segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Especialista em estudos sobre o Rio Sapucaí fala sobre a questão das enchentes em Santa Rita

A reportagem do Jornal Empório de Notícias esteve presente em uma palestra na Loja Maçônica Caridade Sul Mineira, por ocasião do Programa de Meio Ambiente promovido pela entidade, onde pudemos assistir a uma palestra com o Doutor Alexandre Augusto Barbosa – especialista em estudos sobre as cheias do Rio Sapucaí. Professor da Unifei (Universidade Federal de Itajubá) nos cursos de graduação de Engenharia Hídrica, Engenharia Ambiental, entre outras, Alexandre é engenheiro mecânico, possui pós-graduação em Engenharia Ambiental e trabalha com a questão das enchentes no Rio sapucaí, desde 2000.

Segundo o expositor, a primeira cheia do rio Sapucaí, de que se tem registro, aconteceu em 1874. Tal informação foi obtida através de documentos e as enchentes seguintes, como a que aconteceu em 1919, pôde ser constatada através da análise de fotografias antigas, onde foram feitas comparações com pontos referenciais da cidade. Segundo o pesquisador, ocorrências semelhantes são constatadas, em média, a cada dois anos – embora em níveis diferentes. Alexandre explicou que os motivos das enchentes são vários: ocupação de áreas alagáveis, desmatamento das matas ciliares e ocupação irregular das encostas.
Em 2000, 80% do município foram afetados – 90cm a mais que na década anterior. Caso existisse um barramento para conter o nível do Rio Sapucaí, efeitos seriam reduzidos. Para se ter uma ideia das dimensões daquela enchente, o normal é que passem 13 mil metros cúbicos de água por segundo e, naquela ocasião, o fluxo foi de 500 mil metros cúbicos por segundo. Caso existisse uma microbacia para conter a água, ela se encheria em um minuto e meio. Para ele, o que torna a situação de Santa Rita mais delicada é que a cidade se expandiu em locais inadequados, mas a probabilidade de acontecer uma cheia como a de 2000 é de uma para 500.

Medidas para conter as enchentes em Santa Rita

Alexandre, no decorrer de sua explanação, falou sobre os métodos que poderiam ser aplicados na cidade e a eficácia de cada um deles. Em relação à drenagem, por exemplo, explicou que, por passar cerca de 2500 toneladas de areia por dia, este método não seria duradouro. Ao ser questionado sobre a possibilidade de construção de um dique para contenção das águas, o pesquisador também descartou essa hipótese, uma vez que o Sapucaí corta a cidade de ponta a ponta. Para ele, Santa Rita seria beneficiada no caso da construção de um reservatório, em Campos do Jordão.
A velocidade  com que as águas chegam de Itajubá a Santa Rita

Para explicar como as águas chegam de Itajubá a Santa Rita, Alexandre relatou que o nível do rio tem um declínio de 1 cm a cada quilômetro. Com a retificação e os desmatamentos, a velocidade da correnteza aumentou, fazendo com que a água chegue mais rápido ao município. O pesquisador também afirmou que, para monitorar estes níveis, a Unifei dispõe de um ponto de coleta de informações em Santa Rita capaz de calcular o quanto de água irá chegar à cidade, com 36 horas de antecedência. Tal ferramenta - resultado de um investimento de 600 mil Reais feito pela Copasa a partir de 2002 – envia uma mensagem ao celular dos pesquisadores, caso seja necessário alertar os moradores.

Como evitar maiores transtornos?

Para que, no futuro, não haja vítimas, o especialista informou que o zoneamento das áreas inundáveis e a construção de residências à prova de enchentes são medidas fundamentais. Em seguida, informou que para co-nhecer os locais onde existe o perigo de inundação e fazer o zoneamento urbano, basta que a prefeitura requisite  um mapa do Instituto em que ele atua.
Soluções concretas

O professor da Unifei afirmou que a melhor maneira de resolver o problema das cheias em Santa Rita é fazer um monitoramento constante do nível do rio e construir um barramento em Itajubá que não custaria menos de 500 milhões de Reais. Alexandre conta também que, caso o governo optasse por construir um dique, alguns bairros de Santa Rita teriam que desaparecer.

Já que, até o momento, nossa única solução é sair de casa com antecedência, Alexandre disse que – como Pouso Alegre recebeu R$ 30 milhões para construir seu dique – Santa Rita deveria receber, no mínimo, R$ 50 mil para comprar um painel e para realizar uma campanha de conscientização.
(Carlos Romero Carneiro)

Um oferecimento:

6 comentários:

  1. Que pessimismo é esse professor, nossa cidade segundo dizem as autoridades já recebeu tres milhões de reais do governador de Minas. O prefeito garantiu que as obras já iniciaram e os bairros afetados serão beneficiados. Senhor não acha que cinquenta milhóes da para mudar o rio de lugar. Parabéns pela palestra, mas enchente é problema sério e um pouquinho mais de seriedade de nossas autoridades podia amenizar o sofrimento de nossa população.Um 10 para o Senhor. Armando Lemes

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  2. Parabens Carlos Romero pelo resumo da palestra do prof Alexandre.
    Sr "anônimo" o que voce considera "pessimismo", chama-se realismo. De nada adianta filosofar sobre esse assunto, a UNIFEI e seus engenheiros praticam "full time" o estudo da engenharia e, muito mais que todos nós, sabem o que é melhor, dentro das nossas possibilidades técnicas e econômicas, para minimizar os efeitos das enchentes que ocorrem anualmente em nossa cidade.
    Como esta claro na reportagem que resumiu com competência a palestra do prof Alexandre, o primeiro passo é aprimorar o monitoramento dos níveis do rio Sapucaí para que a população possa sair de casa a tempo e, a prazo mais longo, lutarmos para a construção de barragens em algum ponto a montante da nossa cidade.
    Entretanto não podemos persistir em ocupar irregularmente as áreas alagáveis, as encostas e permitir o desmatamento sistemático da mata ciliar. Percebam que faz muita falta o nosso "Plano Diretor", o único instrumento que poderá organizar o crescimento da mancha urbana.
    abraço a todos
    João Paulo

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  3. Carlos, uma informação do texto (após a segunda foto) me parece estranha:

    "... é normal que passem 13 mil metros cúbicos de água por segundo..."

    Para efeito de comparação, a vazão média nas Cataratas do Iguaçu é de 1500 metros cúbicos!!!

    http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/paginas/37-cataratas-do-iguacu.aspx

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  4. Excelente explicacao sobre o Rio Sapucaí. Parabéns Empório de Notícias.

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  5. Santa Rita é cidade rica, cheia de empresários .podia pagar a própria conta e deixar o dinheiro publico para as regiões pobres do estado.Mas é assim, fazem muita festa,muito carnaval de luxo, muita criatividade, mas não sabem resolver o que precisa ser resolvido.

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