Teve um tempo (década de quarenta) em que esta, que hoje é a bela avenida João de Camargo, mais conhecida como avenida do INATEL, era quase só mato. Devia haver uma ruazinha... não sei! Lembro-me da casa de Dona Cilencina Teles, filha do Sr. Sanico. A casa era um lindo palacete, florido por todos os lados. Extremo bom gosto. A avenida que existe em frente à casa, hoje, já produziu rosas, cravos, jasmins, agapantos, lírios... Dona Cilencina fornecia flores para o enfeite da Igreja Matriz. Com enorme bondade e paciência, ela mesma ia colhendo diversas espécies... Minhas irmãs mais velhas, Filhas de Maria, estavam sempre em seu maravilhoso jardim, (e eu, atrás!) pois tinham a missão de enfeitar aquele altar-mor de mármore, cheio de degraus, com dois belos arcanjos tocando trombetas, um de cada lado... Bem no alto havia o nicho da padroeira, e, de degrau em degrau, elas colocavam jarras de flores, até o nicho. Era um capricho só! O sacristão, Sr. Arthur Pereira, pai do Dr.Arlete, avô da amiga Cidinha Mesquita, Gema Heleonora e Regina do Hermes, sempre estava presente para ajudar no que elas precisassem. E por falar na família, não posso deixar de lembrar Dona Irene, esposa do Dr. Arlete, uma pessoa que eu muito admirava! Durante muitos anos foi a organista da Matriz. Ficou radiante quando batizei minha filha caçula com o seu nome! No prédio central do INATEL ficava o IMEE, Instituto Moderno de Educação e Ensino, fundado em 1918. Entrando um pouco naquilo que é especialidade do Ivon, lembro aqui que, antes, em 1912, Antônio de Assis Longuinho, José Mendes e Dona Cilencina Teles fundaram o Colégio Santa Rita. Em 1918, o Dr. Leopoldo de Luna e Dr. João de Camargo transformaram o tal colégio em dois institutos: Instituto Moderno de Educação e Ensino, para rapazes e Escola Normal Oficial, hoje E.E.Sinhá Moreira, para as moças. Dito isto, voltemos à avenida. Descendo, de um lado ficava a casa de Dona Espanha e Sr.Henrique Del Castilho, dono do colégio, nessa época; do outro lado ficava a casa da Doutora Maria José Mendes, que ali lecionava. Não havia outras. Essas lembranças estão embaralhadas na minha memória, que é seletiva. Sei que fiquei penalizada quando soube que um pedaço daquele jardim maravilhoso ia ser aterrado... não sei quando foi aberta a avenida, quando e como foram sendo construídas as casas... Será que foi quando Dona Sinhá construiu o Bairro Vista Alegre? Pode ser! Não nasci para memorialista!
Mas lembro-me muito bem que onde é hoje a avenida, mais ou menos onde é a Escola Estadual Sanico Teles, o Sr. Sanico, pai de Dona Cilencina, tinha um curral, onde meu pai me levava todo dia bem cedo, para tomar leite fresquinho. Na caneca já ia o açúcar e depois de cheia, direto do peito da vaca, pelo próprio Sr. Sanico, bebia aquele espumoso leite quentinho... Meu pai, que trabalhara muitos anos formando cafezais para os fazendeiros daqui, naquele tempo já estava alquebrado, não trabalhava mais para os outros e se dedicava a fazer tanta coisa por mim! Lembro dele, foice ao ombro, procurando pelas estradas cachos de gravatá para ferver com açúcar e transformar em um xarope para tentar curar minha bronquite. Hoje não vejo mais gravatá. Acabou? Não me deixava ir dormir sem fazer, ele mesmo, um chá de hortelã ou de cidreira para que eu tivesse um sono gostoso! E vendo que eu gostava muito de flores ajudava-me a cultivá-las em nossa casa. Sei que estão morrendo de inveja por eu ter esse pai! Pena que o perdi no começo da adolescência... Eu não queria ter sido a última, queria ter sido das primeiras filhas para curti-lo bastante!
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