sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A história de nossas pontes

Asseveram os mais antigos que, no local onde hoje está a ponte de cimento armado existiu, no começo de nossa história, uma ponte de madeira. A primeira a ser construída sobre o rio Sapucaí nestas paragens. Ignora-se quem tenha sido o seu engenheiro ou seu construtor, mas tudo nos leva a crer que tenha sido o Capitão João Antônio Dias, pelos conhecimentos militares que tinha. Dizem também que ela era utilizada para baldear pedras para a construção de nossa capela.
Fotografia do final do Século XIX. Para atravessar a pequena ponte era preciso pagar pedágio.
A primeira ponte durou até mais ou menos 1875, quando foi destruída por uma enchente e por falta de conservação. Com a expansão da cidade, margeando o Sapucaí, rio abaixo, foi construída pelo Sr. Joaquim (ou José) dos Santos a nossa Segunda ponte, também de madeira e coberta de Zinco. Este senhor colocou no centro da ponte uma porteira e cobrava de passagem a importância de Rs$100 para pedestres e Rs$200 para os cavalos e viaturas. O mais interessante é que esta porteira  era, naquela época, a linha divisória com o município de Paraisópolis. Os valentões da época, quando cometiam qualquer crime do lado de cá, corriam ligeiros  para o outro lado da ponte, ficando a salvo de nossas autoridades. Esta ponte durou um bom tempo e, com a enchente do ano de 1906, sofreu uma avaria, fazendo-se uma passagem provisória mais acima, para facilitar o seu conserto.
Mais tarde, com o Dr. Delfim já no Governo do Estado, preocupou-se com a dotação de uma ponte metálica para a nossa cidade. Ele encontrou dificuldade na importação da ferragem, uma vez que o período era de guerra. Sabedor disso, em conversa num Café do Rio de Janeiro, o Senador Cupertino informou ao Dr. Leopoldo de Luna da existência de uma ponte que havia sido abandonada às margens do Rio Casca.

Conta Leopoldo de Luna: “Cupertino, me contou que seu sogro foi o encarregado das providências para o transporte da ponte na estação da Leopoldina, onde foi embarcada.Gastou quinze dias na operação, em carros de boi.  Interessante como, de uma prosa corriqueira, na mesa de um bar, surgiu esta ponte que tão bons serviços prestou à nossa terra. ”Dr. Delfim Moreira não chegou a assistir à sua inauguração pois, quando faleceu, ela ainda não estava terminada.
A quarta ponte é a de cimento armado, construída no governo do Dr. Milton Campos, financiada pelo Cel. Francisco  Moreira da Costa e inaugurada em 1954.

No dia 27 de Setembro de 1981, aconteceu um dos capítulos mais trágicos da história de Santa Rita do Sapucaí. Durante uma cerimônia de batismo realizada pelos fiéis da igreja Assembléia de Deus, realizada às margens do rio, a velha ponte não suportou a grande massa de pessoas que haviam tomado toda a sua extensão para assistirem à cerimônia e ruiu. A ponte já havia sofri-do avarias alguns anos antes, quando não suportou o peso de uma máquina e quase partiu ao meio. Até então, nunca tinha ocasionado vítimas fatais
Veja, através de um texto de “O JORNAL”, como aconteceu a tragédia:
"Nossa cidade viveu momentos de tensão e desespero na tarde do dia 27 de Se-tembro, quando a ponte metálica desabou arrastando centenas de pessoas que ali se aglomeravam. A igreja Assembléia de Deus realizava nas águas do Sapucaí o seu tradicional batismo, que atraiu para o local uma verdadeira multidão, entre fiéis e curiosos. A ponte, como toda a cidade sabia, estava interditada, com a estrutura abalada na metade esquerda do rio, e não suportou o peso da massa humana que se postou em busca de uma visão melhor da cerimônia. Quando do desabamento, ocorreram cenas de horror e heroísmo, com pessoas gritando apavoradas, correntes que prendiam canoas arrebentadas a tiros e o trabalho rápido e eficiente dos canoeiros e da polícia, retirando das águas um grande número de acidentados. No balanço final, mais de quarenta feridos e, infelizmente, cinco vítimas fatais. A cidade ficou triste e de luto. "
Anos depois, foi construída uma nova ponte no mesmo lugar. A velha ponte metálica, em que o famoso Dito Cutuba subia em suas colunas e pulava com a duas mãos amarradas para agradar aos amigos, foi substituída pela “Ponte José  Neves”, inaugurada em 1985.

11 comentários:

  1. PARABÉNS. MUITO LEGAL E SUPER INTERESSANTE A REPORTAGEM DAS PONTES. UM DOCUMENTO HISTÓRICO DA CIDADE DE INQUESTIONÁVEL VALOR. ALIÁS, ATRAVÉS DO BLOG PUDE CONHECER HISTÓRIAS SENSACIONAIS DA CIDADE. VALIOSO, TENHA CERTEZA.
    Professor Anderson ( História)

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  2. Obrigado professor! Ficamos contentes que tenha gostado.
    Abraço! Carlos

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  3. Parabens por postar esta foto.
    Morava ao lado da ponte e me lembro deste dia claramente, um "tanque" do exercito esta arrastando as ferragens para a margem.

    [], candido

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  4. quando vi esta foto da ponte eu fiquei impressionado, porque aonde está a coluna que sobrou da ponte, foi bem ali que estavamos eu, meu pai e meu irmão mas era do lado que caiu. Me lembro que o lado que caiu ficou uma parte dela ainda fixa,e foi por ali que nós conseguimos sair.Eu tinha 4 anos meu irmão 5 anos.Para quem tem dúvidas meu pai era um relojoeiro muito conhecido na cidade, a relojoaria dele se chamava RELOJOARIA CAPIXABA.obrigado... eli.guaresqui@hotmail.com

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  5. Parabéns a equipe pelo resgate histórico, é uma aula cultural. Gde abço, Breno Andrade

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  6. Muiito legal,que vocês colocaram a história de nossas pontes aqui pois nós jovens nem pensávamos em nascer e muitos nem sabem como contar,outros nem se interessem em saber.
    Achei Muito interessante Parabéns !!!!

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  7. Apenas um registro histórico, mas necessário: a atual ponte de cimento foi construida pelo governador Tancredo Neves atendendo solicitação do deputado estadual Ronaldo Carvalho e do prefeito Rogério Renó. O autor da lei que denominou Ponte José Neves foi também do deputado Ronaldo Carvalho.

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  8. Muito bom!
    Seria possível informar se a primeira ponte de madeira era onde hoje é a do Country Club e se a segunda, com cobertura e pedágio era onde foi construída a de ferro que ruiu?
    Outra coisa, poderia incluir algo sobre os projetos para novas pontes, sua localização e perspectivas.

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  9. Me lembro de minha avo contar sobre o "quatro cantos". Onde hoje eh o club Santarritense, antes de haver a ponte era chamado de quatro cantos. Pelo que me lembro dela contar, onde hoje ainda eh o club, morava o Dr. Armando, destista, pai do Dr. Carlinhos. Talvez ele e as irmas tenham alguma historia para contar. Me desculpem se estou errada. Creio eu que a ponte deve ter por volta de 65 anos. Tenho uma foto da ultima casa antes da ponte que tinha uma escada muito alta e hoje ela eh terrea, minha avo contava sobre o aterro que foi feito ali, para construir a ponte que era chamada de ponte nova. Vou tentar obter mais informacoes sobre o assunto,

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  10. Sr(a)s
    Atendendo à curiosidade manifestada acima e também a minha. De onde foram tiradas as fotos e onde estavam situadas as pontes? Vou exercitar uma metodologia "sacativa" na esperança de que alguém com melhor lembrança ou análise me corrija. Comparando a foto da 1a e 4a pontes.

    1. Se as pedras para a Igreja passavam pela ponte, é possível que fosse na linha mais reta entre a pedreira e a Pça. ou seja, pela Rua da Ponte.
    2. As montanhas de fundo, embora uma sob chuva e outra sob sol, parecem ter o mesmo perfil. A 4a. ponte mostra a escavação que se chamava barranco ou esguicho, paralela à antiga Rua da Cadeia.
    3. Na 1a ponte o barranco está intacto. E toda a área em torno da da R. Barão do Rio Branco está alagada. Ou seja, ainda não tinha sido aterrada.
    4. Qual é a grande construção ao fundo, na 1a ponte? A Igreja? Onde está a torre? Ou ainda não tinha estava acabada?
    Daí minha conclusão. Ambas as fotos foram tiradas de cima da pedreira. E a 1a. e 4a. pontes foram construídas praticamente no mesmo lugar. Ao final da Rua da Ponte.
    Saquei muito? Rs.
    Alguém me contesta? Alguém tem memória ou prova que nos ajude a interpretar e restaurar a verdade?
    O CyberGagáVéio

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  11. gostei muito desta reportagem parabens

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