quinta-feira, 29 de março de 2012

Antes tarde do que nunca: começam obras de duplicação de ponte na BR-459, em Pouso Alegre

 Começaram nesta quarta-feira (28) as obras de duplicação da ponte sobre o Rio Sapucaí, na BR-459, em Pouso Alegre (MG). Segundo o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), a duplicação da ponte vai facilitar o escoamento do tráfego entre a Avenida Perimetral, em Pouso Alegre e a Rodovia Fernão Dias, já que existe um afunilamento do trânsito na ponte. Ainda conforme o Dnit, a obra está avaliada em R$ 5 milhões e deve ficar pronta ainda neste ano. Porém, não há uma data prevista.

Relatora da ONU questiona reprovação do Plano Diretor Participativo de Santa Rita

Fonte: Notícias do Dia - Difusora

A rejeição do Plano Diretor Participativo de Santa Rita do Sapucaí pela maioria dos vereadores levantou questionamentos da urbanista e relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik.

Raquel coordenou a elaboração do anteprojeto de Plano Diretor para Santa Rita do Sapucaí ainda no ano de 1998. Segundo a relatora, os vereadores contrários precisam justificar o voto à comunidade. “É importante justificar o porquê da não aprovação, senão vai parecer que, provavelmente, eles receberam alguma vantagem para não aprovar. Enfim, qual é a questão e o que estão propondo no lugar? ”.

Segundo ela, a falta do Plano Diretor, obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes, é um prejuízo para Santa Rita do Sapucaí. “Um plano orienta o processo de crescimento da cidade evitando problemas. Problemas que já estão acontecendo em Santa Rita do Sapucaí como as enchentes. Eu quero perguntar ao prefeito e aos vereadores como eles acham que a cidade deve crescer daqui em diante? Quais são os critérios ?”.  

Santa Rita do Sapucaí (MG): Metalúrgicos registram aumento no número de demissões

28 de março de 2012, Site da Força Sindical

As homologações feitas no Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Santa Rita do Sapucaí e Região têm estendido o horário de atendimento da entidade até as 19h. No primeiro trimestre deste ano já foram realizadas 952 rescisões no Sindicato. Foram 332 em janeiro, 279 em fevereiro e nesse mês de março já passam de 341. Esse fato começou a ser registrado no mês de novembro. Em apenas um dia uma empresa demitiu 46 trabalhadores.

Os registros da entidade apontam que a maioria das empresas do município, conhecido como o Vale da Eletrônica, tem demitido trabalhadores sem justa causa. O número é considerado alto para um município com população estimada em 37.754 mil segundo o IBGE. “Essa sem justa causa tem que ter causa”, comenta a presidente do Sindicato e presidente da Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos de Minas Gerais, Maria Rosângela Lopes.

“Os trabalhadores têm vivido a incerteza constante de que podem ser demitidos de uma hora para a outra. Em minha opinião, isso se chama desindustrialização”, argumenta a presidente ao analisar as demissões em Santa Rita.

A demissão, segundo a presidente, é para reduzir a folha de pagamento. Ao demitir trabalhadores mais experientes, você os troca por novatos que ganham menos. “Você reduz a folha e a qualidade dos produtos também pode ser reduzida”, complementa Rosângela para dizer que esse tipo de postura não é vantajosa para a indústria local.

quarta-feira, 28 de março de 2012

ETE FMC homenageia Mury, uma peça fundamental no sucesso da escola

Natural de Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Carlos Mury soube da ETE FMC por acaso. Já formado no Ensino Médio, ele queria estudar eletrônica e, ao ouvir dizer que a escola de Santa Rita era a que mais exigia do aluno, resolveu conferir. “Quando cheguei em Santa Rita, passei no vestibular do Inatel e no Processo Seletivo da ETE, mas optei pela escola de eletrônica porque queria algo mais rápido e que me desse a oportunidade de colocar a mão na massa” – conta Mury.

Segundo conta o professor de empreendedorismo da ETE FMC, outro fator relevante para ter vindo estudar na ETE foi o fato da escola oferecer bolsas de estudo: “O fato de ter ganhado bolsa foi muito importante porque eu não tinha condições de me manter.”

Mais velho que os alunos que costumavam se matricular na escola, Mury lembra que não conse-guiu se adaptar entre os adolescentes do alojamento da instituição e que preferiu se mudar para uma república de estudantes do Inatel.

Ao se formar na ETE, o rapaz se mudou para Foz do Iguaçu, onde atuou como técnico na Companhia Furnas Centrais Elétricas. Em seguida, trabalhou por algum tempo para o Bradesco, no Rio de Janeiro, até decidir que chegara a hora de fazer Inatel. “Como eu já conhecia a faculdade de engenharia de Santa Rita, decidi voltar e estudar por aqui.”

Em junho de 1986, Mury foi convidado pelo professor Pedro Sérgio para lecionar eletrônica digital na ETE. Como a matéria era uma das mais complexas, não demorou para que o nosso professor fosse visto como exigente pelos alunos e ganhasse fama de “ferrador”. “Não era eu. A disciplina é que era braba...”

Nos anos seguintes, o professor conquistou a admiração de alunos, professores e funcionários e tornou-se peça fundamental nas decisões tomadas pela escola. Por 10 anos, Mury ofereceu suporte à área pedagógica, além de ajudar a implantar o curso de manutenção em equipamentos biomédicos. Outra contribuição do educador foi na integração das aulas práticas às teóricas, projeto que realizou com a participação dos professores Rômulo, Sérgio Bertoloni e Antônio Marcos. “Com este trabalho, algumas matérias se fundiram e a prática foi unida à teoria numa só disciplina. Isso não foi obra exclusivamente nossa, mas ajudamos bem nesse processo.”

Ao ser questionado sobre sua impressão a respeito da ETE FMC, Mury foi bem enfático: “Em termos de formação, não existe escola igual. O grande barato da ETE é a variedade de perfis. As múltiplas culturas, classes sociais e pontos de vista tornam essa institui-ção especial. Para mim, o legal daqui é justamente essa integração.” O professor também conta que quis que suas filhas estudassem na ETE por conta dessa experiência: “Minha filha queria fazer teatro mas, ainda assim, eu quis que ela fizesse ETE para aprender a estudar, absorver novas culturas e ter essa formação que considero incrível.”

Alexandre Loures Barbosa, Diretor Pedagógico da ETE FMC fala sobre a importância de Mury para a ETE FMC: “Ele sempre foi um grande colaborador nos momentos mais difíceis da instituição. Não importava qual fosse a necessidade, ele sempre procurou dar o apoio necessário. Nos tempos de Projete, o Mury recebe os alunos fora do horário de trabalho, ou mesmo em sua empresa, para dar orientação e tem demonstrado um carinho impressionante pela escola. Vale ressaltar que, por muitos anos, ele foi o responsável pelo CEDEN (Centro de Desenvolvimento de Negócios) e prestou grandes serviços para trazer novas tecnologias para dentro das salas de aula. Além disso, foi peça fundamental na implantação do Curso Técnico em Equipamentos Biomédicos, repetindo o que já havia feito com o Curso Técnico em Informática. Muitas pessoas não sabem, mas uma boa parte dos kits didáticos que utilizamos por aqui foram feitos por ele, sem cobrar absolutamente nada. Como assessor técnico pedagógico, criou normas e documentos para a Projete e, ao se tornar responsável pelas aulas de sistemas digitais, organizou toda uma orientação para o sucesso do curso. Em resumo, o professor Carlos Mury é uma das pessoas mais importantes e especiais com que a escola teve o privilégio de contar.”
(Carlos Magno Romero Carneiro)

terça-feira, 27 de março de 2012

RESUMO DE REUNIÃO DA CÂMARA QUE REPROVOU PLANO DIRETOR.

PLANO DIRETOR: AINDA NÃO ACABOU.

VEREADORES QUE VOTARAM CONTRA O PLANO DIRETOR PODEM SOFRER PROCESSO POR IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA:

As normas do Estatuto da Cidade, nos termos do parágrafo único do seu art. 1°, são todas de “ordem pública e interesse social”, não permitindo, assim, seu olvido. Ademais, omitir-se na instituição do Plano Diretor é o mesmo que negar execução à lei federal, incorrendo o Prefeito Municipal em crime de responsabilidade, conforme estatui o art. 1°, XIV, do Decreto-lei federal n° 201/67, que dispõe sobre a responsabilidade de Prefeitos e Vereadores, sem prejuízo, em algumas hipóteses, de seu enquadramento em improbidade administrativa ........A rejeição do projeto de Plano Diretor pela Câmara de Vereadores também sofre restrições, de sorte que só fortes razões de interesse da comunidade ou de ordem constitucional justificariam essa medida, .... A responsabilização por improbidade administrativa não será, no caso, do Prefeito Municipal do momento em que se esgota esse prazo, mas dele e de outros que exerceram mandato nesse qüinqüênio, pois todos, em tese, poderiam ter tomado as providências para dotar o Município desse instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana.

ASPECTOS JURÍDICOS DO PLANO DIRETOR DIOGENES GASPARINI

MOMENTO DA CULTURA: CAIXA PRETA - CURUMIN


PLANO DIRETOR É REPROVADO EM SANTA RITA DO SAPUCAÍ

SABE QUANDO TEREMOS UMA CIDADE DECENTE COM ESTAS PESSOAS DECIDINDO NOSSO FUTURO? NUNCA!!! VOTARAM A FAVOR DO PLANO; PROFESSOR JOÃO PAULO , PROFESSOR MAGNO E HUDSON DOS REIS CARVALHO.

Não perca a Mostra do Comércio de Santa Rita do Sapucaí

Suellen e Jefferson fazem apelo aos Vereadores de Santa Rita

segunda-feira, 26 de março de 2012

Vários blogs pedem aprovação do Plano Diretor

Ao rodarmos a internet é possível perceber que uma grande quantidade de internautas pedem pela aprovação do Plano Diretor em Santa Rita do Sapucaí. Existem rumores de que alguns vereadores podem votar contra esse documento, o que tem causado grande mobilização popular e indignação na cidade. Internautas prometem levar a informação além dos limites da WEB. Caso os vereadores vetem a aprovação do Plano, poderão ter dado início a um inferno astral sem precedentes, pouco antes das eleições. A sociedade promete não deixar de falar sobre o tema até o final do ano e diz que isso irá expor ao máximo os vereadores que forem contra os interesses da coletividade. Afinal, será que vale a pena remar contra a correnteza e contrariar os interesses da população? Depois de quase 20 anos de discussão, a sociedade conseguirá aprovar seu sonhado plano de metas de desenvolvimento? É o que nós vamos ver nesta terça-feira, 27 de março, na Câmara municipal.
Blog "Por amor às cidades" debate o Plano Diretor.
O Plano Diretor é um documento redigido pela sociedade em conjunto com vários especialistas e que já passou por muitas modificações, antes da votação. Como ele possui ferramentas que inibem a construção de loteamentos na beira do Rio Sapucaí, delimita a contrução de condomínios fechados em locais distantes (para que a prefeitura não tenha que arcar com investimentos desnecessários) e muitos têm trabalhado contra sua aprovação.

DEFINIÇÃO DE PROPINA

No Brasil, propina é o dinheiro obtido ou fornecido de forma ilícita, como suborno em atos de corrupção, originado no Brasil. principalmente pelo superfaturamento em obras públicas exercido por políticos que por alguma razão tem influência na administração de empreiteiras contratadas por esses administradores e/ou gestores governamentais. O fato é antigo no Brasil e remonta à chamada Velha República ou também chamada de República Velha, de 1889 (depois do período militar de intervenção) a 24 de outubro de 1930 (Marcha do Exército de Getúlio Vargas).

sexta-feira, 23 de março de 2012

Curso de Ovos de Páscoa - 24 de março.

Reportagem da EPTV sobre o Médico acusado de Corrupção Passiva


ETE é premiada na maior feira de Ciências e Engenharia do Brasil

O simples fato de participar da Febrace 2012 - X Feira Brasileira de Ciências e Engenharia - já seria orgulho para qualquer um. Afinal, de1500 projetos inscritos, inclusive com grupos de outros países, apenas 325 foram selecionados a expor suas invenções no Campus da USP, de 12 a 17 de março. A ETE FMC, entretanto, foi a escola com maior número de projetos selecionados (cinco), e ainda foi agraciada com 10 dos principais prêmios da campetição.
 
O Professor Fábio Carli Rodrigues Teixeira esteve presente na exposição e contou um pouco sobre o desempenho da ETE: “A participação da ETE FMC é sempre muito produtiva porque os projetos que criamossão absolutamente inovadores. Para mim, a interação de nossos alunos com outros grupos também é algo enriquecedor porque tomamos contato com produções científicas da América inteira. Com esta oportunidade, pudemos aprender mais sobre metodologia de projetos e documentações, o que poderá aprimorar a próxima edição de nossa feira. O que eu sinto é que a Projete sempre teve como foco o desenvolvimento de produtos para o mercado e essa experiência da Febrace pode ser fundamental para obtermos uma visão mais científica. Mais do que produtos, geramos conhecimentos e isso é muito importante para o desenolvimento do “Vale da Eletrônica.”
 
Conheça os grupos participantes da Febrace e os prêmios conquistados:

1) VID

Visão interativa para Deficientes
Alunos: J. Eduardo de Oliveira, Luana
Pereira Vaz de Lima, Welington Borsato
Rodrigues.
Orientador: José Manoel Medeiros.
Coorientadora: Lourdes Costa
Prêmios conquistados pelo grupo:
- Prêmio Febrace 2012
Primeiro Lugar em Engenharia
- Prêmio UNESCO
- Prêmio Mostratec 2012
- Prêmio Internacional: Yale Science
& Engineering Association Inc.
- Prêmio IBM - Prêmio Destaque –
Um Futuro mais Inteligente
- Prêmio IEEE – Institute of Electrical
and Electronics Engineers) e PES
(Power and Energy Society)
- Prêmio da Secretaria dos Direitos da
Pessoa com Deficiência do Estado de
São Paulo

2) C.A.P.P.O. – Controle Automático
de Pressão para Prótese Ortopédica
Alunos: Ana Jéssica Marques Leite,
Karine Roland Amorim, Ravelli Franco
Bernardo.
Orientadores: Fábio Carli Teixeira,
Álvaro Figueiredo e José Manoel Medeiros.
Coorientadora: Lourdes Costa
Prêmios conquistados pelo grupo:
1) Prêmio Internacional: Yale Science
& Engineering Association.Most
Outstanding Eleventh Grade Exhibiwww.
etefmc.com.br - ete@etefmc.com.br - (35) 3473 3600
t in Computer Science, Enginee-ring,
Physics, or Chemistry

3) SMART GLOVE – Protótipo de
Tradução da Linguagem Brasileira

de Sinais (LIBRAS) em Texto
Alunos: Anna Katharina Tweilsiek,
Bruno Reis de Castro, Guilherme Rafael
Pereira da Silva.
Orientador: Fábio Carli Teixeira e
José Manoel Medeiros
Coorientadora: Lourdes B. Costa
Prêmios conquistados pelo grupo:
1) Prêmio da Escola Avançada de
Engenharia Mecatrônica (EAEM) –
Politécnica da USP
2) Prêmio da Secretaria dos Direitos
da Pessoa com Deficiência do Estado
de São Paulo

4) HOME CLEAN

Ana júlia Andare Morais, Tales de
Paiva e Walef Roberto Carvalho
Orientador: Fábio Carli Teixeira
Coorientadora: Lourdes Costa

5) COMMUNICCAR
Alunos: Bruno Moreira Fernandes
Mendes, Marcos Henrique Bontempo
e Pedro Henrique Silvério.
Orientador: Fábio Carli Teixeira
Coorientadora: Lourdes Bernadete

Oferecimento:

quinta-feira, 22 de março de 2012

CHEGOU A HORA DE VER QUEM É QUEM!

PRÓXIMA TERÇA, TODO MUNDO NA CÂMARA!

MANUAL DO ELEITOR ESPERTO

Esse é o chamado Eleitor Corrupto.
- Você deixaria um malandro tomar conta do seu dinheiro?
 
-Você deixaria um irresponsável decidir como o seu filho serIA tratado em caso de uma grave doença?

-Você daria a um desonesto o direito de dizer quanto você deve pagar de impostos?

- Você acredita que alguém que não liga a mínima para a população irá fazer alguma coisa na câmara?

- Você sente-se bem quando é alvo de conversas fiadas e risinhos falsos em ano de eleição?

Olhos abertos, pessoal! 

Tem um bando de gente querendo se aproveitar da gente para fazer a vida através das eleições! Acredite, o seu voto tem poder! Escolha um candidato honesto e capaz para ocupar os cargos públicos! Só assim conseguiremos tornar a nossa cidade um pouco melhor. Quando votamos em pessoas incapazes ou desonestas damos o direito a elas de fazer o que quiserem com o nosso futuro.

SÉRIE - FOTOS ANTIGAS DE POUSO ALEGRE

Avenida Doutor Lisboa - Pouso Alegre

Adelino, o “pai dos pobres”

 Conheça um dos maiores humanistas de que a cidade já teve notícia
Há quem diga que ele foi uma das criaturas mais caridosas que Santa Rita do Sapucaí já conheceu. Outros comentam que ele “dava tudo de si, sem pensar em si mesmo”. No entanto, como dizia seu filho, Rui Carneiro Pinto, “o tempo apaga tudo”. Quase tudo. Nessa edição do Empório de Notícias, contaremos um pouco da vida de “Adelino Carneiro Pinto, também conhecido como “O pai dos pobres”.

No morro do Zé da Silva (Rua Cel. Antônio Moreira da Costa) ficava a farmácia do Senhor Adelino Carneiro Pinto. Num sobrado com grandes escadarias, ficava instalado o seu laboratório e também um consultório onde atendia os clientes vindos de todos os cantos da cidade e da zona rural. Na entrada, dois grandes vasos faziam a decoração da farmácia. Já no laboratório, um jacaré de ferro fazia suporte para a balança que pesava os componentes das poções que tantas vidas salvaram. Ali, milhares de sais eram misturados através de fórmulas utilizadas para amenizar as dores dos santarritenses.

Nascido em Itamonte no dia 13 de setembro de 1893, Adelino Carneiro Pinto aqui instalou sua farmácia, após se formar pela Escola de Farmácia e Odontologia de Ouro Fino, em 1915. Magro, alto, muito calmo e genero-so, não havia pobre que saísse de sua farmácia desiludido ou desesperado. Todos que ali entravam, encontravam o bálsamo para seus males físicos e, muitas vezes, para as dores morais. Para as pessoas mais humildes “Siô Dilino”, ou “Pai Dilino”, era quase um santo.

Uma de suas histórias

Eram nove horas da manhã quando entrou na farmácia um senhor alto, muito bem vestido e de boa aparência, aparentando uns 40 anos de idade. O homem foi logo perguntando: “Quem é o dono da farmácia?” Encostado no balcão o senhor aguardou a presença do “Seu Adelino”.

- O senhor tem morfina?
- Desculpe, mas nós só vendemos com receita.
Neste momento, o homem tirou um revólver da cintura, apontou para os dois farmacêuticos e disse:
- Ou me vendem a morfina ou morrem os dois.

Seu Adelino, sem alternativa, foi até o armarinho de medicamentos controlados e pesou a quantidade exigida da droga. O homem agradeceu, desculpou-se, teceu alguns comentários sobre o horror de ser viciado e saiu apressadamente com o revólver na mão. Fugiu. Seu Adelino teve dó mas, mesmo assim, chamou a polícia local que o encontrou na construção da Escola Normal, debaixo da escada, já sob efeito da droga. Quando o homem saiu do êxtase, logo foi levado à delegacia. O farmacêutcico não o abandonou. Mandou-lhe cobertores e alimentos. O homem ficou preso por mais três dias, quando Seu Adelino retirou a queixa e o encaminhou para um tratamento especializado em uma cidade vizinha. Na verdade, era vítima da dependência, não um bandido.

Varíola

Outro fato interessante foi quando ele salvou a vida de uma vítima grave de Varíola. Mesmo sabendo que, apesar de vacinado, seria acometico pela terrível febre que marca o início da doença, Adelino ficou dois dias com seu filho cuidando do paciente. Até a doença abortar por efeito da vacina, ele passaria dias ardendo em febre.

As diversas atribuições

No início do século XX a população carente era muito grande e os recursos eram mínimos. Nesse cenário, o senhor Adelino servia com gentileza e prontidão. Com o passar dos anos, o bondoso farmacêutico começou a ser referido como “O pai dos pobres”. O fato é que ele marcou época. Muitas pessoas não sabem, mas nosso homenageado teve um papel fundamental em acontecimentos históricos decisivos de nossa vida local. Adelino foi Inspetor escolar durante muitos anos, foi fundador e diretor da Sociedade Filantrópica Santa-ritense (que depois se transformou em Sociedade de Assistência aos Pobres) e fundador da Cooperativa Agropecuária local. Membro influente da Loja Maçônica “Caridade Sul Mineira”, Adelino foi seu presidente por mais de uma vez. Outra atribuição que lhe foi confiada foi a presidência do Centro Espírita “Amor e Caridade Santa-ritense”. Adelino também foi fundador da Casa de Vitor (Lar da Criança Pobre) e vereador por diversas legislaturas. Diretor e professor do Instituto Moderno de Educação e Ensino, suas palavras de carinho até hoje são lembradas por seus antigos alunos.

Na década de 20, Adelino foi convidado, para se tornar diretor do velho Ginásio. Não tendo como negar o convite, assumiu por dois anos a direção. Algum tempo depois, já esgotado pelo trabalho incansável, seu coração começou a fraquejar. Os pés inchavam e já não podia subir as antigas escadarias, pois lhe faltava o ar. Nessa época, ele teve que abandonar parcialmente as lides farmacêuticas. O fato é que, depois dessa enfermidade, ele precisou reduzir, e muito, o seu ritmo de trabalho.

O Adeus
Casado com Geni Carneiro Pinto e pai de 6 filhos, aos 70 anos de idade este grande farmacêutico e humanis-ta comoveu toda a cidade. Em 14 de julho de 1964, Santa Rita perdia um de seus mais diletos filhos adotivos. Naquele dia, Adelino terminava seu compromisso na terra mas tornava-se imortal em muitos corações de pais, mães e pessoas que encontraram em suas palavras e medicamentos o cari-nho, o conforto e o apoio de que tanto precisavam. Sua morte encheu de tristeza todas as ruas de Santa Rita e estampou nas páginas da história o exemplo de virtude que norteou toda a sua existência.

Oferecimento:

Mentira Históricas sobre Tiradentes

O dicionário define mentira como falsidade, juízo falso e algumas pessoas a utiliza como prato do dia. Há muito tempo, lá pelo início da era Moderna o filósofo Voltaire, enciclopedista e iluminista, dizia aos amigos: “ Mentez, mentez, mons amis..” Mintam, mintam meus amigos, se vocês quiserem destruir uma pessoa devem falar mal dela, quer seja verdade ou mentira. Se for verdade, ela ficará arruinada, mas se for mentira, e mesmo que esta seja provada, alguma dúvida ficará.

A História, principalmente a do Brasil, está cheia de falsidades que foram difundidas, algumas por  falta de conhecimento, como o erro sobre Pedro Álvares Cabral descobrir o Brasil, e outras fabricadas por maldade, para denegrir  a pessoa como é o caso de algumas idéias sobre Tiradentes, Joaquim Norberto escreveu sua História do Brasil no segundo Império, no governo de D.Pedro II, da casa de Bragança de Portugal. Para agradar aos portugueses que residiam no Brasil e ganhar as boas graças do Imperador, ele deturpou a História, inventando mentiras e calunias sobre o líder inconfidente. De todos os lideres inconfidentes, Joaquim José da Silva Xavier era aquele que não tinha estudado na Europa, não frequentara Coimbra e não conhecera Paris. Então foi fácil pra o autor levantar a hipótese de que Tiradentes não poderia ser o líder de poetas, advogados, desembargadores e sacerdotes. Não havia lógica, pois Tiradentes não tinha títulos. Durante muito tempo se falou que ele foi um bode expiatório, que a ele foi colocada a culpa para poder resguardar a honra dos verdadeiros líderes

A História mostra, através dos documentos dos Autos da Devassa que Joaquim Norberto estava errado, pois o depoimento de todos os envolvidos aponta a liderança, a estima, a admiração a Tiradentes.  A tenacidade, o desassombro e a coragem fizeram de Joaquim José a principal figura inconfidente,  que embora não tivesse freqüentado as escolas européias,  tinha conhecimentos do latim, do francês e do inglês. Sua liderança é tão nítida que os companheiros, entre tantas idéias apresentadas, escolherem para bandeira do movimento a sua proposta de um triangulo representando a Santíssima Trindade. Poxa,  ter  uma representação religiosa num movimento político-revolucionário. Isto sim é liderança. Com um exemplar da Constituição da América de baixo do braço o intrépido inconfidente fazia calorosa propaganda republicana recebendo por isso o apelido de O República.

É de Tiradentes o plano para abastecimento de água no Rio de Janeiro que seria feito com a construção de um aqueduto de arquitetura romana , em arcos, para captação das águas do rio Andaraí e o Maracanã. Esse plano só não foi realizado porque Tiradentes  foi preso,  declarado infame e assassinado. Na época de D. João, como continuasse o problema da falta  de água na cidade, o aqueduto foi construído mas dele ,hoje,só restaram os Arcos da Lapa.Também de Tiradentes é o traçado da estrada que liga  Juiz de Fora ao Rio de Janeiro passando por Petrópolis. Estes fatos argumentam por si mesmo a importância de Joaquim José, não só no âmbito da Inconfidência como também no social.

A sentença de D. Maria I contra os inconfidentes teve lances pitorescos como o de condenar um dos  presos a sofrer chicotadas dando nove voltas em torno da forca, mas o pior foi o do esquartejamento de Tiradentes condenando –o a morrer, na forca,  morte natural e para sempre.

VERBALIZE - INFORMATIVO DIGITAL DA ETE FMC

Santa Rita na mira das Forças Armadas

Ministério da Defesa está mapeando cidades com potencial para produzir material para o segmento e vale eletrônico recebe visita

O Ministério da Defesa começou no Rio de Janeiro e em Minas Gerais um amplo levantamento para mapear a capacidade da indústria nacional de atender as demandas de equipamentos, tecnologias e insumos das Forças Armadas, apurando também as vulnerabilidades do setor na concorrência com os produtos importados. A determinação do governo é de elevar o conteúdo de nacionalização das compras na área de defesa e estimular as fábricas brasileiras. Foi o recado dado nessa quarta-feira aos industriais do chamado vale da eletrônica de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, pelo general Aderico Visconte Pardi Matttioli, diretor do Departamento de Produtos de Defesa, da Secretaria de Produtos de Defesa, criada no ano passado pelo ministério.

"O governo entende que a defesa pode alavancar a base industrial nacional, o desenvolvimento de tecnologia e as exportações nessa área", disse em reunião com empresários de 10 empresas interessadas em atuar no segmento, das quais quatro já vendem produtos para as Forças Armadas. Além do trabalho de mapeamento da indústria brasileira, o Ministério da Defesa está empenhado numa política institucional de aproximação com os vizinhos da América do Sul, que pode criar oportunidades de negócio a partir da integração das tropas. "Muito mais que uma ameaça, essas parcerias representam oportunidades para o Brasil", afirmou.

Mattioli não soube informar o orçamento do ministério para este ano e nem como as compras podem evoluir, mas empolgou os empresários e os representantes do Conselho da Indústria de Defesa e Compras Governamentais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), organizador do evento. O presidente do conselho, Marco Antônio Castello Branco, observou que, para a manutenção da capacidade operacional da indústria brasileira que abastece o sistema de defesa no país, são necessárias compras rotineiras de R$ 4 bilhões por ano. O contingenciamento dos gastos da União neste ano, portanto, preocupa o setor.

Santa Rita do Sapucaí tem potencial para ser um fornecedor de excelência de peças e partes de produtos finais, como armamento e motores de veículos de defesa, avalia Roberto Souza Pinto, presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel). "Plantamos, hoje, a semente de um novo segmento que as nossas empresas começam a pesquisar e a desenvolver." Segundo ele, as indústrias da cidade têm condições de investir no fornecimento ao sistema de defesa nacional de sensores de automação, de sistemas de segurança e de acionamento e controle a distância. 

terça-feira, 20 de março de 2012

Médico do Detran pediu R$ 50 para o café, diz testemunha

O homem que conseguiu flagrar a cobrança de propina por um médico de uma clínica credenciada pelo Detran na manhã desta terça-feira (20) em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, disse que o profissional pediu R$ 50 "para o café", para que ele pudesse ser aprovado em um exame oftalmológico.

Na hora de fazer o exame de vista para renovar a carteira de motorista, o gesseiro Alessandro Dutra Rosa teve uma surpresa. Ele diz que nunca precisou usar óculos, mas que o médico afirmou que o rapaz não estava enxergando bem. Segundo Rosa, aos poucos, a conversa do oftalmologista foi ficando diferente. "Em determinado momento ele me disse: você me dá um café e eu te ajudo", disse a testemunha.

Rosa disse ter concordado em pagar a propina e marcou um novo exame para a manhã desta terça-feira. Mas antes, ele conversou com o advogado dele e comunicou a situação à Polícia Militar. Com um celular, ele gravou a conversa dos dois durante o exame. Na gravação, o médico diz que a testemunha está enxergando melhor, mas que mesmo assim, poderia aumentar a nota do rapaz. "Você tirou 6, mas posso dar um jeito de você tirar 8". Na gravação, o médico ainda pergunta se o rapaz quer passar como usuário de óculos ou não.
Logo após a consulta, a polícia entrou no consultório e o médico foi preso em flagrante por corrupção ativa.

O Caso
O médico de 48 anos foi detido na manhã desta terça-feira (20) em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, por corrupção ativa. Segundo a Polícia Militar, o médico, que presta serviços para um clínica credenciada pelo Detran, tentou cobrar R$ 50 de propina de um homem que foi renovar a carteira de habilitação para que ele fosse aprovado em um exame oftalmológico.

Ainda conforme a polícia, o mesmo homem já havia sido reprovado por duas vezes na clínica. Ele então procurou um médico particular que constatou que ele não tinha nenhum problema de saúde. O homem voltou a marcar novo exame na clínica do Detran e preparou o flagrante. De acordo com a polícia, ele gravou toda a conversa que teve na clínica e ainda tirou uma fotocópia da cédula de R$ 50 pedida pelo médico como propina.

O médico, que é ginecologista e clínico geral, foi levado para a delegacia, onde prestou depoimento. A delegada que investiga o caso informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. A reportagem do G1 tentou contato com o advogado do médico, mas até esta publicação, ele não foi localizado.

Fonte

Retratos da minha cidade ( Por Carlos José Kallás)

Em meados do século XX, Santa Rita guardava um ar bucólico. A cidade, encravada num vale, cercada de montanhas, banhada pelo Sapucaí, distava a poucos passos da zona rural. As ruas periféricas chamadas de: dos Marques, da Pedra, do Queima e da Ponte eram as vias de acesso à cidade. A quase ausência de veículos automotores era  compensada pelos carros de tração animal, como: charretes, carroças e, eventualmente, carros de boi. Era comum, nas ruas citadas, depararmos com cavaleiros transitando, uma vez que elas abrigavam vários estabelecimentos comerciais. O perímetro urbano dispunha de casas com pomares repletos de frutas, hortaliças, pocilgas e vacas leiteiras. Era o campo na cidade. Um detalhe curioso é que, geralmente, as propriedades eram rodeadas de cercas feitas de taquara e cobertas com chuchuzeiros.
Com poucas, ou quase nenhuma indústria, a cidade tinha como fatores econômicos a agricultura e a pecuária. O café, o leite e seus derivados, representavam o ponto alto da economia além, é claro, da produção de grãos. Em relação ao ensino, dispunhámos do Instituto Moderno de Educação e Ensino (Ginásio); a Escola Normal (hoje Escola Estadual “Sinhá Moreira”); o Grupo Escolar (hoje Dr. Delfim Moreira, Grupão); os Baudinos e a Escola de Comércio.
A Praça

A atração da cidade era a praça. Ocupando uma área retangular extensa, dispunha de um belo jardim florido, uma grama bem cuidada, arbustos de ciprestes bem podados em forma de cones, dois coretos, a fonte luminosa e bancos de cimento, estrategicamente  distribuídos para proporcionar conforto àqueles que não dispensavam o prazer de observar o lufa-lufa da praça. Havia uma passarela contornando o jardim, ladeada por um passeio em ressalto ao redor. Ela comportava os jovens que, em alas de 3 ou 4 pessoas, tinham do lado direito os homens e do lado esquerdo as mulheres, em constante movimento circular. Os primeiros, giravam em sentido horário,  em contraposição às mulheres, em sentido anti-horário. Sempre na ala feminina, estavam os casais de namorados e os noivos e casados. No entanto, os namorados, nem de leve, podiam se tocar às mãos. Essa prerrogativa era premissa dos noivos e dos casados. Beijar em público? Nem pensar!
A fonte luminosa funcionava, basicamente, aos domingos. Com suas águas multicoloridas, em evoluções constantes, era deleite para aqueles que a circundavam. Em ocasiões especiais, o primeiro coreto, próximo da Igreja Matriz, abrigava a banda de música carinhosamente apelidada de “Furiosa”, capitaneada pelo saudoso “Zequinha Major”. A retreta era apreciada e aplaudida pela multidão. A saudosa praça, hoje transformada, foi testemunha de incontáveis conquistas amorosas que culminaram em casamentos que duram até os dias atuais.
Bar Trianon

Via de regra, antes do início das sessões de cinema, funcionava no próprio prédio, um serviço de alto-falante. Além da programação dos filmes a serem exibidos no mês e comentários sobre os mesmos, também se ouviam músicas da época e intervalos comerciais. Tão logo a exibição do filme começava, a programação se encerrava e tinha início o serviço de alto-falante do bar “Trianon” que se situava onde é hoje a “Casa Caruso”. O referido bar oferecia aos seus “habitués”, além das tradicionais bebidas e sinucas, um delicioso cafézinho e também picolés, sorvetes, “toddy”, leite, pastéis, tudo ao gosto do freguês. Entre o bar e o cinema, na extensão  da calçada, ficavam os engraxates. Encostados na mureta frontal ao “Forum” os jovens ofereciam seus pés calçados com “Scatamacchia”,  “Polar” , “Tank” entre outras marcas tradicionais de sapatos, para que fossem polidos. Muitos engraxates se notabilizaram pela destreza com  que manipulavam a flanela de polimento. Dentro das suas caixas eram guardados os apetrechos de trabalho, tais como: escova para polimento, flanela, escova de dentes, graxa, tinta nas cores marrom e preto ( cores únicas). Ao que me parece ainda não havia a graxa incolor.

O Rio

O rio Sapucaí, com pouca vazão na época, vivia permanentemente cheio e conservava ainda boa parte da mata ciliar. Numa de suas margens, atrás do então “Hotel Melo” (hoje Real Pálace Hotel), posicionavam-se os amantes da pesca com linha e anzol. O rio caudaloso, bastante piscoso, oferecia uma gama de espécies de peixes, desde os pequenos lambaris, até os maiores como a piaba e o dourado. O ponto de encontro dos pescadores era junto ao famoso “bosteiro” (com o perdão da má palavra), local de grande concentração das mais variadas espécies. O generoso rio oferecia  alimento de graça a quem se dispusesse a pescá-lo.
O Clube
 
O Clube Santa-ritense, ponto de encontro das elites, além de bailes, oferecia aos seus associados salões de jogos de cartas, biblioteca e sala de música. Os bailes eram realizados em ocasiões especiais, tais como: Carnaval, 11 de agosto, Primavera, Festa de Santa Rita e, eventualmente, na vinda de algum artista famoso da música popular ou de alguma orquestra famosa das muitas que se espalhavam pelo país. Os populares Centro Operario e “José do Patrocínio” (Mimosas Cravinas) tinham no 1º de maio e 13 de maio as suas festas maiores. Afora isso, normalmente, nos finais de semana, ocorriam bailes comuns dos quais participavam, além dos sócios, a população em geral. Próximo a esses clubes ficava o famoso bar do “Bueno” frequentado principalmente pelos jovens que ali faziam suas libações, degustando bebidas de época como: “rabo-de-galo”, “caipirinha”, “high-fi” , “traçado”, “cuba-libre”, além de pinga e cerveja.
A Era do Rádio

Naquela ocasião, o rádio era ouvido naturalmente. Além da emissora local, era costume se ligar na famosa Rádio Nacional, em cuja programação se destacavam as “rádio-novelas”, noticiários como o famoso “Reporter Esso”, as paradas de sucessos musicais capitaneadas pelo querido César de Alencar (aos sábados das 16h00 às 18h00) e o inesquecivel Jorge Cury (aos domingos, ao meio-dia) que tinha o cantor Francisco Alves como pano de fundo. Mais à tarde, Jorge Cury ainda apresentava um programa de calouros, intitulado “A hora do pato”. Isto, sem contar com as quentes tardes esportivas, também “irradiadas” por ele mais o Antonio Cordeiro, com os jogos realizados na então capital Federal, o Rio de Janeiro.
O Cinema
 
O cinema era uma atração permanente. De segunda a sábado, o horário de funcionamento das sessões era o das 20 horas. Nos domingos, além da sessão vespertina, destinada principalmente às crianças, havia a sessão noturna que se iniciava também às 20 horas, exceção feita quando o filme era um clássico épico ou bíblico. Neste caso, as sessões se desdobravam nos horários de 18 e 20 horas. O prédio de funcionamento do cinema é o mesmo conservado até hoje, com pequenas modificações. Além da parte térrea, existem duas galerias: a primeira, com espaços reservados às autoridades e a segunda - a geral - popularmente chamada de “galinheiro”, destinada  ao frequentador de baixa renda. À guisa de observação, o cinema era, em algumas ocasiões, refúgio para os casais que pretendiam se bolinar. Havia moças que se prestavam a permitir um “rapa”, expressão que definia o popular “mão-nas-coxas”, somado a outros atos libidinosos. Algumas vezes, eram ouvidos suspiros inesperados que nada tinham a ver com o drama que se desenrolava na tela ou, em outras ocasiões, o estalido de um tapa desferido em alguém que escolhia a “caça” errada.

A iniciação sexual dos jovens se dava na famosa rua do “Brejo” (o nome verdadeiro é rua 13 de maio). Em toda a extensão da rua, proliferavam as casas de tolerância, destinadas à exploração do lenocínio. Mulheres famosas distribuíam seus favores sexuais remunerados a inúmeros jovens, ensinando-os a “doce arte de amar”. A rua, de má fama, condenada pela sociedade conservadora dos bons costumes, frequentemente era palco de sangrentas porfias, muitas vezes trágicas.

Vários dos nossos jovens migravam para centros maiores em busca dos seus sonhos de estudo ou trabalho. Os que estudavam, retornavam à cidade nos períodos de férias escolares ou, eventualmente, em ocasiões de festas, como a de Santa Rita. Os que trabalhavam, quando possível, vinham nessas ocasiões ou quando tiravam férias nos seus respectivos trabalhos. Nessas ocasiões, a cidade se tornava festiva. A população da cidade crescia temporariamente fazendo a alegria não só dos pais em receberem os seus filhos, como a dos habituais frequentadores da praça que se fartavam em ouvir as novidades. Interessante é lembrar que muitos dos nossos jovens, ao retornarem eventualmente à terra de origem, traziam no linguajar o sotaque dos locais em que moravam. Muitos carregavam nos “erres” e “esses”, causando uma espécie de gozação aos seus interlocutores.
O Futebol

O futebol era uma das nossas grandes paixões, tanto dos praticantes, como admiradores. A população se dividia entre os seus clubes locais preferidos: Flamour, Flamengo, Madureira, Minas Gerais (Cabeça de vaca), América, Botafogo, dentre outros. Os jogos eram realizados aos domingos e levavam multidões ao estádio. Santa Rita, também no esporte, revelou inúmeros atletas que se destacaram no cenário nacional e internacional. Também, aqui, aportaram times egressos dos grandes centros como o Flamengo, o Vasco, o São  Paulo e a Portuguesa.
Os eventos cívicos
 
Nos eventos cívicos, principalmente no da Independência, eram tradicionais os desfiles das escolas com todo o seu contingente. O “Tiro de Guerra”, pela sua tradição militar, era o mais imponente sem contudo deslustrar o brilho das escolas. A concentração final dos desfiles se dava em frente à escadaria da Igreja Matriz, local em que se reuniam as diversas autoridades e onde se consumavam os discursos laudatórios, alusivos à ocasião.

Esses excertos são “flashes” de parte da história de Santa Rita, vivenciados por mim na  década de 1950. Quando se iniciou a transformação da cidade, ainda no final dessa década e início da seguinte, eu não me encontrava mais morando aqui. No entanto, gostaria que outros conterrâneos que passaram pela mesma experiência minha, se dispusessem  a relatar fatos interessantes da nossa  querida cidade o que, de certa forma, nos trará muita alegria  e boas recordações.
Uma crônica enviada pelo amigo Carlos José Kallás

Oferecimento:

segunda-feira, 19 de março de 2012

SÉRIE - FOTOS ANTIGAS DE POUSO ALEGRE

Teatro Municipal de Pouso Alegre, em 1918.

Alunos da ETE são vencedores da Principal Feira de Ciências e Engenharia do Brasil e comentam participação no evento

MOSTRA DO COMÉRCIO DE SANTA RITA DO SAPUCAÍ


Bentinho, o santarritense que conquistou o Brasil

 Viagens sonoras

Na era do rádio, inúmeros artistas deixaram os mais remotos rincões do país para se transformarem em lendas que habitam o imaginário popular até hoje. Como ainda não existia televisão até a primeira metade do Século XX, a diversão do brasileiro era reunir a família em torno do aparelho disposto no alto da estante e viajar por suas melodiosas ondas. Em Santa Rita do Sapucaí não era diferente. Nossos conterrâneos também se encantavam com essa grande invenção. Entretanto, para nós, havia um estímulo a mais naquele ritual. Dentre os grandes artistas que figuravam no repertório das maiores emissoras nacionais, estava Bentinho, um querido santarritense.

Simplesmente Zezinho

José Antônio Vono Filho. Era esse o nome de Bentinho. Nascido no dia 24 de abril de 1914, o futuro nome da música brasileira de raiz era conhecido na cidade como Zezinho. Sua paixão pela música teve início logo cedo, incentivada pelo pai. Aos 8 anos, o menino já recebia suas primeiras aulas de piano. A austeridade de sua mãe fez com que ele não perdesse o foco nos estudos e transformasse sua criatividade em evoluções sonoras.

Aos 14 anos, Bentinho já dominava muito bem o piano e não tardou que a orquestra da cidade o convidasse a fazer parte do grupo. Na adolescência, já era chamado pelos conterrâneos de “maestro” e tocava no Cine Theatro Santa Rita, quando os filmes ainda eram mudos. Como ele sabia todas as músicas de cor, ia vendo o filme e dedilhando. Muitas vezes, se identificava tanto com a trama que se desconcentrava e esquecia a música, mas sempre dava um jeitinho. Em uma das grandes enchentes que atingiram a cidade, Bentinho chegou ao cinema e encontrou o piano boiando. Foi preciso reunir outros músicos e ficar segurando o instrumento no ar até a água baixar.

Mal terminou seus estudos no Instituto Moderno de Educação e Ensino, Bentinho se mudou para Belo Horizonte onde se matriculou no curso de Química Industrial da Escola de Engenharia da Universidade de Minas Gerais. Para chegar à capital do estado, era um sacrifício: 36 horas de trem, com 3 baldeações. Sempre que precisava telefonar para casa era preciso mandar uma carta, alguns dias antes, para que os pais esperassem a ligação na companhia telefônica.
O início no rádio

Um ano após o surgimento da Radio Inconfidência, uma das mais importantes emissoras do país, Bentinho iniciou carreira artística seguindo os passos do irmão mais velho, o médico Vicente Vono, que se tornou famoso em 1936 com o nome de “Cumpadre Belarmino”. O sucesso de seu irmão era tão grande que, conta-se, um dos ouvintes viajava 10 léguas para chegar a um armazém com rádio, só para escutar o programa. “Eu trabalhava com o meu irmão que era muito bem relacionado em Belo Horizonte. Nas folgas da escola de Medicina, ele saía com sua turma pelas praças e avenidas da cidade fazendo shows para conseguir dinheiro para comprar livros e custear a festa de formatura. Nessa época, devido ao grande sucesso dos shows, ele conheceu Benedito Valadares, Israel Pinheiro e Juscelino Kubitschek, que ainda não eram famosos, mas que o incentivaram a iniciar carreira na Rádio Inconfidência.” - relembrou Bentinho.

Começando de baixo

Na Rádio Inconfidência, Bentinho atuava como uma espécie de secretário do irmão mais velho, abrindo cartas e datilografando piadas. Quanto mais ele vivia aquela realidade, mais certo ficava do que queria fazer da vida. Para ele, os “200 Merréis” que faturava por mês eram mais que bem pagos para que fizesse o que tanto gostava.

A viagem ao Rio de Janeiro

Após sua formatura em Química Industrial, Bentinho foi para o Rio de Janeiro onde começou a trabalhar em uma fábrica alemã de Anilinas (Corantes). Lá, hospedou-se na pensão dos pais das cantoras Linda e Dircinha Batista, então estrelas da Rádio Nacional. Todas as noites, quando chegava do trabalho, Bentinho alegrava a todos contando causos engraçados com humor e música. Ao ver os espetáculos, as irmãs Batista sentiram que ele tinha uma grande força artística e o incentivaram a fazer um teste na Rádio Nacional. Bentinho foi contratado em 1938, em um Programa chamado “Noite na Roça”. Naquele mesmo ano, figurou no filme “Banana da Terra”, junto com Linda e Dircinha Batista, Emilinha Borba, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Aurora e Carmen Miranda. Foi nesse filme que “A Pequena Notável”, Carmen Miranda, apareceu pela primeira vez com o famosíssimo traje de baiana.

Com a visibilidade que ganhou na capital do país, Bentinho foi convidado a criar parceria com Alvarenga, formando a dupla “Alvarenga & Bentinho”. A união não era definitiva. O santarritense apenas substituía “Ranchinho” que, não raramente, tomava um chá de sumiço. Como o cantor titular - sempre que voltava - reivindicava seu lugar na dupla, Bentinho resolveu se juntar ao artista “Xerém” e formar a parceria que o tornou realmente famoso. Desde então, a dupla “Xerém & Bentinho” virou atração cativa em grandes rádios como Mayrink Veiga, Nacional e Tupi.
O sucesso

Com o sucesso da parceria, Xerém e Bentinho conseguiram uma grande popularidade e, assim como o rádio alcançava os mais afastados recantos do país, a dupla passou a excursionar por tudo que era canto. Quando não encontravam palco, atuavam em cima de mesas de bilhar, caixotes de banha ou em vagões da estrada de ferro. Juntos, gravaram cerca de 40 discos “78 rotações”. Um de seus grandes sucessos, a canção “Avoa Jacutinga”, vendeu cerca de 30 mil cópias. Um fenômeno para a época.

Ao término da parceria, em 1956, Bentinho retornou a Belo Horizonte. Ele dizia que havia saído muito cedo de Santa Rita do Sapucaí e queria estar mais próximo de sua mãe, já velhinha. Na capital mineira, passou a apresentar o programa “Hora do Sertão”, patrocinado pelos “Fogos Caramuru. Os únicos que não dão xabu.”, dentre outros anunciantes. O artista tocou o seu programa até o início da década de noventa, quando se mudou para São Gonçalo do Sapucaí, onde faleceu no ano de 1993. Como não poderia ser diferente, o sepultamento aconteceu em sua amada terra: Santa Rita do Sapucaí, com a presença de muitos entes queridos.
Homenagem

Em Santa Rita do Sapucaí, grande parte dos habitantes não sabe que uma figura tão ilustre dos anos de ouro do rádio compartilhou conosco a mesma origem. As únicas referências que nossos conterrâneos tinham é que o artista fazia parte da querida família Vono, famosa na cidade pela inteligência e criatividade em tudo o que empreendem. Hoje, cabe a nós a feliz missão de homenagear este homem que tantas alegrias trouxe ao país e fazer com que nossa terra relembre um nome que projetou nossas tradições através dos potentes transmissores de ondas curtas.

Texto baseado na obra “Ô Trem bão Danado”, escrito pelas filhas de Bentinho, Augusta Vono e Ana Vono. Agradecemos também a ajuda imprescíndível do neto do artista, Geraldo de Campos Carvalhaes Neto, que zela  por um rico acervo.

Oferecimento:

ANIMAIS SOLTOS NO CENTRO DA CIDADE COMEM LIXO E ATRAPALHAM O TRÂNSITO

Pela segunda vez nesta semana, dois animais foram vistos soltos nas imediações da Rua Cel. Antônio Moreira da Costa. Na se sabe quem é o proprietário, mas os transtornos têm sido frequentes, já que eles reviram os sacos de lixo, espalham sujeira nas calçadas, atrapalham o trânsito e assustam os pedestres. Pedimos às autoridades que tomem providência quanto a isso.


domingo, 18 de março de 2012

Waldir de Luna Carneiro, o Shakespeare de Alfenas (Por Milton Kennedy)

Esta é uma das seções do blog que aprecio muito fazer: retratar em desenhos personalidades conhecidas de Alfenas. E hoje o homenageado é o escritor, jornalista, leitor voraz e eterno apaixonado por teatro, Waldir de Luna Carneiro, que com mais de 60 anos dedicado à dramaturgia, possui dezenas de peças escritas e outras tantas encenadas.

O Sr Waldir é natural de Santa Rita do Sapucaí (07/03/1921), porém adotou Alfenas como sua casa em 1938. Quando jovem, trabalhou com arquitetura e no período que serviu a Força Expedicionária Brasileira (no Rio de Janeiro) desenhava histórias em quadrinhos satirizando os momentos difíceis do quartel.
  
Waldir de Luna Carneiro é um dos nomes mais homenageados do teatro mineiro. Em 2002 foi agraciado pelo Governo de Minas Gerais com a “Medalha da Inconfidência” por seus trabalhos no campo da literatura e dramaturgia; e em 2005 recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela Unifenas (yeah, eu tive a honra de estar presente nesta homenagem).
Viúvo da professora Zélia Amaral Carneiro, tem sete filhos, e apesar de já ter passado um pouco dos 90 anos, continua lúcido, ativo e ainda escrevendo para teatro e jornais.

Curiosidade: o Sr Waldir já escreveu de tudo: comédias, dramas, contos, livros infantojuvenis e até roteiros para cinema. O filme “O levante das saias” de 1967 é de sua autoria. Este longa metragem foi todo rodado aqui em Alfenas e o tema gira em torno da revolta das mulheres em relação aos seus maridos.

Quer saber mais sobre esta matéria? Clique aqui

sábado, 17 de março de 2012

SÉRIE - FOTOS ANTIGAS DE POUSO ALEGRE

Palácio Episcopal em 1906. Atual Colégio São José.

Os Leões da casa do Doutor Antenor

 Na esquina da Praça Santa Rita com a Rua Silvestre Ferraz ficava localizada a residência do Doutor Antenor Pinto de Almeida. Em sua entrada, existiam dois leões que enfeitavam a bonita residência e causavam a admiração de muitos santarritenses. Todos chamavam aquela residência  de “A casa dos leões”. Algum tempo depois, os leões sumiram do local. Sem saber que fim tiveram aquelas pequenas esculturas, muitos santarritenses comentavam depois para onde elas teriam ido.
Durante a realização da matéria sobre o Doutor Antenor, sua filha, Estela, nos contou que eles haviam sido levados para a fazenda do irmão e que, ao ser vendida,  foram levadas para a casa do novo dono: o Sr. Luiz Carlos Morais Carneiro. Desde então, os leões enfeitam a casa de Dona Leila, sua esposa, e podem ser vistos ao lado.

Oferecimento:

As Espirais

Você conseguiria imaginar a possibi-lidade de alguns cacos de vidro saltarem do chão e se transformarem em um copo em cima de sua mesa de jantar? Isso não acontece porque toda manifestação inteligente é proveniente de um impulso inteligente. Tudo na natureza tem uma lógica, uma inteligência por trás. O que está em aparente desordem, significa que ainda está em movimento, em direção à perfeição.

O movimento traçado por esse impulso inteligente acontece em forma de espirais. As mesmas formas dos caracóis marinhos. Esse movimento nos mostra que repetimos sempre situações parecidas, entretanto, estamos sempre um nível acima. Os homens de bem, tratam de tornar as espirais largas, distanciadas umas das outras. Enquanto os menos esclarecidos criam suas espirais estreitas, amontoando erros sobre erros para alcançarem a perfeição que lhes foi destinada. 

Quando entendemos esse impulso criador, podemos acelerar o processo evolutivo e evitar o nosso sofrimento. Sofre quem não entende. Entretanto, se ainda estivermos adormecidos sobre os desígnios de Deus, somos arrastados pela correnteza evolutiva, assim como os animais são guiados pela inteligência natural, o qual chamamos de “instintos básicos”.

Mas qual seria a forma mais proveitosa de percorrermos tais espirais? Como torná-las mais distantes? A maneira mais rápida de crescermos é através do exercício do amor, que pode ser caraterizado pela Caridade ou “Destilação do espírito”.

(Carlos Romero Carneiro)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Qual é o elo entre o escritor Ziraldo e Santa Rita do Sapucaí?

Texto produzido pelo próprio Ziraldo:

Ao terminar o velho curso científico em Caratinga, eu ainda não sabia, com muita exatidão, o que ia ser na vida. Ou melhor: não sabia que título de doutor ia oferecer a meu pai. Também não estava muito certo se devia ir para o Rio de Janeiro ou para Belo Horizonte, em busca do meu futuro. Havia feito o Tiro de Guerra na minha cidade e, dessa obrigação, já estava livre. Como os trilhos da Estrada de Ferro Leopoldina começavam no centro do Rio de Janeiro e terminavam quase na porta da minha casa, tudo me levava a crer que era só pegar a minha malinha, ir com a minha mãe até a porta e meu pai até o porto – ou melhor, estação – e desembarcar na capital da república. Acontece que, naquele ano de 1951, com a exata metade do Século XX começando, os heróicos aviões bimotores salvados da Grande Guerra – os durabilíssimos DC-3 – começaram a voar de um pequeno e precário aeroporto um pouquinho mais distante da porta da minha casa, mas com a capacidade de chegar muito mais depressa do que os trens da Leopoldina à outra capital, Belo Horizonte. Um pequeno fato marcou a minha vida e o destino de uma comunidade inteira. Mudou tudo: hábitos, modas, costumes, influências, sonhos tendências, projetos, escolhas, conceitos, tudo. O que sempre me levou a perguntar: que sutil movimento da Terra muda nossos rumos, altera a direção que não depende de nossas escolhas? Em que momento, por exemplo, uma vida não exatamente ligada à nossa se torna, para nós, uma existência humana transformadora? Qual a possibilidade do vôo do avião guerreiro traçar novos ares para o destino comum de um grupo?

Quando vários contemporâneos meus, que viviam numa cidade pequena como era a minha Caratinga, voltados também de costas para Belo Horizonte – os olhos mirando São Paulo, como nós mirávamos o Rio – decidiram que a capital mineira era o seu destino, nós, juntos, descobrimos que alguém tinha movido as pedras do tabuleiro de nossas vidas.

Foi numa república de estudantes que nos encontramos para ficarmos amigos para o resto da vida: os meninos de Caratinga e os meninos de Santa Rita do Sapucaí. Voam os anjos que decidem nossos destinos. No nosso caso, os alterados – no sentido contido neste texto – os rapazes de Caratinga, nosso anjo alterador, foi um avião. No caso dos protegidos da santa das causas impossíveis do rio Sapucaí, foi um anjo mais plausível; pra mim, quase uma visão. Quando descobri que seu nome era Sinhá, imaginei uma doce velhinha velando por seus meninos. Só agora, quase no momento de escrever essas linhas, foi que descobri que ela era – para mim, hoje, passado dos setenta – uma menina iluminada. Depois de dar quase uma volta no nosso planeta, ela retornou à sua terra natal como uma iluminista de outros tempos, com uma visão de mundo e uma generosidade inigualáveis.

Por sorte, nosso grupo de Caratinga não era dos menos brilhantes – pelo menos, éramos muito espertos – mas o grupo de Santa Rita nos encantou pelo seu alto nível de conhecimento e informação. Eles estavam ali por meritória conquista: haviam ganho, por seu talento, a bolsa de Dona Sinhá Moreira, uma de suas inúmeras iniciativas-símbolo.

Nós os invejamos por isso e sonhávamos que Caratinga também pudesse ter a sorte que a comunidade de onde eles vieram havia tido com a transformadora existência daquela mulher extraordinária. Gosto muito de ser o autor desta homenagem a essa lendária figura que marcou muito minha vida. E sonhar que, em cada uma das comunidades de nosso estado, seu povo tenha a felicidade de ver nascer em sua terra um anjo da guarda assim - com consciência social, com desmedida generosidade e uma forma de crer que há um Deus que aponta os anjos que devem nos guiar.

Oferecimento: