sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Face Humana da Educação

A professora Maria Luiza Campos do Amaral Moreira (Maiza) lutava contra um câncer de mama, no início de 1993. Após uma cirurgia, ouviu de seu médico algumas palavras que soaram como sentença: “A sua sobrevida depende do que você vai fazer da sua vida. Você precisa se distrair. Não fique pensando na doença. Arranje um trabalho”. Mesmo sendo advogada e tecnóloga em processamento de dados, Maiza não fazia ideia de como retomar sua carreira profissional naquelas circunstâncias. Coincidência ou não, seu nome era analisado na mesma época para ocupar a direção do Colégio Tecnológico Delfim Moreira.

Maiza recebeu a notícia de sua indicação como uma agradável surpresa. Entre uma visita e outra no momento de convalescença, um trio de amigos bateu à sua porta convidando-a para o cargo: o monsenhor José Carneiro Pinto, a professora Maria Aparecida de Cássia Grüitter e a secretária Maria Lúcia Vilela. Maiza enxergou naquela visita especial um sinal divino.

Ao ser empossada na diretoria, em fevereiro de 1993, Maiza fez questão de reunir todos os funcionários do colégio para pedir-lhes apoio à sua gestão. Apesar de nunca ter participado do corpo docente da escola, ela havia sido testemunha dos primeiros passos da instituição. Seu pai, Oswaldo Campos do Amaral, foi um dos primeiros inspetores da Escola de Comércio, a qual já era assunto de família desde a infância de Maiza. Mais tarde, uma das irmãs da futura diretora, Maria Lúcia, matriculou-se no curso de contabilidade e sempre pedia que ela a acompanhasse até o portão da escola.

Maiza chegou a estudar contabilidade por alguns meses, mas o interesse pelo curso de magistério falou mais alto. E foi justamente o amor à educação que a levou a cruzar novamente o portão do Colégio Tecnológico. Ex-professora do Grupão, ela não demorou a perceber que o alto nível das escolas públicas santarritenses inibia as matrículas em estabelecimentos particulares. Era necessário, portanto, encontrar estratégias para elevar ainda mais o conceito do colégio.

O primeiro passo foi incentivar o entrosamento entre profissionais de turnos diferentes. Ao final de quatro anos, todos se conheciam melhor. O espaço físico também foi aperfeiçoado, com a construção de seis salas de aula. Outro fato que marcou aquela gestão foi a adoção do material didático da rede Pitágoras, de Belo Horizonte. Com a sua saída, em dezembro de 1996, a parceria com a rede foi interrompida.
A passagem de Maiza pela direção foi saudável e merecia continuidade. Por isso, mais dois mandatos foram exercidos entre março de 1999 e janeiro de 2007, sempre com a colaboração entusiasmada da vice-diretora Aparecida de Cássia, a estimada “Tia Cida”. Para colocar em prática seus novos planos, Maiza reuniu em torno de si uma equipe de imensa competência. A atuação da então supervisora Fátima Cecília Seguro de Carvalho foi fundamental para a criação do curso técnico de enfermagem, em 2002. No mesmo ano, formava-se a primeira turma do curso técnico de informática, estruturado pelo professor Moisés Rennó Vilela.

O trabalho impecável da equipe de Maiza remodelou o colégio, tornando-o mais moderno. No aspecto físico, as maiores obras foram a cobertura da quadra esportiva (graças ao trabalho da APM) e a inauguração de novos espaços (pré-incubadora, biblioteca, dois laboratórios de informática e um de enfermagem). O ensino médio foi reativado e a educação infantil ampliada. Uma parceria de sucesso foi firmada com o sistema Positivo, de Curitiba. Maiza abriu as portas do colégio para alunos da Creche Santa Rita e presidiários atendidos pela Pastoral Carcerária – estes projetos renderam ao colégio o prêmio Escola Solidária.

Em 12 anos de gestão, Maiza Moreira, talvez involuntariamente, deixou a escola cada vez mais parecida com sua diretora: humana, prática, preparada e vitoriosa. Sua enfermidade desapareceu junto com as antigas deficiências do colégio. A chave do sucesso, segundo a professora, é trabalhar com fé e amor. Lição simples, mas remédio infalível.
(Por Jonas Costa)
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