Antes do senhor, o seu pai já era fotógrafo?
Meu pai era um fotógrafo famoso na cidade. Lembro que ele subia até o alto da paineira (Santo Cruzeiro) com aquela câmera em que você tinha que cobrir a cabeça e levava 3 lâminas. Tinha o mês certo para produzir a imagem que ele queria. Agosto era a melhor época. Ele tirava três fotos em posições horizontais diferentes e depois as emendava para formar uma única imagem com a cidade toda. Ficava perfeito. Ele tinha esse trabalho todo e só vendia uma ou duas dessas produções por ano.
Como eram as fotografias no tempo em que o senhor ajudava o seu pai?
Naquele tempo, usávamos iluminação gerada por magnésio. No momento de bater a foto dava aquela explosão e muita gente fechava os olhos, fazia careta ou até tampava os ouvidos quando o magnésio queimava! (Risos)
O senhor se lembra de alguma ocasião especial em que ajudou o seu pai?
Eu me lembro das reportagens que ele fazia nos bailes do dia 13 de maio, quando tínhamos a eleição da rainha da Associação. Era uma coisa impressionante. Iam todos vestidos a rigor. As moças todas de vestido longo e os homens com gravata-borboleta. Iam todos muito elegantes para que não tivesse quem colocasse defeito. Era inesquecível.
Quando o senhor começou a fotografar?
Foi em 1952. O meu pai havia sido contratado para fotografar em Itajubá, na EFEI, mas não pôde ir. Então eu fui no lugar dele e fiz uma imagem da fachada da faculdade. Em 1956, eu terminei os meus estudos e comecei a trabalhar com fotografia. No ano de 1957, eu comprei a minha primeira Rolleiflex e os amigos me colocaram um apelido. Onde eu ia o povo me chamava de Rolleiflex. (Risos)
O senhor continuou trabalhando até que ano?
Eu fotografei até o ano de 1998, quando arrombaram a minha loja com um macaco hidráulico, daqueles de levantar carreta, abriram o cofre e levaram as minhas 4 câmeras. Roubaram tudo o que eu tinha. Só deixaram uma lente objetiva porque estava no chão e eles não viram. Desde então, eu perdi a vontade de fotografar e parei com tudo.
Dizem que o senhor caprichava mais nas fotos que fazia do Ride. É verdade?
O povo do Ride perguntava: “Por que o senhor faz tanta foto dos Democráticos?” Daí eu respondia: “O Bloco é maior, tem que ter mais fotos, oras!” Já os Democráticos diziam que eu caprichava mais nas fotos do Ride. É a rivalidade... (risos)
O senhor torce para qual Bloco?
Na minha família todo mundo é Ride. O Bloco nasceu na casa do meu avô, em 1934. Era um sobrado na rua dos Marques.
O senhor é santarritense?
Sou peça daqui. Nasci em Santa Rita do Sapucaí, no dia 5 de fevereiro de 1935.
Um de seus grandes amigos foi o Carlos Alfano, não é?
Era sim. Uma vez estávamos no Bar do Júlio (atual Banca do Caruso) quando o senhor Nilo Silva entrou no estabelecimento para fazer campanha de um político chamado Uriel Alvim. Quando ele entregou o santinho do desconhecido para nós, o Carlos Alfano, para fazer uma graça, virou para o Nilo Silva e falou: “Uriel? Muito amigo meu! Conheço desde criancinha!” Algum tempo depois, no decorrer da campanha, o tal Uriel veio mesmo para Santa Rita e o Nilo resolveu levar o político à alfaiataria onde Carlos trabalhava. Ele queria dar uma lição no alfaiate por ele ter mentido que conhecia o homem. Quando o Nilo Silva entrou no estabelecimento, o Carlos Alfano já gritou: “Urieeeeeeel! Quanto tempo, meu querido!” (risos) O Nilo não sabia onde colocava a cara e deu um jeito de sair com a mesma velocidade que entrou! (risos)
Onde a sua turma se encontrava na juventude?
Nós frequentávamos muito o Bar do Caetano, que ficava bem em frente ao Bar do Didi. A turma nossa ia toda lá nos dias de sábado. Uma vez, nós chegamos no bar e o Caetano disse que não podia nos atender. A geladeira dele estava quebrada. Quando perguntamos o que a geladeira tinha, eu nunca me esqueço qual foi a sua resposta: “A geladeira extravasou o vácuo! Vou ter que mandar pra São Paulo pra encherem de vácuo novamente!” (Risos)
Esta matéria é um oferecimento de:
Meu pai era um fotógrafo famoso na cidade. Lembro que ele subia até o alto da paineira (Santo Cruzeiro) com aquela câmera em que você tinha que cobrir a cabeça e levava 3 lâminas. Tinha o mês certo para produzir a imagem que ele queria. Agosto era a melhor época. Ele tirava três fotos em posições horizontais diferentes e depois as emendava para formar uma única imagem com a cidade toda. Ficava perfeito. Ele tinha esse trabalho todo e só vendia uma ou duas dessas produções por ano.
Como eram as fotografias no tempo em que o senhor ajudava o seu pai?
Naquele tempo, usávamos iluminação gerada por magnésio. No momento de bater a foto dava aquela explosão e muita gente fechava os olhos, fazia careta ou até tampava os ouvidos quando o magnésio queimava! (Risos)
O senhor se lembra de alguma ocasião especial em que ajudou o seu pai?
Eu me lembro das reportagens que ele fazia nos bailes do dia 13 de maio, quando tínhamos a eleição da rainha da Associação. Era uma coisa impressionante. Iam todos vestidos a rigor. As moças todas de vestido longo e os homens com gravata-borboleta. Iam todos muito elegantes para que não tivesse quem colocasse defeito. Era inesquecível.
Quando o senhor começou a fotografar?
Foi em 1952. O meu pai havia sido contratado para fotografar em Itajubá, na EFEI, mas não pôde ir. Então eu fui no lugar dele e fiz uma imagem da fachada da faculdade. Em 1956, eu terminei os meus estudos e comecei a trabalhar com fotografia. No ano de 1957, eu comprei a minha primeira Rolleiflex e os amigos me colocaram um apelido. Onde eu ia o povo me chamava de Rolleiflex. (Risos)
O senhor continuou trabalhando até que ano?
Eu fotografei até o ano de 1998, quando arrombaram a minha loja com um macaco hidráulico, daqueles de levantar carreta, abriram o cofre e levaram as minhas 4 câmeras. Roubaram tudo o que eu tinha. Só deixaram uma lente objetiva porque estava no chão e eles não viram. Desde então, eu perdi a vontade de fotografar e parei com tudo.
Dizem que o senhor caprichava mais nas fotos que fazia do Ride. É verdade?
O povo do Ride perguntava: “Por que o senhor faz tanta foto dos Democráticos?” Daí eu respondia: “O Bloco é maior, tem que ter mais fotos, oras!” Já os Democráticos diziam que eu caprichava mais nas fotos do Ride. É a rivalidade... (risos)
O senhor torce para qual Bloco?
Na minha família todo mundo é Ride. O Bloco nasceu na casa do meu avô, em 1934. Era um sobrado na rua dos Marques.
Sou peça daqui. Nasci em Santa Rita do Sapucaí, no dia 5 de fevereiro de 1935.
Um de seus grandes amigos foi o Carlos Alfano, não é?
Era sim. Uma vez estávamos no Bar do Júlio (atual Banca do Caruso) quando o senhor Nilo Silva entrou no estabelecimento para fazer campanha de um político chamado Uriel Alvim. Quando ele entregou o santinho do desconhecido para nós, o Carlos Alfano, para fazer uma graça, virou para o Nilo Silva e falou: “Uriel? Muito amigo meu! Conheço desde criancinha!” Algum tempo depois, no decorrer da campanha, o tal Uriel veio mesmo para Santa Rita e o Nilo resolveu levar o político à alfaiataria onde Carlos trabalhava. Ele queria dar uma lição no alfaiate por ele ter mentido que conhecia o homem. Quando o Nilo Silva entrou no estabelecimento, o Carlos Alfano já gritou: “Urieeeeeeel! Quanto tempo, meu querido!” (risos) O Nilo não sabia onde colocava a cara e deu um jeito de sair com a mesma velocidade que entrou! (risos)
Onde a sua turma se encontrava na juventude?
Nós frequentávamos muito o Bar do Caetano, que ficava bem em frente ao Bar do Didi. A turma nossa ia toda lá nos dias de sábado. Uma vez, nós chegamos no bar e o Caetano disse que não podia nos atender. A geladeira dele estava quebrada. Quando perguntamos o que a geladeira tinha, eu nunca me esqueço qual foi a sua resposta: “A geladeira extravasou o vácuo! Vou ter que mandar pra São Paulo pra encherem de vácuo novamente!” (Risos)
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ola tudo bem?
ResponderExcluirmeu nome é luciana, filha do rossio. gostaria de saber se tem como me arrumar um jornal com essa entrevista.
desde ja agradeço