Santa Rita, 4 de junho de 1930.
Quinzote, acabo de receber sua carta do dia 1º deste e fiquei muito satisfeita por saber que a cidade já está calma outra vez. Agora estou mais sossegada, porque você não faz ideia como a política agitada daí me incomodava. Quando a gente está longe tudo parece pior do que é e, por isso, eu tinha muito receio de que acontecesse alguma coisa a você. Felizmente passou, não é meu bem? Aqui está tudo na mesma. Tudo calmo e sossegado como sempre. Eu acho a cidade calma sob todos os pontos de vista. Como Santa Rita, existem bem poucas cidades, não acha?
Quinzote, acabo de receber sua carta do dia 1º deste e fiquei muito satisfeita por saber que a cidade já está calma outra vez. Agora estou mais sossegada, porque você não faz ideia como a política agitada daí me incomodava. Quando a gente está longe tudo parece pior do que é e, por isso, eu tinha muito receio de que acontecesse alguma coisa a você. Felizmente passou, não é meu bem? Aqui está tudo na mesma. Tudo calmo e sossegado como sempre. Eu acho a cidade calma sob todos os pontos de vista. Como Santa Rita, existem bem poucas cidades, não acha?
Ontem, o Osmar Cure, aquele estudante namorado da Irene Castelo, brincava com pólvora, quando ela explodiu nos olhos dele. O Doutor Antenor desconfia que ele ficará cego. Se ficar, será uma pena. Imagine, tão moço e tão bonito. Ele segue hoje a Campinas, para examinar melhor. Espero que não seja o que eles pen-sam. O último filho de Delfinzinho, que se chamava “Francisco José”, morreu anteontem e foi enterrado ontem ao meio dia. Eu fui ao enterro e cheguei até o cemitério onde chorei muito no túmulo do meu querido pai. Tive tantas saudades do tempo feliz da minha infância, porque passei ao lado dele, meu paizinho tão querido. Não quero dizer que agora não sou feliz. Sou muito feliz. Tenho todos os entes que me são queridos com saúde, graças a Deus. Tenho tudo o que quero. Tenho a sua estima, meu Quinzote, que me é tão cara. Que mais posso desejar? A única coisa que me falta e que, infelizmente, não posso obter de jeito algum é o meu pai, mas, mesmo assim, sou muito feliz.
Não sei porque, Quinzote, mas desde que completei 20 anos, muitas vezes fico pensando em meu pai e tenho tantas saudades dele que você nem faz ideia. Não vá ficar com ciúmes, porque você bem sabe que o amor que eu tenho pelo papai é bem diferente do seu. As saudades que eu tenho de você são tantas que nem posso me exprimir. O que eu posso é ter a certeza de que, no máximo 10 de agosto, você estará aqui. Posso contar com você, heim!? Desta vez sou eu que quero que você assista ao meu baile. Quero que você me ouça falar e que também me auxilie na festa, porque ela é um pouco sua também. A sua ajuda me servirá muito. Neste mês de junho vai haver festa do Sagrado Coração de Jesus e as novenas já começaram no dia 1º deste.
Saudades da Nharinha, de mamãe e das crianças e muitos abraços de sua noiva e saudosa, Glorinha.
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