quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Banco, o Bar e a Banca

O tradicional prédio localizado à Praça Santa Rita, número 88, já foi cenário de muitas histórias. Construído em um dos pontos comerciais de maior movimento e visibilidade da cidade, o local já foi Banco, Bar e hoje abriga a famosa Banca de Revistas do Chico Caruso.
O Banco

Ao visitarmos o interior do estabelecimento, que ainda guarda formas bem próximas da construção original, podemos notar um detalhe que chama a atenção de quem o visita: as grossas barras de ferro que oferecem segurança ao recinto. Tais barras são da época em que o local abrigava o “Banco Popular Sul de Minas S/A”. Fundado no dia primeiro de julho de 1923, por José Pinto Vilela, o estabelecimento teve como primeiro presidente o Dr. Eupídio Costa e como primeiro gerente o Sr. Cezar Carneiro (imagem de rodapé).

Nos primeiros dois anos de funcionamento, o Banco conseguiu duplicar seu capital inicial de 500 contos e mereceu até uma menção do então Ministro da Fazenda. Alguns anos depois, uma grande crise afetou o Banco Popular, obrigando seus acionistas a venderem suas quotas, o que ocasionou o fechamento do estabelecimento.

O bar

Mais tarde, o prédio se transformou em bar, de propriedade de Clemente Figueiredo, pai do santarritense Nuno Figueiredo.  Em outros tempos, o local pertenceu também ao Sr. Júlio, que montou um estabelecimento comercial muito bem frequentado. O Bar do Júlio, como era conhecido, vendia um sorvete delicioso - feito no próprio local - que os habitantes da cidade costumavam comprar antes de iniciar as sessões de cine-ma. Nos fundos do estabelecimento havia também uma mesa de sinuca que era disputada, antes do almoço, por santarritenses como Paulo do Putieu, Rubens Amaral e Bié Capistrano.
A sinuca

Reza a lenda que, certa feita, alguns santarritenses passavam suas horas de folga em torno da mesa de sinuca, quando viram entrar um rapaz pequeno, aparentando uns 50 anos. O homem deixou as malas em um dos banquinhos que contornavam a mesa, foi até o balcão e pediu algumas fichas. Quando chegou sua vez de jogar, o homem convidou um dos presentes para acompanhá-lo e ouviu como resposta a seguinte frase: “Eu só jogo valendo cobre!” O homem aceitou, mesmo sem saber que iria jogar contra um dos maiores jogadores de Santa Rita. Perdeu a primeira, perdeu a segunda, a terceira, até perder a paciência e resolver tirar tudo o que tinha na carteira e colocar em cima da mesa para tentar recuperar o dinheiro. O rival santarritense, com um riso nos lábios, nem tinha a quantia total que havia sido colocada em jogo, mas resolveu pedir emprestado aos amigos que não pensaram duas vezes em favorecer a aposta. Quando o jogo teve início, o homem desconhecido, que até então tinha levado um couro atrás do outro, parecia se transformar em um mestre da sinuca. Sem errar uma única tacada, matou todas as bolas, pegou o dinheiro e tratou de sumir dali. Só depois, os assíduos frequentadores do Bar do Júlio, ficaram sabendo que aquele homem era o famoso Pernambuco. Um campeão de sinuca que ganhava a vida dando golpes pelas cidades brasileiras. Por outro lado, se o tal Pernambuco ganhou uma bolada, o santarritense que havia apostado todo o dinheiro que havia recebido com a vendas dos porcos  que criava, também ganhou. Ganhou um apelido. Por ter ficado com a fama de perder até as cuecas na sinuca, o adversário passou a ser conhecido, desde então, pela alcunha de “Zé Cueca”.
 
Jogatina

Em um tempo em que o jogo ainda não era proibido, o Bar do Júlio oferecia nos porões do seu estabelecimento um Bingo que premiava os vencedores com dinheiro. O local também era palco de apostas em um jogo - pouco conhecido atualmente -  e que era conhecido como “Buzo”. Os antigos frequentadores da casa contam que o porão ficava repleto de santarritenses em busca de dinheiro fácil.

A banca

A informação que tivemos foi que o último dono de bar que trabalhou naquele local foi o Sr. Gumercindo. Há quinze anos, Chico Caruso inaugurou por ali sua casa lotérica que depois foi transformada em uma revistaria. Hoje em dia, Caruso dispõe também de um Café, muito bem frequentado pelos habitantes da cidade, e que oferece excelentes variedades de lanches, bebidas quentes e tortas. Um local para bater papo, saber das novidades e encontrar os amigos.

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