sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Uma santa-ritense e sua paixão pelo skate (Danlary Tomazini)

Depois de uma semana com desencontros e muita chuva, saímos a procura de Gabriele, pela vizinhança. Para nossa surpresa, todos com quem conversamos do Beco da Creche até a Rua Nova, onde mora, sabiam de quem se tratava. Ao chegar sem aviso em sua residência, encontramos uma família bastante hospitaleira, e uma garota amável, porém, um pouco receosa com a nossa entrevista. Extremamente tímida e delicada, ela poderia ser mais uma adolescente que, aos 15 anos, divide o tempo entre os estudos, os dedilhados no violão e coisas típicas da idade, não fosse por uma paixão: o skate. Acostumada a praticar atividades esportivas desde pequena, quando estava com 12 anos sua turma da escolinha de futebol, no Alcidão, parou de frequentar os treinos e ela sentiu a necessidade de escolher um novo esporte. “Eu não consigo ficar parada”, disse Gaby, e foi aí que teve a ideia de pedir um skate para a mãe. Na companhia do padrasto, Humberto, também skatista, começou a frequentar a pista na Beira-rio e não parou mais.
De lá para cá, Gaby evoluiu bastante sua técnica e, em junho desse ano, motivada por seu primo Breiner, participou de sua primeira competição, o “Circuito The Point de Skate” na cidade de Cambuí. Ganhou em primeiro lugar na categoria Feminino, onde concorreu com mais três garotas do Sul de Minas.

Aqui na cidade, entre as mulheres, ela é veterana. A prática do skate chegou a Santa Rita em meados dos anos 80 e, desde então, era praticada quase que somente pela ala masculina. Outras garotas já se aventuraram antes, mas todas abandonaram logo. Gaby é a única que continua firme. “Muitas meninas têm vontade de andar, até me pedem para ensinar. Mas todas têm medo de cair, de se machucar. No skate isso é inevitável, tem que ir sem medo”, explica ela que, quando anda, demonstra uma incrível desenvoltura e tranquilidade nas manobras. 

Gaby conta também que sofre alguns preconceitos. Muitas pessoas ainda enxergam o esporte como inapropriado para meninas e, frequentemente, é alvo de más línguas. Mas isso não a abate e, com o incentivo da mãe Sidnea e demais familiares, ela afirma que se sente muito bem quando está andando e não pretende parar.

É com determinação que expressa também a vontade de se profissionalizar, o que só não ocorreu ainda, pois, segundo ela, apoio e patrocínio são difíceis de se conseguir na cidade, tanto por parte da prefeitura, como pela falta de uma loja especializada em produtos do ramo que, geralmente, são as responsáveis por auxiliar esportistas do gênero.

Ainda esperamos ouvir muito o nome de Gaby. Mais um talento com que a Rua Nova presenteia a cidade. 

(Por Danlary Tomazini)

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