quinta-feira, 9 de maio de 2013

Novo polo produtor de equipamentos médicos surge em Santa Rita do Sapucaí

O atendimento precário e confuso nos hospitais, clínicas especializadas e laboratórios de exames médicos expõe o descompasso entre o gerenciamento do sistema de saúde e o avanço da tecnologia desenvolvida no Brasil para a realização de diagnósticos e aparelhamento da rede prestadora dos serviços. A indústria de equipamentos investe em inovação no país e tem elevado o valor da produção há cinco anos. Resultado dos bons indicadores da atividade, Minas Gerais começa a ganhar um polo produtor formado por pequenas empresas que já se dedicam a itens de alto conteúdo tecnológico em Santa Rita do Sapucaí, coração do chamado Vale da Eletrônica mineiro.
Novata no ramo, Lifetec, de Andréia Santos, quer dobrar faturamento (Jonaan Carvalho/Divulgação)

A iniciativa desses fabricantes do Sul de Minas reforça a posição do estado como fornecedor das chamadas ciências da vida, a partir da Região Metropolitana de Belo Horizonte, beneficiada por aportes feitos desde 2008 por grandes empresas, a exemplo da Philips e da GE Healthcare, e pelo novo projeto de fabricação de insulina recombinante da mineira Biomm Tecbnology. A própria GE anunciou este mês o aumento do portfólio de produtos fabricados em Contagem, com a produção de dois equipamentos de ponta em ressonância magnética. As novas linhas integram o investimento de US$ 50 milhões divulgado pela companhia durante a inauguração da fábrica, em julho de 2010.


O valor da produção de empresas nacionais – que fabricam de materiais de consumo a equipamentos, passando por mobiliário específico para a área de saúde – aumentou de R$ 2,48 bilhões em 2007 para R$ 4,79 bilhões no ano passado, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo). No Vale da Eletrônica, cerca de 20 empreendimentos – contando com empresas de Itajubá e Varginha – se especializaram no ramo eletromédico, empregando 200 pessoas direta e indiretamente. Para este ano, elas estimam negócios avaliados em 
R$ 10 milhões.

Uma das empresas de sucesso do polo, criada em 2008 e incubada no Inatel até o ano passado, é a Lifetec do Brasil. Desenvolvedora e fabricante de equipamentos como o negatoscópio em LED – visualizador de radiografias que dispensa o uso de lâmpadas e, por isso, tem luminosidade mais uniforme e maior vida útil – a empresa conta com distribuidores em todos os estados e pretende começar a exportar para o Mercosul até o fim do ano. Com o início da comercialização de um novo produto este mês – equipamento para transporte de vacinas com alarme e temperatura digital –, a expectativa é dobrar o faturamento da Lifetec, segundo a diretora administrativa Andréia Malaquias dos Santos. “Conseguimos pagar o nosso investimento inicial e estamos começando a ter lucro”, afirma ela, sem citar números.

Instituições como a Fundação São Francisco Xavier, administradora do Hospital Márcio Cunha, em Ipatinga, no Vale do Aço mineiro, se aproveitam do desenvolvimento de tecnologia destinada à rede hospitalar. Criada pela siderúrgica Usiminas, a fundação concluiu no mês passado a primeira fase do projeto de ampliação e modernização do hospital, com investimentos de R$ 28,5 milhões, incluindo novo pronto-socorro e Unidade de Terapia Intensiva. Os planos previstos até 2015 ultrapassam R$ 50 milhões, somados os recursos negociados com os governos estadual e federal, que permitirão a compra de mais equipamentos e a ampliação dos atendimentos, informou o diretor da fundação, Luis Márcio Araújo Ramos. 

“Os investimentos têm grande importância para a região. O hospital é referência para 35 municípios, com quase 800 mil habitantes, oferece todo tipo de atenção e boa parte dos tratamentos complexos, como o oncológico e neurocirurgias”, afirma. Terceiro hospital do estado em número de internações pelo SUS, o Márcio Cunha foi, também, certificado com nível de excelência pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). A instituição incorporou, entre as inovações destacadas pelo seu diretor, Mauro Oscar Soares de Souza Lima, um sistema de rastreabilidade de medicamentos, que vai da identificação do produto, ao ser recebido do fornecedor, à beira do leito. “A segurança assistencial é determinante para nós, tanto do ponto de vista do paciente quanto de quem trabalha no hospital”.

TUDO PELA VIDA


» Valor da produção em 2012
R$ 2,23 em equipamentos médicos
R$ 970 milhões em implantes
R$ 830 milhões em material de consumo


Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios

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