sexta-feira, 11 de julho de 2014

Troca de figurinhas da Copa do Mundo movimenta manhãs de sábado

Nove e meia da manhã de um sábado, caminhava pelo centro de Santa Rita, mais precisamente em frente à Banca do Caruso, quando notei um movimento incomum. Em alguns bancos que contornavam a praça, crianças e adultos começaram a chegar com álbuns debaixo do braço, tiraram dos bolsos algumas folhas de papel com números rabiscados e envelopes repletos de figurinhas. Eu me aproximei para ver o que se passava e tomei conhecimento de um ritual que se tornou comum nos últimos meses: a troca de figurinhas da Copa do Mundo. Para participar não era preciso se apresentar. Bastava abordar um dos colecionadores e pedir para ver suas figurinhas repetidas. Caso se interessasse por alguma, mas não tivesse outra para oferecer em troca, o preço estava afixado em 20 centavos, mesmo valor do custo unitário de uma figurinha nas bancas da cidade.
Ao tentar desvendar como surgiu aquele movimento, imaginei que sábado seria o dia em que a criançada recebia a “mesada”, mas um dos colecionadores me deu a dica: “os pais estão de folga e saem com os filhos, ou sem eles, para tentar completar a coleção.” A integração era interessante e bem difícil de acontecer, hoje em dia. Não consigo ver de que outra maneira um empresário faria amizade com uma avó ou uma criança, de maneira tão natural.
Em pouco mais de meia hora, a meia-dúzia de crianças e adultos se multiplicou e chegava a cerca de 30 colecionadores de todas as idades. Havia diversas bicicletas estacionadas em torno do grupo, carros com famílias inteiras à procura de um bom local para parar, mulheres com crianças de colo e estudantes. Com folhas de papel que traziam os números das figurinhas que ainda faltavam, avós faziam negociações de igual para igual com meninos vestidos com camisetas da seleção e rabiscavam as últimas conquistas. Pouco a pouco o número de colecionadores aumentava e o jardim que ladeava a estátua de Francisco Moreira ficou apinhado de pessoas vindas de todos os cantos da cidade.
“Tudo começou de maneira espontânea. As crianças compravam as figurinhas aqui na banca e iam trocar as repetidas do outro lado da rua. O número de colecionadores já foi maior. Acho que a cidade inteira coleciona. Boa parte, já completou o álbum.” – conta Chico Caruso, proprietário da banca. Um dos frequentadores do local conta que foi criado um grupo no Whatsapp (aplicativo para bate-papo através do celular) especialmente para combinar os encontros. “No meu tempo, batíamos figurinhas. Hoje as trocas ficaram mais sofisticadas. Pelo jeito, os encontros irão continuar até o fim da copa.” - teorizou um freguês.
(Por Carlos Romero Carneiro)

Oferecimento:

Nenhum comentário:

Postar um comentário