quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Uma entrevista com o amigo e jornalista Rubens Carvalho

Quando o senhor decidiu trabalhar com comunicação?
Em Santa Rita, no tempo do ginásio, a gente já fazia jornal. Inclusive trabalhei na Rádio Difusora AM, que na época tinha 250 Watts. Até hoje eu gosto muito de música. Eu gostava muito de rock nos anos 60, então gostava muito de rádio. Um dia o Miro me chamou na casa do senhor Rui Brandão pra ver um enrolamento de um som  que ele tinha feito e eu havia levado alguns discos. O Miro ligou o som e a gente colocou os discos pra tocar. Daí o senhor Rui perguntou que músicas eram aquelas. Eu tinha levado discos de Rock, de Twist, de alguns conjuntos daquela época. Eu disse a ele que eram discos de Rock mas que eu gostava também dos clássicos como Glenn Miller e outros músicos. O senhor Rui, naquela época, apresentava mais programas que davam parabéns aos aniversariantes e tocava muitas músicas de raiz. Daí ele perguntou se eu não queria fazer um programa de rádio com as músicas que eu gostava. “Você não quer vir fazer um programa com esses discos que você tem em sua casa? Eu cedo a você uma hora de programa todo sábado” - disse ele. Topei na  hora, porque eu gostava de rádio. Daí, eu convidei o Paulo Renato, convidei o Zé Antônio Viana dias, que foi promotor em Pouso Alegre e um dos diretores da Univás. A gente começou então esse programa e foi o maior sucesso! Chamava “Os brotos comandam”. Pegou fogo na cidade! No sábado a gente ia a pé para a rádio, com um monte de discos debaixo do braço e as pessoas iam pedindo músicas pelo caminho: “Toca aquela nova dos Beatles!”. Quando passaram os seis meses que havíamos combinado, o senhor Rui resolveu dar mais 6 meses pra gente e aumentou o tempo do programa para duas horas. Aliás, ele criou mais um programa pra gente que ia ao ar uma hora antes de “Os brotos comandam”. Daí o Luiz Donato declamava poesia, o José Alfredo dentista lia suas crônicas, a Florinha, filha do Antenorzinho que tinha sido prefeito de Santa Rita, contava fatos interessantes... Isso tornou o programa um grande sucesso. Com o tempo, a rádio começou também a comprar mais discos. Aí o pessoal da ETE, do diretório acadêmico, comprou um horário de três horas que começava depois do nosso. Eles gostavam mais era de Bossa Nova. O senhor Rui começou então a  se interessar por aquilo. Depois, compramos também  um horário, de segunda a  sexta-feira, às seis horas da tarde, antes de começar a voz do Brasil. Chamava “Ritmos do século”. Daí criamos também um programa chamado “Para ouvir depois da aula”. Cada dia era um aluno que fazia a seleção das músicas. Ele escolhia três e queria mostrar o estilo musical dele. Era muito bom e foi um  sucesso. Éramos em nove pessoas. Depois a gente se formou. Eu fui pra São Paulo, o Paulo Renato foi também, o Ciro foi pro Rio de Janeiro, o Petite também  e cada um tomou seu rumo. Uma vez o senhor Rui me disse que fomos nós que os despertamos para explorar o lado comercial da rádio.

O seu gosto pelas músicas de rock causou uma certa estranhesa no senhor Francisco (seu pai), né?

Eu fundei um Clube de Rock aqui! Eu era menor de idade e quiseram até me prender! (risos) Foi em 1959 e deu o maior rolo isso. Escreveram até um artigo no jornal da época dizendo que um bando de jovens estava criando na cidade a falada “Juventude Transviada”.

O senhor participava da lendária “Temporada Lírica”?

O senhor Ciro de Luna ia muito para o Rio de Janeiro e, durante esse tempo, o Cirinho ficava lá e chamava a gente pra tomar uma cerveja. Na época eu era boêmio mas não bebia. 
Uma das edições da lendária "Temporada Lírica"
É verdade que algumas dessas festas demoravam três meses para acabar?

Algumas dessas festas duravam  o inverno todo. Às vezes emendava a semana inteira. Quem ia era o Paulinho Dentista, o Paulo Renato, o Zé Antônio, o Luiz Donato, o Ciro. E a turma ia sempre se renovando. Ia também o senhor Valim, que trabalhava com conserto de rádio.

Uma vez ouvi dizer na cidade que algumas das letras de Roberto Carlos foram compostas pelo senhor Valim. Ele contava isso, mas eu não sei se é verdade. Foi ele quem criou o nome “Temporada Lírica”. Daí nós ficávamos no “Bar do Zé Roberto” conversando e ele passava e perguntava: “Cirinho, quando vai ter a Temporada Lírica?”. Daí o nome pegou!

O senhor é conhecido também pelo depurado gosto por cinema. O senhor prefere cinema americano ou europeu?

Eu prefiro o americano. Mas o cinema europeu também tem uma qualidade impressionante. No meu tempo de moleque eu gostava de Western, mas hoje eu vejo esses filmes mais como curiosidade. Eu gosto muito dos musicais.

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