Me chama a atenção quando vou a alguma casa e vejo a estante cheia de
livros bacanas. Tá certo que quase ninguém devolve livro emprestado (que nem
caneta Bic), mas de que vale um livro que ninguém lê? Adianto que este não é um
texto sobre campanha de doação de livros. Até poderia ser, mas o objetivo, nesse caso, é outro.
Agora
a pouco, conversava com um amigo que passa incontáveis horas pensando em
maneiras de transformar a cidade num local com maior acesso à cultura e às
artes. Para ele, assim como para mim, é inquestionável que a nossa vocação para a tecnologia cairia muito bem com mentes criativas.
Em
empresas como Google e Apple, um elemento comum é a união de artistas e
libertários com nerds e matemáticos. Para essas marcas, é ponto pacífico a necessidade de fundir os dois polos para que surjam
soluções realmente relevantes.
Em
Santa Rita do Sapucaí, existe um predomínio pela lógica, mas há também um grande potencial para a cultura e a criatividade que precisa ser fomentado. E quando
digo cultura, não me refiro a tocar “Coração de Estudante” no final do baile de
formatura, com todo mundo abraçado e chorando bêbado, mas de referências capazes de
gerar novas formas de ver a coisas.
Existem
muitos talentos locais, capazes de inverter o código e fazer a cidade pensar de
maneira criativa, mas boa parte parece viver como aquele livro na estante. Eles
sabem bagarai, tem uma infinidade de coisas para ensinar, podem ser a chave para
suprir esta carência por pensamentos fora da caixa, mas permanecem enclausurados em seus
afazeres. Por que não aplicar seus conhecimentos e gerar um feixe de luz sobre a nossa Sucupira? E quando digo isso, não me refiro apenas à arte. Lembram daquele juiz que, em sua curta passagem,
utilizou seu potencial para promover a comunidade e suas ações ganharam o
mundo? É disso que estou falando!
Tem
gente que manja muito de música, mas apresenta-se apenas para si mesmo ou para um punhado de amigos. Tem gente que pinta ou desenha mas não ousa tingir além das paredes de
casa. Algumas pessoas adoram ler, mas nunca pensaram em fazer isso para um
pequeno grupo. Tem gente que cozinha, pinta, borda, canta, escreve poesias, gosta de participar e de estar em comunidade... Que tal descobrirmos o nosso potencial e sairmos do casulo por um objetivo comum? Que tal sairmos da estante e colocarmos nossos talentos à
serviço de uma "Santa Rita da Qualidade de Vida"? Fica o desafio (e a provocação).
Ilustração: as obras de Sinhá Moreira. Exemplo de "livro" mais lido e reverenciado que Santa Rita já teve notícia.
Ilustração: as obras de Sinhá Moreira. Exemplo de "livro" mais lido e reverenciado que Santa Rita já teve notícia.
(Por Carlos Romero Carneiro)
Interessante a sua opinião e sugestão. Precisamos dar um impulso na cultura não acadêmica desta cidade. A cultura acadêmica é evidenciada nas Escolas e Faculdades e eé importante na formação da pessoa. Mas precisamos, também, da cultura não acadêmica.Daquela que faz parte do modo de ser de nossa gente, seus costumes, tradições, folclore e história propriamente dita. Nós somos livros cheios de coisas para mostrar. Uns livros são velhos, de letras antigas e outros são novos e inovadores. Vamos unir todos numa roda de conversa para resgatar a nossa História. Coisa informal, mas dinâmica. Um Clube da História.
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