segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Opinião: Ouvi de tudo naquele sábado, só faltou uma solução (Por Carlos Romero Carneiro)

Doença não escolhe a vítima. Atinge ricos, pobres, patrões e operários. O que faz com que uma pessoa seja salva ou que se lasque em uma mesa de cirurgia é uma nota verdinha chamada grana que muita gente não tem. Diante desta realidade irreversível, não adianta fazer política ou incitar luta de classes. Se existe a necessidade de resolver o problema, é preciso ser estratégico e promover a sinergia entre ambas as partes. Esta é a principal característica de um bom administrador: conciliar pontos de vista distintos.
Na última semana, soubemos que a diretoria do hospital, incapaz de gerir a instituição com os recursos de que dispõe, solicitou apoio maior da prefeitura no sentido de cobrir suas despesas, uma vez que o HAMC tem tido um déficit de 150 mil Reais por mês. Através de pronunciamentos de ambas as partes, fomos informados que o contrato firmado com a prefeitura tem sido pago em dia, mas que seu valor está defasado e tem sido insuficiente para arcar com as despesas, necessitando de uma revisão imediata.

Em discurso oficial, o prefeito disse que disponibilizou um carro e que ofereceu lote, um montante em dinheiro e que distribuiu cestas de natal para os funcionários da instituição, além de outros benefícios. Acontece que, em uma entidade onde voluntários (muito competentes diga-se de passagem) lutam para cobrir um rombo que beira 2 milhões de Reais, justamente por atender a todas as pessoas sem distinção, um apoio paliativo não é suficiente. É preciso que haja o empenho de todos para resolver esta crise e, como disseram os diretores da entidade, há a necessidade urgente de aumentar os investimentos para que o hospital não feche as portas. Não se trata de futilidade e nem de fazer com que a entidade gere lucro. O que foi levantado em um documento veiculado na internet pela Fundação é a urgência de se cobrir as despesas e sanear as dívidas.

Vale ressaltar que hospital é bem diferente de posto de saúde. Uma coisa não anula a outra e é preciso investir em ambas para que as pessoas tenham tratamento digno. Investir em postos de saúde é essencial. A vinda do SAMU também. Acontece que investir em postos e não investir o suficiente no hospital é restringir à população o acesso a um local para realizar seus exames, tirar uma simples chapa de raio-x, dar à luz a um filho ou submeter-se a tratamentos mais delicados. 

Esta talvez seja a primeira vez que o Jeffinho assume a prefeitura após o surgimento das redes sociais. Sinto que tem se sentido incomodado com as críticas e, quando o vi se pronunciar de forma tão emocional no rádio, suspeitei de que a situação poderia ser mais grave do que imaginava. Como não temos alternativa senão contar com o HAMC, deveria haver um entendimento no sentido de se chegar a um denominador comum para resolver o problema, de uma vez por todas. Ao contrário disso, ouvi frases que não correspondem às de um líder experiente. Afirmações como a de que o presidente da Fundação "deve ser homem e assumir a responsabilidade de que quebrou o hospital" ou que "quem perdeu a maternidade foi o pobre, porque o rico continua usando". Nisso eu pergunto: cadê a racionalidade e a intenção de colocar os interesses da população acima de tudo? Cadê a sinalização de que algo de concreto e definitivo será feito daqui pra frente para resolver esta crise que não é de hoje e que nem foi o atual presidente da entidade quem produziu? Será que os voluntários que assumiram a entidade com empenho e que têm sido tão bem-sucedidos em suas vidas particulares, não deram o máximo pelo bem do Hospital? Será que teremos que fazer rifas pelo resto da vida porque os recursos não são suficientes para atender à demanda da população? Ouvi palavras duras naquele sábado, só não ouvi uma solução.

2 comentários:

  1. Parabéns Carlos Romero. O que realmente falta na administração é pulso para enfrentar os problemas. Como ele mesmo diz, se é um profundo conhecedor dos problemas e que esses, na mente dele são fáceis de resolver, que o HAMC entregue para ele a administração do Hospital... e que ele coloque pessoas da cidade para administra-lo. Falar em rádio sobre problemas é fácil, assumir que a prefeitura não paga o que realmente deveria... isso ele não faz.

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  2. Como sempre o Carlos colocando sua opinião com transparência e com um bom entendimento!!! Parabéns pelo texto!!!

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