Fachada da Escola Estadual Dr. Delfim Moreira. |
A Biblioteca
A biblioteca é um local que ainda me traz muitas recordações. A bibliotecária detestava que a gente fosse lá pegar livros, para que não fizéssemos bagunça. Dentre as centenas de volumes que compunham o acervo da escola, tínhamos que escolher entre cinco ou seis livros que ficavam em uma mesinha, logo na entrada. Outra coisa que chamava a atenção era uma pequena chaminé que existia na parte interna do prédio. Dia desses, estava passeando pela escola e vi que ela continua lá mas, até agora, não consegui descobrir para que serve.
Obra de Sinhá Moreira que quase ninguém conhece: construção de um parquinho no Grupão. |
No recreio, juntávamos terra debaixo de uma enorme árvore, plantada por meu avô cujos galhos quase chegavam ao meio da rua. No local onde existe hoje a quadra poliesportiva, havia 3 paineiras. A terra era incrivelmente dura, de tanto que a criançada o pisoteava.
A merenda
Na hora da merenda, as serventes ofereciam aos alunos tudo o que podia existir de mais delicioso em matéria de culinária coletiva. Ainda ouço algumas pessoas dizerem que sentem saudades do arroz com carne enlatada ou da sopa de macarrão com 3 grãos de feijão. Apesar de todas essas maravilhas culinárias, o “Dia da Criança” era a ocasião mais esperada por nós. Naquela data, a “Dona Ana” adentrava as salas de aula com uma caixa de pães com mortadela e um engradado de caçulinha. A garotada entrava em êxtase.
Década de 70. Molecada bota o terror na sala-de-aula. |
A história do Grupão:
O terreno onde está localizado o “Grupão”
Alan Kardek do Nascimento e ala feminina do Grupão. (1928) As lendárias paineiras ainda eram mudas. |
Criançada se acotovela para brincar no escorregador. |
A praça Américo Lopes faz o contorno de uma de nossas mais tradicionais instituições de ensino locais: a Escola Estadual Doutor Delfim Moreira. Muitas pessoas desconhecem o fato, mas foi Américo Lopes o responsável por termos sido presenteados com uma escola daquele porte por aqui, no início do Século XX.
Crianças realizam aula de trabalhos manuais. (É impressão minha ou esta menina à frente é a mãe do Toninho Anão?) |
A planta do Grupão era para ser usada em uma construção em Uberlândia. Foi Américo Lopes, então “Secretário do Interior” do governador Delfim Moreira que, ao saber que a cidade iria receber sua primeira escola, escolheu a melhor planta de que dispunha para construir a obra. O secretário não contou nada ao governador, temendo que ele não permitisse a realização do projeto. Delfim Moreira só tomou conhecimento do fato depois que o edifício já tinha sido construído pelo senhor Misael Augusto Pinto. A inauguração do Grupo Escolar aconteceu no ano de 1920.
Um fato interessante
Há poucos anos, aconteceu um fato muito interessante na escola. Durante a ampliação de uma de suas salas, ao demolirem uma das paredes internas do prédio, foram encontrados cadernos, mochilas e peças da época da construção. Infelizmente, não conseguimos descobrir o que foi feito dessas peças. Possivelmente, foram descartadas.
O reconhecimento
Como reconhecimento à iniciativa de Américo Lopes, a região que contorna a escola recebeu o seu nome. Justa homenagem. Não fosse por ele, jamais teríamos um prédio tão imponente por aqui.
Parquinho recém inaugurado com galpão ao fundo. |
Há poucos anos, aconteceu um fato muito interessante na escola. Durante a ampliação de uma de suas salas, ao demolirem uma das paredes internas do prédio, foram encontrados cadernos, mochilas e peças da época da construção. Infelizmente, não conseguimos descobrir o que foi feito dessas peças. Possivelmente, foram descartadas.
O famosos desfiles de 7 de setembro (Década de 70). |
Como reconhecimento à iniciativa de Américo Lopes, a região que contorna a escola recebeu o seu nome. Justa homenagem. Não fosse por ele, jamais teríamos um prédio tão imponente por aqui.
(Por Carlos Romero Carneiro)
A misteriosa chaminé do pátio interno que até hoje ninguém descobriu de onde vem ou para onde vai. |
Muito rico o material. Acredito ser uma pequena amostra do acervo que deve possuir dessa importante instituição santarritense. Minha mãe estudou na referida escola. Pelas fotos fica evidente algumas características socioeducacionais da época: a) a referida escola atendia uma diversidade social , ou seja, filhos da elite, da classe média alta e da classe trabalhadora compartilhavam da mesma escola, embora perceba-se também que dentro da mesma havia separação, conclui isso em função dos grupos de turmas e pelo tipo de sapato usado,principalmente as meninas. O penteado das meninas também evidencia a condição socioeconômica. Não é uma crítica, apenas uma constatação do realidade educacional da época. Deve ter havido inicialmente uma predileção da escola pela elite nos primeiros tempos. Com a política populista de Vargas nas décadas de 1930 e 1940, os filhos dos trabalhadores passaram a formar boa parte do corpo discente da escola; b) pela disposição das carteiras observa-se tristemente que nada evoluiu na educação brasileira. Continuamos ensinando os filhos da classe trabalhadora da mesma forma que os filhos da elite e da classe média alta, sendo que as dificuldades,as facilidades, os interesses de ambos os grupos são diferentes no que tange a maneira com que cada classe personaliza a educação.
ResponderExcluirGostaria de registrar a quantidade de meninas , para uma época em que o "sexo frágil"era prioritariamente educado para o lar, havia uma frequência bastante grande das garotas na escola.
E para vc Carlos, mais um dos tantos parabéns que já lhe enviei em outras oportunidades pela qualidade histórica, informativa, cultural e cômica e de forte teor emotivo das matérias postadas.
Abração
Prof. Anderson ( EE "Sanico Teles")
Olá Anderson! Mais uma vez, muito obrigado pelas palavras e pela contribuição com essa visão analítica que me fez percebeu uma série de coisas que não tinha visto antes! A história é bem essa mesmo... A diversidade talvez decorra do fato da escola ser estadual e não haver outras opções até aquele momento. Valeu pelas observações e comentários! Abração! PS: Se quiser mandar algum texto para publicarmos no Empório (impresso) é só mandar ok? rs
ResponderExcluirParabéns por todo o contéudo que o "Empório de Noticias" tem nos presenteado.
ResponderExcluirFoi uma viagem ao passado já que o "Grupão" faz parte de nossas vidas... quem não se lembra da Tia Zenaide, Dona Ana, Tia Ziza da "vendinha", Tia Kilda, Tia Regina, Tia Li e tantas outras mestres e a hora da "merenda" nem se fala.
São muitas as recordações de infância passadas no "Grupão".
[],s Cândido.
Carlos, fui sua colega (já nem sei mais em que ano da longínqua década de 80) e li seu texto entre risadas e suspiros de saudades dessa época tão boa! Nunca imaginei que você, um menino tão quietinho, fosse virar um cronista de mão cheia! Agora moro longe de Santa Rita, mas carrego essas lembranças sempre no meu coração. Parabéns pelo site (sou leitura assídua - dica da Andréa Guerzoni!) e obrigada por trazer essa época tão boa à nossa lembrança! Abs, Patrícia Rodrigues.
ResponderExcluirOi Patrícia! Tudo bem? Nossa, quanto tempo heim!? Você e a Andrea são a prova viva de que estas lembranças são reais, não? Afinal, estudamos juntos até a sexta série, acho...rs Fico contente que esteja gostando do blog e que esteja matando saudade de Santa Rita com ele. Um abraço!
ResponderExcluirCarlos Romero.
Nossa, que legal!! Eu era feliz e não sabia nesta época...Me lembro que minha Tia (Anna Abdalla)punha terror na galera, a criançada tinha um medo danado dela...Não sei se fui sua colega, Carlos, mas lembro que fui aluna da sua mãe (Clara Romero)...Não é porque era minha tia a diretora, mas o "Grupão" era um exemplo de escola, pena que suas sucessoras não souberam mantê-lo da mesma forma...
ResponderExcluirMuito bom artigo!!
Fui aluno no GE em 1963. Muito tempo então. Mas ainda guardo a imagem da dona Didi, minha professora, dando aulo e eu sainda do Grupo descendo a rua e indo para a praça de SR. Saudades.
ExcluirEloi
Uma parte de minha vida passei ai. Lembro-me como se fosse hoje. Dona Didi foi minha professora e me indicou o caminho. Saudades daquela época.
ResponderExcluirEloi Garcia
Estudei no Delfim Moreira entre 76 e 78. Fui colega da Astrid. Minha "Tia" preferida era "Tia Elza". Amei esse lugar. Aprendi a amar Olavo Bilac e fiz Letras por esse amor... Saudades de Santa Rita...
ResponderExcluirGostaria de saber se algum de vocês conheceram as professoras Isaura e Amélia,nos anos 60 e 70. Se aposentaram dando aula nessa escola.
ResponderExcluirHoje já falecidas, eu gostaria de saber se consigo na escola a origem familiar das duas.
A professora Isaura era tia da minha mãe.