terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Portal R7: Vale da Eletrônica esbarra na invasão dos chineses

Polo de Tecnologia de Minas cresceu 43% em 2010, mas expansão foi freada pela concorrência dos importados.
Centro Empresarial Paulo Henrique de Toledo. Crédito: Ascom Inatel.
O crescimento das indústrias do Vale da Eletrônica, em Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, não tem conseguido acompanhar o ritmo de aumento das importações de produtos eletrônicos no país. Em 2010, as 141 empresas instaladas na cidade movimentaram cerca de R$ 1,5 bilhão. O valor é 43% maior que o registrado em 2009. Mas poderia ser ainda maior, se não fosse a invasão de mercadorias provenientes de países asiáticos, principalmente da China.

As importações de materiais eletrônicos no Brasil duplicaram entre 2004 e 2010, conforme aponta uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo o levantamento, no ano passado, esses produtos responderam por 56% do total de artigos consumidos no país. O presidente do Sindicato das Indústrias do Vale da Eletrônica (Sindvel), Roberto de Souza Pinto, afirma que a valorização do real frente ao dólar tem favorecido a entrada de produtos estrangeiros no país e prejudicado as exportações.

O problema tem afetado, sobretudo, fabricantes de itens de automação predial e residencial, a exemplo de alarmes e sensores eletrônicos. É o caso da JFL Alarmes, especializada na fabricação de produtos como centrais de comunicação e sensores de infravermelho. A empresa fechou o ano de 2010 com um faturamento da ordem de R$ 45 milhões - crescimento de 18% frente a 2009. O diretor comercial da JFL, Fernando Barbosa Mota, assegura, porém, que o aumento poderia ter chegado a 40%, se não fosse a competição direta com os importados, com destaque para aqueles que entram no país de forma irregular.

Segundo Mota, como a carga tributária no Brasil é muito elevada, os produtos nacionais chegam a custar até 40% mais que as mercadorias fabricadas na China. O executivo diz ainda que, em função da enxurrada de itens eletrônicos que tem invadido o país, somente em 2010 a empresa deixou de gerar 300 empregos diretos.
O problema também tem afetado a Líder Indústria Eletrônica. Em 2010, a empresa obteve uma receita de R$ 14 milhões, valor 22,5% maior que o apurado em 2009. Na avaliação do diretor da Líder, Almir de Castro Furtado, o resultado, apesar de positivo, poderia ter sido melhor, chegando a um crescimento de até 45%.

Furtado também aponta a concorrência com as mercadorias importadas como um dos fatores que têm barrado a expansão da indústria nacional de produtos eletrônicos. Ele afirma que o real forte estimula as importações e, por outro lado, tira a competitividade dos produtos brasileiros no exterior.

A Líder, que tem 22 anos de atuação no mercado, chegou a ter um escritório no México, mas teve que fechar as portas, porque não conseguiu competir com os produtos fabricados nos países asiáticos. Além disso, a empresa precisou encerrar as operações no Chile, depois que o país fechou um acordo de livre comércio com a China.

Para Furtado, falta uma política mais austera do governo brasileiro em relação ao câmbio, a fim de aumentar a competitividade dos produtos nacionais no exterior. Outro problema aportado por ele, é a falta de fiscalização, por parte do governo estadual, em relação à entrada de produtos importados no país.

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