terça-feira, 28 de agosto de 2012

República: a casa que ensina

Elas estão espalhadas por toda a cidade (são pelo menos 30). As repúblicas se tornam as casas de milhares de jovens que escolhem Santa Rita do Sapucaí para estudar.  E quanta história cada uma delas tem... A Canadura completa 30 anos em 2012. Atualmente 13 jovens moram na casa de sete quartos. E existem regras. “Os quartos são divididos para ter integração, não tem TV nos quartos para que todos assistam juntos na sala e respeito não pode faltar”, diz Vinícius Matioli, estudante de Engenharia da Computação, morador da Canadura há três anos. 
A administração da casa também é dividida entre os moradores. Três pessoas cuidam do caixa, de receber o dinheiro, pagar as contas, fazer a compra do mês. Mas a cada semana um morador compra frutas, carnes e legumes. Para cuidar da limpeza e da alimentação, duas funcionárias trabalham diariamente. Maria José Palmiro está há sete anos na república. “É como se eles fossem meus filhos, eles me respeitam, mas dou bronca quando precisa”. 

Os recém-chegados têm regras específicas, como fazer o café cedo para todos os moradores. O calouro Everson de Oliveira Silva saiu de Bom Repouso para estudar no Inatel e escolheu a Canadura como moradia. “Nunca tinha morado fora. A gente aprende a fazer as coisas, a compartilhar”, conta. 

Engana-se quem pensa que quando se formam os ex-moradores esquecem a república. Eles visitam a antiga moradia e se reúnem uma vez por ano na festa conhecida como Canasia, realizada em maio durante a Festa de Santa Rita. “Para esse ano a festa será especial em comemoração aos 30 anos da Canadura”, conta o estudante Pedro Pacheco.
Um ex-morador que sempre volta à república é o professor do Inatel, Alexandre Baratella Lugli, o Durok (apelido dado na república). Ele chegou à Canadura aos 15 anos, quando era estudante da Escola Técnica de Eletrônica, e ficou até se formar no Inatel, oito anos e meio depois. “Acredito que se tenho um ótimo convívio com a minha esposa e família, devo isso à família Canadura. Lá, com certeza, formei irmãos para o resto de minha vida. Morar com 12 pessoas, de diferentes culturas e regiões do país é bem difícil. Sempre havia conflitos, mas todos eram sempre bem resolvidos”, relembra o professor.

Os ex-moradores da república Barril também participam da antiga casa, que existe há quase 16 anos. “Já passaram muitos moradores e a maioria hoje trabalha em grandes empresas, o que nos fornece um bom networking na hora de procurar estágios e empregos”, conta Braian Natan, que mora na Barril há um ano e meio.

A república também tem regras e até “período de experiência” para um novo morador. “Ele fica seis meses em teste para ver se acostuma e se os outros moradores também o aceitam”, afirma o estudante Luiz Rebartini, há quatro anos na república.

Um quadro na copa da casa é uma atração à parte. Além de servir como auxílio na hora dos estudos, nele está uma das principais regras da Barril. “Quem faz sujeira, bagunça e desperdiça água ou luz leva um ponto. Cada ponto é uma cerveja que o morador tem que pagar”. Claro, tem gente devendo mais de uma caixa.

Para o presidente do Diretório Acadêmico, Túlio Rodrigues, morador da Barril, o estudante que decide morar em alguma república tem uma grande oportunidade. “Ele aprende a respeitar a opinião e o espaço de cada pessoa. Isso vai refletir no mercado de trabalho”. E não é preciso esperar o curso acabar para perceber esse aprendizado. “Com a regra dos pontos no quadro, quando chego à casa dos meus pais eu lavo a louça que sujo. Responsabilidade e organização mudaram muito”, afirma Luiz Rebartini.

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