segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Entrevistamos Ricardo Baiano, o folclórico goleiro santa-ritense


Ricardo, como foi o seu início no futebol? Como descobriu a sua vocação para ser goleiro?

Minha primeira experiência com o futebol foi na escolinha do professor Aleluia. Eu nem imaginava ser goleiro. Na verdade, naquela idade, ninguém tinha posição certa. Algum tempo depois, já na educação física do professor Décio Saretti, jogando futsal, eu sempre era o último a ser escolhido. Era um péssimo jogador de linha. Os colegas me mandavam pro gol e eu vivia resmungando. Era o que me restava. Desde então, resolvi me dedicar à posição. Depois de alguns anos, voltei à escolinha e, mais tarde, surgiria a primeira oportunidade como goleiro de campo no Minas Gerais. Foram anos jogando pelo time do Bairro Eletrônica. 

Você se inspirava em algum atleta profissional? 

Sim, me inspirava muito em alguns goleiros da época. Aqui no Brasil, inspirava-me muito no Gilmar Rinaldi e no saudoso Zé Carlos, ex Flamengo. Fora do país, gostava muito do paraguaio Chilavert, do colombiano Navarro Montoya e do espanhol Zubizarreta. Procurava imitá-los, comprava uniformes e luvas importadas, tudo combinando. Certa vez, no intervalo de uma partida, o árbitro pediu minha camisa para dar de presente para seu filho. Era uma época maravilhosa. 

E em Santa Rita?  Quais os melhores goleiros que você viu em ação? 

Todos dizem que o melhor de todos foi o Luiz Carlos e eu não duvido. Em todo lugar que joguei, ele é a referência. Pena que não tive o prazer de vê-lo em ação. Dos que eu vi jogar, Paulo de Tarso e Rolando de Martha foram os melhores. Paulo jogou no Estrela Azul – time semi-profissional de Santa Rita nos anos 90 e Rolando de Martha destacou-se nos campeonatos da cidade e como goleiro de futebol society. Nos tempos de garoto, alguns jovens talentos também se destacaram, casos de Uilham Teixeira, Gustavo Patta e do saudoso amigo Almir Rogério. 

Quem foi o melhor goleiro que você já enfrentou e quem é o melhor goleiro de Santa Rita atualmente? 

Luciano, ex-goleiro do Tupi. Foi reserva do Sílvio Luiz, no São Caetano. Aqui, gosto muito do Alcir Wiesloski – vulgo Sertão. Ele não é natural da nossa cidade, mas mora aqui há algum tempo. Também recebeu um treinamento profissional e jogou pelo Santarritense. É um grande goleiro. Tem tudo pra ser o melhor da região, em poucos anos. 

Rolando de Martha disse que, depois da era Luiz Carlos, você é o melhor da história de Santa Rita. Você concorda?

Claro que não. Rolando é um gentleman. O Naniko – excelente lateral dos anos 80 e 90 - também me disse isso, mas não concordo. Luiz Carlos é o melhor de todos. É considerado por muitos como o maior goleiro da região. Jogou profissionalmente em Pouso Alegre e até hoje é ídolo por lá. Paulo de Tarso jogou no Estrela Azul, além de ter sido campeão sulmineiro como amador. Carlinhos do Clarisvaldo foi outro grande goleiro. Não o vi jogar, mas sei que ele chegou a atuar nas categorias de base do Atlético/MG e Rolando foi, por muitos anos, o melhor goleiro da cidade e campeão por onde passou. 

Como foi sua passagem pelo Santarritense? 

Breve. Entre 2004 e 2007, a convite do professor Bugalu. Lá, tive o privilégio de conhecer dois treinadores profissionais: Julio César e Anderson Simões. O primeiro treinou os goleiros do São José e o segundo os goleiros do Bahia e Ponte Preta. Eram muito atualizados. Aprendi muito com eles. Tive poucas chances como titular, pois tinha que disputar posição com o experiente goleiro Adriano - hoje preparador no Centro de Treinamentos do Oscar, ex-zagueiro da Seleção Brasileira e outros tantos bons goleiros que vieram pra Santa Rita nesse período. Tivemos o prazer de jogar contra a Portuguesa,  Botafogo de Ribeirão Preto, Cal-dense e Tupi. Enfrentamos grandes jogadores como o Fábio Augusto – ex-Flamengo e o goleiro Luciano – ex-São Caetano. Atuamos em belos estádios como o de Juiz de Fora e o Melão, em Varginha. Por dois pontos não conseguimos o acesso à primeira divisão de Minas Gerais. Um amistoso em São Gonçalo e outro contra o VEC foram minhas melhores atuações, mas não era prosaico que eu atuasse como titular. Tive o prazer de disputar alguns jogos pelo Campeo-nato Mineiro e, mais tarde, todo campeonato regional amador. 

Quais foram suas maiores alegrias no futebol?


O futebol me trouxe grandes alegrias. Fui campeão algumas vezes aqui na cidade, no amador, no futsal e no futebol society. Fui campeão em Pouso Alegre e tenho alguns títulos na região. Certa vez, um jornal de BH mencionou um título que conquistamos em Pouso Alegre. Eram quatro páginas no caderno de esportes. Uma do Cruzeiro, outra do Atlético, a terceira do América e a quarta do nosso título e da minha atuação. Enfrentei grandes jogadores, joguei em belos estádios, ganhei pouco dinheiro, mas atuei contra o Zé Carlos, Adílio, Andrade, Uri Geller, Cláudio Adão, Serginho Chulapa, Ataliba, Gilmar e Capitão. Tive o prazer de ver que amigos de escoli-nha como Émerson, Cafu e Ziquinha tornaram-se jogadores profissionais.Joguei com os grandes jogadores da história da nossa cidade como Jairzinho, Naniko, Rildo, Baldoni, Galo, Turuta, Robledo, Jander, Labruna, Elias, entre outros. O jogo contra o Flamengo em 2007 também foi muito especial, até porque participei na contratação. Pra jogar, recordo-me que paguei um salário mínimo num par de luvas que veio da Inglaterra. É paradoxo, mas a cada defesa que eu fazia naquela manhã, sentia-me triste. Mesmo jogando contra, queria mesmo era comemorar os gols do Fla (risos). Acabei por fazer amizade com alguns jogadores daquele time. Através do Andrade, conheci o Zico, o Júnior e o Rondinelli. Mas, de todas as alegrias que o futebol me proporcionou, tenho os amigos que conheci como a maior delas. O futebol me trouxe 90% das minhas amizades e sou muito grato por isso.

Oferecimento: MG Refrigeração

2 comentários:

  1. E O FLÁVIO LEITE. PUTS ESQUECERAM DELE .RSRSRSR

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  2. Flávio Leite também foi um excelente goleiro.

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