quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Cartas de Glorinha - 18 de dezembro de 1930.

Santa Rita do Sapucaí, 18 de dezembro de 1930.

Quinzote, meu bem.

Recebi as revistas e muito lhe agradeço. Só senti não ter nem uma linha sua dentro das mesmas. O que é isso, Quinzote? Não tem mais tempo de me escrever? As ocupações tomam-lhe todo o tempo ao ponto de não ter nem um minutinho de folga para conversar com sua noivinha, ou os meus “testamentos” já o estão aborrecendo? Fico tão contente, meu caro Quinzote, quando recebo uma cartinha sua e desta vez está se fazendo de muito rogado, quase não me escreve. Tenho tanta saudade de você e tanta vontade de o ver outra vez. Bem Quizote, deixemos de reclamações, que o “aborrecem mais ainda” e vamos falar das “grandes” novidades da terra. Felizmente, em casa todos passam bem. Tenho visto sempre os vossos sobrinhos e por eles sei que seus pais e irmãos passam bem. A novidade da cidade é o festival no “Teatro Santa Rita” em benefício dos órfãos da revolução, amanhã, dia 19. Aqui tem chovido demais nesses últimos dias e a enchente já está bem alta. A vargem, aqui nos fundos de casa, já está cheinha, está linda devidos aos chorões muito verdes que se refletem na água. Os trens da Rede têm chegado com grande atraso. Segue hoje também o “Santa Rita Jornal” desta semana. Não lhe enviarei o da semana passada porque titia Mindoca, que não assina esse jornal, pediu-me para mandar à Sinhá. Fui à tipografia ver se arranjava outro, mas já tinha acabado. Meu Quinzote querido, perdoe-me se o ofendi ou aborreci nesta carta com as minha “reclamações”. Estou tão triste hoje, sem notícias suas há tantos dias. Não faça assim não, escreva-me sempre, sim, meu caro noivinho? Saudades da mamãe e das crianças e abraços saudosos de suas noiva sincera e que tanto o estima. Glorinha

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