segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Fomos a Cordislândia conhecer a grande promessa do vinho sul mineiro

Estivemos, no dia 17 de janeiro, em uma vinícola localizada em Cordislândia, bem perto de Santa Rita, para conhecer uma técnica que tem se tornado um tanto frequente em algumas fazendas sul mineiras: a fabricação de vinhos finos. Em fase de evolução, mas já bem adiantado, o cultivo de uvas para este fim utiliza uma técnica conhecida como dupla poda que “engana” a parreira estimulando a produção no período em que o clima é seco e frio (similar aos terroirs da Europa), entre abril e julho. Tal procedimento, evita que a uva se desenvolva na época das chuvas (ao contrário das Serras Gaúchas) o que proporciona um diferencial aos vinhos de nossa região. O criador desta técnica é o coordenador do Núcleo Tecnológico Uva e Vinho (EPAMIG), Murillo de Albuquerque Regina, que esteve em Santa Rita, no final do ano passado, para contar sua experiência durante o evento “Cidade Criativa”. 
 Quem irá comercializar os vinhos “Dom de Minas” e “Luiz Porto” ainda no primeiro semestre de 2014 é a Fazenda do Porto, localizada na pequena cidade de Cordislândia. Com 700 hectares que produzem soja, milho, uva e outras culturas, a propriedade também conta com um bem montado haras. O carro-chefe é a produção de leite, com cerca de 400 vacas. No local, também existe um alambique e acabam de montar a vinícola para executar todas as etapas da fabricação de vinhos finos, através de um procedimento bem complexo e cuidadoso.

O vinhedo possui diversos tipos de uva, dentre elas: Merlot, Cabernet Sauvignon, Sauvignon Blanc, Cabernet Franc, Sirah e Pinot Noir. Ao que parece, as espécies plantadas há cerca de 10 anos ainda estão sendo avaliadas para saber quais delas irão se adequar melhor à região. 

Segundo nos contou Isabela Peregrino, pesquisadora responsável pela fabricação de vinhos na fazenda, esta é a terceira visita que recebem, sendo todas elas de grupos vindos de Santa Rita do Sapucaí. Os vinhos permanecem estocados em barris de carvalho francês e americano, enquanto alguns exemplares já estão engarrafados (no próprio local) à espera do rótulo recentemente aprovado pelos proprietários da fazenda.
Após o término de uma degustação, onde pudemos experimentar os diversos tipos de vinho produzidos no local (com um aroma e sabor que lembram muito o café maduro), fomos agraciados com um delicioso almoço à mineira, oferecido pelas próprias colaboradoras da “Fazenda do Porto”.

Segundo fomos informados, alguns empresários de Santa Rita estão animados com a ideia de se produzir vinhos finos por aqui e até já estudam substituir parte do cultivo do café, pela uva. Ao que tudo indica, talvez estejamos perto de ter, em breve, um vinho local de excelente qualidade, o que poderá aquecer a economia e fortalecer o turismo. 

Poucos sabem mas,  no início do século XX, um português chamado Manoel Dias Saraiva, era proprietário de uma vinícola onde mais tarde foi construída a Estamparia Santa-ritense (atual Fênix). Na década de vinte, alguns vinhos foram enviados por ele para uma Feira Internacional de Amostras, no Rio de Janeiro, ocasião em que viu o desmonte do Morro do Castelo para realizar o aterro do Flamengo e sugeriu que fosse feito o mesmo por aqui. Com isso, foi criado o Esguicho que, através de seus jatos d’água e calhas, enviava o barro da montanha onde está localizada a Linear para um aterro que tornou possível a habitação no centro da cidade, antes ocupado por um imenso pântano.

(Carlos Romero Carneiro)

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