quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Lá pelas bandas do Balaio (Por Cônego Carvalhinho)

Santa Rita do Sapucaí apresenta, na região leste, nas altura das Capituvas, como é chamado o bairro dos Ribeirinhos, uma cadeia de montanhas de altitudes que variam de 850 a 1100 metros, mais ou menos.
De acordo com os nomes das serras, a disposição das mesmas é a seguinte: a noroeste, está a maior elevação, a que deram o nome de Fagundes, talvez pela origem no local da grande família que, no século dezoito, desbravou os sertões da Capituva (Pedralva). Bem no centro da cordilheira,  está a serra do Sobradinho, onde se localiza a célebre fazenda do Capitão Carneiro, mais célebre ainda pela presença dos escravos de pernas finas cujos herdeiros eu tive a honra de conhecer e de privar da amizade, como os Aprígios, os Teodoros e os Alfredos. Ao sul da vasta cordilheira é que se localiza o Balaio: uma serra menor que as demais, de formato arredondado. Os primitivos habitantes daquelas paragens, há muitos anos, lhe deram este nome por ser uma serra que lhes parecia um balaio sem tampa.

O Balaio ou a última elevação da cordilheira dos Fagundes termina ali, à margem direita do Sapucaí, já no sítio da Nova Capituva ou o bairro dos Ribeiros. Os Ribeiros ou Ribeirinhos, assim chamados, constituem uma família à parte dos Ribeiros do Vale lá do Pouso do Campo. Muito embora habitem também no Vale do Sapucaí, não têm o Vale no nome.

Até bem pouco tempo, não se sabia a razão do nome Balaio, dado à bela serra redonda da cordilheira dos Fagundes. Estudando, porém, a etimologia da palavra com as lendas ainda vivas na memória popular, podemos interpretar ou descobrir porque a serra guarda tão esdrúxulo nome.

Certa vez, alguém me contou a seguinte lenda do Balaio:

Ali na baixada, onde havia mais casas do que serra, costumava aparecer, principalmente nas noites brumosas, uma mulher de vestido longo e com um balaio de roupas na cabeça. Espalharam-se em grupos, a fim de cercá-la com três homens à sua frente, três à direita, três à esquerda e outros três atrás. Ao todo eram doze pessoas para uma só assombração, ainda na figura de uma mulher. Uma verdadeira covardia. Pois não é que a tal assombração, vendo-se atacada de todos os lados, reagiu e surrou, um por um, os doze homens que a perseguiam? O mais surpreendente foi que ninguém viu o rosto da mulher do balaio, mas todos apanharam como cães, precisando tomar banho de salmoura, quando voltaram envergonhados para suas casas. Dizem que foi daí que surgiu o este nome: primeiro a Serra da Mulher do Balaio. Depois, o Balaio, apenas. Enfim, a Serra do Balaio, como até hoje é conhecida. 

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