No último final de semana, estive no Pronto Atendimento Municipal para que meu filho fosse atendido. Aos sábados, mesmo se a pessoa quiser evitar passar o dia todo esperando por uma consulta, dificilmente encontrará um médico particular de plantão. Há 15 dias, por exemplo, tive que contar com a ajuda de um amigo que já nem está mais clinicando para diagnosticar uma dor debaixo do braço que, felizmente, não era nada grave.
O fato é que chegamos ao Pronto Atendimento, exatamente, meio dia e cinquenta e quatro e havia umas 4 pessoas para serem atendidas. Quando passamos pela triagem, diagnosticaram o caso do meu filho como "pouco grave", segundo o Protocolo de Manchester, e isso queria dizer que poderíamos ficar até duas horas esperando pelo atendimento. Por conta desse método adotado para atender vítimas mais graves, depois de duas horas, todas as pessoas já haviam sido atendidas, o pronto atendimento encheu e os pacientes que chegavam continuavam - sem exceção - a passar na nossa frente.
Duas horas e quinze depois, quatro e tanto da tarde, quando percebi que havia uma certa desorganização no procedimento de triagem, resolvi reclamar e ameacei chamar a polícia e - aí sim - chegou a nossa vez. Ao adentrar o local para atendimento, perguntei a uma funcionária - que parecia ser enfermeira - quantos médicos estavam atendendo e ela me respondeu com desdém: "Por que você quer saber?" Eu, então, expliquei que todo mês uma fatia gorda do meu salário era subtraída para pagamento daquele local e ela, por fim, resolveu dar uma resposta que não me convenceu: "O outro médico está almoçando." Eu até acreditaria nisso, se já não tivesse perguntando para a recepcionista a mesma coisa, uma da tarde, e ela não tivesse dito que só havia um.
Ontem, comentei com um dos diretores da Fundação sobre o acontecido e ele me disse que deveria ter dois médicos naquele horário. O fato é que, toda vez que você pergunta onde está o segundo médico, eles dizem que está no horário de almoço ou jantar. O membro da diretoria do HAMC também contou que o Pronto Atendimento é terceirizado. Os custos para manutenção, repassados pela prefeitura, não são suficientes para arcar com as despesas. Isso quer dizer que, mensalmente, o hospital precisa tirar verba não sei de onde (a entidade não tem fins lucrativos) para cobrir o déficit. Para piorar, toda vez que acontecer um descaso como o que aconteceu comigo, eu devo me reportar ao Marcos Paulo - Diretor do Hospital - para que ele ligue para a empresa contratada (se não me engano de Maria da Fé) e faça uma reclamação ao escritório deles para que alguma coisa aconteça - ou não.
Agora me digam... Em uma cidade em que você NÃO tem opção alguma de saúde, a não ser buscar o pronto-atendimento, já que é difícil encontrar um médico de plantão, a prefeitura não deveria manter o local em perfeitas condições para que as pessoas não passem por um perrengue desgraçado toda vez que ousarem ficar doentes?
Essa situação é vergonhosa. Ninguém fica doente porque quer e não é possível que a prefeitura não tenha condições de manter dois ou três médicos de plantão enquanto paga uma fortuna para seus secretários e diretores... A esperança é que, na próxima "gestação", essa situação seja revertida e a população possa se dar ao luxo de ver os pesados tributos serem revertidos em algo tão "fútil" quanto a saúde pública. Enquanto isso, evitem ficar doentes para não correrem o risco de entrar no Pronto Atendimento com catapora e saírem com enxaqueca. Ou, quem sabe, uma virose...
Protocolo de Manchester:
Protocolo de Manchester:
Sobre um dos comentários feitos abaixo:
Eu entendo o Comentário feito sobre as verbas, agradeço por ele, e fiz até algumas correções no texto por conta das informações prestadas. No entanto, acredito que se o Hospital precisa de mais verba para funcionar, é dever da prefeitura prover isso. O Hospital não tem fins lucrativos e é administrado por pessoas honestíssimas e que estão trabalhando como voluntárias e com a maior boa vontade possível. A prefeitura não faz favor nenhum à população quando oferece gasolina e motoristas porque somos obrigados a pagar nossos impostos e eles vão justamente para os gestores promoverem - no mínimo - o básico. Se o Hospital está ruim das pernas, a prefeitura tem que fornecer o que for preciso, sim, porque não temos outra alternativa. Abs, Carlos Romero.