quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

IPHAN realiza pesquisa sobre as fazendas Balaio e Balainho


Fazenda Balaio

- Data provável de construção: 
meados do século XIX
- Pé direito: 4 metros
- Janelas: 1m x 1,9m
- Portas internas: 1m x 3m
- Umbrais: 16cm x 20,5cm

Saindo da região de Pedralva em direção oeste, vamos encontrar as fazendas Balaio e Balainho, junto à serra homônima, entra a serra da Manuela e a serra da Pedra Branca. A primeira, fica em terreno bastante plano, em altitude de 847 metros, na várzea de um pequeno afluente do Rio Sapucaí. Os antigos proprietários dessa fazenda tinham laços familiares com os proprietários das fazendas Pouso Alegre, Boa Vista, Três Barras, Condado e Palmital, em Carmo de Minas; Água Limpa, em Virgínia; do Rosário e Santa Margarida, em Dom Viçoso; além da Chapada Paracatu e Jardim, em Itanhandu; sendo descendentes do mesmo tronco da família Ribeiro de Carvalho.

“Após ter vendido a seus irmãos a Três Barras, Joaquim Ribeiro de Carvalho partiu para Santa Rita do Sapucaí, onde comprou a grande fazenda do Sobradinho [...] Dentro de suas antigas fronteiras estão hoje as atuais Sobradinho (de José Procópio Carneiro Junqueira), Balaio, Balainho, Capituva e outras mais”.

Joaquim Ribeiro de Carvalho, nascido em 1789, era o terceiro filho de Custódio Ribeiro de Carvalho, o Velho da Chapada. O quarto filho do Velho da Chapada, o capitão Manoel José de Carvalho, nasceu em 1790 e ergueu a primeira casa da fazenda Pouso Alegre. Sua quinta filha, Mariana Tridentina Ribeiro de Carvalho, foi casada com o Capitão Ribeiro de Carvalho, da Fazenda do Balaio. Eram primos, já que era filho de João Ribeiro de Carvalho, “O velho do Paracatu”.

A casa da fazenda do Balaio é um exemplar bastante enxuto da estrutura autônoma de madeira: um L clássico, com o corpo principal medindo 14m x 15m. Por estar em terreno relativamente plano, seu porão é baixo, não aproveitável, sendo mais alto apenas na cozinha. A divisão interna permanece bastante original. Nas alcovas de ligação utilizam-se armários embutidos para criar o sifão visual, tal como se observa na fazenda Água Limpa, de Pedralva. Na parte da frente, há uma sala de entrada que dá para uma alcova e a sala nobre. Por uma alcova de ligação, chega-se à sala da família e aos demais quartos. A sala da família estende-se até o corpo de serviços, formando um L. Na junção dos dois corpos, há uma janela e uma porta, separadas apenas pelo umbral comum a ambas. O corpo da cozinha sofreu algumas alterações e ganhou uma varanda junto à porta. O telhado original foi substituído por telhas francesas, mantendo a cachorrada e os frechais.

Nas tábuas do piso da segunda alcova de ligação, foi encontrada a marca de um antigo esteio. Este se apoiava diretamente na tábua e não nos barrotes que a sustentam, o que demons-tra a técnica construtiva dita anteriormente.

Do lado esquerdo da casa, ficam os terreiros; à frente, currais; ao fundo, as demais benfeitorias, pomar e córrego.

Fazenda Balainho

- Data provável de construção: 
meados do século XIX
- Pé-direito: 4,2m
- Janelas: 1,08m x 1,9m
- Portas internas: 1,08 x 3m
- Umbrais: 16,5m x 20m

Ao que tudo indica, a fazenda Balainho é mais nova do que a vizinha Balaio e, como vimos anteriormente, descende da mesma fazenda tronco, Sobradinho. Sua planta é bastante parecida com a do Balaio, mas de dimensões um pouco menores. Não sabemos se havia sala ao lado da qual há um quarto. O corredor de ligação é reto. Seu corpo de serviços foi bastante reduzido, tendo perdido a cozinha, que hoje se encontra em um novo volume, com telhado mais baixo, pegado à casa.

No conjunto da fazenda, encontram-se o antigo paiol de madeira, ao lado da casa, e os terreiros nos fundos. Continuando o corpo da cozinha, há uma série de construções auxiliares. Há ainda na fazenda, uma boa estrutura para o gado leiteiro.

Na frente da casa, há um terraço a-terrado, estranhamente construído com pedras, como as do alicerce. Este tipo de solução não era comum, tendo sido adotado, posteriormente, mas com um grande cuidado, utilizando-se a mesma técnica da casa. Desse patamar, sai uma escadaria que se esparrama para a frente e dos lados. À sua frente, forma-se uma alameda de palmeiras imperiais. Ambas as intervenções demonstram uma clara intenção de grandiloquência, com resultado um tanto pretensioso, considerando-se que a grande virtude dessas casas é justamente a simplicidade e harmonia de proporções. Os terreiros, ao contrário, são singelos e bem postos.

(Por Cícero Ferraz Cruz)

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