terça-feira, 2 de julho de 2013

Teatro de Arte da Escola Técnica apresenta um dos maiores sucessos do teatro mundial.

Na próxima semana, o TAETEC estreia sua nova produção. Para falar mais sobre os trabalhos, conversamos com o professor João Taero, que dirige o grupo desde 2011.

Assessoria de Comunicação: “A Gaivota” fica em cartaz dias 5 e 6 de julho, próxima sexta e sábado. Sobre o que fala a peça?

João Taero: A peça conta a história de Kóstia, um jovem escritor que vê o seu trabalho recusado pela sociedade artística da época por trazer novas formas de Arte. Essa rejeição no meio artístico gera um grande conflito familiar, já que a mãe do Kóstia é uma atriz conservadora, e o namorado dela é um escritor famoso. Por trás disso ainda temos outros conflitos amorosos e uma grande lição sobre vida e velhice. É curioso destacar que a peça foi escrita para ser uma comédia, mas foi encenada na primeira vez como drama. O mesmo texto é brilhante em qualquer uma das interpretações. Nós escolhemos o drama.

ASCOM: Sendo uma das peças mais representada de todos os tempos, a montagem de “A Gaivota” do TAETEC traz alguma novidade?

JT: A abertura do espetáculo foi algo criado com bastante cuidado. A ideia veio de um outro espetáculo que eu assisti no Festival de Curitiba de 2012. Depois disso, os alunos também assistiram a essa peça em São Paulo. Como “A Gaivota” não tem um desfecho exato, nós decidimos começar pelo final. Parece estranho, mas quando o espectador chegar pra assistir a peça, vai dar de cara com a consequência do que vai acontecer no final dela.

ASCOM: Como será ambientado o espetáculo?

JT: O espetáculo tem orientação realista, praticamente não se pode fugir disso. Decidimos manter o contexto de época e ambientar a peça na Rússia do começo do século XX. O cenário também é realista, e o figurino foi feito na linha do Suprematismo – uma vanguarda artística que também surgiu na Rússia. A trilha sonora dos entreatos serão músicas de Tchaikovski, o consagrado compositor russo.

ASCOM: O que motivou a escolha de um texto escrito em uma época e lugar tão diferentes dos nossos?

JT: Apesar de um tempo e um local tão distantes, o texto de “A Gaivota” é muito atual. Pode parecer clichê dizer isso, mas o espectador que for assistir ao espetáculo vai presenciar conflitos amorosos, conflitos pessoais, traições, discussões sobre liberdade de pensamento, reflexões sobre a vida, e muitas outras coisas que são comuns a todos nós – independentemente do lugar ou da época em que vivemos. E nisso, o autor foi brilhante. É essa identificação que nós criamos com os personagens (o que chamamos de catarse) que foi o ponto chave pra escolha do texto.

ASCOM: Recentemente, o TAETEC mudou de nome. Esse processo influenciou, de certa forma, na escolha de “A Gaivota”?

JT: Sem dúvida. O nome “Teatro de Arte da Escola Técnica” foi inspirado no “Teatro de Arte de Moscou”, também da Rússia. Esse foi o primeiro grupo de teatro que trabalhava da maneira como fazemos teatro hoje. Stanislavski (diretor do Teatro de Moscou) era um grande amigo de Tcheckov (autor da peça). Ele escreveu “A Gaivota” para esse grupo, que propunha na época uma nova forma de teatro, assim como o Kóstia faz na história.

ASCOM: O que mais tem influenciado os trabalhos do grupo?

JT: Eu tenho acompanhado muita coisa do teatro brasileiro da atualidade. A abertura do nosso espetáculo, por exemplo, foi inspirada na peça “O Jardim”, da Cia Hiato, de São Paulo. Já a ideia do figurino suprematista veio do espetáculo “Eclipse”, do grupo Galpão, de BH – um dos mais importantes grupos de teatro do Brasil. A linha de direção em “A Gaivota” ainda é realista, a mesma criada por Stanislavski. Mas o espetáculo do fim do ano vai misturar um pouco de Brecht e Alschitz.

ASCOM: O TAETEC existe há 12 anos, e nesses tem apresentado espetáculos para o público de Santa Rita com certa frequência. A que se deve a iniciativa da ETE nesse setor?

JT: Pode parecer estranho uma escola de eletrônica se propor a fazer teatro. Mas isso é algo comum dos colégios jesuítas desde o seu surgimento. Santo Inácio sempre foi um grande incentivador das artes e dos esportes. Além disso, Sinhá Moreira sonhava com uma escola que servisse ao povo de Santa Rita. Nós não podemos restringir o sonho de Sinhá apenas à educação em sala de aula. Uma educação de qualidade e uma escola que realmente sirva à comunidade devem levar em consideração os diversos aspectos da formação do cidadão. A Arte nos faz mais conscientes dos problemas sociais e mais críticos a eles. E não queremos isso apenas para os nossos alunos. Queremos levar isso a toda população da cidade. Por isso nossos espetáculos são sempre gratuitos. Nós fazemos teatro aqui na ETE pensando nas pessoas de Santa Rita, que tem poucas opções de lazer e cultura. Nós ficaremos muito felizes com a presença de cada um que for ao espetáculo.


A peça é aberta ao público no dia 6 de julho (sábado), às 19 horas, no Auditório da ETE. A entrada é gratuita e não há restrição de idade.

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