segunda-feira, 16 de abril de 2012

A missão de Therezinha

 Ninguém imagina o que Dona Therezinha estaria fazendo da vida, caso não fosse coordenadora de uma de nossas creches. O que sabemos é que encontrou inspiração em sua sogra - Dona Vitória - que chegou a plantar violetas em casa para arrecadar recursos e cuidar de crianças carentes.

A vocação desta senhora de 82 anos sempre foi a educação. Ao se aposentar como Diretora da Escola Sanico Telles, em 1988, iniciou seus trabalhos ao lado de Dona Clélia e ficava admirada em ver como as crianças eram tão bem tratadas. Mal suspeitava que esta seria, em breve, a missão que abraçaria com amor e que iria nortear seus passos pelos próximos 22 anos.

Desde que assumiu a direção da Creche, centenas de crianças receberam os cuidados de sua equipe, mas Therezinha confessa que está sempre aprendendo. Certa vez chegou a se surpreender com uma criança que a puxou pela barra da camisa para contar que havia feito um coque nos cabelos igualzinho ao dela. Não foi diferente quando pediu a um menino que desamarrasse uma blusa da cintura e descobriu que ele se espelhava em um de seus hábitos. Se sua influência era tamanha nos pequenos detalhes, maior ainda passou a ser sua responsabilidade para garantir que os 163 alunos tivessem somente bons exemplos.

Com o passar dos anos, o projeto social iniciado na década de 60 começou a chamar a atenção da sociedade e Dona Therezinha foi visitada por uma equipe de televisão. Mesmo com tantos fios, câmeras e holofotes, a coordenadora recorda que quem roubou a cena naquele dia foi um de seus alunos. Vendo toda aquela movimentação, um menino de 5 anos pensou que sua escola estava sendo vendida e abordou a diretora para fazer uma proposta: “Quanto a senhora quer pela creche? Passa o preço pra mim que eu trabalho e compro!”

Muitos são os desafios encontrados na coordenação de um trabalho que se tornou referência não só no município como também no estado de Minas e no país. No entanto, talvez o maior deles seja o milagre de converter ligações telefônicas em dinheiro para saldar as contas. Nessa maratona de pagar funcionários, alimentar a criançada quatro vezes ao dia e estar sempre em ordem com as empresas de luz, água e telefone, quem sai ganhando sempre é a sociedade santarritense que nunca perde a oportunidade de fazer o bem, ajudando uma causa nobre. Na maioria das vezes, a res-posta é sempre a mesma: “O que é que manda, Dona Therezinha?”. Todos sabem que um pedido feito por ela não poderia obter diferente resposta.

Mesmo com toda a mobilização em torno de sua causa, Therezinha conta que o dinheiro que consegue nunca é suficiente. A saída é vender calças enviadas pela empresa em que seu filho trabalha, realizar eventos sociais e sempre lutar por boas verbas da administração pública municipal. Através deste esforço, grandes resultados são conquistados e constroem os alicerces para que suas crianças possam ter um futuro de honra e dignidade.

Como se já não bastasse todo o trabalho empreendido por esta jovem senhora, que também é mãe, esposa e avó, Dona Therezinha também dirige o Conselho Tutelar Santarritense ao lado de seu grande amigo José Praxedes Maria. Juntos, essa dupla dinâmica atua além dos limites escolares e busca as condições necessárias para uma infância feliz. Este será o último ano de nossa homenageada à frente do Conselho que, por não oferecer remuneração, poucos aceitam assumir. No entanto, ela conta que sua saída será oportunidade para reformar o regimento interno, corrigindo o que não deu certo e aplicando novas receitas. Seu trabalho não para.

De tudo o que contamos sobre Thereza Cardoso Capistrano, convém constatar que ela realiza suas obras com mais facilidade do que conseguimos traduzir em algumas linhas. No entanto, assim como ela, tocamos nossa missão em frente e buscamos inspiração para ressaltar pelo menos um pouco do que sua existência significa para todos nós. Dona Therezinha é tudo o que dissemos e muito mais. Só mesmo Deus para reconhecer tamanha grandeza e mensurar como seu exemplo irá repercutir nas futuras gerações. Cabe a nós demonstrar o afeto que sentimos e torcer para que, a partir de seu exemplo, milhares de Donas Therezinhas surjam em nossa cidade e no país. Se tal milagre ocorresse, teríamos um exemplo de virtude a cada esquina e caminharíamos a passos ainda mais largos, em nossa jornada pela evolução.

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