quarta-feira, 5 de março de 2014

Aumento do dólar já afeta polo de tecnologia no Sul de Minas

A valorização do dólar frente ao real, que já ultrapassou os R$ 2,40, está causando impactos no polo tecnológico de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, segundo o presidente do Sindicato das Indústrias de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Vale da Eletrônica (Sindvel), 
Roberto de Souza Pinto.
Ele estima que 40% dos custos das indústrias da cidade são em dólar, por causa da compra de insumos do exterior. “É uma média. Há participação maior ou menor de insumos estrangeiros nas indústrias da cidade”, diz.
O dirigente afirma que, mesmo com a alta dos insumos importados, nem sempre é possível repassar ao consumidor final, pelo risco de perda de vendas.
O sócio da Genno Alarmes, que fabrica equipamentos na área de segurança eletrônica residencial e predial, Gustavo Bueno Borges, diz que praticamente toda a matéria prima utilizada no segmento de eletrônica no país é importada. “A alta do dólar prejudica as vendas, uma vez que aumenta o preço, e muitos clientes não entendem este aumento, pois acham que toda a matéria prima utilizada é nacional”, conta.
Ele explica que toda a parte eletrônica e plástica é importada. A empresa faz importações da Ásia e alguns outros itens são comprados no mercado nacional, mas também são importados. “Praticamente 90% dos nossos insumos são importados. Apenas itens como adesivos, embalagem e cabos são nacionais”.
O empresário conta que a cada quatro meses é feito um levantamento de preços no Brasil e no exterior, então é feito um programa de compras. “No geral, as compras externas ocorrem sempre até o terceiro trimestre do ano, visto que, no quarto, o custo de frete se torna caro devido à grande importação que os varejistas fazem para as vendas de fim de ano e Natal”, diz.
Borges frisa que a indústria é obrigada a reduzir as margens para manter o patamar do preço, fazendo com que a lucratividade reduza, em especial, quando ocorrem oscilações constantes da moeda norte-americana.
Compensações. De acordo com ele, sua empresa exporta para países do Mercosul e da África. “Neste caso é possível compensar as perdas com a alta do dólar”, diz.
Para conquistar mais mercados, as indústrias do polo participam de feiras fora do país. Em abril, um grupo de 40 empresários irá participar de uma feira de radiodifusão, em Las Vegas, nos Estados Unidos.

Oscilação torna problema pior

Mais de 50% dos insumos da Leucotron, que desenvolve soluções integradas de telecomunicações, vêm de fora do país. “O dólar mais caro tem impacto, mas tentamos não repassar as altas”, diz o diretor geral da empresa, Marcos Vilela. Para ele, pior que a valorização do dólar frente ao real é a oscilação constante e brusca da moeda norte-americana.

Ele afirma que a principal dificuldade é a concorrência com as multinacionais, em especial as da China. “Os custos aqui no Brasil estão subindo. Para se manter no mercado, é preciso ter melhoria na produtividade, inovar”. 
 

Raio-X
Perfil da cidade de Santa Rita do Sapucaí
Indústrias: 153
Porte das empresas: 22 médias, 50 pequenas e o restante são consideradas micro
A cidade não tem nenhuma grande indústria
Faturamento: alta média de 18% em 2013
Empregos gerados pelo setor: 13,2 mil
Crescimento de 10% a 15%
Aposta: segmento de tecnologia para a saúde.
Hoje, há 22 empresas desta área instaladas na cidade


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