segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Francisco Moreira da Costa Neto conta detalhes sobre a sua família

Francisco Moreira da Costa Neto.
 Como era o Coronel Francisco Moreira?

Meu avô era um homem muito metódico, embora fosse uma pessoa muito calma. Era um escravo do relógio (olhava sem parar) e tinha o hábito de fumar cinco cigarros (Continental sem filtro) por dia, que carregava em uma cigarreira. Álcool eu nunca o vi beber. Outro de seus hábitos era acordar antes do amanhecer. Todos os dias, levantava-se de madrugada, por volta de quatro e meia da manhã, e fazia uma meditação de meia hora. Em seguida, tomava um banho frio e corria suas fazendas de Jipe.  Depois do almoço, ia para o Banco e realizava seus negócios. Enquanto andava pelas ruas, cumprimentava todas as pessoas que via pela frente e dizia para que eu fizesse o mesmo. Às quatro e meia da tarde, voltava pra casa, vestia um pijama e ficava refletindo por cerca de uma hora e meia. Nesse período ele não dormia. Apenas pensava na vida.

Por que ele usava sempre uma bengala?

Ele dizia sentir uma fraqueza muito grande abaixo do joelho e tinha um medo muito grande de não poder andar. As duas bengalas dele estão até hoje comigo. Uma ele usava aqui em Santa Rita e a outra ficava no Paraná.
Dona Mindoca e Francisco Moreira da Costa.
Como é a história dos Bancos fundados por ele?

Meu avô fundou o Banco Santarritense (Capa) no ano de 1914, em sociedade com o Cel. Joaquim Inácio. Era um Banco pequeno e tinha filiais em Pouso Alegre, Itajubá, São Lourenço e outras cidades. Ao todo, eram mais ou menos doze agências.

Em 1927, meu avô foi a Belo Horizonte e conheceu o Senhor Clemente Faria, dono de um outro Banco, mais ou menos com as mesmas características do dele e eles resolveram se associar. Desde então, com esta fusão suas agências passaram a se chamar Banco da Lavoura de Minas Gerais.

Apesar dessa sociedade, talvez por um pouco de bairrismo de sua parte, meu avô convencionou que as agências em torno de Santa Rita continuassem se chamando Banco Santarritense, por um período de 10 anos – até 1937.

No Banco da Lavoura, meu avô ficou muito amigo do Magalhães Pinto (Que mais tarde se tornou governador do Estado). Ele não era rico nem nada, mas era um funcionário muito qualificado. Aos 21 anos, ele já havia se tornado gerente, o que era muito raro para a época. Desde então, passou a ser um homem de sua confiança em Belo Horizonte.

Em 1943, estávamos entrando na ditadura e houve o Manifesto dos Mineiros. Nisso, meu avô, apesar de grande acionista, foi obrigado a deixar a presidência do Banco, já que seu partido era contra o governo. No ano seguinte, ele e Magalhães resolveram criar um novo Banco: o Banco Nacional de Minas Gerais. Enquanto ele controlava a região, Magalhães Pinto comandava em torno de Belo Horizonte. A agência número 1 foi aqui em Santa Rita e Francisco Moreira foi o presidente até morrer, em 1957.
Banco Santarritense deu origem ao Banco Nacional de Minas Gerais.
Francisco Moreira foi prefeito?

Ele entrou na política local em 1912 e foi prefeito até por volta de 1936. Ele foi eleito sucessivas vezes e permaneceu na prefeitura por cerca de 25 anos. Como prefeito, além de ter realizado inúmeras obras na cidade, considero uma de suas maiores ações ter trazido, de Passa Quatro, o Senhor Mizael Augusto Pinto.

Quem foi o senhor Mizael?

O senhor Mizael eu considero uma das figuras mais injustiçadas de Santa Rita. Foi importantíssimo para a cidade e pouca gente sabe disso. Foi ele quem construiu os  prédios do Grupo Delfim Moreira, da Escola Sinhá Moreira, do Fórum e aquele paredão que existe atrás da Escolinha de Fátima. Ele é pai do senhor Adelino Carneiro Pinto.

Você acredita que Sinhá Moreira tenha se espelhado nos antepassados para empreender suas obras?

Acredito que sim, pois eles eram muito empreendedores. Seus tios eram muito avançados para a época. Era preciso ser muito idealista para fundar um Banco, construir um Cinema, se tornar governador e presidente e trazer uma usina de energia elétrica, como eles fizeram.

Como era o gênio de Sinhá Moreira?

Sinhá era uma pessoa muito boa, mas muito enérgica. Ninguém brincava com ela porque era muito durona. Meu avô até falava: “Adoce a voz para falar com os outros. Quando ela estava brava, alterava a voz um pouco.” Ele também dizia para ela nunca chamar a atenção de um funcionário na frente dos outros para não humilhar.
Bengalas que perteceram ao Coronél.
Quais eram as distrações do Coronel e de Dona Sinhá Moreira?

Meu avô gostava muito de ir ao Mercadão. Todo domingo ele ia lá e ficava conversando com os amigos. Brincadeiras ninguém fazia perto dele. A impressão que eu tinha era de que ninguém contava piadas enquanto ele estava perto. Já Sinhá, tinha como hobby colecionar gatos. Ela tinha uma gataiada na sua casa que era uma coisa louca.
Francisco Moreira da Costa, Bernardino Lemos Simões, Francisco Moreira e Ideal Vieira.
É verdade que Francisco Moreira fundou duas cidades?

Ele fundou Cornélio Procópio e Santa Mariana, no Paraná. Essas cidades foram criadas dentro das terras dele. A primeira delas é do tamanho de Pouso Alegre. Já a segunda, é bem pequena. Uma curiosidade é que a igreja de Santa Mariana é uma cópia da nossa matriz, antes da reforma.

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4 comentários:

  1. Acho muito interessante saber da nossa história, da nossa cidade.Parabéns!

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  2. gostaria de saber mais informação sobre essa familia
    procuro por 3 moças ana paula mariana e luciana
    por favor me ajudem
    djpaulopereira@hotmail.com
    fik no aguardo
    suélen

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  3. Que pessoa encantadora foi seu avô e que história de vida surpreendente. Essa associação com o Banco da Lavoura foi uma grande surpresa para mim. Obrigada por compartilhar

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