terça-feira, 4 de junho de 2013

Quem lucra com a Festa de Santa Rita?

Qual é o sentido do turismo? O sujeito trabalha e produz capital em sua própria cidade, viaja para outra região e deixa o dinheiro que ganhou, em troca de alguma atração que o fará satisfeito. Algumas das cidades mais evoluídas do mundo, incluindo muitos destinos brasileiros, exploram com eficiência seu potencial turístico e conseguem aquecer a economia desta forma promissora. Para não ir muito longe, a pequena cidade de Maria da Fé que, até pouco tempo, ninguém ouvia falar, hoje atrai milhares de pessoas através da exploração do clima e da produção do azeite, o que demonstra uma estratégia absolutamente inteligente de seus organizadores. 

Em Santa Rita do Sapucaí, a Festa de Santa Rita tinha tudo para ser da mesma forma. Nós temos uma data tradicional, conseguimos atrair uma grande quantidade de turistas, mas não temos um plano para manter o lucro por aqui. Os barraqueiros vêm à cidade, competem de maneira desigual com nossos comerciantes (que pagam impostos sobre os produtos, têm uma folha de pagamento e geram divisas ao município), geram transtornos que vão da sujeira ao aumento da criminalidade e à superlotação do pronto atendimento para, logo depois, irem embora com o lucro, deixando para trás apenas os efeitos colaterais de sua passagem.

A ideia para um turismo realmente eficiente é que os próprios moradores da cidade lucrem com os investimentos feitos pela administração pública na viabilização do evento. Para isso, devemos enxergar a Festa de Santa Rita, não como uma temporada para comprar produtos mais baratos, mas como uma oportunidade da população melhorar seus rendimentos através da movimentação de recursos, dentro do próprio município.

Com o repasse do capital proveniente da venda dos espaços aos vendedores ambulantes para as institui-ções de caridade, o prefeito Jefferson Gonçalves Mendes deu um grande passo na inversão dessa equação para que o município seja realmente beneficiado com a Festa da Padroeira. Ainda assim, é necessário que o capital levantado nesse momento festivo não seja levado embora por vendedores de outras bandas.

O que difere um país desenvolvido do subdesenvolvido é que, enquanto o primeiro cria e vende, o segundo faz e consome. Trazendo para o âmbito de nossa cidade, faço a mesma pergunta aos nossos conterrâneos. Seremos os eternos consumidores de produtos de baixa qualidade, muitas vezes irregulares e que prejudicam o comércio local pela disparidade de condições ou criaremos uma estratégia para começarmos a lucrar com todo o movimento gerado em torno de nossa tradicional festa? 

(Carlos Romero Carneiro)

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