sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Vida e morte de um menino Judeu em Santa Rita do Sapucaí

Até a criação do aterro através do desmonte do morro do esguicho, grande parte do que é hoje o centro da cidade era tomada por um imenso pântano que ia da “Rua da Pedra” até às redondezas do largo da Matriz. A região era cortada por trilhas que os santarritenses atravessam para frequentar a escola normal ou realizar outras tarefas. Dizem que, de certa feita, um viajante desavisado pensou que o brejo era raso e tentou atravessá-lo sem passar pelos estreitos caminhos de terra batida. Acabou atolado até o peito e foi preciso usar uma carroça para retirá-lo do local. O pé esquerdo de seu sapato nunca mais foi visto. O viajante também tratou de caçar o rumo o quanto antes e desapareceu do mapa, assim que conseguiu comprar uma botina nova.

Como dissemos na matéria sobre o futebol santarritense, no local onde hoje está localizado o hospital, existia um córrego por onde passavam as águas vindas da Rua Nova. Naquela vala repleta de uma água lamacenta, diversos garotos se atreviam a nadar e, não raramente, eram recebidos pelos pais com uma bela “surra de reio” quando botavam os pés em casa. Um desses garotos era filho de um judeu-russo que havia fugido da revolução que assolou seu país em 1917. A morada dos estrangeiros era o Hotel Mello e os antigos proprietários do estabelecimento ainda se lembram de seus estranhos hábitos: o pai só tomava sopa de cebola e a esposa fazia a dança dos cossacos às três horas da matina.

Senhor Carmello Carneiro de Abreu contava que, em um sábado do final da década de 20, ao retornar de uma apresentação musical feita no Clube Santarritense, encontrou o filho do russo, que havia deixado o hotel após o café da manhã e havia desaparecido. Sem saber nadar, o menino se afogou no local onde viria a ser a residência do Sr. Mário Brandão. Tal tragédia abalou a cidade e antecipou a mudança da família russa.

Segundo nos contou Reinaldo Adami, o garoto foi sepultado bem na entrada de nosso cemitério. Seu nome: Laizer Fucs. Ele disse que o pequeno menino judeu foi sepultado entre os cinco primeiros túmulos da entrada do cemitério, do lado esquerdo, e que seu nome esteve lá por muito tempo. Nossa reportagem esteve no local, mas não conseguiu encontrar sua sepultura.

(Carlos Romero Carneiro)

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