Era mais uma noite. O corpo exausto pedia descanso, desejando se livrar dos dias incertos vividos. A mente não desligava. Como seria o amanhecer? O quanto andaríamos? Onde seria a próxima cama? Quando finalmente chegaríamos ao nosso destino? Adormecemos todos na carroceria do caminhão estacionado – eu, minha mãe e os quatro cachorros - somente para acordar momentos depois, atônitas, com a chuva gelada no rosto. Ela chegou de surpresa, rapidamente, encharcando-nos e a pequena mala que levávamos. Raramente passa pela cabeça das pessoas a dificuldade de um morador de rua para lavar e secar roupas, algo muito mais raro de conseguir, do que um prato de comida, por exemplo.
Esse é um dos episódios que passamos ao caminhar nas estradas a caminho de Santa Rita. Ao contrário do que possam pensar, não falo sobre ele com intuito de causar comoção. Foi mais um de vários acontecimentos derivados de escolhas que tomamos conscientemente e, assim como outras situações, relembro com sorrisos. Afinal, quem nunca tomou um bom banho de chuva?
Dias depois, em 17 de Abril de 2009, pisamos pela primeira vez em solo santa-ritense. Coincidentemente, foi no mesmo mês que, há um ano, o Empório publicou uma matéria sobre minha mãe, Lauir, resumindo perfeitamente um pedaço da história dela e nosso trajeto até aqui. Diante disso, registro nessa coluna um discreto agradecimento a todos envolvidos conosco, desde que chegamos. Um obrigada especial aos leitores do jornal que demonstraram admiração pela história relatada e que de lá para cá acompanham meus textos, participando com críticas, sugestões e elogios. Aos que me param na rua para perguntar onde se encontra D. Gaivota e a carrocinha de reciclagem, informo que, com o incentivo de muitos, ela concluiu seu curso de Assistente Veterinário, está fazendo estágio na área e continuará se especializando no cuidado de diferentes tipos de animais.
É com prazer que completamos mais um ano de história em Santa Rita do Sapucaí. Seja bem-vindo, abril!
Oferecimento:
Deus quando dá uma sentença ou corrige alguém, Ele sabe perfeitamente o que aconteceu e o que se passou na mente e no coração daquele que cometeu o erro. Ou seja, Deus jamais erra em seu julgamento. Na justiça dos homens, muitas vezes o culpado é declarado inocente e o inocente culpado.
ResponderExcluir