domingo, 24 de março de 2013

Opinião: O tempero da humanidade

Hoje eu recebi um vídeo em que aparece um africano sentado à beira da calçada, tocando violão de forma longe do convencional, enquanto é observado por um amigo. Aquela gravação me emocionou muito  pela genialidade do músico e me fez refletir sobre a importância dos africanos para a viabilidade da existência humana. Enquanto via o artista brincar com o instrumento, tentei imaginar como o planeta seria chato e monótono sem a participação deles. A verdade é que, sem esses caras, o mundo seria um verdadeiro porre, mas ao som de música clássica.
Perseguidos, depreciados e subestimados por séculos, os negros são o tempero do mundo. São eles que deixam a vida um pouco mais leve e nos ensinam a transformar o sofrimento em expressões artísticas das mais diversas naturezas. Ou limão em caipirinha... Eles nos ensinam a suportar as dores e transformar a realidade, do jeito que der e com o que tiver à mão.

Um mundo sem África

Já pensou isso aqui sem Rock, Jazz, Blues ou Reggae? Já imaginou um Brasil sem Samba? O que seria de nós caso a feijoada, o acarajé e o vatapá não tivessem sido inventados? Os negros são a personalidade do planeta. São a cara desse Brasil que está começando a se descobrir e a se admirar. Quando acordamos de manhã, ligamos o rádio e aquela música torna nossas vidas mais suportáveis, devemos tudo isso a eles. Os negros levaram aquela história de sal da terra a sério e, realmente, nos ensinam a viver com um pouco mais de estilo.

Do lado de cá do Rio Sapucaí

Nasci no pé da Rua Nova e, desde muito cedo, subia o morro com o meu pai para ouvir conversas sobre samba, futebol, batucada e jogo de bicho. Um de seus maiores amigos, o Samuelzinho, foi um dos mais expressivos líderes negros locais e, do alto de seu um metro e quarenta de altura, ensinou a comunidade negra a pensar grande. No tempo em que foi o síndico do bairro, promoveu festas juninas, criou a escola de samba Sol Nascente, bolou movimentos sociais e ajudou o glorioso 13 de maio a conquistar o campeonato regional sem perder ou empatar uma única partida.

Além do Samuel, personalidades como a querida Maria Bonita, o genial saxofonista Tonico, o zagueiro da Seleção Roque Júnior e seu avô João Rocha, e tantos outros ilustres cidadãos, empreenderam uma verdadeira revolução dentro de uma sociedade marcada pela distinção de raças e mostraram ao mundo porque a cultura de seus antepassados é o que traz cor às nossas vidas.

(Por Carlos Romero Carneiro)

Quer saber mais sobre a cultura negra em Santa Rita? Acesse os links abaixo:

A grande Saga da Associação José do Patrocínio

Samuelzinho e o incrível 13 de maio

Maria, a mais bonita das cabrochas

Jonas conta a história da Comunidade Negra em seu mais novo livro

Uma celebridade na cozinha de Maria Bonita

Tonico fala sobre sua vida, sua família e sua arte

Livro: o que faz do Brasil, Brasil

Um comentário:

  1. Excelente texto. E quem de nós não tem ao menos uma pitada desse maravilhoso sangue vermelho do negro?

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