quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O vídeo do sepultamento do Presidente Delfim Moreira.


O escritor e o presidente

Na edição 26 do Empório de Notícias, transcrevemos um trecho da obra “Engraçadinha”, de Nelson Rodrigues, onde o autor falava sobre o sepultamento de Delfim Moreira: “Queria para si um enterro como o de Delfim Moreira, puxado por cavalos brancos e de penacho. Sim, antigamente os enterros eram mais bonitos.” O que nos chamou a atenção nessa matéria foi a descrição feita de um fato acontecido em Santa Rita do Sapucaí. Se Delfim Moreira foi sepultado aqui e Nelson Rodrigues – então com 7 anos de idade – sabia como havia acontecido, de que forma ele obteve tal informação? Estaria o grande escritor dizendo a verdade ou teria inventado aquela história para enriquecer seu romance?

Um incrível tesouro

Neste mês, tivemos acesso a um filme raríssimo sobre Santa Rita do Sapucaí que nos deixou – ao mesmo tempo – surpresos e estupefatos. Tratava-se de um documentário produzido originalmente, em 16 milímetros, datado de 15 de julho de 1920, onde aparecia o sepultamento do presidente Delfim Moreira, que aqui residia. O mais interessante foi constatar que o material encontrava-se em perfeitas condições e nos mostrou algumas cenas do início do século XX, até então desconhecidas. Foi como uma viagem no tempo. A Ponte Metálica, destruída no fatídico 27 de setembro de 1981, ainda nem havia sido terminada. Na Estação Afonso Pena, centenas de pessoas desembarcavam em delegações vindas das mais diferentes cidades do país e traziam coroas de flores, bagagens e ornamentos. Já as autoridades federais, como os mi-nistros do governo Delfim Moreira e outros políticos ilustres, vieram em um trem especial do Rio de Janeiro, então capital federal. As cenas seguintes, retratavam os oficiais do regimento de cavalaria montada de Pouso Alegre que, ao chegarem à altura da pedreira com coroas de flores, foram engolidos pela multidão. Nunca a cidade havia presenciado um acontecimento tão importante e talvez nem estivesse preparada para isso.

 O clímax do filme foi quando as câmeras do cinegrafista alcançaram as escadas da residência do ex-presidente e, naquele momento, surgiram as imagens mais raras e surpreendentes: centenas de nomes de rua encontravam-se ali, vivinhos da Silva, esperando a saída do funeral. Foi incrível ver personagens como Joaquim Inácio, que só conhecíamos de estátuas e fotografias, andando de um lado para outro enquanto Monsenhor Calazans deixava a casa em companhia de seus coroinhas. A cada movimento de cena, íamos reconhecendo nossos antepassados e nos emocionando com o imensurável tesouro que havíamos descoberto. Na saída do cortejo, desceram as escadarias os homens mais importantes daquela época, carregando o grande caixão de madeira: Francisco Moreira da Costa, Joaquim Inácio, Gabriel Capistrano, João Eusébio, Antônio de Assis Longuinho e Delfim Moreira Júnior foram algumas das personalidades reconhecidas.

Assim que a grande massa - formada somente por homens - chegou à praça Santa Rita, foi possível ver o chão de terra batida, o antigo cinema (incendiado décadas depois) e a casa de Chico Balbino (e suas muitas portas). O filme terminava aí. Aos poucos, fomos voltando ao século XXI e retornamos dessa incrível viagem no tempo.

Até tu, Nelson?

Quando o filme chegou ao fim, a conclusão que tiramos foi de que, quando o assunto é arte, os fatos podem ser ligeiramente enfeitados para que a história ganhe um pouco mais de fantasia. Ainda assim, sem cavalos brancos e de penacho como Nelson Rodrigues contou em sua história, foi muito bom retornar a uma época em que a cidade dava seus primeiros passos e se preparava para ser o que é. Valeu a tentativa do escritor.

(Carlos Romero Carneiro)

6 comentários:

  1. Carlos sensacional. O vídeo não se limita unicamente em retratar um momento histórico local, mas sim, algo de suma importância nacional e internacional porque do vídeo e das fotografias que estão na reportagem temos uma visão do início do século XX nos seguintes aspectos: político, social, arquitetônico, cultural ( vestuário - desde sapatos aos chapéus-, artístico, etc). Esse material deveria ter uma cópia na Biblioteca Nacional e estar disponível aos professores dessa cidade e de qualquer outra localidade pois com esse material pode -se elaborar aulas maravilhosas, não somente de história , mas em artes, biologia, matemática, português, enfim, pode se elaborar um projeto interdisciplinar fabuloso, tendo nesse material seu ponto de partida para maiores aprofundamentos. Gostaria que sendo possível possa fornecer uma cópia para que na escola Sanico Teles possamos elaborar um projeto como falei anteriormente. Mias uma vez meus parabéns e saiba que acompanho seu blog todos os dias e é de uma riqueza cultural, histórica, sem precedentes. Diria mais, uma verdadeira aula de história e de qualquer outra disciplina que faça parte do currículo escolar e fora dele também.
    Abração
    Prof. Anderson

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  2. Professor Anderson! Você não faz ideia de como fiquei contente com a sua mensagem. Ter você como um dos leitores somente nos honra e nos fazer querer sempre em frente neste projeto. O Luiz Fernando Almeida ficou de pegar esse filme aqui em casa para que possa ser telecinado de forma correta e guardada no Museu Histórico Nacional. Se você quiser, é só pedir ao meu pai que ele grava uma cópia pra você. Não ficou tão legal, já que os equipamentos não eram os mais corretos pra isso, mas vale o documento. Um abraço e muito obrigado pelo apoio, Carlos Romero.

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  3. Carlos, amei a reportagem. Parabéns. Quando for com tempo em Santa Rita quero te conhecer e desde já te peço um favor: me deixa bisbilhotar ös seus materiais?

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  4. ok, Carlos, pode então pedir ao seu pai que grave a cópia, quero sim e muito. Favor quando a cópia for feita comunique-me. Acredite seu blog é dez, assim como o jornal Empório. Ambas fontes riquíssimas. falo com precisão de causa, pois em um dos trabalhos que fiz na minha especialização pela PUC Minas, tive que analisar um periódico da década de trinta de Itajubá e levantar uma série de análises sobre a citada cidade e da região de modo geral. Baseado nessa experiência é que afirmo que seu blog, assim como, o jornal Empório são de uma riqueza imensa, primeiramente porque resgata documentos, fatos, personalidades, de tempos remotos facilitando o estudo desse passado e ao mesmo tempo retrata o hoje , servindo de documentação para as futuras gerações pesquisarem. Existe algo mais interessante e rico que isso? pode até haver, mas isso também está na lista. E, estou sendo sincero ao afirmar que sigo seu blog diariamente, acesso-o várias vezes ao dia e como eu centenas, quiça milhares de pessoas aqui da cidade, tenha certeza disso.
    Abração.
    Prof. Anderson ( E.E.Sanico Teles)

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  5. Oi Nídia! Eu já conhecia você da época em que fizemos o livro sobre a ETE mas só de vista! Quando vier me procura que te empresto o que quiser. Abraço!

    Anderson! Meu pai disse que é só você chegar aqui em casa com uma mídia que ele copia na hora pra você! O telefone dele é 3471 2186. Abraço e, mais um vez, muito obrigado!

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  6. Qual o link deste vídeo no You Tube? Por Favor !

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