Nascido em 1941, Antônio Botelho Filho desenvolveu, ainda na infância, um talento impressionante para as artes. De forma instintiva, desenhava com uma enorme facilidade os mais variados temas e desenvolveu um estilo próprio para representar o que via.
Ao atingir a maioridade, Botelho buscou viver como ilustrador e passou por diversas empresas locais como Estamparia Santarritense e no jornal O Correio, de propriedade do senhor José Victorino.
Com uma vida sempre muito difícil pela escassez de serviços de pintura e ilustração, o artista passou a fazer bicos para completar o orçamento familiar. Entre um trabalho e outro, foi contratado pela Loja Pernambucanas para pintar pedras espalhadas pelas fazendas da região e realizou um trabalho que o tornaria inesquecível entre os santarritenses.
Sua irmã, Marizeth Botelho, conta que foi a pedido de Nenê de Marchi que Antônio pintou os famosos afrescos do Mercado Municipal. Seguindo os esboços que lhe deram, o pintor aplicou uma técnica de transposição que consiste em ampliar uma pequena através da utilização de uma folha quadriculada.
Ao finalizar pinturas que mostravam como era a vida nos antigos mercados, o trabalho ficou incrível e passou a povoar a mente de crianças e adultos. A imagem, trazia cenas dos antigos mercados e mostrava como era a vida no tempo em que a maioria da compras eram feitas no local.
Há alguns anos, o mercado passou por uma reforma e as pinturas sofreram algumas intervenções. No entanto, ainda é possível perceber todo o talento de Antônio Botelho. Outra obra criada por ele, pode ser vista no asilo. Lá está um quadro que produziu com Jesus entre palmeiras.
Apesar das enormes dificuldades, seus familiares contam que o desapego de Antônio Botelho eram enorme. “Um dia, vi meu irmão chegar em casa sem sua blusa. Estava fazendo muito fria na rua e quisemos saber o que ele tinha feito com ele. Foi aí que ele contou que viu uma pessoa desabrigada e resolveu ajudá-la.”
Nos anos seguintes, Antônio Botelho Filho passou a desempenhar outros tipos de trabalho, até falecer, há exatos 30 anos. “Ficamos muito orgulhosos ao sabor que a pintura que produziu no Mercado seja tão valorizada. Para nós é motivo de grande alegria.” – conta Marizeth.
Seguindo os passos do artista, seu filho, Toninho, também produziu diversas obras e hoje pinta como hobbie. Sua irmã, Marizeth também possui as paredes de sua casa repletas de quadros e demonstra que o talento de Antônio inspirou toda a família.
(Por Carlos Romero Carneiro)
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