quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Santa-ritenses e seus apelidos - Giovanni Coalhada

Meu pai sempre foi comerciante e era lá que a minha mãe preparava a melhor coalhada da região. Como eu trabalhava como garçom, atendia aos estudantes da ETE e do Inatel e não demorou para que um rapaz de Manaus começasse a me chamar pelo nome da especialidade da casa. Muitos anos depois, participava de reuniões nas telefônicas pelo Brasil e, quando viam que eu era de Santa Rita e que filho do jornaleiro, surgia sempre a pergunta: “Então você que é o Coalhada?” Com o tempo, o apelido esfriou.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Meu amigo Bentinho - Conto sobre um santa-ritense, na era de ouro do rádio

Após um concorrido concurso na Rádio Inconfidência, minha classificação como locutor não era muito recomendável. “Você tem boa voz e dicção, mas tem péssima cultura.” - disse o diretor da emissora. 
Os dias se passaram e o meu dinheiro, que era pouco, também. Era a quantia certa de uma passagem de volta, mas a intenção de ser locutor, já havia sido descartada. 

Dias se passaram até que, ao voltar ao quarto de pensão, encontrei um recado de Zito Vono: “Silva, meu irmão Zezinho mandou lhe dizer para procurá-lo amanhã na rádio, antes do programa dele.” 

A interferência de José Antônio Vono Filho, o Bentinho, na minha admissão como locutor foi uma das coisas mais gratas em meu coração. Às 14 horas do dia seguinte, eu seria anunciado pelo microfone de uma grande emissora, no programa de “Bentinho do Sertão”.

Só agora, depois de muito tempo, é que o então diretor, que tornou-se o meu amigo particular, trouxe ao meu conhecimento um diálogo que selou a minha sorte. Sabendo da minha limitada possibilidade de ser aprovado, Bentinho solicitou ao diretor um locutor exclusivo para o seu programa. Como se tratava de uma das atrações mais ouvidas daquela época, apresentou uma lista de locutores para que escolhesse. O santa-ritense, entretanto, foi categórico: “Eu quero o meu conterrâneo! E não se preocupe com o salário dele... eu pago do meu bolso!” 

Foi assim que pude pagar a minha pensão e matricular-me numa escola da capital. Foi assim que Bentinho, com 600 cruzeiros por mês, me abriu os braços e proporcionou-me tudo o que queria na época: viver e estudar. Foi assim que eu soube da sua ajuda a um conterrâneo seu sem que jamais tivesse me dito.

Por Silva Filho - Correio do Sul - 6 de setembro de 1964

Santa-ritenses e seus apelidos - O Marelo

O apelido surgiu quando eu trabalhava no Colégio. Eu sempre usava uma camisa amarela e um menino começou a me chamar de Marelo. Faz muito tempo. Até hoje o pessoal me chama. Muita gente não sabe do meu nome verdadeiro. Só conhecem o apelido. Esses dias eu saí de amarelo na rua e o povo já começou: “Tá mais amarelo ainda, heim!” Sempre brincam comigo. Eu não esquento com o apelido. Até gosto. Os mais chegados me chamam de Elo. É uma evolução do Marelo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Santa-ritense e seus apelidos: O Picolé

Quem colocou foi o professor João de Abreu, na aula de desenho. Eu vendia picolé, na rua, na época do senhor Antônio Ferraz, o Totonho, pai do Janarelli. Eu passava pelo campo de futebol, pelo portão do colégio e, principalmente, pela Rua do Queima, onde a freguesia era grande. Como a criançada não tinha dinheiro eu vendia tudo fiado e passava no outro dia para receber. As mães ficavam uma fera, queriam correr atrás de mim. Ninguém sabe que o meu nome é Luiz Roberto. Se tiver é uma meia dúzia. Em Pouso Alegre é mesma coisa. Todo mundo chama assim.

Ponto de Cultura Prodarte tem suas inscrições abertas

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Terça-feira de cinzas (Por Carlos Romero Carneiro)

Era uma tarde mais saudosista do que eufórica. Com os carros alegóricos prontos, o lendário saxofonista Tonico, entoava o hino do Bloco enquanto os entusiastas do Democráticos batiam palmas e se emocionavam no barracão das velhas lembranças. Estava tudo lá, menos as pessoas que ensinaram aquela gente a ter amor pela agremiação. Ao fundo, Rogério  Azevedo, o Ieié, dava sua risada tão conhecida e emocionava-se com a apresentação do músico que, em outros tempos, foi um dos responsáveis por dar vida ao morro do Zé da Silva. "Está todo mundo aqui! Luiz Carlos, Tio Hugo, Lazinho do Quinquim, Tatau... não faltou ninguém!" - disse Ieié, em misto de verdade e brincadeira.
A última foto de Rogério Ieié. Por Fred Cunha.
Onze e pouco da noite, o bloco estava montado na avenida que nos foi imposta. Os membros da agremiação demonstravam alegria por manter uma tradição que já beira os noventa anos. Chegava o momento de invocar aqueles que criaram uma história que não se apaga. A homenagem, o clarim, o hino seguido dos fogos. Ieié, que chorava sempre que aquela cena se repetia, possivelmente se lembrou das pessoas que já não estavam mais ali para ver aquilo (ou, quem sabe, estivessem). Foi acometido por uma descarga tão forte de emoção que seu coração não suportou. Nem mesmo a presença do renomado doutor Kallás, que encontrava-se bem ao seu lado, foi suficiente para livrá-lo de um ritual que, cedo ou tarde, é imposto a todos os foliões.

A cena que se viu dali em diante foi das mais trágicas. Metade dos organizadores, inclusive o presidente, acompanhava Rogério, enquanto a outra cuidava para que o espetáculo não acabasse ali. A plateia parecia não entender porque um evento tão perfeito, tinha membros de feição tão estática. Ninguém ria. Ninguém se divertia. Todos aguardavam que a avenida acabasse para guardar os carros e ter notícias do filho de dona Lydia.

Quando doutor Alexandre surgiu pela porta lateral do pronto-atendimento e disse que não havia mais nada a fazer, o pranto tomou conta de todos. Uma cena surreal deu o tom daquela noite que tinha tudo para ser a mais feliz de todas. Enquanto parentes e amigos choravam a perda de Ieié, ouvia-se a Bandeira Branca ecoar a duas quadras dali. "Bandeira Branca, amor. Não posso mais. Pela saudade, que me invade eu peço paz."

Rogério foi embora feliz. Estava contente por ver sua família empenhada em produzir um desfile de qualidade e reavivar a importância das pessoas que criaram um bloco tão amado quanto os Democráticos. Ousaria dizer que Ieié morreu de felicidade, mas aquela noite fez com que o carnaval terminasse mais cedo. No dia 9 de fevereiro de 2016, tivemos a nossa terça-feira de cinzas. Naquele desfile, o amado morro, desfalcado de suas mais queridas figuras, perdeu (ou ganhou) o querido Ieié.


Vá com Deus, caro amigo.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Os santa-ritenses e seus apelidos - Tarcísio Carijó

João, Carijó e Norton.
O meu nome é Tarcísio, mas todos me conhecem como Carijó. Herdei o apelido do senhor Geraldo, casado com a minha tia. O homem era funcionário do Chico do Bilac e trabalhava como motorista. Como seu apelido era Carijó, começaram a me chamar de Carijozinho e o apelido evoluiu quando eu cresci. Hoje, todos pensam que este é o meu nome de verdade. Acham que eu chamo Carijó. Eu passo na rua e o povo grita o apelido. “Ô Carijó, coisa linda!” Adoro quando me cumprimentam na rua!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Coluninha Social da Tia Maitê

Depois de uma linda viagem à magnífica cidade de Cubatão, Tia Maitê chega, triunfante, às saudosas linhas deste magnifíco jornalzinho! Nossos estimados leitores vão rir à grande com as travessuras desta fabulosa coluninha social! 
Na última semana, um casalzinho santa-ritense realizou travessuras formidáveis ao viajar para a linda estância de São Sebastião da Bela Vista! Titia soube que o automóvel do bacharel Breninho Feliciano tem subido todas as semanas a serrinha do paredão! É lá que ele e sua noivinha degustam uma deliciosa porção de jiló frito e se divertem com a aristocracia local! 

Minha diquinha cinematográfica desta semana é o filminho “50 tons de cinza”. A linda trama de amor e ternura foi sugestão do Cassinho da Locadora. Pretendo assistir assim que a TV voltar do Patinha!

Titia não vê a hora de chegar a Folia do Momo para ver as peripécias de Mano, nosso eterno reizinho! A rainha deste carnaval será a fantástica Tainá Corre-corre, que  promete sambar a valer, dentro da moral e dos bons costumes! Titia Maitê fica emocionada com todas aquelas autoridades, espalhadas pelos camarotes da Delfim Moreira, ansiosas pela passagem de nosso fantástico Bloquinho das Piranhas! Quanta confusão! Quanta energia dessas coisas lindas de papai neném! Aos pequenos que pretendem brincar o carnaval neste ano, Titia indica o Bloco dos Ursinhos Kids, que contará com a fantástica dançarina Ândrea e a suas maravilhosas bailarinas voadoras!

O paquerinha desta semana é o simpático Vinicinhus Boaretus, aniversariante da vez!

O beijinho da Maitê vai para o meu primeiro namorado, Marquinhos Tuiuiu! 

Divirtam-se a valer e não esqueçam o casaquinho! Beijocas e pipocas!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

A última causa do Doutor Caponi

“Esqueceram de convidar o Caponi, mas ele vai assim mesmo. Tem algumas coisas que preciso explicar.” - confessou o advogado a um amigo, em terceira pessoa, como tinha o hábito de falar. 
O convite a que se referia tratava-se de uma Assembleia Extraordinária da Fundação Santa-ritense de Saúde e Assistência, responsável pela gestão do hospital. Disse que iria e foi, sem imaginar o que estava prestes a acontecer.

No decorrer da Assembleia, Caponi teria comentado aos presentes algo, mais ou menos, assim: “Vou morrer amanhã ou depois, mas vocês vão ficar. É necessário que se unam para que a cidade não fique sem o hospital.” O que ele teria dito ocorreu, com certo tom de profecia.

Há meses, Caponi andava preocupado com a situação da entidade. Entre os seus conhecidos, falava sobre a necessidade de empenho para promover a saúde e questionava a falta de sinergia entre poder público e seus voluntários. 

Consternado com o estado crítico de nossa saúde, Caponi ouvia um pronunciamento da Assembleia, quando queixou-se com alguém ao seu lado: “Não estou ouvindo o promotor. Por que está falando tão baixo?” Estas teriam sido as suas últimas palavras. O advogado foi acometido por um infarto e sucumbiu diante dos participantes que não tiveram tempo de socorrê-lo. Uma médica, presente na reunião, tentou reanimá-lo, mas não obteve sucesso. Despedia-se, naquele momento, o engajado e não menos polêmico, Doutor José Caponi de Melo, tão presente na história local.

Natural de Bueno Brandão, Caponi chegou jovem a Santa Rita e nunca mais retornou. Casado com Dona Cidália  (filha de Dona Hespanha e do lendário professor Castillo), apaixonou-se pelo Ride Palhaço e tornou-se uma de suas mais importantes figuras. Era dele a missão de correr o Livro de Ouro e recolher doações. “Em quatro visitas que eu fazia, pagava boa parte do desfile.” - disse uma vez, enquanto lembrava os antigos carnavais.
Outras entidades também tiveram a sua participação. Quando corremos os olhos em velhas fotografias e documentos de tempos atrás, vemos sempre um jovem magro e sorridente, usando óculos de grau, com pessoas alegres à sua volta. Associação de Atletismo, ETE, Inatel, Clube, Academia de Letras ou Sociedade dos Amigos... todos tiveram a sua participação.

Dizem os mais próximos que, desde que perdeu a esposa, Caponi nunca mais foi o mesmo. Parecia ter perdido a alegria. Não tinha a disposição que foi sempre a sua marca mais forte. Sentia-se um pouco sozinho e já não via tanta graça nas coisas.

Com o seu passamento, foi-se embora o advogado que, dificilmente, perdia um embate. Despediu-se o homem, sempre rodeado de amigos, na defesa de sua derradeira causa: a manutenção de nosso precioso (e tão castigado) hospital. Vai com Deus, Caponi.

(Por Carlos Romero Carneiro)

Oferecimento:

Bloco dos Democráticos - Carnaval 2016 (Enviado por M.C.A.N)

O Bloco dos Democráticos, em seu 81º Octogésimo Primeiro Aniversário apresenta:

 “Uma Visita de Cléopatra à Roma”

É com muita satisfação que o Bloco dos Democráticos desfila em mais um Carnaval.  Nossa história já conta mais de 80 (“oitenta anos”) saudando nossa cidade com tema da antiguidade, tantas são as lembranças do glamour de outrora.

Tudo se passa no fim da República em Roma e o Início do Império Romano . A relação de amor da Rainha do Egito Cleópatra com Marco Antônio e Júlio César imortalizados por Elizabeth Taylor (Cleópatra) e Richard Burton (Marco Antônio) grande sucesso do cinema norte-americano dos anos 60 é o tema central.
Tira a Cartola do Armário, manda polir seu bastão, calça de novo as luvas, prepara para viver a emoção.

A Porta Estandarte Cibele Farina Moreira abre o desfile, em imponente traje trazendo nosso Estandarte, Símbolo de grandes conquistas, ontem, hoje e sempre.

“Carro  Alegórico de Abertura – Marco Antônio e as Legiões Romanas”

Cenário Guerreiro, Cavalos em cor nacarada lembram as  conquistas e o poderio militar de Roma no Egito cuja escultura monumental representa a importância do Político e Militar Marco Antônio e seus centuriões que eram oficiais responsáveis por comandar uma Unidade de Infantaria do Império Romano que continha oitenta legionários. Ao fundo dois grandes estandartes das legiões romanas[1] fecham e abrem ao mesmo tempo a visita de Cleópatra à Roma, representado por Henrique Matragrano.

Suntuosa Esfinge dourada com tonalidades de azul e prata, uma imagem mitológica criada no antigo Egito, com corpo de leão e cabeça de ser humano é o Carro Alegórico Infantil. A Esfinge significava Poder e a Sabedoria, e assim as meninas todas vestidas de pequenas cleópatras e um pequeno Faraó representam o futuro da Família Democráticos transformado em Pompa.

Durante todo o desfile composto de  Crianças, Casais, Jovens se entrelaçam retratando o cotidiano no antigo Egito na época da Rainha Cleópatra, a ala feminina com seus vestuários em túnicas multicores, e a masculina com aventais triangulares e os cláftes (arranjos de pano na cabeça), desta forma vem todo o Bloco dos Democráticos seu público saldar e mais uma vez festivo por abrilhantar o Carnaval de nossa terra.
“Sarcófagos, Pirâmides e Monumentais Camelos”

Sarcófagos[2] multicoloridos em tons de dourado, azul, vermelho e lilás lembram o museu do Louvre em Paris onde se encontra grande parte das relíquias da antiguidade egípcia, trabalhados por nobres artesões precedem a singela Princesa Egípcia dos Democráticos 2016 “Lilian de Figueiredo Carneiro”  sobre uma Pirâmide estilizada, atravessa o  deserto do Saara acompanhando o cortejo de  Cleópatra em sua visita memorável à Roma, conduzida por Camelos originários do Delta Oriental do Rio Nilo desaguando no mar mediterrâneo, ambiente onde os Romanos estiveram sempre presentes durante suas campanhas e conquistas territoriais.  

Nossa Rainha !!!  vejam só que esplendor. Boa Noite minha gente, viemos desfilar com muito amor. Se você não acreditava, vai agora acreditar Democráticos é beleza e destaque do lugar.

A Rainha do Democráticos 2016, Anna Marcela Teles Sant'AnnaNossa Cleópatra”, esbanja luxo, glória, beleza, alegria e história, vem precedida por dois grandes ANÚBIS negros - Deuses guardiões das pirâmides. Finalmente, um impressionante FARAÓ dourado e multicolorido representa a entrada triunfal de Cleópatra em Roma como na versão cinematográfica que imortalizou Liz Taylor.
Na ressurreição dos velhos carnavais !!!

Vibrem Fanfarras de aurora, E risos e cataratas. Porque vai passar agora o bloco dos Democratas. Entre as verdades mais gratas, a uma verdade bendita, o Bloco dos Democratas é o campeão de Santa Rita.


[1] Legiões Romanas – divisão fundamental do exército romano
[2] sarcófago é uma urna funerária, geralmente de pedra, colocada sobre o solo – No Antigo Egito, se o morto fosse de classe alta, o corpo era geralmente mumificado e depositado nesse tipo de urna.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Bloco do Urso na contramão da crise

Saiba como o Bloco do Urso contornou os tempos difíceis,
bateu recorde de vendas e criou uma versão infantil do evento

Crise e oportunidade

Em tempos de crise, com empresas em dificuldade e recessão crescente, os empresários responsáveis pelo Bloco do Urso tinham um sério desafio pela frente. Era deles a missão de impedir que seu público fosse reduzido para conter os gastos. O grupo avaliou, buscou alternativas e acabou encontrando uma estratégia que não só aumentou a procura pelo Kit do Urso, como bateu todos os recordes em vendas. 
Juninho, um dos integrantes do Bloco, conta como conseguiram transformar um obstáculo em grande oportunidade de negócio: “Nós percebemos que as pessoas estavam deixando de realizar cruzeiros de carnaval por conta da alta do dólar e fomos atrás deste público. O aumento no custo de viagem para Salvador também fez com que atingíssemos estas pessoas e as trouxéssemos para Santa Rita. Além deste público, fizemos um bom trabalho de fidelização, capaz de fazer com que uma pessoa que esteve uma vez em nosso evento, queira voltar sempre. Outros fatores foram o aumento do número de canais de vendas em grandes centros, além do investimento em capital humano e infraestrutura.
Foco na criançada

Se, há 15 anos, os integrantes do Bloco do Urso eram apenas alguns amigos que criavam festas de carnaval para se divertir, a empresa transformou-se em um empreendimento de visão e não somente trouxe os artistas mais solicitados pelo meio musical como diversificou suas parcerias e atividades. 

Dois dos jovens presentes na fundação do evento, são agora pais de família e o grupo percebeu que investir em empreendimentos infantis poderia ser excelente oportunidade. Desta ideia, o Bloco do Urso Kids terá sua primeira edição em 2016 e já começa em grande estilo. Terá atrações interessante para a criançada como a apresentação da já conhecida Ediana Maskaro, com um repertório exclusivo para esta faixa etária, além da participação da Academia de dança de Ândrea Falsarella e dos bonecos do Frozen, febre entre a criançada, e de vários super-heróis. “Teremos pintura facial, brincadeiras, open food, brinquedos e muito mais. Uma oportunidade bacana para que pais e filhos vistam um mesmo modelo de abadá e brinquem juntos com total segurança e comodidade.” - conta Juninho.
O evento acontecerá no Ginásio da APAE e custará 40 Reais para crianças e 30 para os adultos. “As vendas estão sendo um sucesso. Aconselhamos os pais que estejam pensando em levar os filhos que não demorem a comprar os ingressos. Colocamos apenas mil entradas à venda e a chance de se esgotarem com antecedência é muito grande.”

Recorde de vendas

O Bloco do Urso 2016 já beira os 16 mil ingressos vendidos e ultrapassa a média de 14 mil foliões por dia dos anos anteriores. Se, até o ano passado, o evento atraía cerca de 2 mil foliões da capital paulista, este número dobrou e virão 100 ônibus de turistas que já esgotaram toda a capacidade dos hotéis em Santa Rita, Itajubá, Pouso Alegre, Paraisópolis, Conceição dos Ouros e Cachoeira de Minas. 
Muito lucrativas, empresas de turismo da capital paulista cobram  1500 Reais por pessoa, o que dá direito ao folião de traslado, hospedagem, participar de festas que acontecem em espaços para evento ou no próprio hotel e ainda participar do Bloco do Urso. Estima-se que mais de 400 casas e sítios foram alugados para os turistas neste período, o que deve movimentar muito a economia local. 
Oferecimento:

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Hack Town chega ao Sul de Minas com palestras, debates e música ao vivo

Evento de formato inovador acontece no dia 20 de fevereiro em bares e restaurantes de Santa Rita do Sapucaí, e promete reunir profissionais de todo o país, em áreas como tecnologia, música, empreendedorismo e economia criativa. Ingressos estão sendo vendidos
 online a preço promocional de R$20,00.
Inspirado em eventos de grande impacto como o SxSW , nos Estados Unidos, e o Festival Path, em São Paulo, o Hack Town 2016 (www.hacktown.com.br) promove mais de 70 atividades no sábado, dia 20 de fevereiro, das 08:30 a 00:00. Serão palestras, debates, oficinas, shows autorais, exposições e um karaokê de ideias, tudo acontecendo simultaneamente em dez locais - entre eles bares e restaurantes, um próximo ao outro. Trata-se do Hack Town, que acontece em Santa Rita do Sapucaí, cidade de 40 mil habitantes, localizada em Minas Gerais,  a cerca de 220 km da cidade de São Paulo, reconhecida como polo tecnológico e criativo.

A primeira edição do Hack Town tem como mote “Ideias diferentes. Conexões de impacto”, o que, segundo os organizadores, representa exatamente a proposta do evento. Para João Rubens Fonseca, um dos idealizadores, o Hack Town é destinado a todo mundo que se interessa por criatividade e inovação, seja qual for a área de atuação. A ideia, segundo ele, é unir tribos diferentes e, a partir disso, gerar conexões de impacto.

Para Marcos David, também organizador, ”qualquer pessoa precisa fazer diferente e inovar, e isso vale para um músico, para um pesquisador, para um chef, para um advogado ou para um engenheiro”. Portanto, reforça David, ”o Hack Town é um encontro para reunir pessoas curiosas, e não para segregar pequenos grupos, como geralmente acontece em eventos de conhecimento”.

Entre os assuntos das palestras estão Artes, Cidades e Carros, Lean Startup, Star Wars, Música, Alimentos Orgânicos, Futurologia, Esportes. Tecnologia Assistida, Competências Profissionais do Futuro, Design Thinking, Processos Criativos, Empreendedorismo, Ufologia, Metodologias de Inovação, Cerveja Artesanal, Economia Colaborativa, entre muitos outros. Segundo Carlos Henrique Vilela, também da comissão organizadora, os profissionais que fazem a diferença no mundo atual, em qualquer área, possuem conhecimento especializado, mas também precisam de um amplo repertório sobre assuntos aparentemente desconectados. Afinal, quando se conectam todos esses pontos, é que nascem as grandes ideias, ressalta.

O principal objetivo do Hack Town, segundo Vilela, é abrir novos referenciais aos participantes, através da exposição a conteúdo diverso e networking com participantes de áreas diferentes. O Hack Town acontece no dia 20 de fevereiro, sábado, de 08:30 a 00:00, em Santa Rita do Sapucaí. Para obter mais informações sobre o evento e comprar os eu ingresso pelo preço promocional de R$20,00, visite o site www.hacktown.com.br

Serviço:

Hack Town
Data: 20 de fevereiro
Horário: 8h30 a 00:00
Local: Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais
Valor: R$ 20,00

Fotos ilustrativas:

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Robô "mineiro" que pinta parede sozinho é apresentado no Campus Future 2016

O protótipo de uma máquina que realiza pinturas automaticamente, desenvolvido por alunos do curso de Engenharia de Automação e Controle do Inatel, vai estar na Campus Future 2016, que é uma exposição de trabalhos acadêmicos realizada dentro da Campus Party, que acontece de 26 a 31 de janeiro, no Anhembi, em São Paulo. O projeto Smart Paint é dos alunos Francisco Souza Neto, Raví de Paula, Eduardo dos Reis Dionísio e Antônio Camargo, e foi apresentado na Feira Tecnológica do Inatel - Fetin, em outubro do ano passado.
O projeto surgiu depois da experiência do estudante Eduardo dos Reis, quando pintou o próprio quarto. "Além de ser cansativo, gastei muito tempo e muito material. Por isso, resolvi encontrar na tecnologia uma solução", conta o jovem que reuniu outros três amigos na missão. Brincadeiras à parte, o foco do projeto é a construção civil com a proposta de minimizar o desperdício de tinta ou outro produto utilizado na pintura, além da redução do tempo de trabalho em relação ao tempo gasto pintando manualmente.

Ainda por ser protótipo, o robô realiza a pintura numa faixa de 40 centímetros na vertical e um metro na horizontal, depois se desloca outros 40 centímetros e faz o processo novamente. Isso se repete até ser feita a pintura do cômodo programado. O protótipo foi montado com materiais recicláveis e, agora, a equipe busca parcerias para melhorar o projeto e construir um novo equipamento. "Ao receber o comunicado que fomos selecionados para a Campus Future 2016 tivemos a certeza que todo nosso esforço para o desenvolvimento do projeto valeu a pena. A expectativa agora é de fazer o melhor possível para que nosso projeto e o nome do Inatel sejam bem representados, além de ser uma vitrine que pode trazer parcerias para o Smart Paint"

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Braz Fernandes Ribas: um nome se escreve fundo (Por Jonas Costa)

“Letras são coisas, e não imagens de coisas”. A frase é de Eric Gill, tipógrafo britânico, mas poderia ser de seu contemporâneo Augusto Telles, maestro santa-ritense que se viu obrigado a abrir uma oficina gráfica para imprimir as próprias partituras. Outra Telles, minha contemporânea Nídia, preferiu criar um blog e nele descreveu os atributos dos ajuntamentos de letras: “Para mim, as palavras têm gosto, têm cheiro, têm alma”.
Se as palavras são capazes de dar vida a coisas, essa força mágica deve estar presente também nos nomes próprios. “Um nome – cantam Beto Guedes e Ronaldo Bastos em sol com sétima – se escreve fundo”. Braz Fernandes Ribas está, certamente, entre os nomes indeléveis que conheço. Primeiro, porque não conheço dois iguais. Segundo, porque pertenceu a alguém que deixou marcas profundas por onde passou.

Trago esse nome gravado com força na memória e na alma, mas demorei a entender por quê. Eu o li pela primeira vez no final da década de 1990, na página 232 do livro A Diocese de Pouso Alegre, no Ano Jubilar de 1950. Essa publicação, organizada pelo cônego João Aristides de Oliveira, no 50º aniversário de criação do bispado, resume a história de cada uma das paróquias da região, entre as quais a de Santa Rita.

Sem Braz Fernandes Ribas, a Paróquia Santa Rita de Cássia talvez não existiria. Teria, no mínimo, outra trajetória. E outra seria a origem da cidade que se formou em torno da primeira capela dedicada à padroeira. O resto da história todos nós conhecemos: cumprindo promessa, Manoel e Genoveva da Fonseca doaram terras para a construção da igrejinha, que virou matriz e depois santuário, presenciando o progresso à sua volta.

A origem de Santa Rita do Sapucaí, porém, não se circunscreve aos oito alqueires de fé cedidos em 1821 pelo casal piedoso sobre o qual pouco se sabe, quase nada. Nos últimos anos, pesquisas históricas desenvolvidas por alguns de nossos conterrâneos têm resgatado o protagonismo exercido pelo capitão Braz Ribas, no período de formação do núcleo populacional que resultou na cidade que temos hoje.

Segundo o estudo Santa Rita do Sapucaí – Sua História Revisitada (2009), do saudoso Adirson Ribeiro, nossa terra conservou o nome de Santa Rita do Vintém até aproximadamente 1850 por “ter tido sua origem às margens do Riacho Vintém, na Fazenda Água Limpa do Vintém, de propriedade do Capitão Braz Fernandes Ribas”. Nos oratórios dessa e de outra fazenda, a da família Ribeiro de Carvalho, concentravam-se os ofícios religiosos, antes e depois da primeira missa no município, celebrada em 1825.

“Dono de grande sesmaria e respeitado pela Igreja e pelo Estado”, nas palavras do professor Ivon Luiz Pinto, Braz Ribas conquistou prestígio social e político no Sul de Minas. Em 1829, elegeu-se suplente do juiz de paz José Joaquim Leite Ferreira de Melo, pai do cônego e futuro senador José Bento Leite Ferreira de Melo, de Pouso Alegre. Dois anos mais tarde, foi um dos primeiros cidadãos santa-ritenses a aderir à Sociedade dos Defensores da Liberdade e Independência Nacional, liderada pelo legendário José Bento.

Coincidência ou não, José Bento era o nome de um dos filhos de Braz e sua esposa, Floriana Maria da Conceição. Os outros dois se chamavam Roque e Ana Victória. Que importância têm esses nomes? Para a cidade, não sei. Para mim, além de curiosidades históricas, são dados genealógicos. Há quatro anos, descobri que sou tetraneto de Ana Victória – portanto, pentaneto do capitão Braz.

Devo esse desvelamento de minhas raízes familiares a dois brilhantes pesquisadores dos primórdios de Santa Rita: Adirson Ribeiro e seu discípulo Luiz Gustavo Torquato Villela, o Neco. Adirson produziu, em 2007, com a contribuição de Neco, um estudo a respeito da família Vilela. Ao tomar conhecimento desse trabalho, em 2011, pouco tempo após a morte do autor, encontrei em suas páginas o elo perdido entre mim e Braz: Quirino Antônio de Araújo e Silva.

Quirino era o marido de Luiza Cândida Vilella Ribas, filha de Ana Victória e neta de Braz. É outro nome que se escreve fundo em mim. Quando o li no estudo sobre o clã dos Vilela, de imediato me soou literalmente familiar, já que esse prenome aparecia ao lado de Luiza Cândida, no topo da árvore genealógica que eu havia rabiscado na infância. Poderia estar diante de uma incrível combinação de homônimos, mas só precisei de uma rápida conversa com minha avó paterna, neta do casal, para confirmar o parentesco.

Emoções conflitantes tomaram conta de mim naquele momento. Estávamos ali Haydeé, minha avó, José, meu pai, e eu – três gerações de descendentes de um homem que participara da fundação de Santa Rita e que, ao mesmo tempo, tivera grande número de escravos. Orgulho ou vergonha? Difícil descrever o que senti, pois tinha acabado de lançar um livro-reportagem sobre a comunidade negra santa-ritense, cujo capítulo inicial, No Tempo do Cativeiro, relata a escravidão no município e cita meu pentavô Braz.

Passei a enxergar meu livro como um involuntário, tardio e insuficiente pedido de perdão de minha família aos descendentes dos escravos que a ela pertenceram. Por outro lado, comecei pesquisas e contatos para investigar os primeiros anos de Braz Ribas, vividos em Portugal. Sabia, basicamente, que ele nascera em meados da década de 1770, na “freguesia de São Lourenço de Paranhos, bispado de Braga”, conforme seu testamento.

O primeiro resultado de minha modesta investigação histórica apareceu timidamente em janeiro de 2013, quando recebi por e-mail a resposta a uma mensagem que havia encaminhado à Junta de Freguesia de Paranhos questionando se aquela era a localidade que eu procurava. Em menos de 500 caracteres, o então presidente da junta, José Manuel Dias Fernandes, manifestou alegria por meu interesse e pediu dados de minha família para “trocar informações culturais”.

Ao envio dos dados solicitados seguiram-se enorme expectativa e longo silêncio. Portugal estava em transe e Paranhos, em transição. Em decorrência da crise financeira global deflagrada em 2008, os três grandes credores da dívida portuguesa (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) impuseram ao país, entre outras medidas, a reorganização territorial das freguesias, que são subdivisões dos municípios.

Com pouco mais de 100 habitantes, Paranhos acabou agregada, em setembro de 2013, a outras duas localidades do município de Amares. Enquanto se formava a União das Freguesias de Caldelas, Sequeiros e Paranhos, eu tentava, sem sucesso, restabelecer contato com o outro lado do Atlântico. Como que trazida pelo mar, no interior de uma garrafa, a segunda mensagem chegou um ano, nove meses e 11 dias depois da primeira.

Quem me escrevia agora era o novo presidente da Junta da União das Freguesias, José Manuel Fernandes Almeida. Figura extremamente simpática e atenciosa, mantém comigo extensa correspondência eletrônica, desde então. Graças à colaboração dele e do amigo Neco Torquato Villela, estou prestes a ver realizado um sonho: Santa Rita e Amares declaradas cidades-irmãs pelas autoridades dos dois municípios.

Um ano atrás, localizei no Arquivo Distrital de Braga, pela internet, o registro de batismo de Braz Fernandes Ribas, nascido no dia 11 de julho de 1776, exatamente uma semana após a Declaração de Independência dos EUA. Ele morreria em 22 de maio de 1848, dia de Santa Rita de Cássia, no povoado que ajudara a criar. Nasceu para fazer história; deixou rastros ao morrer. Não viveu em vão; seu nome, enfim, renasce.

Oferecimento:

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Educação para o pensar (Por Danlary Tomazini)

E se crianças descobrissem que cozinhar os alimentos é possível devido a reações Químicas? Que a Física entendeu como nos locomovemos ou por que nos mantemos em pé? Que andarmos em ruas de asfalto ou de paralelepípedos está relacionado à Geografia? E se as escolas deixassem de ser receptáculos para crianças cujos pais trabalham fora, ou centros de formação em massa de mão de obra? E se todos compreendessem que, mesmo a matéria que menos interessa, só está lá porque nos auxilia a entender quem somos, como somos e, até mesmo, por que somos? E se o aprender se tornasse fonte vital da existência?
Nesse mundo ideal, as escolas teriam tantas aulas práticas quanto fosse possível. Acabariam as carteiras enfileiradas e os círculos de gente tomariam conta de todos os espaços. Os alunos aprenderiam que ter empatia é um conhecimento muito importante, o respeito seria natural e não fruto de imposição. A participação seria inevitável! Quem é que não quer fazer parte de uma rotina assim?

Parece utopia, mas não é. Não precisamos mudar o mundo todo, apenas a nossa cidade! 

Um ensino assim é um dos objetivos da “Educação para o Pensar”. Antes de formar profissionais, as escolas precisam formar pessoas. Ainda que a educação seja de responsabilidade dos pais, é na escola que nossos filhos passam a maior parte do tempo. Sendo assim, por que não incutir maiores reflexões na vida dos pequenos? Quem sabe, desta forma, um dia eles se tornarão os pais que os profissionais de ensino tanto sentem falta hoje: os que interagem com a escola em prol da comunidade. 

Essa é uma meta a longo prazo, mas estamos caminhando para concretizá-la. Já tivemos o 1º Curso de Capacitação em Educação para o Pensar e o 1º Encontro de Filosofia para Crianças e Jovens – Educação para o Pensar de Santa Rita. O próximo passo será finalizar o projeto de Lei que tornará a disciplina obrigatória no Currículo Municipal de Ensino e levá-la à Câmara para votação. 

Se o mundo não é mais o mesmo, por que a Educação deveria ser? 

(Danlary é moradora do bairro Rua Nova)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A experiência de produzir um livro (Por Ivon Luiz Pinto)

A ideia de fazer um livro sobre a História desta cidade apareceu há muito tempo. Aos poucos, muito devagar como o rastejar de um caracol, ela foi tomando forma, criou substância, alimentou-se das vitaminas necessárias e, por fim, nasceu. Sua geração começou lá pelos anos 70, quando lecionava na E.E. Sinhá Moreira. Frequentemente, pedia que os alunos fizessem pesquisa sobre a pessoa que dava nome à sua rua. Guardo com carinho muitos desses trabalhos e alguns foram expostos no lançamento do livro “Pioneiros Visionários”. Foi a partir dessa experiência que comecei, seriamente, a pesquisar a origem e a vida desta cidade. Muita coisa aconteceu como viagens malucas pelo interior do município e por outras cidades, algumas próximas e outras distantes. Vinte ou trinta anos depois, dois ex-alunos e grandes amigos, se mostraram entusiasmados pela pesquisa histórica e vasculharam arquivos e bibliotecas em busca da verdade sobre esta terra. Em meu livro tem muita participação destes dois, Carlos Romero e Neco Torquato. Minha família colocou fogo no estopim dizendo que eu não poderia guardar tanta informação só para mim, não oferecendo ao povo oportunidade de conhecer tanta beleza. Aceitei o desafio e construí o livro. A Casa da Festa, José Carneiro Pinto, do Salão D. João Bergese estava repleta, na noite de 11 de dezembro, com amigos, colegas e ex-alunos, que ouviram uma História que começa com a exploração do ouro e a formação do Sul de Minas. A procura do ouro trouxe pessoas para o leito do Mandu e, depois, para o Sapucaí. Aos poucos, foram chegando famílias e se apossando da terra, estabelecendo propriedades e fazendo plantações. Depois, veio o manejo do gado e, mais tarde, o café.

Quando a família de Manoel da Fonseca chegou nesta parte da Mantiqueira, encontrou “uma razoável população nas regiões do Bom Retiro, além da serra do Mata Cachorro, espalhando-se pela Bela Vista, o  Paredão e as Furnas, mais para o sul do chamado Pouso do Campo, até as terras banhadas pelo ribeirão do Vintém e o córrego do Mosquito”. Ficaram também sabendo dos métodos usados pelo governo português para cobrar o imposto sobre o ouro e evitar seu contrabando. Tudo está no livro que conta as peculiaridades de Braz Fernandes Ribas, Capitão Manoel Joaquim Pereira e outras pessoas que residiam nestas terras, antes da visita de Manoel da Fonseca e Janaubeva Maria. Esse histórico casal que doou as terras para uma capela à Santa Rita não morava aqui e aqui não morreu. Nenhum documento existe mostrando que eles morassem aqui, mas existe documentação provando que eles doaram as terras para a Santa, em pagamento da promessa feita, na doença de Manoel.Quer saber mais? Leia o livro! Locais de venda: Revistaria Caruso, Loja Schmidt e Bazar do santuário.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Apenas um quarto (Por Salatiel Correia)

As batidas do coração aceleravam à medida em que o meu carro passava pelo trevo de Santa Rita do Sapucaí. Trevo, hoje, embelezado com uma escultura da santa da qual porta o nome. Fazia bem uns trinta anos desde que pisara pela última vez na terra de dona Sinhá Moreira.
De imediato, senti uma necessidade, vinda do interior da alma, no sentido de atar as duas pontas de minha vida. Naquele momento, consegui unir o que hoje sinto com o que um dia senti, quando cheguei, pelas rodas da Transul, a um lugar ao qual jamais tinha ido. A lupa de meu tempo voltou há 38 anos, quando, ainda um rapazola mal saído da adolescência e repleto de insegurança, aventurei-me a navegar em mares, por mim, nunca antes navegados.

A sensação dessa junção momentânea de meu passado distante se tornou presente. Bateu-me, então, um misto de melancolia e alegria. Era natural essa sensação, pois o atar das duas pontas da vida cria um fluxo momentâneo em que passado e presente se fundem numa coisa só.

“Aqui em Santa Rita, basta dar uma volta na praça ou ir ao mercado para encontrar todo mundo.” Assim me disse o simpático porteiro do Hotel Tadini. Fiz o que ele me disse. Já era assim há 38 anos. Santa Rita, embora tenha crescido, continua acolhedora. Ainda encontramos pessoas conhecidas no centro da cidade.

É bem verdade que velhos hábitos já não existem mais. Não existe mais o vaivém de um lado para o outro da praça, quando a missa acaba, mas o coreto da praça continua o mesmo. Como continuam os mesmos o prédio do fórum e o velho cinema, a igreja São Benedito e a casa do meu saudoso amigo Mauro Longuinho.

Nesse meu trafegar na terra de dona Sinhá, meu coração acelerou mais no momento em que me aproximei da mais profunda lembrança. Chegara ao mercado, bem de frente onde, por três anos, morei nos meus tempos de Santa Rita. A loja estava lá do mesmo jeito que a vi pela última vez, há mais de trinta anos: a Casa Marques, do meu querido amigo José Élcio Marques, carinhosamente conhecido por Brechó.

Parei o carro. As lembranças, cada vez mais intensas, impulsionavam mais ainda as batidas do coração. Atravessei a rua.

- Goiano, quanto tempo! - Assim me recebeu a simpática dona Dita, esposa de um querido amigo. Senti aquela alegria interior que a gente sente quando quer bem um ao outro.
- Cadê o Élcio? - Indaguei.
-Está lá no fundo da loja, - respondeu dona Dita.
Segui, em passos acelerados, rumo ao fundo da loja. Ia do presente ao encontro de meu passado. Lá estava ele, de costas, tomando café com a nora e um dos filhos, o Janilton. Este, quando eu morava no fundo da loja do pai, engatinhava. Hoje é um homem feito, pai de família. Como o tempo passa!

Toquei no ombro de meu dileto amigo que, naqueles tempos, foi um pai para mim. Ele se voltou com aqueles olhos verde-claros que nunca me saíram da memória. Deu-me um caloroso abraço fraterno. Abraço de dois amigos com uma amizade solidificada pelo tempo.
- Vem cá, goiano, ver como está seu quarto! - O coração disparou mais ainda. Era apenas um quarto, mas significava muito para mim.

- Fiz dele um depósito - me disse Élcio.
- Tem ainda o banheiro? - Perguntei.
- Sim. Não mexi nele.

Nisso, o atar das duas pontas de minha vida acelerou o fluxo entre o início e o fim desses 38 anos. Quanta água correu neste rio. Quantas alegrias! Quantas intempéries vencidas ou esquecidas! Amadureci. E lá estava eu recordando um rapazola na procura incessante pelo seu porto seguro. Hoje, caminhando para a terceira fase da vida, restou-me dizer ao Élcio e à dona Dita Marques o quanto eles foram uma família para mim. Foi uma alegria rever essa gente tão generosa para com o próximo. Gente que tanto quero bem. Amigos para sempre e que carrego no fundo do coração!

(Salatiel Correia é Engenheiro, Bacharel em Administração de Empresas, Mestre em Planejamento. É autor, entre outras obras, do livro Cheiro de Biblioteca. Obras que fazem nossa época.)

OPINIÃO: Ano eleitoral. Em quem NÃO VOTAR nas eleições de 2016

Entramos em ano eleitoral. Com ele, surgem os tapinhas nas costas, as promessas fáceis, o riso frouxo e os conchavos de gente não sabe fazer mais nada da vida a não ser mamar nas tetas do poder. Os candidatos mais bem cotados são aqueles que concederam o maior número de favores pessoais. São incapazes de gerir a própria vida, mas assumem as rédeas do município e acabam escolhidos para administrar uma comunidade inteira. Nisso, erra o eleitor.
A função de um vereador é saber avaliar as necessidades da população e produzir leis que irão beneficiar a todos. Ele não trabalha para o prefeito, nem para os amigos e nem para si mesmo. Ele trabalha para o COLETIVO! Acontece que, em boa parte dos casos, nem os próprios legisladores sabem direito o que estão fazendo na Câmara. Passam dias na porta da prefeitura pedindo favorzinho pra este ou aquele amigo, usam a remuneração que ganham para comprar o eleitor, conceder esmolas e ainda tem gente que se deixa corromper por esta forma velada de corrupção. Tais eleitores se esquecem que, quando precisarem de um bom emprego ou de um hospital decente, encontrarão dificuldades porque trocaram alguém capaz de atrair investimentos ou produzir uma boa lei, por um suposto "amigo" que nos corrompe e dificulta as coisas nos quatro anos seguintes. 

O problema do brasileiro, como um todo, é pensar apenas em si mesmo. Se vemos, hoje, um país corrompido pela roubalheira, se os preços sobem, se a saúde é ruim, se não temos boas escolas e dependemos dessas pessoas que estão no poder, também somos culpados. Mais do que ninguém, somos responsáveis pelo futuro porque ajudamos a eleger estas pessoas que deveriam nos representar e, muitas vezes, não o fazem.

Há também o problema das famigeradas legendas. Não votamos em candidatos, mas em legendas gerenciadas por pessoas que, após as eleições, querem negociar cargos, buscar benefícios pessoais e favorecer somente a quem interessa: eles mesmos. Política é meio complicado de entender, mas torna-se fácil quando entramos no âmbito municipal. Em cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo e é fácil descobrir quem monta e quem toma parte em uma ou outra legenda para ajudar a população ou receber benefícios pessoais. É simples reconhecer quem gera ruído em torno de si mesmo para parecer boa gente e quem está realmente preocupado com o bem-estar da população. Já que o voto é secreto, que tal votarmos em pessoas realmente competentes desta vez?

Neste ano tem eleições. Lembre-se: é o sujeito competente e sério que irá mudar as nossas vidas. Os caras das "cortesias" serão aqueles que nos deixarão estressados por não termos o básico até as olimpíadas de 2020. A proposta é esta. Que possamos, todos juntos, votar com absoluta consciência e eleger ou reeleger apenas pessoas sérias e comprometidas. Boa sorte para todos nós!

(Por Carlos Romero Carneiro, que não é candidato a nada, não apoia ninguém, mas que sonha com uma cidade mais bacana para se viver)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Os feitos de Décio Saretti: um honorário cidadão santa-ritense

“Desta vez, vocês vão tocar a caminho do céu.” - foram as palavras do Padre Coutinho. A passarela de Aparecida estava lotada naquele 12 de outubro e o carro de polícia foi à frente, lentamente, abrindo alas entre os fiéis. Logo atrás, o Bispo dava a bênção, seguido pela Lira Santa Rita, “menina dos olhos” dos Padres Coutinho e Orlando Gambi e que, por todo o caminho, entoava hinos e encantava os presentes, até chegar ao altar. O ano de 1990 ficou marcado no coração dos integrantes da lendária corporação musical de Santa Rita do Sapucaí. O mesmo aconteceu nos três anos seguintes, quando estendeu-se o convite para que se apresentassem em Aparecida, no dia da Padroeira do Brasil. Foi com muita emoção e lágrimas que nosso homenageado se lembrou, como se o fato tivesse acontecido ontem. Durante o nosso papo, Décio Soares Saretti relatou estes e tantos outros acontecimentos de uma vida que se confunde, a todo momento, com a história da música e da cultura em nossa cidade.
“Uma doçura de pessoa.” - cabe-lhe, perfeitamente, o mesmo adjetivo com que se referiu a diversas personalidades que passaram por sua vida, como a D. Terezinha Capistrano e o menino Wilson (músico e aluno, cuja morte prematura ainda o emociona). Por trás da aparência imponente e da vida agitada que leva, constantemente envolvido em diversas atividades, há um homem amoroso, com alma de músico, capaz de se encantar com as pequenas belezas da vida.

Décio, 60 anos, é natural de Jacutinga. Veio para Santa Rita, ainda criança, com os pais e os irmãos. Apesar de ter morado em outras cidades, não tem nenhuma pretensão de sair daqui. “Eu rodo, rodo e acabo em Santa Rita. É aqui que eu vou ficar.”

Décio ficou e tem contribuído muito, ao longo dos anos, nos segmentos cultural e social do município, juntamente com outros nomes que nos são tão familiares. Atuando, há 15 anos, como presidente da Lira Santa Rita, entrou na banda muito antes, a convite de Odair. Desde então, usou os mesmos pratos que pertenceram ao Seu Lupércio, ao lado do saudoso Kenit, nomes que recorda com carinho, já que acrescentaram boas lembranças à sua vida.
Formado em Educação Física, Décio já foi diretor do Sanico Telles e, atualmente, é professor na escola, há mais de trinta anos. É lá, também, que ele cuida da tradicional fanfarra. Solteiro convicto, educou e auxiliou na criação de Juarez Monteiro, hoje com 37 anos,  e orgulhosamente comenta sobre suas proezas e superações. Depois que apadrinhou o menino, há 24 anos, sentiu a necessidade de fazer algo a mais por crianças e adolescentes, com quem sempre gostou de trabalhar. Foi assim que tornou-se Comissário de Menores, cargo que exerce de maneira voluntária, mas que exige inúmeros requisitos e avaliações. 

Em 2013, Décio foi homenageado pelo Fórum pelos serviços prestados ao Poder Público, juntamente com o Juiz de Direito, José Henrique Mallmann. Já em 2014, foi agraciado pela Câmara com o título de Cidadão Honorário Santa-ritense, reconhecimento que define a seriedade do trabalho que exerce na promoção de nossa cultura e que dá respaldo ao carinho dos santa-ritenses por esta grande figura. Ao querido Décio, nossa estima e consideração.

(Por Danlary Tomazini)

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