quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ciência Hoje destaca o uso da tecnologia para o bem em Santa Rita do Sapucaí

Os óculos-mouse que permitem mover o curso do computador com movimentos da cabeça e dos olhos é um dos exemplos de tecnologia assistiva criada por estudantes de ensino médio e expostas na Projete. (foto: Sofia Moutinho),
Feira tecnológica de escola mineira aposta em projetos para ajudar portadores de necessidades especiais. Além de inclusão social, a iniciativa promove o pensamento empreendedor em sala de aula.
Por: Sofia Moutinho
Criar tecnologias que ajudem as pessoas a viver melhor. Este é o lema dos estudantesdo ensino médio da Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa, em SantaRita do Sapucaí, Minas Gerais. Todos os anos eles participam da Projete, uma feira de tecnologia organizada no pátio da escola com projetos que têm ganhadoreconhecimento.
Ano passado, um invento apresentado na Projete – um equipamento para ajudar na locomoção de deficientes visuais – conquistou o primeiro lugar em uma das feiras de ciências mais famosas do país, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace).
Este ano, por três dias, 192 equipes de alunos do primeiro ao terceiro ano técnico e convencional expuseram seus inventos para um entusiasmado público de 3 mil visitantes diários composto de parentes, professores, amigos e curiosos da pequena cidade de 40 mil habitantes.
A maioria dos inventos tinha por objetivo facilitar o cotidiano de pessoas portadoras de necessidades especiais ou baratear tecnologias já existentes. Essas duas metas estavam por trás do projeto da equipe de Walef Carvalho, do 2º ano. O adolescente e seus colegas criaram uma espécie de cadeira de rodas, mais barata que as opções no mercado, que possibilita a tetraplégicos e paraplégicos se locomover de pé.
Para desenvolver a ideia, Carvalho teve o apoio de uma fisioterapeuta da região, Claudia Garcez, do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel). A profissional trabalha com pessoas que sofreram lesões na medula e não podem andar e explicou ao estudante a importância da posição em pé para esses pacientes. “Quando você coloca o paciente em pé ele ganha em vários aspectos”, conta Garcez. “Um deles é que sentado na cadeira de rodas os seus órgãos ficam comprimidos.”A motivação para o projeto surgiu da história familiar do aluno. “Meu pai sofreu um acidente na coluna há seis anos ao pular na piscina e ficou tetraplégico”, conta. “A fase de recuperação foi difícil. Hoje, ele já anda com andador e dirige carro adaptado, mas eu quis fazer isso por ele e pelos colegas dele com o mesmo problema.”
Também nessa linha é o projeto de Guilherme Ribeiro Barbosa e José Vitor Santos Resende, do 2º ano. Quando buscavam uma ideia para a feira, conheceram Antonio, um senhor de 59 anos que sofre de mal de Parkinson e por isso tem dificuldades para andar.
Os dois amigos assistiram às sessões de fisioterapia de Antonio e viram que ele tinha mais facilidade para caminhar com o uso de pegadas coladas no chão que lhe serviam como guia.
Com essa informação, criaram um dispositivo simples, de apenas R$ 90, composto de um cinto com dois lasers apontados para o chão que se intercalam à medida que o usuário caminha. A luz dolasers serve de orientação para o paciente saber onde deve pisar. “Não podíamos espalhar pegadas pela cidade inteira, então criamos esse equipamento que permite que o seu Antonio possa andar com mais autonomia”, diz Barbosa. 

Além da escola
Todos os alunos recebem um certificado da escola e os projetos eleitos pelo público e pelos professores ganham troféus de criatividade e inovação. A cada ano, quatro projetos são escolhidos para concorrer na Febrace.
Além de criar os protótipos, os alunos precisam registrar todo o processo de criação em ‘diários de bordo’ que, ao final da feira, são avaliados pelos professores. Essedocumento faz parte de uma iniciativa do colégio para instigar o empreendedorismo nos alunos.
“É uma oportunidade de os alunos aprenderem metodologia científica e também desenvolverem um plano de negócios”, conta o diretor geral da escola Alexandre Barbosa. “A feira já completa 32 anos e a gente observa que muitos protótipos viraram produtos nas mãos dos nossos alunos e empresários.”

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