segunda-feira, 10 de março de 2014

O que é que o Mercado tem? Fomos lá conferir

O Mercado Municipal é o termômetro gastronômico de uma cidade. Uma amostra do que existe de mais saboroso pode ser encontrada nos diversos boxes que compõem esta tradicional construção. Fundado em 1970 pelo prefeito Arlette Telles Pereira, o nosso mercado teve seu período áureo nas duas décadas seguintes, mas teve um declínio nas vendas com o fortalecimento dos supermercados. Com o passar dos anos, uma boa quantidade de produtos que só eram vendidos naquele local, passaram a atrair uma grande quantidade de turistas, em busca de produtos típicos e da atmosfera saudosista que só ele tem.
Ao adentrarmos o prédio ornamentado com dois afrescos de Antônio Botelho Filho, com temas que remetem às antigas vendas do interior, encontramos uma cena bem diversa das demais casas comerciais da cidade. Algo nos remetia ao comércio das décadas de 70 e 80, através de um sistema de exposição dos produtos em estantes de madeira ou pendurados em varais.

A primeira parada aconteceu em uma lojinha especializada em venda de cachaças artesanais. Segundo nos contou Elisa Beraldo Barros, sócia do estabelecimento, o produto mais procurado é a cachaça envelhecida, feita em Santa Rita, no bairro da Capituva. As pingas de coleção também são muito concorridas, juntamente com as famosas cachaças de Salinas e os licores artesanais produzidos na cidade. “As pessoas de fora procuram mais o mercado do que os moradores daqui. Eles vêm atrás do que a comunidade produz de bom.” – afirma a comerciante.
 Estivemos, em seguida, na tradicional “Banca do Dito”, onde pudemos encontrar uma grande variedade de legumes e frutas produzidas na região, além de uma série de produtos que há muito tempo não víamos. Um deles, o tradicional queijo mineiro, é produzido na Serra da Manoela, uma das regiões mais tradicionais da cidade. “Nós temos polvilho e Farinha de Mandioca de Cachoeira de Minas que são muito procurados. Também vendemos fubá torrado e fubá de moinho d’água que não são encontrados facilmente. Os doces artesanais, como rapadura, doce de leite, goiabada e doce de abóbora, são todos de Maria da Fé. Também vendemos feijão a granel, produzido por aqui, marcas de café torrados em Santa Rita, diversos tipos de pimenta e um tempero caseiro à base de alho que todo mundo adora.” – conta Eder, proprietário do local. Para aqueles que gostam da típica comida mineira, como abobrinha caipira e quiabo, encontrarão na “Banca do Dito” produtos frescos e de ótima procedência.

Os açougues do Mercado Municipal são muito procurados pela qualidade dos produtos e estivemos em alguns deles para conferir. Quem nos atendeu no “Açougue São Jorge” foi o comerciante Anízio, proprietário de uma das mais tradicionais casas de carne da cidade. Segundo nos contou, um dos produtos mais procurados no seu estabelecimento é o chouriço que, além de ser muito difícil de encontrar, é o mais saboroso das redondezas. Também afirmou que possui uma extensa variedade de carnes, inclusive vendendo-as temperadas para churrasco. Estivemos, em seguida, no Açougue do Giovani, que vende as linguiças mais consumidas em Santa Rita. “Vendemos cerca de 500 quilos de linguiça por semana. Temos as linguiças de carne de porco, com ou sem pimenta, e as de lombo com queijo e bacon. Tenho muitos fregueses de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo que não deixam de passar pelo mercado quando estão por aqui.” – conta o proprietário que emprestou o nome ao Açougue. 
São, ao todo, seis bancas de pastéis. Uma delas, especializada em venda de pastéis de milho, é muito conhecida e tem um ponto tradicional, bem em frente à praça Santa Rita. “Usamos o box para preparar os pastéis e vender bandejas que as pessoas levam para fritar em casa. Para aqueles que quiserem conferir um delicioso pastelzinho de milho, minha sugestão é comparecerem ao meu carrinho que está sempre na praça, nos fins de tarde.” – contou o comerciante Décio Magalhães de Almeida.

Como dizem que é pecado deixar o Mercado Municipal sem comer um legítimo pastelzinho de feira, acompanhado de molho de pimenta e caçulinha, estivemos em outro box onde fomos cordialmente atendidos por Davi, que nos vendeu cada pastelzinho por 50 centavos. Nas vendas ao lado, diversos comerciantes, com seus produtos singulares e tempo de sobra para uma boa prosa, vendiam seus alimentos – na maioria orgânicos - e brincavam entre si, como nos tempos em que a correria das grandes capitais ainda não havia contaminado a pequena Santa Rita do Sapucaí.

(Carlos Magno Romero Carneiro)

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