o acidente pudesse ter sido provocado mas, até hoje, nada foi comprovado. Com esse polêmico acontecimento, Dona Maricotinha aproveitou para reformar o estabelecimento e o prédio mudou completamente o seu aspecto.
Enquanto os consertos do Cine Santa Rita não aconteciam, o tradicional Cine-Vitória, dos senhores Miranda e Carletti, passou a contar com um número dobrado de pagantes. Foi aí que outro fato marcante ocorreu. Em um período de cheia do rio Sapucaí, o estabelecimento da Silvestre Ferraz também pegou fogo e fez com que muitas pessoas tivessem que pular nas águas do rio. O número de acidentados foi grande, mas não houveram vítimas fatais.

Com o novo cinema pronto, Dona maricotinha pediu ao Cônego Carvalhinho que abençoasse a casa. As novas formas do edifício ficaram bem próximas do prédio atual. Depois de remodelado, o Cine Santa Rita passou a contar com 3 andares. O terceiro passou a ser conhecido como “galinheiro”. Enquanto os pagantes comuns entravam pela esquerda, os adeptos do “galinheiro” pagavam ¼ do valor e entravam pela direita do prédio. Para garantir o respeito entre os freqüentadores da casa, haviam os temidos “lanterninhas”: dois ou três funcionários que eram contratados para vigiar o ambiente e botar ordem, tanto no galinheiro, quanto nos andares inferiores.

A partir da década de 40, alguns bailes carnavalescos passaram a ser realizados no cinema. Conta-se que, certa feita, o santa-ritense Nilo Silva comprou um saco enorme de confetes para que pudesse lançar sobre as pessoas, lá do segundo andar. Tudo corria bem até que o folião se desequilibrou e despencou lá de cima sobre a multidão. Felizmente, foi só o susto.

Na década de 60, um outro fato envolvendo o cinema gerou grande polêmica. Cerca de vinte estudantes formaram a chamada “fila boba” em frente ao estabelecimento. Uma brincadeira que consistia em fazer uma enorme fila, sem que ninguém entrasse na casa. Quando chegava a vez de comprar o ingresso, os garotos simplesmente saíam e voltavam para o final. Quem presenciou a brincadeira conta que foi mobilizado até mesmo um destacamento de Itajubá para conter os jovens e levar todo mundo em cana.

Nos anos seguintes o número de expectadores começou a diminuir. A casa só enchia uando eram reproduzidos os filmes do Mazaroppi ou dos Trapalhões. Nessas duas ocasiões, era preciso chegar horas antes para não correr o risco de ter que sentar no chão. Com o advento das vídeo-locadoras, o Cine Santa Rita passou a funcionar com um número reduzido de filmes e pagantes. Na década de 90, um movimento liderado pela administração municipal – que hoje detém a posse do prédio - ainda tentou recuperar sua estrutura e construir um palco atrás da telona para que pudesse receber algumas peças teatrais e sessões solenes. No entanto, o estado do recinto passou a se tornar cada vez mais precário e deprimente. Atualmente, existe um grupo liderado pela prefeitura para tentar reativar a casa e atrair recursos financeiros com o objetivo de reformar todo o local. Enquanto isso não acontece, só resta aos santa-ritenses lamentar pelo estado de degradação do recinto e relembrar um tempo em que a nossa comunidade ria, chorava e se emocionava com as aventuras de grandes estrelas.
(Carlos Romero Carneiro)
Texto baseado nas crônicas de Ideal Vieira, Marly Fontes, 
Cônego Carvalhinho e Glorinha Moreira.

INIT conquista certificação Citrix Ready

A INIT – empresa brasileira especializada na fabricação de thin clients – tornou-se certificada pelo programa Citrix Ready, que objetiva garantir que os parceiros Citrix são homologados e têm, portanto, desempenho garantido e total compatibilidade com o ZenApp e o Zen Desktop. Essa certificação contempla a linha GREENBOX da INIT, que inclui os modelos i35 e i20. 

INIT - Com cerca de 130 mil equipamentos instalados em mais de 10 anos de atuação, a INIT (www.init.com.br) fabrica, em Manaus-AM e em Santa Rita do Sapucai-MG, thin clients, com tecnologia própria, 100% nacional, e conta com 500 revendas credenciadas.  

A empresa é líder no segmento de thin computing, mantém núcleo de pesquisa e desenvolvimento e está inserida no plano de incentivos do Ministério de Ciência e Tecnologia para o Processo Produtivo Básico. Todos os produtos da empresa utilizam componentes de grandes fabricantes internacionais – a exemplo de AMD, VIA e INTEL – e possuem certificação CE, FCC, ROHS, UL e Imetro.

Santa Rita é uma das cidades escolhidas para sediar provas do Enem

Preparem os churrasquinhos de gato e os caçulinhas. Santa Rita do Sapucaí é uma das cidades escolhidas para sediar as provas do Eném que acontecerão no dia 15 de dezembro, entre 13h e 17h. Tais provas são para alunos prejudicados por erros de impressão no teste de novembro.
No Sul de Minas as cidades que terão nova prova no próximo dia 15 são: Pouso Alegre, Três Pontas, Varginha, São Lourenço e Santa Rita do Sapucaí. Como podem ver, só as capitais.

As cidades escolhidas foram publicadas no “Diário Oficial da União “. Os alunos que farão as provas serão avisados por e-mail, mensagem de texto via celular ou telegrama. São cerca de três mil estudantes convocados. O aviso deve ser feito até sexta-feira (10), segundo o Ministério da Educação (MEC). Para saber onde vai fazer a segunda aplicação da prova, o aluno deve clicar aqui

 Depois da prova, os alunos receberão um documento de presença para justificativas de falta no trabalho.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O lituano Vladas e seu Bife de Ouro

Vladas Urbanavicius veio para o Brasil de navio em 1930, com dois de seus irmãos. O então garoto de apenas 9 anos de idade, atravessava o continente, pela primeira vez, em busca de vida nova. O sonho de sua família era conseguir juntar algum dinheiro para trazer os outros dois irmãos que ficaram na Lituânia, sua terra natal. Ao aportarem no Rio de Janeiro, perceberam que a realidade brasileira era bem diferente. O único trabalho disponível era de apanhador de café em Ribeirão Preto. Os 3 jovens não tiveram outra alternativa senão aceitarem a oferta. Alguns anos depois, Douglas, seu irmão, foi trabalhar em um restaurante em São Paulo e todos acabaram se mudando para a capital paulista. Uma das primeiras ocupações de Vladas foi com a venda de máquinas de escrever.  Através desse novo emprego, o jovem lituano passou a conhecer muitas cidades do interior de São Paulo e de Minas. Sua vida itinerante só teve uma pausa quando chegou a Santa Rita do Sapucaí para fazer negócio. Ele adorou a cidade. Em pouco tempo, Vladas já havia conquistado muitos amigos e acabou decidindo mudar de vez para cá.

Ao contar seu projeto para o comerciante Antônio de Cássia Filho, que acabara de conhecer, este ofereceu a ele um empréstimo para que pudesse montar seu primeiro negócio. O mais interessante dessa negociação foi que o senhor Cássia pressentiu a honestidade do estrangeiro e não fez nenhuma exigência de documentos ou contratos para a concretização do empréstimo. Em três meses, Vladas voltava à casa do seu novo amigo para saldar o restante da dívida e convidá-lo a conhecer o seu novo estabelecimento, localizado em um porão, em frente ao cinema. Desde então, o lituano passou a comercializar frutas, legumes e verduras no local e a prosperar na terra que adotara.

Em alguns anos, Vladas conseguiu economizar uma quantia necessária para que realizasse um grande sonho: inaugurar seu próprio restaurante. Esse projeto era antigo. Vinha dos tempos de criança, quando ajudava seu irmão a preparar refeições no restaurante em que trabalhou em São Paulo. O nome escolhido, “Bife de Ouro”, foi em homenagem a um famoso restaurante que conheceu em Copabacana, Rio Janeiro.

No final da década de quarenta, comer em restaurantes não era um hábito comum. Era quase um luxo ou uma necessidade de quem se encontrava viajando. Por esse motivo, logo surgiram brincadeiras com o nome do estabelecimento. Os moradores de Santa Rita diziam que para um bife custar tão caro, só mesmo sendo de ouro. Quando chegava à cidade alguma jardineira trazendo romeiros em direção a Aparecida, os frequentadores da Praça Santa Rita sempre comentavam: “Se eles entrarem no Bife de Ouro, não vai sobrar dinheiro pra comprar lembrancinha!” No entanto, apesar dos hábitos serem bem diferentes naquela época, o recinto estava sempre repleto de fregueses. Não era pra menos, os sanduíches eram simplesmente deliciosos. Quem experimentou os famosos lanches preparados por Vladas em seu restaurante, garante que nunca mais comeu outra refeição tão saborosa. O se-gredo era utilizar sempre ingredientes de primeira qualidade. Para amaciar a carne, o lituano usava uma garrafa de Coca-cola com a qual batia sem dó, nem piedade. Segundo nos contou alguns de seus frequentadores, o tempero levava muito alho e muita cebola. A maionese era preparada na hora.
No início, como o restaurante não dispunha de banheiro, os frequentadores do recinto tinham duas alternativas: ou corriam para casa, ou recorriam a um murinho estrategicamente disposto ao lado do estabelecimento. A segunda opção, ao que parece, era mais apreciada pelos boêmios.  Os fregueses do Bife de Ouro eram sempre os mesmos. Uma turma cativa que passava os seus momentos de lazer jogando conversa fora ou tomando decisões importantes para o futuro da cidade.

Dentre os personagens mais conhecidos da casa estavam: “Mário do Putieu”, “Antônio do Pinho”, “Zé Cunha”, “Chico do Bilac”, “Amílcar Faria”, “Hilton Matragrano” e “Carlos Alfano”. Já o promotor da cidade, conhecido como “Sr. Porto”, raramente era visto no local. Ele passava o dia todo no restaurante, mas ficava sempre escondido atrás da balança.

O caso do político

Conta-se que, certa vez, a esposa de um famoso político da cidade procurou o senhor Vladas para pedir que não vendesse mais bebida ao marido. Há algum tempo, ela andava preocupada com os excessos do importante homem público. Como o lituano não teve coragem de proibir o freguês e amigo de tomar seus rabos-de-galo, não teve outra alternativa senão anotar “bife”, sempre que ele pedia alguma dose. No final do mês, a esposa foi pessoalmente ao restaurante pagar a conta do marido e conferir de perto se sua solicitação estava sendo acatada. “Prontinho, madame. Aqui está a conta de seu marido: 235 bifes.”

O ganhador da loteria

Dentre as diversas histórias que fi-zeram parte daquele lendário estabelecimento, uma delas foi assunto entre os seus frequentadores durante décadas. Certo dia, “Carlos Alfano” começou a imaginar o que faria, caso ganhasse sozinho na loteria. Ele dizia: “Se eu acertar sozinho na loteria, vou comprar um Cadilac, pegar a “Maria Cascavér” na casa dela e ficar o dia todo, passeando em volta da praça! Eu vou deixar todo mundo dar uma voltinha no meu carrão, menos o Mané!” Mané Meira era o nome de um barbeiro gaguinho que passava o dia inteiro filando cigarros dos fregueses. Eles adoravam fazer brincadeiras com ele, porque sabiam que seu estopim era curtíssimo. Ao ouvir aquela desfeita de Carlos Alfano, o gaguinho de calça justa e cabelos repartidos no meio, logo começou uma gritaria dentro do recinto: “Má Má Má, porque só eu que não vou andar no seu carro? Eu vou andar, sim senhor!” Ao perceber que o barbeiro criou toda aquela situação em torno de uma mera hipótese, os outros amigos não hesitaram em colocar ainda mais lenha na fogueira e passaram horas enfernizando o coitado do gaguinho até que ele perdesse a paciência e voltasse bravo para a sua casa.

O bife e o patrimônio

Quem fez parte da vida daquele importante estabelecimento de Santa Rita do Sapucaí, certamente já presenciou uma cena muito comum. Enquanto beliscava alguns pedaços de alho ou cebola que passava na chapa, Vladas tomava sua cervejinha e declarava satisfeito: “Com esse bife eu construí um patrimônio!” De fato, aquele restaurante lhe trouxera muitos momentos felizes que duraram até 1990, quando faleceu aos 69 anos de idade. No seu lugar, assumia o seu filho, Vladas Urbanavicius Júnior, com apenas 14 anos de idade, junto com sua mãe e seus irmãos mais novos. A família Urbanavicius continuou tocando o estabelecimento até chegar o momento em que os três filhos tiveram que se mudar da cidade para estudar e ganhar a vida. No entanto, as lembranças do saudoso “Bife de Ouro” permanecem vivas nos corações dos santa-ritenses que fizeram daquele local, um recanto de grandes alegrias.