quinta-feira, 14 de março de 2013

Saiba porque Santa Rita do Sapucaí é citada em biografia do ídolo Evaldo Braga


Os pouco mais de 400 quilômetros que dividem Santa Rita do Sapucaí, Sudoeste do estado, de Belo Horizonte, foram vencidos com certa dificuldade pelo TL azul. O motorista Arley, mais conhecido como Calça Branca, que mal havia dormido na noite anterior, deu umas cochiladas. Mulher e bebida, lembra César de Aguiar, um de seus companheiros na viagem. Ao chegar à capital mineira, o grupo logo rumou para o Bairro JK, em Contagem. Foi ali que Evaldo Braga fez o derradeiro show de sua meteórica carreira. Saindo do local, o grupo foi jantar num restaurante da Rua Goiás, no Centro. Mais tarde, rumaram para a casa de Aguiar. Evaldo tomou uísque.

Na viagem de Santa Rita, Evaldo havia comprado um chapelão, tipo mexicano. Disse que ia usar o chapéu com um terno branco, no ‘Programa do Chacrinha. Também iria levar a revista ‘Só Sucessos’, para todo o Brasil’. Um amigo pediu para ele viajar no dia seguinte, pois o motorista não tinha dormido. Estava com dinheiro e poderia pegar um avião. Não havia quem o convencesse No dia seguinte, o empresário e cantor foi acordado com a notícia que não saía das rádios de todo o país. “O ídolo negro” havia morrido em acidente, em Alberto Torres, próximo a Três Rios, depois de colisão com uma carreta. Ninguém sobreviveu ao acidente.

Quarenta anos após a morte de Evaldo Braga, em 31 de janeiro de 1973, o que se fala sobre o autor de canções como ‘Sorria, sorria’, ‘Eu não sou lixo’, ‘A cruz que carrego’ e ‘Tudo fizeram pra me derrotar’ não é muito diferente do que se falava na época. É basicamente por meio da história oral que o legado dele, morto aos 27 anos, sobrevive. César de Aguiar, que descreveu os dois últimos dias da vida do cantor, era o empresário que o trazia para shows em BH e interior de Minas. Autor do documento mais importante sobre a música brega dos anos 1970, o livro ‘Eu não sou cachorro, não’, o pesquisador e jornalista Paulo César de Araújo ratifica tal opinião.
Ele admite ter tido bastante dificuldade para traçar a trajetória de Evaldo na época da pesquisa do livro, lançado há 10 anos. “Tive que ir catando informações aqui e ali, pois não havia nada publicado. Ouvi ainda compositores, como Odair José e Osmar Navarro (esse último acompanhou o começo da carreira de Evaldo Braga), pois não tive acesso a familiares dele.” Em vida, Evaldo Braga lançou apenas dois álbuns, ‘O ídolo negro’ (volumes 1 e 2, de 1971 e 1972, respectivamente). Em 2011, a Som Livre, em parceria com a Universal, resgatou boa parte dos dois discos na coletânea ‘Sempre’.

O cantor foi enterrado no Cemitério São João Batista, no Rio. Seu túmulo é, ainda hoje, um dos campeões de visitas no Dia de Finados. ‘Tenho até uma gravação do enterro com as pessoas cantando’, continua Paulo César de Araújo. Para ele, Evaldo Braga tem uma importância maior dentro do universo da música brega. “Ele foi um ídolo pop negro. Surgiu no momento de afirmação do “Black is beautiful”. Sua música é de balada pulsante com metal. Embora ele não cite explicitamente a questão negra, se tornou o principal expoente da música black no brega.”

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