terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

As obras e a vida da querida escritora Edméa Sodré Azevedo Carvalho

(Matéria publicada na Edição 45 do Empório - 10 de agosto de 2011)
Esta é uma homenagem à escritora, falecida ontem. Nossos sentimentos aos familiares.
A vinda de Pedra Branca

Dona Edméa Sodré de Azevedo Carvalho nasceu em Pedralva, antiga Pedra Branca e mudou-se para Santa Rita, com pouco mais de um ano, quando seu pai - José de Abreu Azevedo - decidiu exercer a medicina na cidade. Na mocidade, viveu grandes alegrias e colecionou inúmeras amigas. Sempre muito curiosa e ávida por novos conhecimentos, a paixão pelas letras e pelos romances clássicos a acompanhava em todos os momentos.

Admiração pelos Democráticos

Em uma época em que os tradicionais blocos embalavam as noites de carnaval, a escritora recorda-se de um ano em que sua mãe bordou uma fantasia de russa para que ela desfilasse entre grandes cantoras, foliões e cavaleiros do regimento que compunham o espetáculo.

A invenção do rejunte

No período da segunda guerra, o grande orgulho de Dona Edméa foi quando seu marido, Edmur Carneiro de Carvalho, inventou uma fórmula para confecção de cimento branco, conhecida como “rejunte”. Poucas pessoas sabem, mas seu marido foi o responsável por esta importante invenção que acabou se tornando indispensável na construção de residências.

Os bailes no Clube Santarritense

Como seu pai foi presidente do Clube Santarritense, Edméa sempre participava das festividades. Sua maior recordação foi do baile de inauguração da Sede Social, quando todas as moças foram convidadas a se posicionar nas escadarias do prédio para a recepção dos convidados. Para ela foi uma glória. Com seu vestido branco comprido, todo pintado de cravos vermelhos, Edméa se sentiu muito honrada por tal oportunidade e se lembra muito bem das orquestras românticas que a-nimaram aquela maravilhosa noite.

Suas obras literárias

Aos 70 anos, ao ver os filhos criados, começou a registrar sua primeiras crônicas ao sentir necessidade de escrever sobre as impressões que tinha sobre a vida, o cotidiano nas pequenas cidades e as transformações do mundo contemporâneo. A escritora publicou três livros em sua carreira: “Colhe o Dia”, “Memórias e Emoções” e “Crepúsculo de uma vida”. Além destas obras, também teve participação em livros, jornais e, mais recentemente, teve uma crônica sobre Quintino Bocaiúva, publicada no revista da “Academia Mineira de Letras”. Sempre ligada aos movimentos culturais da cidade, Edméa também foi uma das fundadoras da “Academia Santarritense de Ciências e Letras” e hoje ocupa a cadeira cujo patrono é seu pai. Mesmo afastada por conta da dificuldade de se locomover, Edméa continua apoiando os membros que a compõem e sente grande orgulho pela atual diretoria.

Orgulho dos filhos

Para a escritora, sua maior alegria são os seus seis filhos. Ela diz que o convívio com os familiares é sempre motivo de grandes emoções e frequentemente a inspira a produzir seus textos. Com grande sabedoria e lucidez, assim a escritora segue a vida: transformando as experiências cotidianas em expressões belas e tornando o mundo um pouco mais brando através de suas palavras doces.

Veja, a seguir, uma das frases preferidas de Dona Edméa e seu significado para ela:

“Um sentir é o do sentente, mas outro é o do sentidor.”
(“Grande Sertão: Veredas, página 237)


Palavras da Escritora:

“Reconheço que as inquietações expressas são justificadas por quem sente de fora. Mas, como um dos que sentem de dentro, asseguro que a grande maioria está comprometida com o respeito à condição humana”.

(Por Carlos Magno Romero Carneiro)

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