terça-feira, 13 de maio de 2014

Globo Esporte: Após grave acidente, jovem atleta de Santa Rita volta a se destacar no triathlon

Tainá se destaca no triathlon, que une natação, corrida e ciclismo (Foto: Reprodução EPTV)

Uma jovem atleta de Santa Rita do Sapucaí tem se destacado no cenário do triathlon nacional. Com apenas 18 anos, Tainá Desidério já foi campeã do X-Terra em 2009 e de uma das principais competições da categoria: o Troféu Brasil de Triathlon,e m 2010. Agora, a jovem se prepara para o desafio mais difícil da carreira, o Ironman 70.3, disputado em Miami, nos Estados Unidos.

Tainá sempre foi uma garota versátil. Ela começou com a natação quando tinha apenas 4 anos de idade e praticou esportes como vôlei e futebol. Com energia de sobra até para tocar violão, ela encontrou a soma perfeita no triathlon.

- Eu sempre gostei de natação, de pedalar e também de futebol, que envolve a corrida. No triathlon eu descobri que posso fazer as três coisas que eu sempre gostei em um esporte só - conta.
Tainá ainda tem energia para tocar violão (Foto: Reprodução EPTV)
No entanto, a principal vitória da jovem foi voltar a competir após um grave acidente. Durante um treinamento em setembro de 2010, a triatleta foi atropelada por um caminhão quando praticava o ciclismo na BR-459.

- Eu fui arrastada por uma boa distância no asfalto até parar. O que eu lembro é que foi um impacto muito forte - relata.
A tesoureira Patrícia de Cássia Gomes trabalha no centro de treinamento que patrocina Tainá e chegou ao local do acidente minutos depois. Ela encontrou a atleta ainda no acostamento da pista.

- Ela estava caída no chão, toda ralada. A bicicleta estava destruída e ficou compactada. Foi difícil vê-la de colete imóvel ali no chão - afirma.

O primeiro diagnóstico foi de paraplegia, perda do movimento das pernas. Tainá saiu do hospital de cadeira de rodas, mas um ano depois já estava de pé e retomando a rotina de treinamento.

- A primeiro prazo era difícil voltar a competir. Foi um choque muito grande, mas desde o começo eu sempre falei para os médicos que eu ia continuar competindo, nem se fosse de cadeira de rodas - destaca.

O Ironman 70.3 acontece em outubro e terá cerca de 8h de competição. Serão dois quilômetros de natação, 80 quilômetros de bicicleta e 21 quilômetros de corrida.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Eu e minha xícara de chá - Por Salatiel Correia

Paris, em um dia qualquer de dezembro de 2013. Estava nessa cidade, a qual tenho por hábito revisitar a cada dois anos. Desço do metrô na Praça San Michel, no coração do bairro famoso pelas livrarias, cafés, pelos majestosos jardins de Luxemburgo e pela Universidade de Sorbonne que lá se localizam: o Quartier Latin. O frio estava de lascar. Entro num café e faço, ao garçom, num francês hoje fluente, meu pedido:
─ Por gentileza, um bolo Madeleine e um chá quente. 

Não se passaram mais que cinco minutos e lá veio o simpático garçom com minha solicitação prontamente atendida. Um bolo Madeleine, uma xícara de chá e Paris. Tudo se encaixava com o maior romance — em tamanho e envergadura — escrito pelo grande escritor francês do século XX: Marcel Proust. Marcel Proust, no seu magistral "Em Busca do Tempo Perdido", expressa, em seis volumes, que totalizam 3 mil páginas, o lento passar do tempo naquela bucólica, mas já cosmopolita Paris do início do século XX, tão repleta de saraus, de passeios a pé pela Avenida dos Campos Elísios.

Degustar uma xícara de chá, para ele, era como voltar à sua primeira infância, passada na pequena Combray, quando Proust lá passava as férias na casa da avó. A vida de criança, as primeiras paixões da adolescência, a vida adulta em Paris, enfim: o lento passar do tempo vinha à memória deste grande escritor, enquanto tomava uma xícara de chá, saboreando um Madeleine. O lento e contínuo fluxo do tempo transcorria.

Confesso que, estar em Paris e repetir o hábito de Proust, já tendo enfrentado sua obra-prima, veio-me à memória a minha Combray dos tempos em que eu era ainda um jovem estudante na pequena e agradável Santa Rita do Sapucaí.

Ao primeiro gole e à primeira mordida no Madeleine, vieram-me cenas do frio de maio, quando eu subia a pé a João de Camargo. Eu ia atrás, na minha frente, seguia  um jovem estudante de uma turma anterior à minha e que, anos mais tarde, tornar-se-ia um grande gestor do nosso querido Inatel: Wander Chaves. Parece que foi ontem, quando, pela João de Camargo, eu trafegava e via o nosso querido professor Justino montado na sua Brasília conduzida vagarosamente. Jaleco branco... a barba preta ornamentava uma alma generosa e ávida por nos transmitir seu imenso conhecimento. Na descida da João de Camargo, a primeira pessoa que me vem à memória, enquanto aprecio meu chá, é a figura mãe dos estudantes que nossa querida dona Hespanha representava para muitos de nós que tivemos o prazer de conhecê-la. Sua figura maternal, na janela de sua casa, vendo os estudantes saírem da escola permanece viva em mim até hoje. Descer a João de Camargo era parar no bar do primo ou do Didi para tomar uma Coca-Cola e degustar um delicioso salgadinho ou, então, parar em frente da casa de meu saudoso amigo Mauro Longuinho para bater um papo.

Continuo a mexer minha xícara de chá e a apreciar mais um pedaço do Madeleine. A imagem que agora embevece meu rememorar de vida santaritense se centra na figura do nosso amigo Rosário Perrota, pai do Giovanni. Parece que foi ontem. Lá estava eu tomando aquela deliciosa coalhada com maçã servida no seu estabelecimento comercial. Lá eu também comprava revistas ou simplesmente jogava conversa fora com seu Rosário e sua encantadora esposa. De quem também me lembro é da saudosa figura do Candião, com seu restaurante na rodoviária, no qual, bom de garfo que sempre fui, almoçava todo o santo dia. Como também se torna uma viva lembrança, para mim, a Casa Marques, de meu dileto amigo José Élcio Marques, também, conhecido, carinhosamente, pelo apelido de Brechó. Brechó é pessoa generosa, um amigo de toda uma vida. Até hoje, quando a saudade aperta, mantenho conversas ao telefone com ele e sua família. Morei bem uns três anos nos fundos de seu estabelecimento. Estão ainda vivas dentro de mim nossos dedos de prosa no findar da tarde.

Mais gole de chá, acompanhado de mais uma degustada no Madeleine, fazem-me lembrar outra figura generosa dos anos vividos na terra de Sinhá Moreira: o Modesto e sua lanchonete.  Para lá ia eu todas as noites apreciar o melhor sanduíche e a melhor vitamina da cidade. O bar do Wladas, com seu bife delicioso, que valia ouro, acompanha meu paladar até os dias de hoje.   

Mais um gole de chá, acompanhado de um pedaço do Madeleine, agora, fazem-me recordar alguns de meus colegas vivos ou que já se foram que habitavam a pequena Santa Rita. É o caso do mais espirituoso deles, o Francisco Martins Portelinha, hoje, professor da Universidade Federal de Itajubá. Do magnata Toninho Maglioni, dono do supermercado Alvorada; do sempre risonho Cláudio Dias da Costa; e daquele cuja timidez e inteligência caracterizavam seu ser: o Carlos Guerra Godoi. Outro colega do qual não me esqueço é do Flavinho Ulhôa. Este exalava em todos nós aquela tranquilidade típica dos monges tibetanos. Pena não estar mais entre nós um de meus mais próximos amigos e do qual me tornei um habitué de sua casa nos meus tempos de Inatel: o Benedito João Maia Costa.

Um derradeiro gole de chá e uma última degustada no Madeleine me trazem uma última lembrança de meus tempos juvenis na pequena e aprazível Santa Rita. Vem-me na lembrança a figura de meus amigos Cesar Romero, tio do Carlos Romero do Empório de Notícias, e do seu amigo, que se tornou também uma boa lembrança neste meu rememorar da vida, na terra de Voltaire: o meu vizinho Clemilton, que hoje reside na vizinha Cristina. A vida é fluxo contínuo, em que sempre é bom trazer à memória a lembrança de pessoas pelas quais nutrimos sentimentos que nos conduzem leveza quando delas nos recordamos.

Termino meu deliciar do bolo Madeleine, acompanhado de uma xícara de chá. Pago a conta. O frio não impede de tomar novamente o metrô e seguir para o bairro dos artistas, Monmartre, para agora me deleitar com belas obras de arte expostas nas ruas do bairro ao som dos realejos. Só mesmo Paris para nos fazer saudosistas de tempos que se foram. São coisas como essas, regadas com deleite, que as obras dos artistas de rua e de museus como o Louvre nos proporcionam e fazem da cidade luz um lugar único o qual tem de ser sempre revisitado. Quando nos cansamos das lembranças que nos marcam e do apreciar o que está implícito numa verdadeira obra de arte que rega nossos espíritos é porque simplesmente cansamos de apreciar o belo. Sem o apreciar do belo e as recordações que carregamos dentro de nós, vive-se uma vida que não merece ser vivida.

Salatiel Correia é Engenheiro, Administrador  de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, do livro A Energia na Região do Agronegócio.

CBN: Após depressão pós-parto, moradora de Santa Rita cria blog e já tem 300 mil seguidoras

Um blog na internet fez com que uma mãe de 30 anos que sofria de depressão pós-parto desse a volta por cima e virasse um fenômeno na internet. Com mais de 300 mil seguidoras, a advogada Isabelle Araújo Carvalho de Andrade, de Santa Rita do Sapucaí (MG), que viveu momentos de angústia e frustração no nascimento da primeira filha, hoje dá conselhos para mães que passam pelo mesmo problema.
Advogada superou depressão pós-parto e criou blog de sucesso no Sul de MG (Foto: Reprodução EPTV)
Mesmo focada na vida profissional, Isabelle nunca perdeu de vista o sonho de ser mãe. Aos 30 anos, a advogada já tinha alcançado a estabilidade desejada e só faltava a Elisa para a felicidade ficar completa. Hoje Isabelle consegue ser mãe o tempo todo, mas não foi assim quando Elisa nasceu. A advogada sofreu depressão pós-parto e viveu momentos de angústia e frustração.
A gravidez de Isabelle não foi fácil. Aos sete meses de gestação, a pressão arterial de Isabelle subiu e o parto precisou ser antecipado. Prematura, Elisa passou alguns dias na UTI. Para a mãe, o momento mais difícil foi ver o leite secar por causa do medicamento para a depressão. Para vencer a depressão pós-parto, Isabelle começou a dividir o que ela sentia com outras pessoas.
Pela internet, ela encontrou outras mães que viviam os mesmos problemas e passou a trocar experiências. O blog "De repente trintei" foi criado antes da gravidez. Mas só depois de ser mãe, Isabelle passou a interagir diariamente com os internautas.
Blog criado por advogada de Santa Rita do Sapucaí
já tem mais de 300 mil seguidoras
(Foto: Reprodução EPTV)
"Quando eu me tornei mãe, percebi que eu não tinha nada e naquele momento eu passei a ter. Eu não imaginava que as pessoas iam parar para ler aqueles textos. E realmente foi uma surpresa muito grande. Hoje eu vejo inúmeras mulheres dizendo que passaram pelo mesmo problema", conta Isabelle.
Com a depressão superada, Isabelle decidiu ajudar outras pessoas e agora dá dicas no blog para manter a autoestima das seguidoras sempre nas alturas. Hoje, cerca de 10 mil pessoas visitam as páginas do blog, que já tem mais de 300 mil seguidoras. De certa forma, o blog ajudou Isabelle a ver a real importância de ser mãe.
"Descobrir a Elisa, ela descobrindo as coisas, ela me imitando, se espelhando em mim, é uma coisa maravilhosa. Passar o Dia das Mães, tê-la ao meu lado, só me faz agradecer muito a Deus", diz a advogada.
FOnte: CBN

sexta-feira, 9 de maio de 2014

No Dia Mundial da Dança, contamos a trajetória de Ândrea Falsarella

A primeira recordação que Ândrea Falsarella tem do mundo da dança vem de seus 3 anos, quando os pais a levaram para experimentar sapatilhas que seriam usadas em uma apresentação no jardim da infância. Mal sabia que, daquele dia em diante, aqueles calçados a guiariam pelos caminhos mais importantes de sua vida. 
Em meados de 1980, a recomendação de um ortopedista para uma correção nos joelhos fez com que a garotinha integrasse a primeira turma de ballet para crianças, criada pela professora Vera Lúcia Martinez. As aulas aconteciam no terraço do Edifício Santa Rita. Algumas cadeiras era usadas como barra, as vidraças do salão de festas improvisadas como espelho e a paixão pela dança só aumentava. 

Ândrea vivia tão intensamente o mundo do ballet que era levada pela “Tia Verinha”, como ficou conhecida, para as aulas na vizinha Pouso Alegre. A bordo de uma Fiorino, a menina ia contando as curvas da estrada e ensaiava mentalmente os passos que daria como bailarina em uma apresentação que aconteceria em setembro.

No dia do grande espetáculo, o teatro da ETE estava repleto e chegava o momento de Ândrea se apresentar. O piso de madeira, entretanto, fez com que a menina vestida de formiguinha escorregasse e se lembrasse de uma valiosa lição de sua mestra: “Se cair, levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”. Foi o que ela fez. A plateia adorou quando viu a menina bater o pó do vestido, ajeitar as anteninhas e continuar dançando. 
As palmas fizeram com que ela se sentisse cada vez mais segura da dança e do que queria fazer da vida. Aos 7 anos, quando alguém perguntava o que queria ser quando crescesse, não hesitava: “Quero ser professora de dança. Não vou dançar para companhias porque quero ter filhos” – e as pessoas ficavam surpresas com seu desembaraço.

Do collant rosa dos bebês, Ândrea conquistou o direito de usar o azul marinho das bailarinas mais velhas e evoluía sua técnica a cada dia. As aulas, agora, aconteciam em um salão sobre o fliperama do Waltinho, em uma das casas demolidas da praça. 
Em 1982, Verinha mudou-se para Volta Redonda e a menina de oito anos ficou órfã de professora, até conhecer um dançarino chamado Sérgio, com quem começou a aprender jazz. Naquele período, recebeu inúmeros convites de seu amigo João Bosco e tornou-se figura constante nos famosos eventos sociais, frequentes na década de 80. 

Em sua primeira apresentação, em um daqueles bailes, um fato inusitado marcou a vida da dançarina. Seu pai tinha deixado um copo com whisky sobre a mesa, ela confundiu com guaraná e virou de uma só vez. Sorte que tinha acabado de dançar. Precisou ser levada às pressas para casa e só acordou no dia seguinte.
Com a volta de Verinha, em 1986, Ândrea recomeçou as aulas de balé. Aos doze anos, foi convidada para ser sua ajudante e auxiliava as crianças menores.

Em 1989, decidiu dar aulas de dança e, por um ano inteiro, teve apenas uma aluna, Alessandra Nassar. Com a febre da lambada pelo país, a professora aproveitou a alta procura e lotou uma sala oferecida por seu amigo Giovani De Franco, nos fundos da Clínica João Paulo II. Após o nascimento de sua filha, chegava a hora de dar uma parada e dedicar-se, exclusivamente, à Mayara.
Em pouco tempo, recebeu um “paitrocínio” e, em agosto de 1993, deu início à Academia de Dança Ândrea Falsarella. No final do ano, Ândrea criou uma apresentação para mostrar o rendimento das alunas e produziu um espetáculo chamado “A dança pelo mundo”. Os eventos ficariam muito concorridos entre os santa-ritenses e passaram a constar no calendário de eventos da cidade.
Se quando começou a lecionar sua sala era minúscula, a chance de expandir os negócios surgiu quando o fotógrafo Massaro emprestou o segundo andar de seu prédio com a intenção de atrair público para sua recém montada loja. Com um salão de duzentos metros quadrados, o número de alunos multiplicou-se rapidamente e Ândrea livrou-se do aluguel por um ano.

A vantagem de se ter muitos alunos era que os eventos também podiam ser maiores e mais bem produzidos. Isso foi notado durante o espetáculo “O Quebra-nozes”, em 1995, que proporcionou um show jamais visto em Santa Rita, até então. “Aquele foi um divisor de águas para nós. Desde então, deixamos de ter medo e passamos a sonhar cada vez mais alto. Foi uma época muito marcante para mim, principalmente porque tive  o meu segundo filho, o Pedro Henrique.” – conta Ândrea.
Uma incerteza econômica afetou o país durante a transição do Plano Real e a dançarina viu sua escola esvaziar. De 150 alunos, ficou com apenas um terço desse número e não conseguia pagar o aluguel. Corria 1998 quando Ândrea mudou-se para São Paulo onde conheceu pessoas importantes para o seu aperfeiçoamento. Nessa época, teve a oportunidade de estudar e trabalhar na Cia de Jaime Arôxa, frequentar aulas de ballet na escola de bailados do Teatro Municipal, participar de apresentações em emissoras de televisão e tomar parte do elenco de dançarinos do programa “Ligação”, da TV Gazeta.
A volta de Ândrea para Santa Rita aconteceu em 2003, quando decidiu cursar faculdade de Educação Física, em Pouso Alegre. Em menos de um mês, conseguiu emprego na FAI e passou a lecionar no Curso Aberto à Maturidade e na Aquanauta. Quando criou coragem de abrir novamente a Academia, a aposta foi tão certeira que sua escola foi inaugurada com 150 alunos. No evento de 2005, “Em ritmo de cinema”, os 984 lugares do Auditório da ETE não foram suficientes. “Muitas pessoas ficaram sentadas no chão.” Daquele ano em diante, foi necessário criar dois dias de apresentação, uma delas em benefício da Creche Santa Rita.

Atualmente, a Academia de Dança Ândrea Falsarella possui 240 alunos, sendo que 80 deles integram um projeto chamado “Associação Cultura Pró Dança”, que dá oportunidade de crianças conhecerem o mundo da dança, mediante pagamento de um valor mais acessível. 
O grande acontecimento de 2014 tem sido o retorno de Mayara, que estava estudando em Campinas, e a retomada dos trabalhos ao lado da mãe. O próximo espetáculo, intitulado “O Mágico de Oz” promete ser o melhor dentre todas as edições. “Minha filha leciona Jazz, dança de salão e balé. É a primeira santa-ritense com bacharelado em dança e sinto um grande orgulho disso.” - conta.

Ao fazer um balanço sobre a carreira, Ândrea emociona-se: “Eu não sou nada sem o apoio desta cidade. Devo muito aos pais dos alunos que acreditaram em mim. Sou uma pessoa muito realizada, profissional e pessoalmente. Estou no melhor momento da minha vida e fico muito feliz que a Academia esteja sendo tão bem classificada em eventos de renome internacional. É o retorno de um trabalho sério e que conta com o apoio inestimável de meus cola-boradores, Alex Ferreira, Mayara Falsarella e Maria Drummond, além da administração do meu marido Richard Carvalho.
(Carlos Romero Carneiro)

Oferecimento:

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Ilha Fiscal, Titanic e o grandioso Cassino no sul de Minas

Corria os olhos na internet em busca de algo interessante para conhecer no sul de Minas, quando deparei-me com um fato tão incrível quanto o naufrágio do Titanic ou o último baile da Ilha Fiscal. A descrição que várias páginas faziam do episódio era, de certa forma, uma mescla dessas duas histórias e aconteceu a uma hora e pouco de Santa Rita, na vizinha cidade de Lambari. Como na tragédia vivida pelos tripulantes da embarcação que “nem Deus poderia afundar”, o drama do suntuoso Cassino construído às margens do Lago Guanabara ocorreu em sua primeira e única noite. Assim como no baile de 9 de novembro de 1889, onde cerca de 3 mil pessoas viveram o excesso e a extravagância que marcaram o fim da Monarquia no Brasil, soube que o empreendimento criado pelo primeiro prefeito de Lambari – Américo Werneck - também foi marcado pelo luxo e pela ostentação. As coincidências e a grandiloquência são muitas e bem parecidas. No baile da Ilha Fiscal, na então capital do império, Rio de Janeiro, oferecido aos tripulantes do navio chileno Cochrane, foram importados lanternas chinesas, balões venezianos e vasos franceses. Já na inauguração do que seria o maior Cassino de Minas Gerais, os pisos e forros vieram da Ásia, azulejos e peças sanitárias trazidos de Portugal e Inglaterra, as telhas francesas e algumas gôndolas de Veneza colocadas no lago. Apoiado pelo governador de Minas, o itajubense Wenceslau Brás, Werneck quis produzir um relicário onde o Cassino seria a sua mais preciosa joia. 
 Na manhã de 24 de abril de 1911, a estação férrea de Lambari viu desembarcar centenas de personalidades ilustres como o presidente, Marechal Hermes da Fonseca e o próprio governador, que o sucederia 3 anos depois. 
Os primeiros convidados que chegaram à construção de 2800m², executada pela firma Poley & Ferreira, viram a luz de um farol iluminar as vidraças da fortaleza. Do hall, perceberam que estavam diante de um ambiente único e caminharam, lentamente, pelos luxuosos aposentos. Estatuetas de gueixas, dragões e garças, candelabros dourados, lustres de cristal e paredes repletas de obras que remetiam à natureza brasileira proporcionavam uma atmosfera requintada, enquanto a orquestra dava início ao espetáculo, no salão de música.
Se o mais famoso transatlântico do planeta afundou após forte colisão com um iceberg no oceano Atlântico, fato parecido aconteceu na inauguração do Cassino, quando o prefeito iniciou uma discussão com o governador, quando transitavam pelo passadiço coberto de telhas de ardósia que dava acesso às torres. “Esta será a última noite!” – teria dito Wenceslau. 
Ao amanhecer, o Cassino foi fechado e assim permaneceu nas décadas seguintes. De lá pra cá, quase todo o acervo foi saqueado, um incêndio queimou boa parte dos livros que antes ocupavam o salão de leitura e o local pareceu ter se congelado, como os náufragos à espera do salvamento.
Hoje, quem chega à simpática Lambari, nota certa melancolia. Os moradores, cordiais e agradáveis, parecem esperar que algo aconteça. Em torno do Cassino, destelhado e rodeado de tapumes, materiais de construção indicam que as obras estão em andamento. Enquanto isso, a população leva a vida e rememora uma época em que a Princesa Isabel ali esteve para curar-se da infertilidade; do tempo em que daquelas terras brotava a água mais pura do país e em que o sonho do grandioso Cassino do Lago Guanabara dissolveu-se como a brisa que encobre suas montanhas.



(Carlos Romero Carneiro)

Software da Leucotron permite comunicação móvel para projeto WWA - World Wine Adventure

Horácio, Pedro Henrique e Natália são três aventureiros que formam a família Barros, que embarcou em uma viagem de 27 meses, para 24 países, começando por Belo Horizonte e somando mais de 100 mil km percorridos em um motorhome. A ideia do idealizador do projeto, o aposentado mineiro Horácio Barros, era conhecer produtoras de vinho no mundo todo e divulgar as características e os produtos de cada região. Entre os destinos estiveram: países da América do Sul, América do Norte, Europa, Oceania e África. 
A jornada enoturística teve início em janeiro de 2012 e terminou recentemente. Manter contato com o Brasil foi um dos grandes desafios, pois traria um gasto elevado ao projeto, fosse para se comunicar com a assessoria de imprensa em BH, família e amigos ou gerar relatórios de desempenho para a montadora patrocinadora do motorhome, a IVECO. A equipe do WWA precisava de um canal direto de comunicação. Foi aí que as soluções da Leucotron fizeram a diferença.

Para essa empreitada, a Leucotron, com experiência de 30 anos no mercado de Soluções de Comunicações, disponibilizou o software Nomad, um aplicativo para celulares e tablets Android e iPhone que, ligado a uma central telefônica/PABX ISION IP Leucotron transforma o dispositivo móvel em um ramal do PABX. A solução proporcionou economia e mobilidade, e a conexão pode ser obtida por meio de tecnologias como GSM, 3G ou Wi-Fi. Com isso, eliminou-se a necessidade de roaminginternacional para a realização de chamadas e as ligações puderam ser feitas a custos muito baixos.

Além disso, o teste ajudou na evolução e melhoria do Nomad da Leucotron. Durante dois anos e três meses, a comunicação por meio do software, foi testada e aprovada em todos os 24 países visitados pelo grupo. Para Horácio, a economia trazida pelo Nomad “foi crucial para a viabilidade da viagem, e a qualidade que se obteve na comunicação superou qualquer expectativa”.  O aventureiro afirmou ainda que, por funcionar também em GSM, foi possível se comunicar de praticamente todos os locais por onde o grupo esteve.

Dessa forma, os viajantes voltam ao Brasil trazendo na bagagem mais informações sobre o mundo do vinho, diferentes sabores, aromas e qualidade que se transformarão em cursos, livros e outras realizações. O ramal móvel Nomad, conectado ao PABX ISION IP, da Leucotron, pode colaborar de forma fundamental nesse processo. Para mais informações sobre as experiências dessa viagem, acesse: http://www.wineworldadventure.com.

Soluções em telecom para vinícolas  

A Leucotron apresenta diversos produtos e serviços em telecom que já ganharam a preferência de vinícolas brasileiras. Entre as empresas do segmento que apostam nas soluções da marca estão as vinícolas: Campestre, Cave de Pedra, Dal Pizzol, Monte Lemos, Cooperativa Vinícola Garibaldi e Casa Valduga Vinos Finos. Desenvolve soluções integradas de telecomunicações para as empresas do segmento e tem ajudado a integrar unidades, baratear gastos na conta telefônica e aprimorar ainda mais as experiências dos públicos com as vinícolas brasileiras. Entre os produtos de grande aceitação estão o novo modelo de PABX da marca, o ISION IP 1500, os terminais Orbit Go+ e Orbit Go IP e o próprio Nomad, que dá ao usuário mobilidade para fazer chamadas a partir de um aparelho de telefonia móvel a baixo custo.

O ISION IP 1500 é uma evolução da plataforma ISION IP, flexível e aderente aos mais variados perfis de negócio. No campo das comunicações unificadas, o ponto forte dessas plataformas são a mobilidade e ganho de produtividade, com economia de recursos. Elas oferecem inúmeras facilidades, por meio da adaptação de softwares aplicativos que permitem a rápida localização de outras pessoas e o estabelecimento de comunicação de voz ou chat.

“A grande oportunidade de se trabalhar com a plataforma ISION são as composições possíveis que ele oferece para os as empresas do segmento agilizarem suas operações”, pontua Antônio Cláudio Oliveira, diretor de Negócios da Leucotron. As facilidades oferecidas pelos softwares aplicativos Leucotron permitem, por exemplo, visualizar o status de outro usuário e programar para ligar automaticamente quando ele estiver disponível. Se a opção for por deixar um recado na caixa postal, este recado será encaminhado por e-mail e a outra parte poderá receber e ouvi-lo onde quer que esteja, até mesmo pelo smartphone.

Além disso, a Leucotron conta com um sistema que integra este smarphone ao ISION, por meio de aplicativos da marca de última geração. O smartphone transformando-se, assim, em um ramal, permitindo que o usuário se comunique com outros colaboradores, mesmo fora da empresa (durante visita a clientes, viagens internacionais ou outros compromissos).

Sobre a Leucotron:

A Leucotron Telecom é uma empresa brasileira que desenvolve soluções integradas de telecomunicações para corporações, pequenas empresas e micro empresas. Concebe, produz e comercializa desde diversos modelos de plataformas PABX até softwares, serviços e acessórios destinados a otimizar e potencializar a comunicação empresarial. As soluções oferecidas ao mercado pela empresa podem contemplar todas as etapas de atendimento das necessidades do cliente: desde o trabalho de arquitetura tecnológica, utilizando-se de equipamentos e softwares de qualidade e eficiência comprovadas, até o suporte eficiente no pós-venda.

Com mais de 120 mil clientes em todo País, a indústria contabiliza mais de 2 milhões de usuários de seus produtos e serviços. A Leucotron está entre os principais players em seu mercado de atuação, possui 180 colaboradores diretos, além de contribuir para a geração de empregos indiretos ao estabelecer parcerias com fornecedores regionais. Para dar suporte à operação de vendas e atendimento ao cliente, conta ainda com mais de 400 Concessionárias Autorizadas, empresas que vendem, instalam e dão assistência técnica em toda a linha de produtos da marca.

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Inscrições abertas para o Vestibular de Junho 2014 do Inatel


Estão abertas as inscrições para o Vestibular de Junho do Inatel. Os interessados em ingressar em um dos cursos de graduação do Instituto no segundo semestre de 2014 podem se inscrever pelo site inatel.br/vestibular. Os vestibulandos que quiserem utilizar a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) devem se inscrever até o dia 26 de maio, já para os candidatos que vão fazer a prova, as inscrições vão até o dia 5 de junho, as provas acontecem no sábado, dia 7.
O Inatel oferece vagas em sete cursos de graduação. Os cursos de Engenharia Biomédica, Engenharia de Controle e Automação, Engenharia de Computação, Engenharia de Telecomunicações têm duração de cinco anos e acontecem em período integral. Já os cursos de Tecnologia em Automação Industrial e Tecnologia em Gestão de Telecomu-nicações ocorrem no período noturno, com duração de três anos.
Para todos os cursos, o Inatel conta com ótima infraestrutura laboratorial e corpo docente formado por mestres e doutores que possuem grande experiência de mercado e na área científica.
Devido a excelência em ensino, pesquisa e desenvolvimento tecnológico, no final do ano passado, o Instituto foi vencedor do Prêmio Santander Universidades – Guia do Estudante Destaques Inovadores 2013, na categoria "Parceria com o setor privado". A conquista é resultado da grande proximidade que o Inatel tem com o mercado de trabalho, por meio do conjunto de serviços em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica oferecidos pelo Inatel Competence Center (ICC).
Este ano, o Inatel foi o vencedor prata no Prêmio Nacional de Gestão Educacional 2014, na categoria "Responsabilidade Social do Ensino Superior" com o programa de responsabilidade social da instituição "Inatel Cas@Viva – Mudando Vidas num Clicar de Olhos". No ano passado, o Instituto obteve diversos outros prêmios e avaliações positivas como o Prêmio da Sociedade de Engenharia de Televisão (SET), o troféu "Destaques Inovadores 2013" do Anuário Tele.Síntese de Inovação em Comunicações, entre outros. Em 2012, o Inatel venceu o Prêmio Finep de Inovação 2012, como Instituição de Ciência e Tecnologia mais inovadora do país.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

À mãe de Donizete e tantas outras... (Por Danlary Tomazini)

Quando eu e minha mãe chegamos aqui, no intuito de trabalhar na panha de café e recomeçar, não tínhamos grandes pretensões sobre o lugar. Depois de morar em tantas cidades, Santa Rita soava como apenas mais uma cidadela de interior. Grande engano. Santa Rita do Sapucaí é uma cidade pequena, mas com história de cidade grande. Uma cidade com grandes pessoas e grandes mães. 
Aqui conheci Benedito Donizete de Lima, paulista, 43 anos, que também é ex-morador das ruas de Santa Rita. Ao questioná-lo sobre o seu passado, esperando ouvir algo peculiar sobre a sua trajetória até aqui ou seus dias vivendo nas ruas, Donizete escolheu contar a única lembrança que tem de sua mãe; contou como foi criado pelos avós na zona rural e, devido à distância, raramente a via. Próximo de completar 7 anos, teve fitose e caiu de cama. Quando avisada, a mãe rapidamente mudou sua rotina. Nos dias de sua folga, chegava cedo à roça levando as frutas preferidas do filho e passava o dia todo ao seu lado medicando, cuidando e brincando. Logo ele estava sarado e, pouco tempo depois, a mãe faleceu.

Esse episódio, que reflete o amor, carinho e a dedicação de uma mãe para preservar a vida de seu filho me traz recordações da minha própria mãe, que me ensina a amar, fazer escolhas e assumir as consequências. Ensina-me a valorizar as pessoas, a buscar a humildade, saber cair e levantar. Mostra-me a caridade e quão linda ela pode ser. 

Este espaço não será suficiente para demonstrar meu apreço por minha mãe e por outras que aqui conheci e com as quais convivo. Mães que não têm limites para o amor e que sempre têm mais um pouco a dar, sem considerar qualquer adjetivo. 

Nós podemos homenagear as nossas e todas as outras mães diariamente. Basta colocarmos mais amor e caridade a serviço daqueles que convivemos e, principalmente, àqueles que nem mesmo conhecemos. Devemos deixar refletir em nós o amor materno que se sacrifica e não julga e que, apesar de erros cometidos, busca o melhor para o seu próximo. Um amor divino, o mesmo que a Bíblia ensina.

Às mães santa-ritenses, nascidas ou não aqui, expresso minha profunda admiração. Parabéns pela dedicação. Obrigada por tanto me ensinarem.

Supermercados Alvorada - Festa de Santa Rita

terça-feira, 6 de maio de 2014

Um talento genial, entre as montanhas do Grotão

Senhor Guerzoni e a casa de pau a pique onde funcionam suas invenções.
Entre as montanhas do bairro Grotão, localizado a mais ou menos 20 minutos de Santa Rita, na zona rural de Cachoeira de Minas, vive um homem de olhos azuis intensos e longas barbas brancas, que chama a atenção pela incrível capacidade de transformar os recursos da natureza em obras absolutamente geniais. Na entrada de sua propriedade, uma frase pintada com tinta vermelha, em uma placa sobre o chiqueiro, dava o tom do que veríamos a seguir:  “Recanto Encantado”. 
O homem do campo demonstra grande entusiasmo enquanto conta como tudo começou.
Senhor Guerzoni, como é conhecido, nos recepcionou sem hora marcada, como se fôssemos velhos amigos. Ao seu redor, netos e netas brincavam à vontade no terreiro, enquanto esposa e filha realizavam alguns trabalhos domésticos. 
Roda D'água faz girar diversos aparelhos.
O homem gesticulava muito e seus olhos pareciam saltar das órbitas enquanto contava com entusiasmo como tudo começou. “Eu me casei em 1975 e não tinha luz elétrica. Depois de três meses no escuro, resolvi comprar um dínamo de bicicleta para iluminar a casa. Minha mulher dizia que eu estava louco, mas eu não dava ouvidos. Com os 16 volts que criei utilizando o dínamo e uma roda de fusca, movimentada pela água, produzi eletricidade suficiente para funcionar um radinho, iluminar o quarto e a cozinha.”
Máquina de lavar roupas movimentada por um sistema de polias e correias.
Em 1981, Guerzoni montou uma roda d’água de madeira para melhorar a iluminação. No ano seguinte, instalou um novo projeto que funciona há 32 anos para dar vida ao rádio de pilhas e ativar o autofalante que colocou dentro de uma velha cabaça. “Eu não sei o que é pagar conta de luz.” – conta o homem de 64 anos.
Cabaça foi utilizada como caixa acústica.
Senhor Guerzoni demonstra o funcionamento de sua roda d'água.
Local apelidado por um vistante de "Buracão Encantado".
O sistema criado por Guerzoni Sebastião (ou Sebastião Guerzoni, como foi batizado por recusa do padre em escrever o contrário) é genial. Um encanamento envia a água do córrego treze metros morro abaixo sob uma casa de pau a pique. Na base, uma roda d’água debaixo de uma placa com os dizeres “Buracão Encantado” gira com intensidade e movimenta um sistema de correias que volta para a oficina e faz funcionar uma série de equipamentos. Tudo o que Guerzoni precisa fazer é utilizar uma espécie de corda para paralisar a roda, colocar uma correia no equipamento e botá-lo de novo para funcionar. Existe um mecanismo para ligar o liquidificador, outro para transformar o milho em fubá e até um sistema para movimentar a máquina de lavar roupas. “Meu tanquinho lava dois cobertores ao mesmo tempo” – conta orgulhoso. Quando não está produzindo farinha de milho ou o fubá vendido em Cachoeira de Minas, as polias da usininha giram para movimentar o gerador que produz energia suficiente para ativar as 10 lâmpadas, ligar a televisão, o aparelho de som e outros utensílios domésticos, tudo ao mesmo tempo. Outra invenção que já se encontra em funcionamento é um sistema para movimentar quatro monjolos, simultaneamente. “Ainda há quatro coisas que pretendo fazer: Um engenhinho de cana, um debulhador de milho, quero produzir farinha de mandioca e fazer uma eletrola funcionar, na velocidade certa, através de um sistema de polias.”
Correia movimenta todos os equipamentos e gera energia elétrica.
Senhor Guerzoni demonstra como funciona um sistema para movimentar 4 monjolos, simultaneamente.
Nos tempos em que a possibilidade de apagão colocou os brasileiros em pânico, emissoras como Rede Globo e Record estiveram no “Sítio da Usininha” para conhecer a única casa que não corria o risco de ficar no breu. Na Semana seguinte, dois engenheiros foram atraídos pela reportagem e um deles disse: “Eu não sei fazer algo assim. Qual é a sua escolaridade?”. Guerzoni respondeu: “Tenho até o terceiro ano de roça. A diferença é que o senhor faz no papel e eu na prática.”
Televisão funciona perfeitamente, graças à sua usininha.
Após demonstrar como a sua usina portátil funcionava, fomos convidados a conhecer a residência de Guerzoni e ficamos admirados com o que vimos. Havia um sistema de cordas que permitia ligar e desligar a roda d’água e controlar o fornecimento de energia elétrica, sem sair da cama. “Eu controlo a intensidade da luz, olha só...” E a lâmpada tinha a sua luminosidade aumentada ou reduzida, de acordo com o seu comando.
Deitado em sua cama, Guerzoni controla a roda d'água e a intensidade luminosa das lâmpadas.
Ao lado da televisão, com uma imagem perfeita, um voltímetro marcava pouco mais de 110 volts. “Um dia, faltou energia em Cachoeira e eu brinquei com a minha esposa. Tá vendo? Me chamou de louco e hoje, a cidade inteira está no escuro e você é a única que pode assistir TV.”
Senhor Guerzoni vive da produção do Fubá e farinha de milho.
Enquanto nos surpreendíamos com todas aquelas invenções, Guerzoni foi ao quarto e trouxe uma antiga edição da revista Globo Rural que dedicou três páginas para contar a sua vida. A manchete dizia algo como “Maiakovski acertou na mosca”  e fazia alusão a uma célebre frase do dramaturgo russo que afirmou que “Em algum lugar, parece que no Brasil, há um homem feliz.” Junto à revista, um caderno de capa amarela trazia os relatos de centenas de visitantes que estiveram em seu sítio. Uma alemã de nome esquisito, dizia que nunca tinha visto nada parecido no mundo inteiro. Só havia uma crítica, mas não foi levada a sério. “Eu adoro receber visitantes. Pode vir doutor ou mendigo que eu trato da mesma forma e conto a história desde o começo.”
Reportagem da revista Globo Rural. 
Antes de nos despedirmos, um cafezinho ao lado do fogão de lenha. “Tudo aqui fui eu quem construiu!” Guerzoni abriu as duas torneiras da pia e mostrou, orgulhoso, como funcionava um sistema de serpentinas que utilizava o calor produzido pelo fogão para aquecer a água. “Quando estou usando a usininha para fazer fubá, a patroa tem água quente do mesmo jeito.” 
Liquidificador movimentado através da roda d'água: outra invenção de Guerzoni.
Nós trocamos telefones, combinamos de voltar outro dia para comer um bolo de fubá e entramos no carro com as palavras de Guerzoni completamente vivas em nossos ouvidos. Até dobrarmos a curva para deixar sua propriedade, o sábio homem de barbas brancas permaneceu em pé e acenava. Naquela tarde, recebemos lições que valiam mais do que um ano inteiro de aulas e teorias complicadas. Eram a física, o empreendedorismo, a ética, a história e a ecologia, condensados em uma obra sensacional. 
Vista da Usininha.
(Por Carlos Romero Carneiro e Ivon Luiz Pinto. Agradecimentos especiais ao amigo, Antônio Raimundo da Costa, nosso guia nessa aventura.)