sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Lembranças de uma escadaria (Por Rita Seda)

Gruta construída com as pedras da escadaria ao lado do antigo Mercado Municipal
Difícil  ver  algo  igual ou parecido. Que eu me lembre só vi uma em Ouro Preto... Mas  muito maior! Deixava a nossa no chinelo! Uma escada para dar acesso a uma rua. Até que era interessante. Uma rua que ficava ao lado de outra, em nível mais alto. Quem se lembra do nosso “lindo mercado antigo” com certeza se lembrará da escada. Eu passava ali de segunda a sexta para dar aulas no Grupão. Era toda de pedra. Dava acesso a uma pequena rua. De um lado dessa rua, não havia e nem poderia haver  casas. Do outro, era o quintal enorme da saudosa Dona Antonieta Carneiro, repleto de jabuticabeiras e outras árvores frutíferas. Havia apenas uma casa modesta. No tempo de minha infância, ali morou Dona Marta, grande amiga da mamãe. Sempre íamos visitá-la. Se não me falha a memória a senhora era da família Zanzoti. Depois, a casa tornou-se sede da creche Santa Rita, por algum tempo. Ninguém entendeu para que e por que foi demolido o  mercado. Aquela construção de concreto e ferro, com um chafariz no centro, muito bem dividida, lugares para venda de carnes, de grãos, de frutas, verduras, frangos vivos, peixes em fieiras... Gente vendendo, gente comprando e gente conversando, passeando, crianças brincando, subindo em grades e escadas. Um ponto de encontro dos cidadãos e dos produtores. Um vozerio, como acontece onde muitas pessoas se encontram.  Todos os que tiveram a graça de conhecê-lo sentem tristeza por ter sido destruído. Modernizar é preciso... atender ao crescimento da cidade, da população, mudanças no estilo de vida! Mas não poderia ter sido construído o que melhor a-tendesse à época e conservado o antigo, como forma de memória cultural de um tempo que se foi? E se o conservassem e lhe dessem outra destinação? Estava velho, estragado? Para que existe reforma? Algumas pessoas só conhecem a palavra demolição... O mercado antigo e o matadouro, duas construções que fazem falta à tradição da cidade, saudosas para nós mais idosos e os jovens, só por fotos  poderão ter ideia do que a cidade perdeu... Já que estou tocando no assunto, aguardamos com impaciência a restauração do prédio do Cine Teatro, da sede das Cravinas e do Centro Operário Santarritense! Nós temos certeza que com estes não acontecerá de desaparecerem... Nossa sociedade anseia  que sejam feitas logo  essas restaurações e que sejam aproveitadas em Cultura... 

Bem, voltando à velha escada...Ficou só na memória de quem viu, mas, ao substitui-la por uma rua, que acaba mais abaixo do que era a escada, pelo menos permitiu a construção de moradias na parte de cima, de um jardim lateral onde foi construída uma gruta de Nossa Senhora, e uma praça arborizada. Quem passa ali de manhã pode ver as “Margaridas” de vassoura e carrinho em punho, fazendo a limpeza.  Vão me dizer que não sabem que no canto da pracinha do antigo mercado tem uma gruta? Apesar de sacrificar a escada, essa foi uma ideia aceitável. Por interessar-me pela nossa querida cidade, observo muito. Congratulo-me com a reforma da pintura do prédio da antiga cadeia. Deu outra vida ao pedaço. Feita por homens que cumprem pena no presídio da cidade. Fez com que usassem bem o seu tempo, antes ocioso. Ganharam dias descontados em suas penas, aprenderam um ofício e ainda se submeteram a uma vida disciplinada, passo importante na reeducação. O Fórum e a fachada do Cine Santa Rita também ganharam pintura nova do trabalho deles. Bendito o jovem e talentoso juiz com suas ideias inteligentes e práticas. Uns destroem, mas outros reformam, educam, investem e prestam relevantes serviços à comunidade. Não choremos sobre o leite derramado... Fiquemos satisfeitos com as boas iniciativas! E parabéns, Meritíssimo!

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