quinta-feira, 10 de abril de 2014

Intel faz parceria com DL para crescer no segmento de tablets

A Intel, que lidera o mercado global de chips para computadores e servidores, com participações de mercado de 94% e 98%, respectivamente, quer acelerar a sua entrada tardia no segmento de chips para dispositivos móveis. A companhia negocia parcerias com multinacionais e fabricantes locais para uso de seus processadores em tablets. No mundo, a Intel já fez acordos com as fabricantes Lenovo, Dell, Hewlett-Packard (HP), Samsung, Asus, Toshiba e Acer.
Luis Ushirobira/Valor / Luis Ushirobira/Valor
No Brasil, a companhia anuncia hoje uma parceria com a Digital Life (DL) e o lançamento do primeiro tablet fabricado localmente com chip da Intel. O processador é da família Atom, usado também em smartphones. O tablet que será apresentado hoje possui 8 gigabytes (GB) de memória e preço sugerido de R$ 449. Modelos com pouca memória (4 GB ou 8 GB) costumam ter preços entre R$ 200 e R$ 600 e são voltados a atividades de entretenimento, como leitura e navegação na internet.
Steve Long, diretor-geral da Intel para América Latina, disse que essa é a primeira parceria feita pela companhia no Brasil. "A Intel decidiu escolher a companhia que mais vende tablets no país para aprender a redesenhar os processadores e atender melhor esse mercado. Espero ter outros modelos disponíveis no Brasil este ano", afirmou.
Fundada em 2004 pelo chinês Paulo Xu, a DL começou como fabricante de panela elétrica para cocção de arroz japonês e diversificou sua atuação ao longo dos anos. A lista incluiu aparelhos de DVD para veículos, tocadores de MP4 e MP5, babá eletrônica e outros produtos. Desde 2010, a companhia dedica-se à produção de tablets. Com aparelhos vendidos a preços populares (entre R$ 300 e R$ 600), a DL lidera o mercado brasileiro de tablets, superando rivais como Samsung Electronics e Apple, de acordo com a consultoria GfK.
Em 2013, a DL vendeu 1,5 milhão de tablets e atingiu 17,9% de participação nesse mercado. Paulo Xu, presidente da DL, disse que as vendas da companhia cresceram 50% no ano passado e a meta é aumentar a produção em 67% este ano, para 2,5 milhões de unidades. "A partir do segundo semestre, a DL começou a produzir com os benefícios do Processo Produtivo Básico (PPB) e, com isso, passou a crescer de forma acelerada", afirmou Xu.
Xu disse que a DL já tem encomendas de varejistas de tablets com processadores Intel, mesmo antes do lançamento do aparelho. "Há uma percepção no mercado de que os processadores da Intel têm boa qualidade", disse. O executivo estima que os tablets com chip da Intel vão responder por 30% das vendas da DL este ano, ou cerca de 750 mil unidades.
A busca por parceiros locais faz parte do plano global da Intel de ganhar espaço no segmento de chips para tablets e smartphones. Para o segmento de tablets, a meta da companhia é fechar 2014 com 40 milhões de aparelhos vendidos, o equivalente a 15,2% do mercado mundial.
De acordo com a consultoria Gartner, as vendas de tablets no mundo cresceram 68% no ano passado, para 179,5 milhões de unidades. Este ano, o aumento será de 47%, para 263,5 milhões de unidades. No Brasil, as vendas de tablets tiveram expansão de 157% em 2013, para 8,4 milhões de unidades, segundo a consultoria IDC.
A Intel demorou a definir uma estratégia de competição no mercado de processadores para dispositivos móveis. Atualmente, o mercado é dominado por chips desenvolvidos com design da britânica ARM. Na produção de processadores para tablets e smartphones, as principais rivais são AMD, Samsung e Qualcomm.
O grande desafio para a Intel é conseguir oferecer chips de baixo custo para atender o mercado, que é dominado por tablets de preços populares (abaixo de R$ 500 por unidade) e que usam o sistema operacional Android, do Google. Long disse que a Intel tem procurado desenvolver processadores que ofereçam mais economia de energia e com custo de produção mais baixo, seguindo a mesma linha dos modelos da ARM.
A companhia também incluiu nos chips o seu antivírus McAfee e alguma melhora na capacidade de processamento, para que tablets com pouca memória também possam executar mais de uma tarefa ao mesmo tempo - à semelhança dos notebooks e tablets com memória superior a 32GB.
O tablet desenvolvido pela DL começou a ser fabricado esta semana na unidade da fabricante em Santa Rita do Sapucaí (MG). A expectativa é que as vendas tenham início ainda este mês no país.

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