*Por Vinicius Soares da Silveira,
Gerente de Produtos Leucotron
BYOD, sigla
para o termo Bring Your Own Device (traga
seu próprio dispositivo), se refere a uma tendência global que envolve
serviços, políticas e tecnologias que viabilizam aos funcionários desempenhar
atividades profissionais utilizando seus próprios equipamentos, como
smatphones, tablets ou notebooks. Trata-se de um conceito mundial que vem
ganhando força entre as organizações, em função do potencial de ganho de
produtividade.
A tendência
está alinhada à explosão de vendas de smartphones e tablets, que tem proporcionado ao usuário alto poder de acesso
e processamento de informações com mobilidade. Em primeira instância, BYOD
desperta nas pessoas o interesse por escolher a ferramenta que lhe oferece mais
afinidade e produtividade, ao mesmo tempo em que chama a atenção das empresas
tanto pelo ganho de produtividade quanto pela redução em investimentos em
dispositivos de usuário.
No entanto, há
de se atentar aos investimentos necessários por parte da corporação, em
especial no que diz respeito à infraestrutura e às políticas necessárias a uma
operação BYOD confiável, evitando efeitos colaterais tanto para o usuário
quanto para as organizações, principalmente no que tange à segurança da
informação e às questões trabalhistas.
Este fenômeno
de supervalorização dos benefícios e pouca atenção aos riscos não é raro na
curva de introdução tecnológica de forma geral, como pode ser percebido nos
estudos do Gartner Group. Em seu último relatório “Hype Cycle for Emerging Technologies”, divulgado no segundo
semestre de 2012, BYOD foi relacionado entre as tecnologias emergentes, em uma
fase chamada de “pico das expectativas infladas”, em que, tipicamente, o
entusiasmo e a expectativa atingem níveis além da realidade.
Fazendo uma
retrospectiva, BYOD está vivendo uma situação semelhante ao que foi observado
com a tecnologia VoIP no Brasil entre os anos de 2005 e 2008. Muito se tratava
sobre os benefícios da tecnologia VoIP, sendo que de fato muitos negócios foram
consumados. No entanto, muitos daqueles clientes não alcançaram os resultados
desejados, sofrendo ainda com quedas ou interrupções no serviço, causadas na
maioria das vezes por uma infraestrutura de rede inadequada ou por gargalos nos
acessos de internet, fatores não previstos na maioria dos projetos da época.
Explorando um
pouco mais sobre este paralelo, os projetos que obtiveram sucesso naquela época
apresentaram pelo menos duas características em comum: a) estudo de impacto e
b) implantações graduais.
Estudo de impacto: Uma tecnologia inovadora normalmente é difundida
através de dois meios: os entusiastas e os profissionais. Os entusiastas
abordam a nova tecnologia como uma solução quase que inquestionável e
obrigatória. Para o entusiasta, não
aplicar a nova tecnologia é tão absurdo quanto não calçar o sapato da moda. Já
os profissionais entendem que há ganhos e riscos, e investem boa parte da fase
de pré-venda e de projeto no levantamento do cenário, dos requisitos e dos
riscos. Os projetos de sucesso foram e são aqueles tratados sob a óptica do
profissionalismo.
Implantações graduais: É fato que quem chega primeiro bebe água limpa,
mas também é sabido que quem vai na frente tem que abrir caminho. Ao tratar uma
nova tecnologia, é possível que as ações elencadas para mitigar os riscos não
revelem na prática o efeito planejado na teoria, requerendo revisões e ajustes
no plano. Portanto, ao implantar um projeto com tecnologia disruptiva, é
importante dividir o projeto em etapas. Nas primeiras etapas, devem se escolher
por quais problemas de negócio se iniciará o projeto e quais usuários serão
envolvidos, cuidando para que eventuais ajustes no projeto signifiquem um menor
impacto sobre o negócio.
Traçando um
estudo específico sobre aplicações de comunicação corporativa, existem soluções
capazes de fazer do smartphone do usuário uma ferramenta corporativa, transformando um celular em ramal da plataforma de comunicação. Especificamente
nestes casos, recomenda-se uma abordagem que cubra os seguintes tópicos:
1. Avaliação das áreas com maiores necessidades de
comunicação, considerando tanto a importância da comunicação quanto o volume de
gastos telefônicos;
2. Definição de usuários chave, como, por exemplo,
colaboradores seniores ou gerentes capazes de gerar avaliações consistentes
sobre a solução e contribuir na disseminação nas etapas seguintes.
3. Determinação do período de testes, tempo em que
o BYOD não será a única solução, mas uma alternativa. Este período deve ser
suficiente para os usuários formarem impressões e para se avaliar a
confiabilidade da solução.
4. Estabelecimento de termos de compromisso com os
usuários, contemplando, por exemplo, os dias e horários que ele está autorizado
a utilizar o próprio dispositivo em atividades profissionais. Devem ser criadas
regras que evitem o uso do sistema em horários inadequados. Esta ação irá
ajudar a mitigar o risco de problemas trabalhistas.
5. Definição e avaliação dos aspectos de segurança,
como por exemplo que tipo de portas devem ser abertas e que tipo de permissões
de rede devem ser dadas aos usuários. As informações levantadas devem ser
confrontadas com as políticas de segurança da empresa.
Portanto, tão
importante quanto sair na frente e usufruir dos ganhos de competitividade que
BYOD traz, é planejar como se dará sua implantação na empresa. Os novos
patamares de mobilidade, agilidade e produtividade devem ser sustentados por
infraestrutura e políticas sólidas.
Vinicius Soares da Silveira é Engenheiro de Telecomunicações
com MBA em Marketing, cursando mestrado em Engenharia de Produção. Atua na
Leucotron desde 2004, com passagem pelas áreas de vendas e Marketing, ocupando
atualmente o cargo de Gerente de Produtos. Participou do lançamento de produtos
e serviços, como Plataformas de Comunicação Active IP e Ision IP, o portfólio
de Serviços sob Medida e o ramal móvel BYOD Nomad.
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