quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

EMPÓRIO DE NOTÍCIAS - DIA 3 DE MARÇO - NAS BANCAS!

CONFIRA O QUE VOCÊ ENCONTRARÁ NA PRÓXIMA 
EDIÇÃO DO EMPÓRIO DE NOTÍCIAS:

- Saiba quais foram as personalidades locais que estiveram no Bloco 
do Urso e veja tudo o que aconteceu nesta festa.

- Descubra como Benedito Capistrano criou o Santa Rita Country Clube.

- Veja as preciosidades encontradas no Livro do Tombo de Nossa Paróquia

- Nídia Telles conta como era a Quaresma em sua infância.

- Caio Nelson usa seu direito de resposta para refutar acusações de Ivan Kallás.

- Haideé Cabral conta como era sua mocidade, na década de 30.

- Desvendamos as pesquisas levantadas pelo Censo para que você 
saiba tudo sobre Santa Rita do Sapucaí.

- Funcionários, professores e alunos do Inatel participam de Desfile de Escola de Samba.

- Decinho Dentista homenageia sua irmã, Edméa Carvalho.

- Ivon conta a trajetória de Godofredo Rangel: um escritor famoso que viveu em Santa Rita.

- Saiba tudo sobre as comemorações do centenário do Fundador do Inatel.

- ETE FMC homenageia o Professor Antônio Marcos.

Trechos de “Engraçadinha - Seus amores e seus pecados” Nelson Rodrigues

Não se sabia ao certo, na família, a idade de tia Ceci. Talvez uns oitenta, setenta e oito. Naquela noite, antes de dormir, tomara o seu banho de assento. E, depois, derramara talco em si mesma. Enfim, cheirosa como um bebê, vestiu-se. Há muito tempo deixara de ter seio. Ao sair do banheiro, veio para o quarto, caminhando pelo corredor, no seu passinho imperceptível — era tão leve e pequenina de uma fragilidade desesperadora — ela pensava na própria morte. Queria para si um enterro como o de Delfim Moreira, puxado por cavalos brancos e de penacho. Sim, antigamente os enterros eram mais bonitos. “Assassinaram o Pinheiro Machado”, pensou.

Tia Ceci entrou no quarto. Preparou-se para dormir. Nas últimas noites, dera para sonhar com o Delfim Moreira. Era um velho bonito (aliás, um presidente sempre é bonito). Ela fora ao Rio e vira o Delfim Moreira. Tirara a cartola para ouvir o Hino Nacional. Quando ele passou, na carruagem, ela, tia Ceci, pôs-se na ponta dos pés; gritou, esganiçadamente: — “Viva o Doutor Delfim Moreira!” Da carruagem, o Presidente sorria, fazendo um aceno — e tinha qualquer coisa de chinês na fisionomia.

Delfim Moreira tinha um sorriso bom. Sim, sorria como se fosse um tio, um pai de todo o mundo. Por vezes, ela achava que o Nosso Senhor devia ter a cara de Delfim Moreira. (capítulo XXIII)

ADVOGADO DE JEFFERSON MENDES DÁ PARECER SOBRE SUA SITUAÇÃO POLÍTICA

FIM DE CASO:

O Advogado de Jefferson Gonçalves Mendes esclarece sobre sua situação política no município e afirma: 

"Eu garanto que Jefferson Gonçalves Mendes está elegível e que suas contas de 1992 já foram julgadas, há mais de 16 anos. Mesmo depois do ano de 1995, quando suas contas foram julgadas, meu cliente ainda completou dois mandatos como prefeito e jamais foi cassado."

Site especializado em basquete afirma que atleta Santarritense deveria ser relacionado entre as estrelas nacionais

Nos dias 9 e 10 de março, a cidade de Franca recebe, pelo segundo ano consecutivo, o Jogo das Estrelas do Novo Basquete Brasil, evento que, entre outras atrações, apresenta a partida entre atletas estrangeiros e brasileiros, escolhidos para participar do festivo confronto através de votação dos técnicos e capitães das equipes participantes do NBB, de personalidades do basquete e também dos jornalistas especializados no esporte.
Depois da consulta da Liga Nacional de Basquete, 24 atletas foram selecionados para compor as equipes NBB Mundo e NBB Brasil. No entanto, apesar de englobar as maiores estrelas da competição nacional, o Jogo das Estrelas “deixou de fora” muitos outros talentos do campeonato, que facilmente poderiam participar do confronto entre brasileiros e forasteiros.

Atleta Santarritense é "ESQUECIDO" pela relação das maiores estrelas nacionais de Basquete:

No meio de muitos jovens talentos do basquete nacional, um experiente jogador tem se destacado na equipe de Gustavo De Conti: trata-se do ala/pivô Felipe, de 32 anos, que tem passagens por grandes equipes do interior paulista, como Ribeirão Preto, Mogi das Cruzes, Rio Claro e Franca.

Luiz Felipe Eliseu Mendes Ribeiro

Felipe é o jogador mais velho da equipe do Jardim América, e a experiência do mineiro, nascido na pequena Santa Rita do Sapucaí, é um dos fatores que o transforma na principal peça dos paulistas no NBB4: em todos os jogos que participou, Felipe integou o quinteto inicial.

Além do bom momento vivido na equipe da capital, o atleta também teve boa performance nos Jogos Mundias Militares, sendo um dos destaques da seleção brasileira comandada pelo técnico Alberto Bial, campeã do torneio, que fora realizado no último ano.

Atleta com consideráveis qualidades defensivas, além de muita garra empenhada nos confrontos, Felipe poderia animar o jogo entre NBB Mundo NBB Brasil com seus constantes roubos de bolas seguidos de ferozes enterradas na tabela adversária. Lances como esses fizeram do ala/pivô ídolo da torcida francana, que lotará o Pedrocão no Jogo das Estrelas.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

RONALDO CARVALHO REBATE DOCUMENTAÇÃO ENVIADA POR JEFFERSON GONÇALVES MENDES

No último sábado recebemos a visita de Jefferson Gonçalves Mendes, que trazia um documento dos tempos de seu primeiro ano de gestão (primeira gestão), informando que suas contas em 1989 haviam sido aprovados. Após a publicação do material no nosso blog e envio ao Facebook, recebemos uma mensagem de Ronaldo Carvalho afirmando que aquele documento não informava toda a situação e que suas contas não haviam sido aprovadas em 1992. Vejam abaixo a conversa:
Hoje, 27 de fevereiro, Ronaldo Carvalho esteve na redação do Empório e trouxe um documento que aponta que suas contas haviam sido aprovadas parcialmente. O documento é o seguinte:
Para que a situação seja esclarecida, nos colocamos à disposição para envio de documentos que comprovem as afirmações feitas pelos dois cidadãos.
Atenciosamente, 
Carlos Romero

FIM DE CASO:

O Advogado de Jefferson Gonçalves Mendes esclarece sobre sua situação política no município e afirma: 

"Eu garanto que Jefferson Gonçalves Mendes está elegível e que suas contas de 1992 já foram julgadas, há mais de 16 anos. Mesmo depois do ano de 1995, quando suas contas foram julgadas, meu cliente ainda completou dois mandatos como prefeito e jamais foi cassado."

domingo, 26 de fevereiro de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Jefferson Mendes rebate notícias de que suas contas foram reprovadas em 1989 e comprova regularidade com documento assinado pela Câmara

Contrariado com as notícias veiculadas na mídia local de que suas contas teriam sido reprovadas em 1989, Jefferson Gonçalves Mendes envia documento ao Empório de Noticias com retratação de sua regularidade: 
O documento abaixo comprova a autenticidade da resolução acima: 

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Para não dizer que não falei da Amy

No mês de janeiro, Francisco, proprietário da Lanchonete Xiko´s Lanches, decidiu que tiraria suas tão merecidas férias em Recife para assistir à esperada apresentação de Amy Winehouse no Brasil. Ele não sabia, mas aquela seria a última vez que a cantora britânica viria ao país e o show em que esteve presente ficaria marcado como um dos mais dramáticos de sua carreira.
Destino trágico

“Dó pó vieste, ao pó voltarás”. Infelizmente, muitos ícones da música internacional levaram esta frase ao pé da letra e, com Amy Winehouse, não foi diferente. Dona de um talento espetacular, em contraste com a absoluta pobreza artística que marcou a primeira década do século XXI, faltou à cantora aprender a viver. O constante abuso das drogas e do álcool levaram-na a abreviar prematuramente sua vida, aos 27 anos de idade.

A viagem


A apresentação de Amy no Brasil contou com grande expectativa por parte da crítica e do público. Ninguém queria perder suas apresentações e, com alguns santarritenses, não foi diferente. Francisco e seu filho Michael deram um jeito de tirar férias exatamente nos dias em que a popstar passaria pelo nordeste, somente para participar de seu esperado show.

Miragem?

Logo na entrada, a surpresa: Amy Winehouse estaria recepcionando o público? Miragem... Lá estava uma sósia que lembrava muito os tempos em que a cantora estava em boa forma. Mas tudo era festa. Michael tratou de jogar a câmera nas mãos do pai e imortalizar aquele momento surreal. Para não perder a viagem, Chiquinho também quis ficar bem na foto e foi clicado com seu filho em frente ao pôster das atrações principais. O show ia começar...

O espetáculo

Chegava a hora do espetáculo. Visivelmente sem condições de estar no palco, Amy caiu ao tentar um sambinha, discutiu muito com a banda e enrolou bastante a língua. Apesar dos imprevistos (ou não...), para Chico e seu filho aquilo não era problema. Tudo o que eles queriam era diversão e foi o que encontraram.

Lamento

Hoje em dia, Chico lamenta muito a morte de uma de suas cantores favoritas e alerta os jovens sobre os excessos. Para ele, essa tragédia não tira o mérito da cantora, mas acha importante que isso sirva de exemplo para que acontecimentos assim não se tornem corriqueiros entre os gênios da música internacional.
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Roque Jr perde time no Paulista após briga, e lamenta: "É difícil vencer com mérito no Brasil"

Portal Uol destaca situação de Roque Júnior.
Roque Júnior já conquistou o título mais importante do futebol mundial no Japão. Agora, sofre para conseguir ver seu time em campo em São José dos Campos. Pentacampeão com a Seleção Brasileira em 2002, o ex-zagueiro, agora presidente do Primeira Camisa, vive longa briga com a prefeitura da cidade, no interior de São Paulo. O resultado será ver sua equipe sem atividade profissional por mais um ano.

Nesta quinta-feira, a diretoria do clube anunciou que não disputará a Série B do Campeonato Paulista, que representa a quarta divisão do Estado, porque não terá um local para mandar seus jogos. Para esta temporada, a equipe não conseguiu a liberação do estádio Paraíba, vetado pela Federação Paulista de Futebol, e foi impedido pela Secretaria Municipal de Esportes de atuar no Municipal Martins Pereira.

Roque Junior diz estar chateado pelo fim temporário do time, especialmente pelo futuro dos atletas. Como a maioria é formada por jovens, alguns deles ainda podem disputar os campeonatos sub-20 pelas categorias de base do Primeira Camisa que seguem em atividade. Outros já foram emprestados a times participantes da Série A-3 do Paulistão. Mas nem todos têm destino certo.

“Vamos trabalhar para que eles não fiquem parados. Eu quis fazer um bom trabalho, dar chances para meninos sub-15 e sub-17 para um dia chegarem ao profissional. Mas aqui no Brasil não se vence por méritos, essa palavra não existe. Estou tranquilo de que não fiz sacanagem com ninguém, fiz um caminho correto no meu entender”, disse ao UOL Esporte.

As desavenças com a prefeitura de São José dos Campos vêm desde o ano passado por uma questão financeira. O Primeira Camisa não conseguiu convencer o município a bancar um segundo grupo para a Taça São Paulo de futebol júnior. A cidade já teria uma sede na competição com o tradicional São José e arcaria com os custos dos quatro times do grupo, conforme exigido pela organização do torneio.

Roque Júnior entende que sua equipe teria direito a um apoio semelhante por também representar a cidade, conquistar títulos e, principalmente, dar uma chance a vários meninos que sonham em se tornar jogador de futebol. O clube conseguiu ser sede da Copinha, mas os gastos foram divididos. O dirigente teve que desembolsar cerca de R$ 40 mil com alimentação e alojamento dos times participantes, enquanto a prefeitura arcou com os gastos de transporte.

A situação não foi resolvida. O Primeira Camisa não concordou com o desfecho da negociação e se negou a disputar os Jogos Abertos pela cidade no fim do ano passado, mesmo com chances de título após vencer os Jogos do Interior no início do ano. Como retaliação, a prefeitura considerou a decisão muito radical e não liberou o estádio Martins Pereira para a disputa do Paulista deste ano.

“Não vejo vilão. Foi uma questão de entendimento. Eu não concordo com eles, e eles não concordam comigo. Achei que eles foram radicais, mas eles também acharam que nós fomos. Espero que no próximo ano seja diferente. Temos o ano inteiro para chegar a um acordo”, disse Roque Júnior.

A segunda opção seria disputar o torneio profissional com o estádio Paraíba como sede. No entanto, a arena não conseguiu os laudos de segurança exigidos pelo Ministério Público e pela Federação Paulista de Futebol. O clube alega que já usou da própria verba para fazer reformas no estádio recentemente e considera ainda que o local tem condições de abrigar jogos da Série B, que recebem um público pagante com média de 300 pessoas.

Mas a Federação se mostrou irredutível. Segundo o Diretor de Segurança e Prevenção da FPF, Coronel Marcos Cabral Marinho de Moura, os laudos do Paraíba não foram renovados e, por isso, o estádio não poderá ser utilizado para competições profissionais. A entidade libera ou interdita um estádio de acordo com os laudos enviados pelos órgãos públicos.

Luiza Oliveira
Do UOL, em São Paulo 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Bloco do Urso é destaque em Reportagem da EPTV

Clique aqui para abrir o vídeo.

Anuncie no Jornal Empório e ganhe veiculação no Blog!

Lafaiete Paduan e sua paixão pelo cobiçado Ford T

A grande paixão de Lafaiete Paduan veio da infância. Tudo começou na matinê do Cine Santa Rita. Em um dos episódios de “O gordo e o Magro” aparecia um Fordinho 1922 que acabou se tornando seu objeto de admiração. Naquele dia, ele jurou que ainda teria um modelo igual e, desde então, passou a frequentar as oficinas mecânicas da cidade, enquanto seus amigos jogavam bola no campinho.
Fixação pelo Ford T

Na juventude, Lafaiete montou diversos carros. Seu hobby era restaurar modelos clássicos com peças originais e vendê-los para colecionadores da região. Apesar de sentir grande satisfação pelo que fazia, o rapaz tinha plena certeza de que seu verdadeiro sonho era mesmo montar o cultuado Ford T. Para isso, percorria as oficinas da região em busca de peças e encontrou, em Brazópolis, na oficina do Senhor Orlando, não só alguns paralamas e chassis de que tanto precisava quanto uma informação ainda mais valiosa. Naquele local havia um freguês que ouviu toda a sua conversa e contou a ele que seu tio tinha um carro à venda.
A realização de um sonho

Assim que soube que havia um modelo à venda, Lafaiete tratou de correr à casa do vendedor. De fato, havia mesmo um Ford T no local. O carro estava há muitos anos guardado sobre cavaletes e a entrada da garagem nem existia mais. O rapaz até tremeu ao ver que o carro cobiçado desde a infância estava ali, quase que lacrado à sua espera. Depois de muito pechinchar, pagou 6 mil cruzeiros e voltou a Santa Rita para fretar um caminhão e trazer o veículo. O funcionário da Companhia Sul Mineira de Eletricidade conta que naquela noite não conseguiu dormir de tanta ansiedade. Ficava imaginando como faria para restaurar o veículo e deixá-lo novinho em folha. No dia seguinte, a grande dificuldade foi tirar o Ford de cima dos cavaletes. Tiveram que quebrar uma das paredes e cortar algumas goiabeiras que haviam crescido em torno da antiga garagem.
Será que funciona?

Ao chegar em Santa Rita, Lafaiete procurou o amigo Benedito Marques, dono de um desmanche de carros, que se dispôs a ajudá-lo a fazer o carro funcionar. No dia combinado, uma multidão se aglomerou para ver aquele Ford que estava parado há mais de 30 anos. Ao dar na partida, o susto foi tamanho que a molecada toda correu e a poeira que levantou na oficina cuidou de espantar os outros curiosos. O desafio seguinte foi aprender a dirigir aquele carro que não tinha avalavanca de câmbio. Era preciso entender como movimentar o veículo com três pedais e um acelerador manual.

Róssio eterniza o momento

Quando tomou coragem de passear com o carro pela primeira vez, uma criançada subiu junto no veículo e aquela cena chamou a atenção da cidade. Quando passaram em frente à casa do senhor Róssio De Marchi, o famoso fotógrafo pediu para imortalizar aquela inusitada cena. (Imagem acima)
As peças que faltavam

Nos meses seguintes, Lafaiete vasculhou as oficinas mecânicas da região e fez grandes amigos. Um deles, Gabrielzinho Morais, foi quem cantou a pedra: em Itajubá havia um antigo agente da Ford, dono de um barracão abarrotado de peças sem uso. Adriano Piazarolli era um homem muito reservado e não deixava ninguém adentrar seu barracão, mas se encantou com a admiração do santarritense com o modelo T e o presenteou com um manual do veículo e se dispôs a vender as peças que faltavam. A partir daquele dia, o Fordinho ganhou peças originais e se tornou uma verdadeira relíquia.
Passando nos cobres...

Como tudo que é bom dura pouco, ao terminar a restauração do veículo, Lafaiete devia até as calças. Era dívida que não acabava mais e só havia uma saída: vender o tão sonhado carrinho. Para isso, pediu a um conhecido que procurasse algum comprador em São Paulo em troca de 10% do valor que conseguissem. Uma semana depois de seu amigo rumar à pauliceia com algumas fotografias (rodapé), retornou com a notícia de que havia encontrado um entusiasmado comprador.

Viagem a São Paulo

A viagem para São Paulo foi inesquecível. Mal entraram na Dutra, gente de tudo que era canto começou a buzinar, abanar as mãos e chamar a atenção de Lafaiete. Todo mundo ficava admirado em ver um carro tão antigo na rodovia. Ao chegar na Avenida Rio Branco, repleta de carros importados, ninguém acreditava no que via. Os donos das concessionárias corriam para fora ao ver aquele Ford tão raro. Um deles não se conteve: pulou na frente do veículo e perguntou quanto o rapaz queria.
Chute por baixo...

Durante a negociação, Lafaiete ficou meio perdido. Depois de dois anos e meio restaurando o veículo, ele não tinha nem noção de quanto aquela joia valia. Chutou por alto: 150 mil cruzeiros. O homem pagou em di-nheiro. Sua decepção veio logo depois quando descobriu que havia um outro comprador que ofereceu 500 mil, enquanto saía da loja.

Paixão que não acaba

Nos anos seguintes, Lafaiete Paduan montou diversos carros, mas nenhum deles foi tão querido quanto seu primeiro Fordinho. Até hoje, o hobbista ainda recorda com emoção de um tempo em que a oficina era sua segunda casa e mata saudade das grandes amizades que construiu em nome de uma paixão inusitada. Mas, se algum dia, entre veículos modernosos e motocicletas, você notar um calhambeque brilhante, como se tivesse acabado de sair da fábrica, pode ser nosso amigo, com uma nova história para contar.

(Carlos Magno Romero Carneiro)
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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As obras e a vida da querida escritora Edméa Sodré Azevedo Carvalho

(Matéria publicada na Edição 45 do Empório - 10 de agosto de 2011)
Esta é uma homenagem à escritora, falecida ontem. Nossos sentimentos aos familiares.
A vinda de Pedra Branca

Dona Edméa Sodré de Azevedo Carvalho nasceu em Pedralva, antiga Pedra Branca e mudou-se para Santa Rita, com pouco mais de um ano, quando seu pai - José de Abreu Azevedo - decidiu exercer a medicina na cidade. Na mocidade, viveu grandes alegrias e colecionou inúmeras amigas. Sempre muito curiosa e ávida por novos conhecimentos, a paixão pelas letras e pelos romances clássicos a acompanhava em todos os momentos.

Admiração pelos Democráticos

Em uma época em que os tradicionais blocos embalavam as noites de carnaval, a escritora recorda-se de um ano em que sua mãe bordou uma fantasia de russa para que ela desfilasse entre grandes cantoras, foliões e cavaleiros do regimento que compunham o espetáculo.

A invenção do rejunte

No período da segunda guerra, o grande orgulho de Dona Edméa foi quando seu marido, Edmur Carneiro de Carvalho, inventou uma fórmula para confecção de cimento branco, conhecida como “rejunte”. Poucas pessoas sabem, mas seu marido foi o responsável por esta importante invenção que acabou se tornando indispensável na construção de residências.

Os bailes no Clube Santarritense

Como seu pai foi presidente do Clube Santarritense, Edméa sempre participava das festividades. Sua maior recordação foi do baile de inauguração da Sede Social, quando todas as moças foram convidadas a se posicionar nas escadarias do prédio para a recepção dos convidados. Para ela foi uma glória. Com seu vestido branco comprido, todo pintado de cravos vermelhos, Edméa se sentiu muito honrada por tal oportunidade e se lembra muito bem das orquestras românticas que a-nimaram aquela maravilhosa noite.

Suas obras literárias

Aos 70 anos, ao ver os filhos criados, começou a registrar sua primeiras crônicas ao sentir necessidade de escrever sobre as impressões que tinha sobre a vida, o cotidiano nas pequenas cidades e as transformações do mundo contemporâneo. A escritora publicou três livros em sua carreira: “Colhe o Dia”, “Memórias e Emoções” e “Crepúsculo de uma vida”. Além destas obras, também teve participação em livros, jornais e, mais recentemente, teve uma crônica sobre Quintino Bocaiúva, publicada no revista da “Academia Mineira de Letras”. Sempre ligada aos movimentos culturais da cidade, Edméa também foi uma das fundadoras da “Academia Santarritense de Ciências e Letras” e hoje ocupa a cadeira cujo patrono é seu pai. Mesmo afastada por conta da dificuldade de se locomover, Edméa continua apoiando os membros que a compõem e sente grande orgulho pela atual diretoria.

Orgulho dos filhos

Para a escritora, sua maior alegria são os seus seis filhos. Ela diz que o convívio com os familiares é sempre motivo de grandes emoções e frequentemente a inspira a produzir seus textos. Com grande sabedoria e lucidez, assim a escritora segue a vida: transformando as experiências cotidianas em expressões belas e tornando o mundo um pouco mais brando através de suas palavras doces.

Veja, a seguir, uma das frases preferidas de Dona Edméa e seu significado para ela:

“Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor.”
(“Grande Sertão: Veredas, página 237)


Palavras da Escritora:

“Reconheço que as inquietações expressas são justificadas por quem sente de fora. Mas, como um dos que sentem de dentro, asseguro que a grande maioria está comprometida com o respeito à condição humana”.

(Por Carlos Magno Romero Carneiro)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Maria, a mais bonita das cabrochas

 Os blocos Ride Palhaço e Democráticos ainda não disputavam os aplausos dos santarritenses quando surgiu, no bairro proletário da Rua Nova, o cordão das Mimosas Cravinas. Corria a década de 1920 e o Carnaval do Rio de Janeiro, então capital federal, era dominado pelos ranchos – grupos de foliões menos organizados do que os blocos e que receberam, em sua maioria, nomes que faziam referência a flores. Um deles, criado no limiar do século XX, chamava-se Mimosas Cravinas e, certamente, influenciou a formação do cordão homônimo em Santa Rita do Sapucaí.

À frente das Mimosas da Rua Nova estava aquela que se tornaria a rainha do Carnaval da cidade: Maria Idalina de Jesus (1901-1997), a inesquecível Maria Bonita. Líder inconteste do povo negro santarritense, Maria tudo fazia para colocar seu bloco na rua. Quitandeira afamada e ama-de-leite de vários filhos da aristocracia, granjeava patrocinadores entre os coronéis locais. Foi sua proximidade com as famílias abastadas que possibilitou a construção da Associação José do Patrocínio, que serviu de sede das Cravinas.

A laboriosa Maria Bonita foi porta-estandarte de seu bloco até a velhice, distribuindo sorrisos, acenos e abraços aos incontáveis amigos. Em homenagem póstuma à rainha do Carnaval, o escritor Cyro de Luna Dias descreveu o traje que a imortalizou na memória coletiva: saia rodada de renda branca e blusa de lamê. Maria liderava as Mimosas Cravinas ao lado do músico Pedro Eduardo e do marceneiro José Pamphirio, dentre outros talentosos colaboradores.

Maria Bonita era, aliás, a musa inspiradora de Pedro Eduardo, compositor de marchinhas do bloco da Rua Nova. Pedro criava, sem esforço, canções sobre situações cotidianas. Ele é o provável autor do hino das Cravinas, que traduz o desejo de Maria em ver os diferentes grupos de foliões em congraçamento: “Lindas Mimosas, procurando triunfar/ Vêm convidar todo mundo para tomar parte neste Carnaval/ Convidei Ride Palhaço, Democráticos também/ Convidei o Tira-Teima, Furacão e mais alguém”.

O coração de Maria Bonita palpitava pelas Cravinas, mas tinha espaço também para o Bloco dos Democráticos, cujo barracão até hoje está no morro do Zé da Silva, logo abaixo da Rua Nova. A predileção pelo “Demo” não impediu que a líder negra mantivesse laços de amizade com os adeptos do Ride, velho rival do bloco alvinegro. Entusiasta das escolas de samba, Maria chegou a ser homenageada, já idosa, pela Azul e Branco, ocasião em que desfilou sentada num carro alegórico e emocionou muitos espectadores.

A célebre canção Não deixe o samba morrer, de Edson e Aluísio, parece ter sido feita sob encomenda para Maria Bonita. Pouco antes de falecer, ela externou a alguns “sambistas mais novos” (Quita, Tião Justino e Zé Pequeno) seu pedido final: “Não deixem o salão acabar! Aquilo lá é nossa vida!” Maria se referia à Associação José do Patrocínio, palco de inúmeros bailes de Carnaval nos quais todos eram iguais e felizes.

(Do amigo Jonas Costa)

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Cacau no Bloco do Urso

ETE FMC homenageia Dona Lazinha, sua colaboradora há 27 anos

Existem pessoas que passam por nossas vidas, convivem anos conosco e que, muitas vezes, nem nos damos conta de que suas ações têm influência direta sobre nossas vidas. Sempre disposta a ajudar, Lazara Marcelino é uma dessas criaturas e sua nobre missão é cuidar com carinho daqueles que vieram a Santa Rita para praticar o bem e transformar a educação de milhares de jovens.

Com 27 anos de trabalho na ETE FMC, Lazinha é a governanta da residência dos Jesuítas, mas muitos funcionários, alunos e professores ainda não a conhecem. Com um zelo imenso pelos Padres que administram a instituição, esta valiosa colaboradora lava, passa, cozinha, costura, faz compras e ainda cuida da limpeza. Sua rotina começa às sete e quinze da manhã, quando chega para preparar o café, e termina às três e quinze da tarde, ao terminar os últimos afazeres. “Até como enfermeira eu trabalho quando é preciso. É muito gratificante poder ajudar. Sou apaixonada pela minha profissão” – confidencia a jovem senhora de 59 anos.

Para Lazinha, existem muitos momentos especiais vividos dentro da escola que ajuda a cuidar. A governanta confidenciou que as ocasiões que mais gosta acontecem quando ela viaja com os funcionários para cidades turísticas, participa de retiros espirituais ou quando a escola promove festinhas em comemoração ao seu aniversário. Sobre um momento feliz de sua vida, recorda de algumas passagens: “Eu sempre quis ter uma bíblia, mas nunca tive a oportunidade de comprar. Quando o Irmão Carriello me presenteou com uma, achei aquele gesto muito bonito. Minha felicidade também foi grande quando o Padre Sefrin realizou o casamento de minha filha. Aquele momento foi inesquecível.”

Quando perguntamos sobre a convivência com os Padres, Lazinha afirmou que é algo muito enriquecedor, uma vez que seu crescimento vai além da profissão: “Eu aprendo muito com eles sobre a vida e sobre a espiritualidade. Lições assim a gente carrega para sempre. A amizade que tenho por eles é tão grande que sinto muito quando alguns vão embora, como foi o caso dos padres Sefrin, Villa, Ramón e Teixeira. De tudo, o que mais me marcou foi quando os Padres Raul e Vaz ficaram doentes. Eu e o Irmão Salvador tomávamos conta deles e aquilo me deixava muito comovida”. Lazinha também diz que sua ligação é tão forte com a profissão que até quando está em casa pensa nas suas tarefas: “Quando chegam minhas férias minha cabeça fica aqui, mas entendo que é preciso descansar”.

Assim descreve Padre Guy Jorge Ruffier SJ, Diretor da ETE FMC, sobre nossa homenageada: “Dona Lazinha é uma pessoa muito fiel, pontual e discreta. Valorizo muito sua capacidade de conviver e lidar com pessoas de idade, portadoras de hábitos já cristalizados. O fato de ser muito religiosa faz dela alguém muito familiar a nós todos. Fico muito feliz com esta homenagem a ela”.

(Carlos Magno Romero Carneiro)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O desabafo de um apaixonado pelo Ride Palhaço

Os Blocos mais tradicionais de Santa Rita sempre tiveram uma rivalidade incrível. Em seus mais de 70 anos de tradição, são inumeráveis as formas que tais agremiações encontraram de competir entre si e, ao mesmo tempo, se complementarem. A rivalidade de ontem, deu lugar a um adversário em comum: a falta de visão daqueles que não conseguem enxergar o valor cultural de dois grandes grupos e que negam o apoio ao que nossa comunidade tem de mais genuíno. A ideia para este espaço era mostrar a rivalidade entre os blocos. Quando o Empório pediu aos amigos do Ride que criassem um texto em que falassem sobre um ano que, sem qualquer disputa ou premiação, seu Bloco tivesse sido vencedor, recebemos de volta um lamento triste e emocionante. Trata-se de um pedido feito por Mário Iemini, fiel entusiasta do Ride, mas que reflete também o sentimento dos trabalhadores dos Democráticos: que os desfiles dos Blocos voltem a ser na Praça. Acompanhe a emoção o desabafo do colunista nas linhas que apresentamos a seguir:
Será o fim?

Lembro-me como se fosse hoje dos artigos de Dona Nadir Azevedo sobre as noites de desfile do Bloco Ride Palhaço. Sabia, como ninguém, procurar detalhes para elogiar o bloco amado. Que saudades! Agora, me vejo como que perdido num jogo de empurra, sem saber ao certo o que falar sobre nosso carnaval. Um carnaval que completa, em 2012, 78 anos de existência e que, ultimamente, está com os dias contados. É claro que tudo acaba, mas é triste a forma como está se perdendo nosso folclore em meio à transformações que não são necessárias, como medida de sobrevivência.
Sinceramente, qual o problema de se desfilar três noites no centro da cidade? Rever o Ride Palhaço de um lado da Praça e o Democráticos do outro? A energia contagiante do povo a gritar, as sacadas e janelas enfeitadas, o morro do “Zé da Silva” iluminado, as ruas livres de barracas e pessoas mal intencionadas. Não é uma crítica sobre nenhuma administração. É apenas o modo como vejo as coisas e a forma como se acabam.
Minha família sempre esteve envolvida com o Ride Palhaço, há muitas gerações, desde os carros alegóricos que eram feitos no barracão dos meus tios-avós, Dona Nina e Sr. Ferreira, até hoje em minha casa, na casa de minha avó e tias, confeccionando alegorias e fantasias. O Ride Palhaço sempre foi um sonho que se realizava em todos os carnavais. A casa cheia, o corre-corre, o bloco na rua.
Não tenho como falar de um ano ou de outro, o que era belo, ou o que foi novidade, os infortúnios ou sucessos. Os anos mais marcantes do meu Ride Palhaço, para mim e, com certeza, para muitos, foram os anos em que os desfiles eram na Praça. Aquele teatro ambulante acompanhado de seus aficcionados agarrados ao cordão é que traz à memória de como era bom nosso carnaval, a luz iluminando o fundo da matriz e a expectativa do que viria.
Bobagem citar as glórias de Ride Palhaço e dos Democráticos. Quem viu lembra! Um nunca foi nada sem o outro. E agora?

(Mário Augusto Iemini)

Oferecimento:
 
 

Ciência e Espiritismo “Elementos para uma Vida Saudável”

O 23º CRE ( Conselho Regional Espírita ), com organização dos trabalhos do LEMA (Lar Espírita Mãos de Amor ) e CEAC ( Centro Espírita Amor e Caridade ), convida a todos para o encontro de Carnaval 2012

Local : Escola Municipal Cel. Joaquim Inácio
Rua Sancho Vilela s/n Bairro Novo Horizonte em Sta Rita do Sapucaí-MG
 
PROGRAMAÇÃO :

- Dia 18/fev (sáb) das 13:30 às 17:30: Como Unir Ciência e Espiritismo
- Dia 19/fev (dom) das 08:30 às 12:00 e 13:30 às 17:30: Fim da Vida – Delírios
ou Ritos de Passagem ? e Experiências de Quase Morte (EQM´s)
- Dia 20/fev (seg) das 13:30 às 17:30: Patch Adams – Propostas para uma Vida
Saudável
- Dia 21/fev (ter) das 08:30 às 12:00 e 13:30 às 17:30 : A Neurobiologia da Fé
 

Taxa de inscrição única: R$ 10,00

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Lembranças de Carnaval - Por Joice Carneiro Carneiro Brandão

 O título parece um clichê obrigatório vindo de quem tem pelo menos meio século de vida e muitas histórias para contar, e não de alguém com vinte e poucos anos. Mas, se esse alguém vive em uma cidade como Santa Rita, mais precisamente no morro do Zé da Silva, esta regra não se aplica.

Tenho a sorte de ter passado minha infância aqui, e a felicidade de estar sempre perto dos preparativos para o carnaval, mesmo não sendo fanática. Minhas lembranças carnavalescas começam nos anos 80 quando, ainda criança, queria desfilar nos Democráticos. Era a época em que o saradíssimo He-Man estava no auge de sua forma física e os Democráticos o adotaram como tema para o bloco infantil. Eu, fantasiada com um gorro rosa-choque (do Gorpo, lembram?), mais chorei do que desfilei. Tudo bem, exceto pelo He-Man que entrou em decadência, os outros carnavais foram melhores.

Como todos devem lembrar, Ride e Demo deram um tempo nos desfiles no começo da década de 90, mas o carnaval aqui nunca passou em branco. Quem não se lembra do “mini trio elétrico” que fazia a criançada ferver? Eu, claro, fervia junto desde os preparativos.

Não me lembro a data exata, mas de acordo com minhas lembranças fonográficas (Cara caramba cara caraô, e outros sucessos) foi entre 1992 e 1994. Nós, crianças, passávamos a tarde no barracão dos Democráticos ajudando a ornamentar o mini trio elétrico, seja pintando, colando espelhinhos ou jogando purpurina. Era um orgulho vê-lo no alto do morro mais tarde e apontar: “Aquilo ali fui eu quem colei!”. 

Quem tinha pessoas apaixonadas por carnaval na família, se sentia em casa. Tinha sempre um pai, um tio, um avô lá no meio, no teste do “alô-som”, ajudando com o gerador que sempre nos deixava na mão, carregando aparelhos pra lá e pra cá e mexendo com toda essa parte sobre a qual eu não entendo nada.

Assim que chegava a noite, o mini trio elétrico se preparava para sair em frente à casa da minha avó, onde o banheiro era gentilmente cedido a outras crianças que o usavam pela última vez antes de encarar a maratona de desfilar, fantasiadas ou não. Daniela Mercury era a Ivete da época, com o “Canto da Cidade”. Alceu Valença também entrava na playlist com “Me segura que eu caio” e, avançando a madrugada, quando acabava a pilha da criançada, os manguaçados se incumbiam de desfilar.

Tamanho era o sucesso do mini trio que, uma vez, resolveram chamar umas estonteantes e rebolativas mulatas cariocas para abrir alas para o caminhãozinho. Com trajes mínimos essas mulatas fizeram a alegria dos marmanjos, que perdiam a compostura diante de tanta “abundância”. Nunca ninguém havia desfilado com trajes tão pequenos naquele circuito, que também contornava a Igreja Matriz.

O mais interessante era reparar no comportamento das pessoas. Como criança não bebe, dava para perceber quem se transformava em meio à bagunça. Pessoas muito conhecidas, outras nem tanto - todo mundo enchia a cara e, quando não ficavam chatos, ficavam cômicos. Cansei de ver bêbado chorando de emoção, cantando junto, erguendo os braços e balançando de um lado para outro . 

Enfim, foi uma época mágica, mesmo sem o brilho dos principais blocos da cidade. Isto mostra a paixão que os santarritenses têm pelo carnaval, e como são criativos para se divertir mesmo não tendo os melhores recursos. Nem mesmo toda esta estrutura que temos agora de iluminação, arquibancadas e som são capazes de substituir o calor (LITERALMENTE!) daquela época: do gerador, do empurra-empurra para conseguir ver o bloco passar e dos carregadores de postinhos de luz - por muito tempo, esta foi a única mesada do ano de boa parte da molecada.

Democráticos e Ride Palhaço voltaram à ativa. O mini trio virou patrimônio do Bloco das Piranhas e foram aparecendo outros blocos. Lembro quando surgiu o Bloco do Urso: uma batucada desordenada em frente à igreja, com uns vinte camaradas e uma Ivete Sangalo de papelão. Hoje, quem diria? São uma marca registrada e conhecida, que atrai milhares de camaradas do Brasil inteiro e são bem capazes de trazer uma Ivete em carne e osso. 

As crianças que se divertiam observando os embriagados naquela época, hoje também enchem a cara e ficam chatas ou cômicas, com a diferença de não se emocionarem tanto. Afinal, não se faz mais músicas de carnaval como antigamente.

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Os geniais Irmãos De Franco

O elo que une a tradicional família De Franco aos Democráticos é muito antigo. Logo na primeira diretoria do Bloco, constituída em 1935, já constava o patriarca, Henrique De Franco, como diretor artístico da agremiação. No decorrer dos anos, sua família também passou a desfilar e a trabalhar na confecção dos carros. Com a ajuda de 10 irmãos que, mais tarde, se tornaram essenciais aos Democráticos, a família De Franco passou a ser uma referência nacional em alegorias e ornamentos em madeira e virou lenda na cidade.

O que mais chamava a atenção nas esculturas dos De Franco sempre foi a delicadeza dos detalhes e a habilidade que tinham em ampliar qualquer peça. Uma das lendas que ronda o morro do José da Silva é a de que, certa vez, havia uma desconfiança sobre a resistência do elefante, em um dos carros alegóricos da década de cinquenta. Para provar o contrário, os mais antigos dizem que os De Franco pediram ao Senhor Hugo que subisse na tromba do bicho e pulasse várias vezes em cima para provar que o trabalho era perfeito mesmo. Quem duvidou acabou perdendo a aposta e uma foto (abaixo) eternizou o momento.
Outra obra muito lembrada foi a dos camelos, todos em madeira trabalhada, que deram vida ao carnaval na primeira metade do século XX. O carro alegórico ficou tão perfeito que chegou a ganhar um prêmio em Belo Horizonte e esteve em exposição por muito tempo na cidade.
No ano em que o Bloco desfilou com o tema “Atlântida - Continente Submerso”, os Irmãos De Franco alcançaram a perfeição ao criar dois enormes peixes que tinham sua base invisível ao público. Ninguém entendia como duas esculturas daquele porte podiam se sustentar à frente do carro alegórico sem partir ao meio. Segredos que só aquela família genial conhecia.
Dentre todas as obras impecáveis, capazes de fazer tremer qualquer folião da agremiação rival, talvez a mais marcante tenha sido o navio do Peter Pan, criado para o Desfile das Crianças, em 1980. Ornamentado com todos os detalhes de um navio perfeito, o público parecia não acreditar no que via quando uma enorme embarcação começou a descer o morro. No lugar das águas, uma multidão de aficcionados acompanhava aquele desfile incrível.
Algo muito interessante também era o sigilo que os irmãos tinham na confecção de suas obras. Nem mesmo os mais fanáticos tinham acesso ao bem guardado barracão. Naquela fábrica de sonhos entravam apenas os ajudantes essenciais que tinham o privilégio de testemunhar o aparecimento de verdadeiras joias saídas das mãos daqueles grandes mestres. Tudo feito ali. Cada detalhe era arquitetado no local e executado através de grandes armações trançadas e encobertas com madeira, utilizando uma técnica que ninguém mais tinha.
Na década de 80, três dos irmãos foram os grandes responsáveis por estas obras criadas em Santa Rita: Ditinho, Maurício e Joel. Juntos, ele delinearam sonhos, construíram maquetes perfeitas e as reproduziram em grande escala. Através de suas mentes incríveis, gôndolas venezianas foram transportadas para a praça da matriz, lindas espanholas desfilaram sobre violões e leques, crianças brincaram livres em carrosséis magníficos e o morro mais querido da cidade foi tomado pela fantasia.
Com o passar do tempo, os De Franco foram se afastando do trabalho por motivo de saúde. Um a um, o Bloco foi perdendo a constribuição imprescindível daquela importante família. Dos 10 filhos, restou apenas Joel, o caçula, que nos contou algumas histórias memoráveis com a ajuda da amiga Lucrécia Adami.
Atualmente, apesar da falta que eles nos fazem, ainda temos a ajuda de seus filhos e sobrinhos. No início do novo milênio pudemos reviver o trabalho desses grandes artistas, quando Toninho, junto com seu irmão, esposa e filhos assumiram a diretoria da agremiação e decidiram colocar os Democráticos na rua. Naquele ano, uma viagem incrível através da força dos 4 elementos, levou cachoeiras, vulcões, furacões e labaredas ao espetáculo. Hoje, quando relembramos as vitórias do Bloco do coração bate a saudade dessas grandes figuras. Restam as lendas perdidas entre as memórias de outrora e a saudade de tempos que não voltam mais.
 
Agradecemos aos amigos Joel De Franco e Tia Lucrécia Adami pelos depoimentos.    
(Por Carlos Romero Carneiro)

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Ônibus vira ponto de drogas e prostituição


Um ônibus abandonado em Santa Rita do Sapucaí, virou ponto de uso de drogas e prostituição.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Entrevistamos o amigo Décio de Almeida Azevedo

 Fale sobre o seu pai

Meu pai, José de Abreu Azevedo, era médico e exercia a profissão como um sacerdócio. Minha mãe, sempre muito preocupada com a criação dos filhos, sabia que, se ele faltasse, passaria por muitas dificuldades. Ao perceber seu pranto, meu pai foi até ela e disse: “Aquiete o seu coração. O que tenho não é pouco, nem muito. É o suficiente. Não temos grandes fortunas, mas nosso dinheiro não provém de órfãos e nem de lágrimas de viúvas.” Noventa dias depois, meu pai faleceu.

E como sua mãe fez?

Nosso arrimo foi meu irmão mais velho, Pedrinho, que estava na base aérea de Natal, pronto para ir para a guerra. Minha mãe enviou um carta para o Ministro Gaspar Dutra, pedindo sua liberação e ele foi transferido para o 8º Regimento de Pouso Alegre. Aos 21 anos, meu irmão educou 7 irmãos. Naquela época, só a Edméa era casada. Ele foi tão bom que, enquanto todos não se formaram, ele não foi cuidar dos próprios interesses.

Conte-nos algo sobre sua infância

Uma das minhas lembranças mais antigas é de que meu pai acendia um cigarro no outro e sempre colocava a camisa por dentro da cueca. Para mim, aquela era a referência masculina. Certa vez, aos 8 anos, cheguei nele e disse: “Pai, acho que o Edmur (noivo da irmã) não é homem! Meu pai, atemorizado com aquilo, pediu que eu explicasse e eu disse: “O Edmur não fuma e nem usa camisa por dentro da cueca. Não deve ser homem!” A imagem que eu tinha de homem era o meu pai e me assustei com alguém que não fazia nada da-quilo.

Quando o senhor começou a trabalhar?

Comecei como engraxate. Sempre que alguém ia consultar com o meu pai corria com a caixinha e o-ferecia meus serviços. Já a profissão de Dentista escolhi por ser detalhista. Para trabalhar com ela é preciso ser minucioso e essa característica sempre tive. Uma outra motivação foi por eu gostar da área biológica, mas ter visto o meu pai abdicar da própria vida em benefício dos outros. Quando você é médico, precisa deixar sua família de lado em muitas ocasiões e eu não queria aquilo pra mim.
O senhor é apaixonado por Trovas, não?

Sempre gostei de poesia, principalmente das trovas. Eu tenho uma trovinha pra cada situação. Recordo que, em um baile, estava dançando com a minha namorada e, no calor da juventude, minha mão acabava descendo abaixo de sua cintura. Você sabe como é, né? A mão do homem é pesada e acaba escorregando... De tanto puxar minha mão pra cima, uma hora ela ficou tão brava que brigou comigo. Pra consertar, eu fiz essa trova:

Se na contradança eu me apego,
Colocando a mão fora do trato.
Eu desculpo que o amor é cego,
Por isso, eu uso o tato.
Depois disso, fizemos a pazes e ficou tudo certo...


Conte-nos sobre seu parceiro de consultório

Em 1977, eu me preparava para voltar à Odontologia, após 17 anos afastado. Eu havia deixado de lado o consultório para acudir um irmão que passava por dificuldades. Quando ele se encaminhou, trabalhei de graça em São José por 4 meses para aprender de novo a profissão. Um dia, recebi a visita do Paulinho, que me foi levar alguns livros. Quando eu disse que estava procurando um cômodo ele me convidou para trabalhar com ele. Eu até pensei que ele quisesse repartir o aluguel, mas ele queria dividir os clientes comigo. Eu então falei: “Não é justo isso, meu amigo. O grande patrimônio de um dentista é sua clientela. Você não pode me dar os seus!” Mas ele insistiu e explicou o motivo: “A Leda acabou de me convidar para ir ao cinema, mas eu disse que não gostava do filme. A verdade é que eu não tenho dinheiro nem pra comprar pipoca! Se você vier trabalhar comigo eu vou dar meus clientes para você, sim, mas tenho certeza de que vou ganhar dinheiro!”

Por que ele tinha dificuldades?

Financeiro é dom. Cobrar é dom. Escolher cliente é dom. O Paulinho era igual ao meu pai: se preocupava em cuidar das pessoas, mas não pensava em si mesmo. Outra dificuldade era controlar a renda. Por isso, ele pediu para que fizesse um caixa e não entregasse todo o lucro que havia ganhado. No final do ano, até tentei mostrar pra ele o livro caixa, mas ele afastou meu braço e falou: “Se for pra eu conferir conta sua, desmancha a sociedade que é mais fácil pra mim!” Quando ouvi aquilo, até fiquei meio chateado, mas depois entendi que era força de expressão para mostrar confiança!

E como foram esses 17 anos juntos?

Eu não sei se fui pai ou filho dele. Porque o que ele me ensinou na parte biológica, eu lhe ensinei nas finanças. O que eu lhe ensinei no setor adminis-trativo, ele me ensinou a ser compassivo. Enquanto eu lhe ensinava que em alguns momentos é preciso ser firme, ele me ensinava a ser carinhoso. Ele me ensinou que cliente nenhum pode sair com dor e eu lhe ensinei que a caridade é muito importante, mas que também devemos ter nosso sustento.

Nos últimos anos, ele deixou a profissão de lado e foi cuidar do Vale da Eletrônica. Mais tarde, ficou doente e morreu. Nesse momento eu decidi que, sem ele, não queria mais trabalhar. (Nesse momento Decinho interrompe a entrevista e chora.) Sem a presença dele, não fazia o menor sentido.

O senhor foi amigo do Carlos Alfano?

Demais! Sei muitas histórias dele. Certa vez, estávamos no Vladas (Bife de Ouro) quando vimos o Pedro Rufino em frente à Estátua de Santa Rita. Nisso, o Carlos Alfano se escondeu atrás da estátua e começou a escutar a conversa! O Pedro dizia: “Santa Rita, ajuda o Pedro Rufino! Pedro Rufino anda desestimulado!” Quando ele terminou a oração, fez o sinal da cruz e já ia saindo, quando o Carlos Alfano gritou com voz de mulher: “Pedrinho! Pedrinho! Vorta cá, deixa eu te dar uns conselhos!” E o Rufino respondeu enfezado: “Ah, vai pro inferno! Santo não fala!” (Risos)

O senhor lembra de outra história com seus amigos?

Na juventude, nós nos reuníamos em uma vitrine em frente ao Armazém do Zé da Silva. Nessa época, na rua de cima, morava o Esaul: um mutilado de guerra que havia se aposentado pelo governo. Um dia estávamos conversando quando o ex-soldado chegou, interrompeu a conversa e começou a contar uma história que não acabava nunca. Meia noite e cacetada, o personagem do causo ainda estava em Careaçu e não havia meio de vir logo pra Santa Rita. O Carlos Alfano, incomodado com aquilo, virou pra ele e diz: “O Esaul, deixa pra contar o resto amanhã. Está armando chuva e com essa estrada barrenta que nós temos o homem vai acabar atolando no meio do caminho!” Essa foi a deixa pra todo mundo sair e voltar pra casa.

O senhor sabe outra história parecida, não?

Sei sim. No velório do Senhor Henrique Amorim, o senhor Almeida estava lá e começou a contar uma história dos tempos em que foi funcionário de uma fábrica de pólvora. Ele começou a explicar, nos mínimos detalhes, como era o seu trabalho e as minúcias eram tantas que o povo começou a ficar incomodado. Numa certa altura, o Almeida virou pra nós e falou: “Agora eu vou contar como armazena a pólvora! Nesse lugar, não pode nem acender a luz porque a menor faísca já é um perigo danado!” Nisso, o Zé Cunha, sogro do Mané Pinga, me pega uma caixa de fósforo, acende um palito e joga no meio da roda: “Pronto! Deixa eu explodir logo essa fábrica senão essa história não termina hoje!” Foi uma gargalhada só no velório! (Risos)

Conte-nos alguma história sobre o Marinho do Putieu

Onde é o Caruso hoje, era o Bar do Júlio e tinha – no fundo – os reservados. Cada reservado era uma salinha pequena em que cabia quatro cadeiras e uma mesinha. Um dia, estávamos em oito lá dentro e o Mário do Putieu bateu na porta. Pra você ter uma ideia, na hora que ele foi entrar, foi preciso tirar uma cadeira e uma pessoa sair, porque a porta abria pra dentro. E o que ele fez? Foi lá, pegou uma bomba cabeça de nego, acendeu e jogou dentro da garrafa! Até hoje eu não sei como coube tanta gente embaixo da mesa! Os cacos de garrafa ficaram encravados na parede! (Risos)

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Conheça um pouco da trajetória da querida professora Célia Amaro

Amor pela educação

Célia Amaro Bernardes Savino atua como professora há 47 anos. O início da sua carreira aconteceu em uma escola rural da Cachoeirinha e, desde então, nunca mais parou. Sua chegada na ETE FMC aconteceu em 1981, a convite do Padre Raul: “Ao substituir uma professora de Geografia, ele insistiu para que eu lecionasse, mas eu disse que ficaria apenas dois meses. Estou aqui até hoje!”.

Depois de 31 anos trabalhando na ETE, Célia Amaro deu aula a praticamente todos os atuais professores da ETE FMC: “Antônio Marcos, Mury, Alexandre, João Taero... foram todos meus alunos”.

Em todo esse tempo, muitos fatos pitorescos marcaram sua carreira. Em um deles, durante a Festa de Santa Rita, notou que um aluno havia virado a noite na gandaia e pegou no sono durante a sua aula. Quando a aula terminou, a professora de Geografia acabou esquecendo do menino e fechou a sala. Só de noite foi que ela se lembrou e pediu para o senhor Joaquim abrir a sala.

Ao perguntarmos sobre o momento mais feliz na carreira desta grande professora, ela contou que foi ser ao escolhida paraninfa do Ensino Médio da ETE, em 2010. “Para mim foi uma alegria muito grande ter sido lembrada, depois de tanto tempo. Eu já havia sido paraninfa em outros colégios em que lecionei, mas aqui foi a primeira vez”.

Sobre o momento mais triste, ela recorda-se do falecimento do Padre Raul: “Eu participei de suas duas gestões e tínhamos uma grande amizade. Como ele gostava muito de computadores, toda vez que encontrava algo novo sobre Geografia, queria que eu visse. Senti muito a sua morte”.

Com toda essa energia, Célia Amaro não parou no tempo e procurou se especializar em diversas áreas. No decorrer da carreira, formou-se em Geografia, Pedagogia e Direito e lecionou em diversas faculdades: “Lecionei Direito e Geografia em São Lourenço, Itajubá e Pouso Alegre. Também fui diretora da Escola Estadual Sinhá Moreira” – conta.

Apesar de já estar aposentada pelo Estado, a professora diz que trabalha por gostar e confidencia: “É aqui na ETE que eu me realizo e dou significado à minha vida. Eu amo o que faço”.

Para Célia, é motivo de muito orgulho ver seus alunos passarem nos vestibulares e, para isso, procura estar sempre atualizada. “Precisamos colocar o aluno no contexto e, para isso, é nossa obrigação estar sempre por dentro do que acontece no mundo. Quando chegam os exames do ENEM, alguns até brincam que quem criou a prova fui eu. Isso me dá orgulho!”.

A esta querida professora, que educou centenas ou talvez milhares de jovens nesses 31 anos de carreira, toda a nossa estima e admiração. Que estes anos dedicados à educação se estendam e que ela colecione ainda muito mais histórias e conquistas em sua tão profícua carreira. Em nome de todos os alunos, ex-alunos, professores, diretores e funcionários da ETE FMC, o nosso muito obrigado!
 (Carlos Magno Romero Carneiro)

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