Na próxima semana, o TAETEC estreia sua
nova produção. Para falar mais sobre os trabalhos, conversamos com o professor
João Taero, que dirige o grupo desde 2011.
Assessoria de Comunicação: “A Gaivota” fica em cartaz dias 5 e 6 de julho, próxima sexta e
sábado. Sobre o que fala a peça?
João Taero: A
peça conta a história de Kóstia, um jovem escritor que vê o seu trabalho
recusado pela sociedade artística da época por trazer novas formas de Arte.
Essa rejeição no meio artístico gera um grande conflito familiar, já que a mãe
do Kóstia é uma atriz conservadora, e o namorado dela é um escritor famoso. Por
trás disso ainda temos outros conflitos amorosos e uma grande lição sobre vida
e velhice. É curioso destacar que a peça foi escrita para ser uma comédia, mas
foi encenada na primeira vez como drama. O mesmo texto é brilhante em qualquer
uma das interpretações. Nós escolhemos o drama.
ASCOM: Sendo uma
das peças mais representada de todos os tempos, a montagem de “A Gaivota” do
TAETEC traz alguma novidade?
JT: A abertura
do espetáculo foi algo criado com bastante cuidado. A ideia veio de um outro
espetáculo que eu assisti no Festival de Curitiba de 2012. Depois disso, os
alunos também assistiram a essa peça em São Paulo. Como “A Gaivota” não tem um
desfecho exato, nós decidimos começar pelo final. Parece estranho, mas quando o
espectador chegar pra assistir a peça, vai dar de cara com a consequência do
que vai acontecer no final dela.
ASCOM: Como será
ambientado o espetáculo?
JT: O espetáculo
tem orientação realista, praticamente não se pode fugir disso. Decidimos manter
o contexto de época e ambientar a peça na Rússia do começo do século XX. O
cenário também é realista, e o figurino foi feito na linha do Suprematismo –
uma vanguarda artística que também surgiu na Rússia. A trilha sonora dos
entreatos serão músicas de Tchaikovski, o consagrado compositor russo.
ASCOM: O que
motivou a escolha de um texto escrito em uma época e lugar tão diferentes dos
nossos?
JT: Apesar de um
tempo e um local tão distantes, o texto de “A Gaivota” é muito atual. Pode
parecer clichê dizer isso, mas o espectador que for assistir ao espetáculo vai
presenciar conflitos amorosos, conflitos pessoais, traições, discussões sobre
liberdade de pensamento, reflexões sobre a vida, e muitas outras coisas que são
comuns a todos nós – independentemente do lugar ou da época em que vivemos. E
nisso, o autor foi brilhante. É essa identificação que nós criamos com os
personagens (o que chamamos de catarse) que foi o ponto chave pra escolha do
texto.
ASCOM:
Recentemente, o TAETEC mudou de nome. Esse processo influenciou, de certa
forma, na escolha de “A Gaivota”?
JT: Sem dúvida.
O nome “Teatro de Arte da Escola Técnica” foi inspirado no “Teatro de Arte de
Moscou”, também da Rússia. Esse foi o primeiro grupo de teatro que trabalhava
da maneira como fazemos teatro hoje. Stanislavski (diretor do Teatro de Moscou)
era um grande amigo de Tcheckov (autor da peça). Ele escreveu “A Gaivota” para
esse grupo, que propunha na época uma nova forma de teatro, assim como o Kóstia
faz na história.
ASCOM: O que
mais tem influenciado os trabalhos do grupo?
JT: Eu tenho
acompanhado muita coisa do teatro brasileiro da atualidade. A abertura do nosso
espetáculo, por exemplo, foi inspirada na peça “O Jardim”, da Cia Hiato, de São
Paulo. Já a ideia do figurino suprematista veio do espetáculo “Eclipse”, do
grupo Galpão, de BH – um dos mais importantes grupos de teatro do Brasil. A
linha de direção em “A Gaivota” ainda é realista, a mesma criada por
Stanislavski. Mas o espetáculo do fim do ano vai misturar um pouco de Brecht e
Alschitz.
ASCOM: O TAETEC
existe há 12 anos, e nesses tem apresentado espetáculos para o público de Santa
Rita com certa frequência. A que se deve a iniciativa da ETE nesse setor?
JT: Pode parecer
estranho uma escola de eletrônica se propor a fazer teatro. Mas isso é algo
comum dos colégios jesuítas desde o seu surgimento. Santo Inácio sempre foi um
grande incentivador das artes e dos esportes. Além disso, Sinhá Moreira sonhava
com uma escola que servisse ao povo de Santa Rita. Nós não podemos restringir o
sonho de Sinhá apenas à educação em sala de aula. Uma educação de qualidade e
uma escola que realmente sirva à comunidade devem levar em consideração os
diversos aspectos da formação do cidadão. A Arte nos faz mais conscientes dos
problemas sociais e mais críticos a eles. E não queremos isso apenas para os
nossos alunos. Queremos levar isso a toda população da cidade. Por isso nossos
espetáculos são sempre gratuitos. Nós fazemos teatro aqui na ETE pensando nas
pessoas de Santa Rita, que tem poucas opções de lazer e cultura. Nós ficaremos
muito felizes com a presença de cada um que for ao espetáculo.
A peça é aberta ao público no dia 6 de julho (sábado), às 19 horas, no
Auditório da ETE. A entrada é gratuita e não há restrição de idade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário