Em 1999, D. Maria acolheu a bisneta Manoela, com pouco mais de um ano e portadora de necessidades especiais. Em 2002, notícia inesperada: dois bisnetos que ela nem sabia da existência, estavam em um abrigo infantil em Campinas. Assumiu prontamente o posto de acolhê-los. Quatro meses se passaram, a papelada oficial transitava entre o fórum das duas cidades e, em uma quinta feira, recebeu o aviso. As crianças deveriam ser retiradas naquela tarde. Maria, que no dia anterior fizera um cateterismo, ignorou a ordem de repouso e foi buscar os pequenos Felipe de um ano e meio e Vitória de nove meses. Pouco tempo depois, Manoela não resistiu aos problemas de saúde e faleceu.
Em 2010, a história se repetiu. D. Maria tomou a frente da criação de mais dois bisnetos, João Pedro, 4 e Gabriel, 1. A essa altura, as pessoas, sabendo que D. Maria e a família viviam de modo simples e com certa dificuldade, chamaram-na de louca. “Deixa levar para o abrigo” um conhecido falou. Mas D. Maria diz que louco mesmo é quem acha que ela largaria sangue do sangue dela longe do amor da família. E não parou por aí. Ano passado recebeu o João Lucas que está com um ano e três meses. Maria não se arrepende de nada: “Foi Deus quem colocou essas crianças na minha vida”. Agora ela sonha em ver os bisnetos formados, sair do aluguel e finalizar sua casa para deixar um teto aos bisnetos e à filha mais nova, Aline: seu eterno braço direito que, afetuosamente, participa na criação das crianças, hoje já crescidas.
Maria Aparecida Silva de Barros, 75 anos. A menina que chamava Dona Marieta Capistrano de “Mãe Ota” e aprendeu com ela a religião e a importância de ajudar quem precisasse. Viveu em Santa Rita até os 21 anos e, apesar da educação conservadora que recebeu, recorda-se saudosamente dos bailes que frequentou no 13 de Maio. De volta a Santa Rita, quatro filhos, 10 netos e 22 bisnetos depois, talvez já não seja tão menina, mas mantém o sorriso, a alegria e, principalmente, o amor de menina. Amor puro e verdadeiro.
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