quarta-feira, 13 de maio de 2015

Luiz Gomes e os 50 anos do Inatel (Por Salatiel Correia)

Todo autor é um escritor de si mesmo e do que viveu. Nesse sentido, a memória é um dos assuntos mais recorrentes da obra literária. Um homem apreciando uma xícara de chá e saboreando uma Madeleine já se tornou uma cena emblemática da literatura mundial na pena de um escritor do primeiro time da prosa moderna. Falo do francês Marcel Proust.
Entre um gole e outro de chá, Proust transportou todos os recursos da memória para sua escrita. Nascia assim um dos maiores romances do mundo em tamanho (três mil páginas) e conteúdo: “Em Busca do Tempo Perdido”. Neste, Proust narra, num tempo extremamente lento, o passar de sua infância e adolescência, na pequena Combray - a vida mundana nos saraus de Paris. 

Confesso que tive um desses momentos proustianos ao entrar, dias atrás, no site do Inatel e deparar-me, na comemoração do seu cinquentenário, com a figura do Diretor da escola nos meus tempos de instituto. Trata-se do Professor Luís Gomes da Silva Júnior. Olha que já faz uns 35 anos! Naquela época, o Inatel era um adolescente; hoje, é um se-nhor maduro, prestes a completar 50 anos.

O Professor Luís Gomes foi o último diretor da escola, importado de Itajubá. Depois dele, veio o ciclo dos diretores da chamada “prata da casa”, cuja principal obra foi, a meu ver, consolidar a identidade da escola. Conseguiram isso. Gestão continuada, competência e compromisso com a instituição foi a receita do sucesso da consolidação dessa identidade.

O Inatel deve muito ao idealismo do mestre de Itajubá que, apesar de ser de lá, sempre teve a escola de Santa Rita no seu coração. Vestiu de verdade a camisa da instituição. No seu tempo, a escola idealizada pelo professor José Leite viveu o primeiro ciclo das grandes construções. Sob a batuta da dinâmica gestão do Professor Luís Gomes, prédios, laboratórios e o auditório Aureliano Chaves se tornaram realidade. Hoje, pelo andar da carruagem, o ritmo frenético das construções que ocorrem no campus da escola, demandadas pelo crescimento da instituição, fará com que o Inatel chegue até à Igreja de São Benedito!

Naquele tempo era imprescindível ter bom relacionamento com o Ministério da Educação - na distante Brasília - do primeiro ao segundo escalão. Ciente disso, o mestre de Itajubá soube usar sua astúcia política no sentido de construir bons aliados que poderiam ajudar o Inatel a consolidar-se como instituição, aliás, recentemente reconhecida pelo Ministério da Educação.

Homem carismático, Luís Gomes sabia construir relacionamentos com políticos que ajudaram a consolidar o Inatel como instituição. O primeiro deles era contemporâneo seu dos tempos de faculdade em Itajubá - Aureliano Chaves, na época, Vice-Presidente da República. Tinha ele também boa convivência com o ministro Bilac Pinto e com seu filho, à época, deputado federal, Francisco Bilac Pinto.

“Jogar confete” no segundo escalão do Ministério da Educação fazia-se necessário também. Tudo em nome da escola que o professor Luís Gomes administrava com o maior entusiasmo e dedicação. Enquanto escrevo estas linhas, vem-me à memória aquela placa que foi colocada, às pressas, num lote baldio ao lado do Inatel, para homenagear um simples burocrata do segundo escalão, o então Chefe do Departamento de Assuntos Universitários do Ministério da Educação que visitava o Instituto. Coisas assim convergiam aos interesses da escola ainda em processo de consolidação, acima de tudo.

Luís Gomes da Silva Júnior foi um diretor de importância na história do cinquentenário do Inatel. Idealismo, honestidade e competência resumem a grandeza da alma de um homem que teve sua importância para a instituição. Um homem que, de fato, sempre amou o Inatel.

(Salatiel Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento Energético. É autor, entre outras obras, do livro Tarifas e a Demanda de Energia Elétrica)

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